terça-feira, maio 31, 2016

SL Benfica 2016/2016 - Equipa - GR - Ederson Morais

Júlio César foi o imperador das redes encarnadas até a sua lesão em Março, depois dessa data a baliza ficou entregue a Ederson Morais, um guarda-redes Brasileiro que chegou ao Benfica em 2009 com 17 anos, fez o percurso nas camadas jovens do clube, tendo sido depois emprestado ao GD Ribeirão (2011/12) e ao Rio Ave (2012/13, 2013/14 e 2014/15).

Nesta recta final do campeonato teve a possibilidade de mostrar o seu valor, ágil e corajosa nas saídas.
Existem guarda-redes que valem pontos, o Ederson segurou vitorias.


A sua prestação nas competições nacionais e internacionais levaram o seleccionador Brasileiro a convoca-lo para a Copa América.

É um valor seguro para a baliza encarnada, em 2016/2017 irá competir com Júlio César pelo lugar no onze. É um jogador a manter na próxima época, um valor seguro na baliza e que tem um enorme potencial de valorização.


SL Benfica 2016/2016 - TriCampeão - 2/35

Eles dizem que somos loucos, mas ... na verdade somos somente apaixonados por este clube que tanto nos envaidece.

 

Um Abraço de um TriCampeão!!!

Rumo ao 36!!!

Santos e boas maneiras

A época terminou com Maxi Pereira a falhar o penálti que manteria o Porto vivo no Jamor e houve muito benfiquista que rejubilou com a justiça poética do momento infeliz do uruguaio. Maxi merece fazer da carreira o que entender mas não merecerá, certamente, a inclemência dos benfiquistas porque foi um profissional inquestionável no período em que vestiu a camisola encarnada.

Aliás, foi ele o primeiro jogador do Benfica a vestir a camisola oficial de 2015/16 com o logótipo da Fly Emirates na cerimónia de apresentação do distinto patrocinador. Foi a primeira e a única vez que a vestiu, porque assinaria contrato com o Porto pouco depois. Ainda assim, já portista por opção, levou a camisola do Benfica para as férias gozadas no Uruguai e, quiçá insensatamente, depositou-a aos pés da imagem de Santo Cono, um santo da sua predileção na sua terra natal. Santo Cono nunca falha, essa é que é essa.

No domingo passado o Sporting de Braga levou para casa a Taça de Portugal. Terminada a função, o treinador do Porto não foi especialmente eloquente - nem podia ser, não é?...- mas, registe-se, não deixou de exibir o fair play possível naquela hora aziaga: "Resta-me dar os parabéns ao Braga", disse José Peseiro. E disse muito bem.

Ainda no domínio das coisas bem ditas... a meio da semana o treinador do Benfica multiplicou-se em entrevistas e sempre que questionado sobre a imensa trabalheira que o Sporting deu esta época aos tricampeões nacionais, não se escusou a confessar que, pela sua parte, daria com naturalidade os "parabéns ao Sporting" se, eventualmente, os rivais tivessem terminado o campeonato no primeiro lugar.

Prosseguindo no campo do desportivismo também Iker Casillas, na véspera da final do Jamor, deu os parabéns ao Benfica pela conquista do título. Todo este arraial de boa educação terá começado, há duas semanas, quando o presidente do Benfica elogiou o comportamento da equipa de Jorge Jesus na Liga, dando os parabéns à equipa e aos adeptos de Alvalade.

Foi assim que a temporada oficial fechou no nosso país: um triunfo total das boas maneiras e do respeito pelos adversários a contrastar com o ambiente doentiamente odioso que prevaleceu ao longo de 2015/16. É virtude dos responsáveis péssimos fazer com que os demais surjam como mais do que aceitáveis aos olhos de toda a gente. 
Foi o que aconteceu.


Fonte: Leonor Pinhão @ record



segunda-feira, maio 30, 2016

SL Benfica 2016/2016 - TriCampeão - 1/35

Jamais deixamos de acreditar ou desistimos, pois o que o povo queria era o 35. Por isso o Ferrari nunca mais parou, foi "prego a fundo" rumo ao 35. Por isso que somos Tricampeões!!!


Um Abraço de um TriCampeão!!!


Rumo ao 36!!!



Frases - XIX


"Motivation is what gets you started. Habit is what keeps you going."
  -  Jim Ryun


sábado, maio 28, 2016

Campeões de malas feitas

O Benfica ultrapassou com enorme competência a fase final do campeonato – a fase das "malas", se bem estão recordados – mas, na abertura da próxima temporada, dificilmente se reconhecerão as caras do tricampeão nacional a confirmarem-se as anunciadas vendas em catadupa dos jogadores que venceram este último título tão rijamente festejado. E estas são as "malas" com que os adeptos do Benfica se terão de confrontar no defeso visto que, para já, não há jogador do campeão que não esteja de malas feitas para abalar. 

Normalmente é assim em todos os defesos. E não tem dado maus resultados por muito que custe, e custa, à nação benfiquista ver partir a cada abertura do mercado de verão uma quantidade de ídolos de todos os quilates e importâncias. Nos últimos anos, curiosamente, o Benfica até se tem dado ao luxo de vender jogadores no mercado de inverno quando a equipa se encontra totalmente embrenhada na discussão de títulos nacionais e internacionais. Assim aconteceu, num passado muito recente, e o Benfica, não obstante, foi campeão em Portugal. 

Lendo as notícias dos jornais sobre a cobiça estrangeira pelos jogadores do Benfica fica-se com a sensação de que o único deles que não vai ser vendido a qualquer momento é Renato Sanches e pela simples razão de que já foi vendido há coisa de um mês. Os adeptos, tal como lhes pertence por estatuto, preocupam-se todos os anos com estas situações de perda de talentos mas a verdade é que, contra muitas expectativas, têm vindo a celebrar títulos atrás de títulos como não se via há décadas. Assim sendo não espanta que o presidente do Benfica enfrente mais um mercado de verão no pleno gozo de um estado de graça que lhe confere carta-branca para fazer os negócios que melhor entender porque, e é isto que importa, no futebol mandam os resultados e, desse ponto de vista, as coisas têm corrido às mil maravilhas nos últimos três anos. 

