sexta-feira, maio 06, 2016

As sombras da bananeira

Tal como o Benfica já existia 100 anos antes da chegada de Jorge Jesus e continua a existir depois da sua saída, também o Sporting tinha nascido há mais de 100 anos quando lhe chegou o mesmo Jorge Jesus e, quase de certeza, prosseguirá tranquilamente a sua existência quando Jesus se for embora. É assim a vida do futebol. Os clubes permanecem e os treinadores, tal como os presidentes, chegam e partem a toda a hora. Há muitas espécies de tipos presidenciais e de tipos de treinadores. Temos os treinadores portugueses ou de qualquer outra nacionalidade e os "treinadores do mundo". 

Para quem não entende a diferença entre os treinadores normais e os do mundo, um episódio recente do futebol português talvez ajude a fazer luz sobre a questão. Petit, o treinador normal do Tondela, e Jorge Jesus, o "treinador do mundo", foram expulsos na mesma jornada. Ambos foram punidos disciplinarmente. Petit com 1530 euros de multa e 25 dias de suspensão e Jorge Jesus com 192 euros de multa e 0 dias de suspensão. E, assim sendo, é de precisamente 1338 euros (mais 25 dias de suspensão) a diferença que vai de um treinador do mundo para um treinador normal. Entendido? 

Outra das características do "treinador do mundo" é a de saber antecipar o futuro dos clubes por onde passa em termos de plantas frutíferas. Depois de vencer o União da Madeira e assegurar a presença direta na próxima Liga dos Campeões, Jesus proclamou que com o dinheiro que tinha feito entrar no clube não só já tinha pago todo o seu contrato como ainda o Sporting podia "viver à sombra da bananeira nos próximos quatro anos". 

E, assim, se explica a razão pela qual Paulo Bento, que não passa de um treinador português e um tipo normal, não se lembrou de anunciar o milagre da sombra da bananeira quando, por três vezes, colocou o Sporting na fase de grupos da Liga dos Campeões sem ter de passar pelo aborrecimento, quando não frustração, de ter de discutir o acesso à prova milionária numa eliminatória a duas "mão" no princípio de agosto e com árbitros estrangeiros (mas não menos malvados). Pelas contas de Jesus, o modesto Paulo Bento deixou o Sporting 12 longos anos à sombra da bananeira e até o circunspecto Leonardo Jardim, outro absolutamente normal, deixou o Sporting outros quatro anos à sombra da mesma bananeira. 

Cá está, uma vez mais fulgurante, a diferença expressa em termos hortícolas entre treinadores de trazer por casa e treinadores nascidos para a imensidão do mundo. 



Outras histórias 
Renato Sanches em Manchester 
Até o Sir Alex Ferguson anda a trabalhar para o Benfica 
Seja quem for o campeão, este ficará também para a História como o campeonato de Renato Sanches. O primeiro e o último disputado em Portugal por um jogador chegado aos 18 anos à primeira equipa do Benfica e que sairá neste verão estando já vendido a bom preço para um emblema gigante do futebol europeu. Renato Sanches tem pinta. E sabe que tem. É-lhe indiferente que lhe ponham em causa a certidão de nascimento, que o queiram ver acorrentado por ter faltado a uma cerimónia militar ou que lhe observem os mamilos com insaciável gula pela verdade desportiva. Tem caráter. Em Vila do Conde reagiu superiormente aos cânticos racistas que lhe eram dirigidos imitando, sorridente, o macaquear do suposto macaco e envergonhando os rufias da bancada. Renato Sanches vai ser jogador do Man. United. A imprensa inglesa diz que Alex Ferguson é o culpado. Foi o malandro do velho que exigiu Renato em Old Trafford. Está visto, portanto, que até o Sir Ferguson também trabalha para o Benfica. 



Sobe e Desce 
Sobe 
Hélder Postiga - A cheirar os golos 
Em final de carreira, Postiga regressou à Liga portuguesa e só se reaproximou dos golos que lhe têm faltado quando atrevidamente cheirou o pescoço de Jonas. 

Pinto da Costa - Regresso ao poder 
Diz-se que o Porto perdeu a força antiga, mas a verdade é que hoje os dragões voltam ao poder. Mas ao "poder" de decidir quem é o próximo campeão, obviamente. 


Desce 
Bruno de Carvalho - Contas à presidente 
O presidente do Sporting celebrou esta semana os êxitos de contabilidade que lhe permitem enfrentar o caso Doyen com a maior tranquilidade. E com almofadas. 



Pérola 
"Seguramente que Jesus não vai para o Sassuolo", Manuel José 


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha


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