Renato Sanches já fez a mala. Gaitán tem a mala quase feita. Jogadores importantíssimos neste último título como Ederson, Jonas, Talisca, Lindelof ou Jardel preparam-se para fazer as malas, garante-nos a imprensa nacional. São notícias que não podem deixar de ensombrar um bocadinho a alegria de sucessos recentes para o lado da Luz. E os mais pessimistas deitam as mãos à cabeça perante a debandada. Os mais otimistas encolhem os ombros com desfaçatez porque nada os abala. Já os mais apaixonados garantem que se o Benfica ganhou este campeonato "sem" treinador poderá tentar ganhar o próximo sem jogadores, o que ainda é mais difícil. 



Outras histórias 
Pinto da Costa e José Peseiro 
As grandes novidades da última cruzada contra Oeiras
Fiel a si próprio na cruzada contra Oeiras, o presidente do Porto faltou ao tradicional almoço entre os finalistas da Taça de Portugal patrocinado pela edilidade a que pertence o bonito vale do Jamor. Infiel a si próprio, o treinador do Porto gastou as suas últimas munições retóricas ao serviço do dragão acusando os árbitros pela perda do campeonato e ironizando finamente sobre os pobres dos clubes que salvam a época ganhando Taças da Liga. No fim, como é do conhecimento geral, o Sporting de Braga venceu o troféu. A emotiva decisão através de grandes penalidades sorriu aos bracarenses. É também verdade que o Porto, que esteve a perder por 2-0, conseguiu empatar e ninguém se surpreenderia se acabasse por ganhar o jogo no prolongamento, o que só não se verificou por falta de ocasião. E agora levanta-se uma questão teórica e pertinente: Pinto da Costa despediria José Peseiro se o Porto tivesse vencido em Oeiras? Nunca o saberemos e é pena. O futebol tem destas coisas. 



Sobe e Desce 
Sobe 
Mais encanto a suplente - Iker Casillas
O espanhol marcou pontos junto da "afición" portista não só por não ter jogado no Jamor mas também por ter expressado tão graficamente o sentimento geral. 

Um adeus argentino - Nico Gaitán 
Gaitán despediu-se do Benfica na noite da sétima Taça da Liga conquistada pelos tricampeões nacionais. O argentino saiu em beleza. Gente feliz com lágrimas. 

Ganhas a bola em direto - Jorge Jesus 
O único troféu individual da temporada sportinguista foi para o treinador do Sporting tendo-lhe sido entregue em mãos no decorrer de um programa de televisão. 



Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha

sexta-feira, maio 27, 2016

O cómico poder do humor

Toda a piada é uma minúscula revolução”, disse George Orwell. A palavra-chave desta frase é “minúscula”. Pertenço ao grupo de pessoas que desconfiam do poder do humor. Somos poucos mas bons. Na altura do referendo sobre o aborto, um analista disse que a rábula sobre a posição do professor Marcelo, feita pelos Gato Fedorento (que é feito desses rapazes? Eram muito engraçados, especialmente o mais alto), tinha sido decisiva no resultado da votação. Esse analista era Miguel Sousa Tavares, que é famoso por não permitir que a ausência absoluta de provas o impeça de tirar conclusões definitivas. De facto, nenhum estudo indicava a formidável influência daquela peça humorística no referendo. Durante semanas houve debates, tempos de antena, artigos de jornal, comícios. E, no entanto, havia gente disposta a acreditar que uma rábula de um minuto e 55 segundos tinha feito a diferença. Costuma dizer-se que alegações extraordinárias exigem provas extraordinárias, mas o mito do poder do humor costuma dispensá-las. Pessoalmente, não gostaria de viver num país cujos cidadãos decidem o seu sentido de voto por causa de uma rábula humorística. E, felizmente, tenho a certeza de que esse país não existe.

Nem todos os humoristas pensam como eu. No livro Why Stand-Up Matters, a autora recolhe o seguinte testemunho do comediante britânico Mark Thomas: “Há pessoas que dizem ‘ah, a comédia não tem poder para mudar nada’. Mas eu – e sei que isto soa terrivelmente a fanfarronice – penso: ‘Bom, a tua comédia não tem’”. E avançava com um exemplo: por causa de um dos seus programas, a Nestlé tinha sido obrigada a mudar a embalagem de alguns produtos. Estas declarações ocorreram-me na semana passada, quando recordava o seguinte historial breve: primeiro, há muitos anos, um episódio dos Simpsons mostrava uns Estados Unidos do futuro em que tudo era mau. O Presidente dessa América distópica era Donald Trump. Depois, no mundo real, Trump candidatou-se mesmo à presidência. O sítio humorístico Funny or Die dedicou-lhe um filme satírico com o actor Johnny Depp no papel principal. Em Fevereiro, John Oliver fez um programa sobre Trump que, só no YouTube, teve mais de 25 milhões de visualizações. A 4 de Março, Louie CK escreveu um texto em que comparava Trump a Hitler. A 6 de Março, o Saturday Night Live exibiu uma rábula sobre os apoiantes de Trump. São pessoas a executar tarefas aparentemente normais: uma senhora passa a ferro, um rapaz carrega lenha, um homem fala junto de uma lareira. Depois o plano abre e percebemos que a senhora está a passar a ferro uma túnica do Ku Klux Klan, o rapaz usa a lenha para atear fogo a uma cruz e o homem está a lançar livros para a lareira. Entretanto, o próprio Trump já tinha ido ao programa e, durante o seu monólogo de abertura, foi interrompido por Larry David, que lhe chamou racista. A 10 de Março, Sarah Silverman apareceu vestida de Adolf Hitler no programa de Conan O’Brien, que a entrevistou como se ela fosse o ditador alemão. “Hitler” disse, mais ou menos, que concordava com 90% do que Trump dizia, mas achava-o um bocadinho radical. Na New Yorker dessa semana, um cartoon mostrava uma escavadora a fazer obras no inferno, para incluir um novo círculo de sofrimento, a acrescentar aos outros nove: o círculo Trump. Nos programas de Bill Maher, Trevor Noah, Seth Meyers, Jimmy Kimmel e Stephen Colbert, raras foram as noites em que Trump não foi satirizado. No fim, Donald Trump venceu as primárias republicanas batendo o recorde de votos obtidos por um candidato em toda a história daquelas eleições. Parece evidente que os humoristas americanos precisam da ajuda de Mark Thomas.

Fonte: Ricardo Araujo Pereira @ Visão

segunda-feira, maio 23, 2016

Frases - XVIII


"My biggest motivation? Just to keep challenging myself. I see life almost like one long University education that I never had — everyday I’m learning something new."
  -  Richard Branson, Virgin Group Founder


domingo, maio 22, 2016

Manuel Empis e André Almeida

Num universo de milhões de adeptos haverá, democraticamente como é nosso timbre, muitas opiniões sobre qual terá sido o momento decisivo da época. E as opiniões não se ficam por aqui. Muitas mais haverá sobre quem terá sido o jogador mais importante nesta caminhada.

Quanto ao jogador, voto no André Almeida. Sim. trata-se efectivamente de um tricampeão nacional. André Almeida, como se não bastasse, é um de nós. Vimo-lo conduzir o pelotão de jogadores portugueses feitos no Benfica que despejaram uns festivos litros de champanhe sobre Rui Vitória no fim de tudo, vimo-lo a safar na mesma jogada duas bolas sobre a linha de golo no jogo da Luz com o Guimarães, vimo-lo a cantar no autocarro a caminho do Marquês, vimo-lo a meter a bola em Jiménez para o golo da vitória em Coimbra, vimo-lo a puxar pela multidão à varanda da Câmara, vimo-lo impecável em Munique e noutros palcos.

Não o veremos, no entanto, no Euro'2016 mas logo o ouvimos dizer, assim que foi tornada pública a lista de Fernando Santos, que podem contar com ele para apoiar a Selecção "em todos os jogos do primeiro ao último minuto". Que campeão.

Quanto ao momento decisivo, para muitos terá sido o golo de Mitroglou em Alvalade. Para muitos outros terá sido a conferência de imprensa em que o treinador do Sporting, atacando Rui Vitória em termos inqualificáveis, acabou por acordar os benfiquistas para a tarefa inadiável da união em torno do seu treinador.

Aceita-se. O golo do grego permitiu ao Benfica ser líder e a oratória rival reduziu a zero os créditos - e eram muitos - que Jesus tinha deixado na Luz. Mas permitam-me que eleja como momento mágico de 2015/16 aquele olhar interminável entre o veterano Jonas e o jovem adepto Manuel Empis, depois de o brasileiro ter dado a volta ao resultado no jogo com o Rio Ave na primeira volta da prova. 

Faltavam 10 minutos, o jogo estava empatado, o Benfica ia ficar a nove pontos do líder. Mas Jonas fez o 2-1 e, de braços abertos, correu para os adeptos. O minuto da viragem, quero crer, foi o daquela comunhão perfeita e alucinada entre o goleador Jonas e o rapaz Empis abraçados um ao outro, esbugalhados de felicidade, obrigando-nos, ao céticos, a acreditar que era possível. Tanta gente adulta a falar um ano inteiro mas teve de ser um miúdo a puxar por nós. Aconteceu num fim de tarde na Luz a poucos dias do Natal. Outra vez o Natal.


Fonte : Leonor Pinhão @Record



sábado, maio 21, 2016

Menos pipocas Míster!

Se o Benfica quiser voltar a ser campeão em 2016/2017 tem de começar a pensar na resolução de um problema de peso que, na noite vermelha de domingo passado, atrapalhou – e de que maneira – os festejos do título tão brilhantemente conquistado. Trata-se do problema do treinador. Não que o Benfica precise de mudar de treinador. De modo algum. 

Rui Vitória foi um valente o ano inteiro e ganhando o ‘tri’ não só garantiu os créditos de estima que são o aconchego de qualquer treinador como também conferiu ao presidente do Benfica um estatuto de "infalibilidade" que Luís Filipe Vieira, que nem nasceu para Papa, poderá usar e abusar pelos próximos tempos. Um presidente que prolonga o contrato com um treinador depois de perder dois campeonatos de seguida e é campeão no ano da renovação é digno de elogio. 

Mas um presidente – o mesmo, imagine-se… – que depois de ganhar dois títulos com um treinador lhe abre olimpicamente as portas de saída, contrata outro treinador e é logo campeão, não só é digno de elogio como é merecedor de todos os espantos. Foi isto que Rui Vitória arranjou ao ganhar o campeonato nacional no seu primeiro ano no comando do Benfica. 

Luís Filipe Vieira, ao cabo de 15 anos na presidência do clube, ganha o seu quinto campeonato e ganha merecidamente uma aura de bom senso e sagacidade que muito deve contrariar os seus congéneres rivais. O do Porto porque parece ter perdido a antiga aura, o do Sporting porque nem a consegue vislumbrar. 

O problema que atrapalhou as celebrações do Benfica não foi, portanto, Rui Vitória propriamente dito. Mas quem seguiu com atenção a festa dos jogadores no Marquês terá dado conta da dificuldade que foi para meia dúzia de latagões campeões atirar com o seu treinador ao ar como é da tradição. 

Os jogadores do Benfica bem quiseram mostrar a toda a gente – e sobretudo a Jorge Jesus - como gostam do seu treinador. No entanto, foi-lhes muito difícil elevar Rui Vitória ao ar mais do que duas vezes. Pensaram, com certeza, que tendo a final da Taça da Liga para disputar dali a poucos dias mais valeria não insistirem na ideia não fosse algum deles lesionar-se. 

Conclusão: menos pipocas, míster! Não que seja preciso fazer descer o amigo das pipocas do 77º lugar na escala de pessoas e bens que ocupam os seus pensamentos. Nada disso. O homem das pipocas do treinador do Benfica passou a ser o homem das pipocas de muitos milhões de benfiquistas. Trata-se apenas de cortar nas pipocas de modo a facilitar o trabalho a quem o quiser atirar ao ar dando-se o caso de o Benfica voltar a ser campeão. Carrega, Rui Vitória! 


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha


Época 2015/2016 - Ser Benfica

quinta-feira, maio 19, 2016

O tempo, esse grande escultor de Lajes

Toda a gente conhece aquele tipo de sociólogo subtil que, leccionando normalmente defronte de um copo, profere frases começadas por expressões tais como : 
“O cigano é um gajo que…” ou
“O preto, normalmente, não tem…”.

Para este género de analista, as pessoas que formam grupos aos quais ele não pertence são todas exactamente iguais. Daí referir-se a elas no singular: quando se fala de uma, fala-se de todas.

Não passa pela cabeça deste tipo de sábio iniciar um raciocínio dizendo
“O branco é um gajo que…”, porque tem a consciência clara de que os brancos são muito diferentes uns dos outros. Curiosamente, há discursos bem-intencionados que não evitam o mesmo lapso. 

Certo tipo de defensor da igualdade de género diz que “A mulher é mais…”, como se pudéssemos identificar um traço de carácter, ou uma característica emocional que fossem comuns a metade da humanidade, e que pudessem aplicar-se, com igual sucesso, a Imelda Marcos e a Jane Austen, a Marie Curie e a Marilyn Monroe, à minha avó e a Irma Grese.

Quem costuma dizer que “os políticos são mentirosos” abusa do mesmo tipo de generalização primária em relação aos políticos mas também quanto aos destinatários das mentiras – que são, em geral, os eleitores. Desse ponto de vista, o caso da cimeira das Lajes é fracturante, porque revela uma mentira de um político a outro político. Não é inédito, mas constitui, apesar de tudo, uma ocorrência menos frequente. 

A história é a seguinte: Durão Barroso disse que, em 2003, o Presidente Jorge Sampaio tinha apoiado expressamente a realização da cimeira das Lajes. Sampaio veio esclarecer que Barroso lhe tinha dito que a cimeira teria como propósito evitar a guerra. Como sabemos, na cimeira acabou por ficar decidida a invasão do Iraque, com o objectivo de neutralizar as armas de destruição maciça imaginárias que aquele país detinha. Deste episódio deve destacar-se a habilidade de Durão Barroso e a credulidade de Jorge Sampaio, que foi capaz de acreditar que Bush, Blair, Aznar e Barroso iam reunir-se numa base militar para conversar um bocadinho sobre pacifismo. Aguardo com ansiedade a revelação de mais acontecimentos importantes da História Contemporânea de Portugal. 

Por exemplo, neste momento parece-me provável que Durão Barroso diga numa entrevista que Sampaio apoiou expressamente a sua ida para a Comissão Europeia e que Sampaio esclareça logo a seguir: “Ele disse-me que ia só ali comprar tabaco.” 

Ou que Barroso afirme que o Presidente tinha apoiado expressamente a sua substituição por Santana Lopes e Sampaio venha corrigir:
“Ele prometeu-me que o substituto seria o seu filho, que tinha na altura 12 anos, e eu fiquei descansado.”


Fonte: Ricardo Araujo Pereira @Visão

segunda-feira, maio 16, 2016

E o Braga não conta?

Amanhã haverá campeão e o campeão será sempre de Lisboa, aconteça o que acontecer na Luz e na Pedreira, os palcos da decisão. Festeje quem festejar o título pelas ruas e praças do país - a noite de domingo será garantidamente ruidosa o que mais se deseja é que o transe ocorra sem desacatos civis como os que, no ano passado, ensombraram as comemorações do bi-segundo título consecutivo do Benfica. Cai, assim, o pano sobre um dos mais disputados campeonatos dos últimos tempos em termos de emoção e de futebol-jogado. Já no que diz respeito ao futebol-falado, a discussão foi absolutamente lamentável do princípio ao fim com as despesas praticamente todas a cargo do Sporting. Melhor dito, a cargo do presidente do Sporting que, ainda esta semana, de tanto porfiar conseguiu ter o árbitro representante da Marcon - a marca oficial de equipamentos do Sporting - apontado a Braga na ronda que é a do tudo ou nada.

O presidente do Sporting garantiu também ao país um "Nacional motivadíssimo" na Luz, o que, com toda a franqueza, não é notícia que mereça manchetes. Aliás, nem sequer é notícia porque não é novidade. Nesta meia dúzia de últimas jornadas não houve adversário do Benfica que não entrasse em campo "motivadíssimo". O choro compulsivo do jogador do Vitória de Setúbal que falhou o golo que parecia certo frente a Ederson nos instantes finais do jogo da Luz é do mesmo a prova mais eloquente.

E é outra vez disto que o Benfica deve esperar amanhã a partir das cinco da tarde. Até porque na Luz se sabe desde a primeira hora desta Liga, e por experiência própria, que não há campeões antecipados. Já o presidente do Sporting só esta semana, a da última jornada, deu de caras com o famoso axioma. "Não há campeões antecipados". admitiu Bruno de Carvalho nesta primavera que já vai adiantada depois de no inverno ter assegurado que o Sporting não mais iria sair do primeiro lugar e de ter sentenciado que "em maio" - justamente o mês corrente - "eu, o Jesus e a carneirada" iriam "ter muito que festejar". Amanhã é dia de encerrar as contas. Dia de somar pontos e títulos.

Amanhã tudo conta, menos, segundo parece, o Sporting de Braga, o que se compreende e aceita. Então o Braga não conta? Não. Com a ideia, muito legitimamente, posta na final do Jamor, o Braga é o adversário apetecível desta última jornada. São as circunstâncias, apenas isso.
Carrega, Benfica, a carregar desde 1904!

Fonte: Leonor Pinhão @ Record

Frases - XVII


"Success is not the key to happiness. Happiness is the key to success. If you love what you are doing, you will be successful."
  -  Albert Schweitzer


sábado, maio 14, 2016

Congresso ou internamento?

Ter ou não ter sorte, eis a questão que vem dilacerando as discussões em torno da luta pelo título de campeão nesta agitadíssima temporada de 2015/2016. Por exemplo, o campeão das vitórias tangenciais está já encontrado, é o Sporting. Mesmo assim, com este título já no bolso, persistem os rivais do Benfica em considerar que o vizinho só chegou na condição de líder à última jornada da longa e acalorada prova porque, segundo as palavras do diretor de Relações Externas do Sporting, "está com a vaca toda". Trata-se da expressão popularmente consagrada para definir com rigor aqueles momentos preciosos em que a bola capricha em bater num braço adversário na sua área e daí resulta uma grande penalidade salvadora nos instantes finais de um jogo ou em que, por causa de um espesso nevoeiro, o árbitro não consegue descortinar uma série de faltas grosseiras ocorridas mesmo à frente do seu bem afilado nariz. Esta semana o futebol português consagrou uma das suas figuras históricas que trabalham há décadas tendo do seu lado toda a sorte do mundo. Chama-se Vítor Oliveira e é treinador. No último fim de semana, o bom do Vítor Oliveira fez subir o Chaves à I Liga tal como na época passada tinha cometido a proeza de meter o U. Madeira outra vez entre os grandes. A incrível e despudorada sorte deste treinador já vem de trás. De muito atrás. É, praticamente, uma mania, uma compulsão porque Vítor Oliveira conseguiu promover clubes como o Arouca, o Moreirense, o P. Ferreira, a Académica, o Belenenses e o Leixões. Segundo a filosofia de Inácio, aqui está um treinador "com a vaca toda" porque a sabedoria – que não serve para nada – não ocupa, por isso mesmo, nem pode ocupar lugar na construção dos êxitos da carreira de um treinador absolutamente notável só porque tem carradas de sorte na Liga dos pequeninos. Este ano, na Liga, também a sorte tem sido um desvario, como se viu no Funchal. Concretizando-se justamente o anseio leonino de ver Renato Sanches a ser expulso, não é que o Benfica passou a jogar melhor reduzido a 10 unidades e acabou por vencer o jogo com indiscutível mérito? Não será isto ter "a vaca toda"? E o que dizer do malandro do árbitro mandado por Vítor Pereira com instruções expressas para mostrar o cartão vermelho ao jogador e, desta forma atroz e enviesada, lançar o Benfica para uma exibição convincente e para o resultado desejado? Deveria o futebol português reunir-se em congresso para discutir em família estes avanços científicos na interpretação dos factos. Ou congresso ou internamento, é disto que o nosso futebol precisa. 



Outras histórias 
A famosa "incapacidade crónica" 
Este Bayern Munique, francamente, só nos dá desgostos  
Tivemos a sorte de contratar Renato Sanches", disse Karl-Heinz Rummenigge consumado que foi o negócio com o Benfica. A imprensa internacional fez eco da transferência do jovem benfiquista para o colosso alemão e explicou-a em termos sucintos: Renato foi uma exigência do treinador Carlo Ancelotti. Para uma considerável maioria de comentadores nacionais, oficiais ou oficiosos, nem Rummenigge nem Ancelotti percebem alguma coisa de futebol, visto que o miúdo da Musgueira não só não é miúdo nenhum (porque mente na idade) como também não tem talento algum (porque é um produto do tenebroso marketing da Luz). E, assim, cairá por terra a "incapacidade crónica do Benfica para fazer bons negócios" como apregoou o presidente do Sporting. Vender um cepo entradote por milhões só pode ser um bom negócio. Quanto ao Bayern nem goleou o Benfica na Liga dos Campeões como ainda lhe dá uns valentes milhões de olhos fechados. Estes alemães, francamente, só nos dão desgostos. 



Sobe e Desce 
Sobe 
GD Chaves - Brunos a dobrar 
O Chaves regressa à I divisão com um presidente chamado Bruno Carvalho. Em 2016/2017 haverá, portanto, dois presidentes Brunos de Carvalho na I Liga. Incrível! 

Rui Oliveira e Costa - Generosidade sem limites 
O representante do Sporting num programa de TV ofereceu do seu bolso mil euros aos jogadores do Nacional para tirarem o título ao Benfica. Quem pode, pode. 


Desce 
Augusto Inácio - Melancolia sem limites 
A ansiada expulsão de Renato Sanches acabou por se verificar no Funchal, mas nem assim o Benfica perdeu pontos. Inácio, em direto, não disfarçou a melancolia. 



Pérola 
"Se o Sporting fizer ofertas denunciou logo", Rui Alves 


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha


É com IVA ou sem IVA?

A quantidade de antigos jogadores de futebol – quase todos internacionais e de primeira água – que têm admitido alegremente que "no seu tempo" houve malas para lá e malas para cá nas jornadas decisivas de muitos campeonatos – quando eram legítimas essas ações generosas – faz-nos pensar que nos dias de hoje, já com o século XXI bem entrado, terá ocorrido um lamentável regresso à idade da pedra no que respeita aos hábitos e aos costumes do futebol português que, desconfia-se, não terão acompanhado o progresso e, muito menos, a legislação. Os regulamentos disciplinares em vigor proíbem agora esses subsídios ao esforço suplementar e até os pune com multas que vão dos 12 mil aos 25 mil euros. 

A insignificância do volume das multas perante a alegada significância do volume das malas e os objetivos a que se propõem os maleiros justifica-se, não como uma sanção dissuasora, mas como uma espécie de IRS que a Liga de Clubes pretende cobrar porque, em nome da verdade desportiva, ou há moralidade ou comem todos. Esta semana foi o apagado presidente da Liga posto em confronto pelos jornalistas com todo este ruído. 

Pedro Proença pediu beatificamente "tranquilidade e capacidade de contenção" a todos os protagonistas deste cavernoso episódio, real ou surreal, que transforma jogadores profissionais em mercenários aos olhos do público que é quem paga bilhete e, por isso mesmo, devia ser respeitado. Ou seja, pediu contenção no que ao folclore mediático diz respeito mas não pediu, nem sugeriu, a observância dos regulamentos que se comprometeu a defender. 

Desconhece-se, neste momento, se o Benfica – o aparente lesado – participou oficialmente à Liga de Clubes as suas suspeitas sobre a origem da motivação dos últimos adversários que, é verdade, choram compulsivamente quando falham golos e perdem o juízo quando os resultados não se lhes afiguram de feição, como se tem visto. Ou se o Benfica, alinhando no chinfrim destes tempos, se limitou a fazer do assunto mais um carnaval para disparar em flecha as tiragens dos jornais e as audiências de TV. 

Terá de ser a Autoridade Tributária a intervir, está mais do que visto, para repor a moralidade no caso das malas. São 200 mil ou são 600 mil de acumulados? Vossas Excelências, passam fatura? E é com IVA ou sem IVA? E quanto terão de pagar de IRS – sobre 100%? – os beneficiários deste bodo anónimo? É que pode haver dinheiro por fora no campeonato português mas a nossa pobre economia não consente, não pode consentir, dinheiro por baixo da mesa porque, assim, o país nunca mais recupera. 



Outras histórias 
Guarda-redes e cientistas da bola 
Que "vaca" teve, afinal, o Benfica quando lhe saiu o Bayern?  
Jan Oblak é de outro mundo. Aliás, há cada vez mais guarda-redes de altíssima categoria. E não é por geração espontânea que surgem a toda a hora guarda-redes notáveis. É o trabalho intenso, o treino especializado que transforma jovens promissores em "keepers" superdotados. O Atlético de Madrid deve a Oblak o apuramento para a final da Liga dos Campeões. O esloveno só foi traído no golo (insuficiente) do Bayern por um desvio da bola. 

De resto, defendeu tudo. Até uma grande penalidade e a respetiva recarga o ex-benfiquista defendeu. Os benfiquistas teriam preferido, no entanto, que Oblak tivesse defendido uma grande penalidade (ou mesmo duas) na final da Liga Europa com o Sevilha há dois anos, não é verdade? 

Mas a grande hora europeia de Oblak chegou na terça-feira, o Bayern ficou pelo caminho e não faltará quem conclua que até na Liga dos Campeões teve o Benfica uma "vaca" incrível porque, afinal, o Bayern de Munique não valia nada. São os cientistas da bola. 



Sobe e Desce 
Sobe 
Ederson - Guardar os pontos 
O jovem guarda-redes do Benfica guardou os 3 pontos no jogo com o Vitória de Setúbal e voltou a guardar os 3 pontos no jogo com o Guimarães. Decisivo Ederson. 

Casillas - Entregar os pontos 
Da série de "frangos" com que vai deixar a sua marca na Liga portuguesa, o último, concedido frente ao Sporting, terá sido o mais mediático e espetacular. 


Desce 
Matheus - Ponto rebuçado 
O guarda-redes do Sporting de Braga contribuiu para a presença do Benfica na final da Taça da Liga com um "pontapé na atmosfera" que fica para a História. 



Pérola 
"Treinar o FC Porto é uma oportunidade que honra qualquer treinador", Carlos Queiroz


Fonte : Leonor Pinhão @ correio da manha

sexta-feira, maio 13, 2016

Robert Miles - Children


Sobre a dificuldade de rejeitar desafios

Antes que um de nós morra, gostaria de declarar sem margem para dúvidas a minha admiração por Miguel Esteves Cardoso. Numa entrevista à Paris Review, James Thurber disse que um dos maiores receios dos humoristas americanos de meados do século XX era dedicarem-se a trabalhar num texto durante três semanas e depois descobrirem que o grande Robert Benchley já tinha escrito sobre o mesmo assunto, e melhor, duas ou três décadas antes. Os humoristas portugueses do século XXI podem dizer a mesma coisa de Miguel Esteves Cardoso. É muito irritante. Acontece-me engraçar com uma particularidade qualquer da nossa língua e temer imediatamente duas coisas: que Miguel Esteves Cardoso já tenha falado dela; que Miguel Esteves Cardoso nunca tenha falado dela por não a achar suficientemente interessante. Registo, por exemplo, que não se costuma exarar nada noutro sítio que não seja uma acta. Ninguém exara coisas noutros documentos. “Exarei aqui uma lista de compras neste guardanapo” é uma frase que, muito provavelmente, nunca foi pronunciada. Do mesmo modo, as pessoas só envidam esforços. Pessoalmente, nunca envidei mais nada. Mas receio que Miguel Esteves Cardoso já tenha falado do mesmo e eu esteja a fazer figura de parvo. Devia envidar esforços para verificar se ele exarou uma coisa parecida algures, mas tenho preguiça. E medo.

Há uma moda que, por ser recente (pelo menos, só dei por ela agora), talvez lhe tenha escapado. Trata-se do lançamento de desafios. Todas as semanas, alguém me “lança um desafio”. Em noventa por cento dos casos, o lançador do desafio deseja, na verdade, um favor. Como pedir um favor envolve uma obrigação, opta por lançar um desafio, circunstância em que o obrigado passo a ser eu: devo ficar agradecido por ter sido resgatado à aborrecida modorra em que vivo, por intermédio de um interessante desafio. A palavra “desafio” já exprimiu uma impertinência (“Paula Cristina, não me desafies que eu sou tua mãe”) e até competição

(“O desafio entre Benfica e Sporting terminou com a vitória dos encarnados por 15-0”). Mas creio que só recentemente passou a ser um favor travestido. Creio que o objectivo é dificultar a recusa. Pode não haver tempo para fazer um favor, mas rejeitar um desafio é uma mariquice. Sabem muito, estes estilistas da língua.


Fonte: Ricardo Araujo Pereira @ Visão

segunda-feira, maio 09, 2016

Frases - XVI


"Logic will get you from A to B. Imagination will take you everywhere." 
 -  Albert Einstein

sábado, maio 07, 2016

Antes a mala do que Proença

Por estes dias tanto se falou de malas que mal se falou de árbitros. Eis a novidade da semana. Jornada a jornada desde que o campeonato arrancou não houve descanso para os árbitros quer no Facebook do presidente Carvalho quer nas alocuções, mais primitivas, de Otávio. Antes dos jogos, no meio dos jogos e depois dos jogos, não houve juiz nem bandeirinha que escapasse ao crivo analítico - chamemos-lhe assim - do Sporting.

Esta semana foi mais malas. E malas garantidamente isentas de impostos, assim foram e estarão convencidos os jogadores das equipas adversárias do Benfica. É normal, dizem. Ilegítimo mas normal. Foi-se a fé nos árbitros, instalou-se a fé nas malas e a Liga abriu um inquérito que, com naturalidade, será encerrado sem conclusões por altura dos Santos Populares quando o povo andar mais distraído.

Esta foi também a semana em que os presidentes do Sporting e do Porto confidenciaram com os seus botões - e são botões que nunca mais acabam - um sentido arrependimento formal pelo movimento que encabeçaram e que levou Pedro Proença à presidência da Liga de Clubes. Não é que as coisas administrativas não estejam a correr de feição. Ao contrário do que é suposto acontecer, jogos decisivos da penúltima jornada vão espraiar-se ao longo de três dias em vez de se disputarem rigorosamente à mesma hora como manda a decência e, no mínimo, o bom senso. É o progresso.

Mas neste mês de Maio, por uma questão de superstição, dava mais jeito que Pedro Proença não se tivesse reformado tão precocemente, que não fosse presidente da Liga e fosse ainda árbitro. Em último ano de carreira, o melhor árbitro do Mundo à beira da aposentação despedir-se-ia do futebol português apitando a final da Taça no Jamor para alegria de Pinto da Costa e, já agora, faria também uma perninha no Marítimo-Benfica de amanhã para alegria também de Pinto da Costa, que já elegeu publicamente o nome do clube que quer ver campeão. Sempre eram duas alegrias.

Antes a mala do que Proença, será, no entanto, o sentimento generalizado entre benfiquistas. Mil vezes a mala.

O treinador do Vitória de Guimarães disse que "Portugal vinha abaixo" se a sua equipa tivesse pontuado na Luz. No dia seguinte veio logo abaixo a estátua do nosso rei Sebastião na frontaria da Estação do Rossio. Não sei que interpretação dar a isto. Oh Portugal, hoje és nevoeiro, já dizia o poeta.

Fonte: Leonor Pinhão @ record


sexta-feira, maio 06, 2016

As sombras da bananeira

Tal como o Benfica já existia 100 anos antes da chegada de Jorge Jesus e continua a existir depois da sua saída, também o Sporting tinha nascido há mais de 100 anos quando lhe chegou o mesmo Jorge Jesus e, quase de certeza, prosseguirá tranquilamente a sua existência quando Jesus se for embora. É assim a vida do futebol. Os clubes permanecem e os treinadores, tal como os presidentes, chegam e partem a toda a hora. Há muitas espécies de tipos presidenciais e de tipos de treinadores. Temos os treinadores portugueses ou de qualquer outra nacionalidade e os "treinadores do mundo". 

Para quem não entende a diferença entre os treinadores normais e os do mundo, um episódio recente do futebol português talvez ajude a fazer luz sobre a questão. Petit, o treinador normal do Tondela, e Jorge Jesus, o "treinador do mundo", foram expulsos na mesma jornada. Ambos foram punidos disciplinarmente. Petit com 1530 euros de multa e 25 dias de suspensão e Jorge Jesus com 192 euros de multa e 0 dias de suspensão. E, assim sendo, é de precisamente 1338 euros (mais 25 dias de suspensão) a diferença que vai de um treinador do mundo para um treinador normal. Entendido? 

Outra das características do "treinador do mundo" é a de saber antecipar o futuro dos clubes por onde passa em termos de plantas frutíferas. Depois de vencer o União da Madeira e assegurar a presença direta na próxima Liga dos Campeões, Jesus proclamou que com o dinheiro que tinha feito entrar no clube não só já tinha pago todo o seu contrato como ainda o Sporting podia "viver à sombra da bananeira nos próximos quatro anos". 

E, assim, se explica a razão pela qual Paulo Bento, que não passa de um treinador português e um tipo normal, não se lembrou de anunciar o milagre da sombra da bananeira quando, por três vezes, colocou o Sporting na fase de grupos da Liga dos Campeões sem ter de passar pelo aborrecimento, quando não frustração, de ter de discutir o acesso à prova milionária numa eliminatória a duas "mão" no princípio de agosto e com árbitros estrangeiros (mas não menos malvados). Pelas contas de Jesus, o modesto Paulo Bento deixou o Sporting 12 longos anos à sombra da bananeira e até o circunspecto Leonardo Jardim, outro absolutamente normal, deixou o Sporting outros quatro anos à sombra da mesma bananeira. 

Cá está, uma vez mais fulgurante, a diferença expressa em termos hortícolas entre treinadores de trazer por casa e treinadores nascidos para a imensidão do mundo. 



Outras histórias 
Renato Sanches em Manchester 
Até o Sir Alex Ferguson anda a trabalhar para o Benfica 
Seja quem for o campeão, este ficará também para a História como o campeonato de Renato Sanches. O primeiro e o último disputado em Portugal por um jogador chegado aos 18 anos à primeira equipa do Benfica e que sairá neste verão estando já vendido a bom preço para um emblema gigante do futebol europeu. Renato Sanches tem pinta. E sabe que tem. É-lhe indiferente que lhe ponham em causa a certidão de nascimento, que o queiram ver acorrentado por ter faltado a uma cerimónia militar ou que lhe observem os mamilos com insaciável gula pela verdade desportiva. Tem caráter. Em Vila do Conde reagiu superiormente aos cânticos racistas que lhe eram dirigidos imitando, sorridente, o macaquear do suposto macaco e envergonhando os rufias da bancada. Renato Sanches vai ser jogador do Man. United. A imprensa inglesa diz que Alex Ferguson é o culpado. Foi o malandro do velho que exigiu Renato em Old Trafford. Está visto, portanto, que até o Sir Ferguson também trabalha para o Benfica. 



Sobe e Desce 
Sobe 
Hélder Postiga - A cheirar os golos 
Em final de carreira, Postiga regressou à Liga portuguesa e só se reaproximou dos golos que lhe têm faltado quando atrevidamente cheirou o pescoço de Jonas. 

Pinto da Costa - Regresso ao poder 
Diz-se que o Porto perdeu a força antiga, mas a verdade é que hoje os dragões voltam ao poder. Mas ao "poder" de decidir quem é o próximo campeão, obviamente. 


Desce 
Bruno de Carvalho - Contas à presidente 
O presidente do Sporting celebrou esta semana os êxitos de contabilidade que lhe permitem enfrentar o caso Doyen com a maior tranquilidade. E com almofadas. 



Pérola 
"Seguramente que Jesus não vai para o Sassuolo", Manuel José 


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha


A indecência merece mais respeito

Um amigo assusta-se e envia por sms: “fodasse!” Gente da internet indigna-se em caixas de comentários e grafa: “fodasse!” Por todo o lado, sempre que há um sobressalto, um lamento, uma discordância, alguém escreve: “fodasse!” Ora, a palavra “fodasse” não existe. Escrever “fodasse” é exprimir uma obscenidade e incorrer num erro ortográfico. É falta de educação e falta de educação. Na verdade, quem escreve “fodasse” não exprime obscenidade nenhuma. No máximo, trata-se da expressão de uma obscenidade na forma tentada. Estamos perante alguém que deseja dizer um palavrão e não consegue – o que prova que é preciso ter formação para ser malformado.

O corrector automático não ajuda. Quando se redige “fodasse”, as sugestões são: “rodasse”, “fadasse”, “focasse”, “fofasse” e “foçasse”. Até o improvável verbo fofar (“pôr fofos em”, segundo o dicionário) ocorre mais depressa ao corrector do que a rectificação que se exigiria. Não conheço quem alguma vez tenha conjugado o verbo fofar, nem imagino situação em que tal verbo possa dar jeito. Já aquilo que se pretende dizer quando se escreve “fodasse” é de uso quotidiano.

A culpa, como sempre, é do Ministério da Educação. Os programas estão desajustados da realidade, como se vê. Estudam-se verbos das três conjugações, mas ignora-se a forma reflexa de um dos verbos que mais vamos usar pela vida fora. O resultado é este: um número chocante de pessoas que não sabem exprimir-se convenientemente. É uma área do saber que não pode continuar a ser negligenciada.

Muitos dos textos que escrevo aqui na VISÃO são posteriormente incluídos em manuais escolares. Sei disso porque, com alguma frequência, os filhos de amigos meus vêm agradecer-me, com ironia bem azeda, determinado TPC em que tiveram de me ler e interpretar. Suspeito que esta crónica, logo uma das mais importantes, não será escolhida para figurar nas selectas. É pena. Os alunos saem mal preparados do liceu e da universidade. Eu identifiquei o problema e avancei aqui com um plano de estudos que procura solucioná-lo. Serei, com toda a certeza, ignorado. Acontece muitas vezes aos melhores e mais inovadores pedagogos. Mas esse é um pobre consolo, fodasse.


Fonte: Ricardo Araújo Pereira @ Visão


segunda-feira, maio 02, 2016

domingo, maio 01, 2016

Tristes lamentos

E, finalmente, o Benfica viu um jogador dos seus ser expulso, aliás bastante injustamente, porque André Almeida não encostou o penteado ao adversário de modo a merecer a gravidade de um cartão amarelo. O segundo amarelo, note-se bem. O primeiro foi justíssimo. André Almeida não vai jogar, assim, o próximo jogo. Ontem, com o resultado naquele tangencial 1-0 o que é já a imagem de marca do Benfica nesta ponta final do campeonato, o impassível lateral-direito salvou por duas vezes na mesma jogada o golo que seria do empate. Faltava um pouco menos de meia hora para o fim e teria sido uma grande aflição. Obrigada, André Almeida.

O Benfica, felizmente, já não vai acabar o campeonato - seja em que lugar for - sem expulsões. E, ao contrário do que reza e grita a propaganda, uma época sem expulsões não vale um campeonato. Veja-se o que aconteceu ao Porto sem expulsões de 2000/01 que ficou no 2.° lugar, ao Sporting sem expulsões de 2003/04 que ficou no 3.º lugar, ao Benfica sem expulsões de 2008/09 que ficou em 3.º lugar e até ao Paços de Ferreira sem expulsões de 2005/06 que ficou em 11.º lugar no campeonato, a 37 pontos do campeão, o Porto.

Ontem, houve alguns lamentos vimaranenses por causa da arbitragem de Bruno Paixão que, na minha modesta e parcial opinião, consentiu alegremente na rudeza e no anti-jogo dos visitantes e distribuiu uma mão-cheia de cartões amarelos para um lado e para o outro como é seu timbre. É caso para se dizer que o extraordinário empenho posto em campo pela equipa do Vitória de Guimarães durante o jogo se prolongou para lá das quatro linhas e, consumada a derrota, fez o possível por render ainda qualquer coisinha na zona das entrevistas.

Tudo aponta para que a Inglaterra consagre um campeão surpreendente. Trata-se do Leicester, "esse colosso do futebol inglês" tal como o presidente do Sporting o classificou no início da temporada com aquele desdém irónico super-super-inteligentíssimo a que nos vem habituando todos os dias de manhã, à tarde e à noite. Também não deixa de ser verdade que ninguém exigiria a Bruno de Carvalho que provasse ao mundo as suas capacidades de prever o futuro apostando as suas preciosas fichas no Leicester no verão passado. Mas quem apostou, ganhou. Ou, melhor, arrisca-se a ganhar porque, tal como em Portugal, também em Inglaterra os campeonatos só acabam quando acabam mesmo.


Fonte: Leonor Pinhão @ Record


Desporto de fim de semana - 2024/03/16

Sábado, 2024/03/16  - 14:00 - Futebol - Fc Penafiel -v- SL Benfica B - Liga Portugal 2 | 23/24 - Jornada 26  - 15:00 - Basquetebol - SL Ben...