sexta-feira, abril 29, 2016

Viva o voto transparente

Angelino Ferreira, antigo administrador da SAD do Porto, explicou aos jornais a sua curiosa participação no recentíssimo ato eleitoral que reconduziu, pela enésima vez, Pinto da Costa na presidência do clube. O antigo responsável pela área financeira dos azuis-e-brancos, que anda de candeias às avessas com a cúpula daquela instituição, disse, e com grande naturalidade, que tendo dado conta de que "o voto não era secreto" – como julgava… - agarrou nos boletins de voto e levou-os para casa. 

A observação do segredo de voto estará, certamente, consignada nos estatutos do clube. E, assim sendo, caberá apenas aos sócios do Porto interessarem-se ou não por este tema eleitoral que lhes diz respeito. É o seu problema e de mais ninguém. O que já é de interesse geral é saber-se se o voto do antigo diretor, que de secreto não teve nada, contou para alguma coisa. Se, por exemplo, foi registado. Se figurou nos resultados finais divulgados no princípio da noite do último domingo. 

E se o voto de Angelino Ferreira contou, sabendo-se que o referido sócio- -eleitor levou os boletins para casa, terá sido contabilizado a favor da reeleição do presidente? Ou contra? Ou contou como nulo? Ou foi estimado como um voto em branco que não é bem a mesma coisa de que um cheque em branco? 

Em boa verdade, deveria ser contado como voto não-branco mas sim transparente tendo em conta que nunca foi encontrado, que ninguém viu os boletins de Angelino Ferreira quando as urnas, supõe-se, foram abertas depois do último inscrito nos cadernos eleitorais ter exercido o seu direito. 

O processo eleitoral da 13ª eleição de Jorge Nuno Pinto da Costa pode ter tido peculiaridades. Esta de se levarem os votos para casa em sinal de protesto é, sem qualquer espécie de dúvida, uma originalidade nunca vista em sufrágios por esse mundo fora. 

Nada se compara, no entanto, em novidades à entrevista que Pinto da Costa concedeu, muito contrariado, ao Porto Canal poucos dias depois do ato eleitoral. Ouvir o presidente do Futebol Clube do Porto, emblema que arrecadou títulos atrás de títulos ao longo de décadas, afirmar muito compenetrado que ser campeão "não é uma obsessão para o Porto como assumiu este ano o Sporting" pode ajudar a explicar a medíocre prestação da equipa comandada por Julen Lopetegui/José Peseiro ao longo desta temporada. 

Foi de propósito, está visto, que o Porto desistiu da luta com o Benfica. Por isso mesmo Angelino Ferreira, incrédulo, levou os votos para casa. E levou-os de propósito para os emoldurar. 



Outras histórias 
Questões prementes da modernidade 
Pode o vídeo-árbitro declarar-se semi-humano quando erra? 
Para Augusto Inácio não é fruta. É pão, pão, queijo, queijo. "Com o vídeo-árbitro o Sporting estaria à frente no campeonato". Disse-o na jornada inaugural do Congresso Internacional Futuro do Futebol que se realizou esta semana. E onde? No Estádio de Alvalade sob a égide da modernidade que se pratica naquele recinto no que toca – e toca que se farta… – a árbitros "ao vivo". Depreende-se que, para o diretor do Sporting, o vídeo-árbitro é uma entidade celeste que não hesitaria em abençoar o penálti com que o Sporting conseguiu vencer em Arouca. E em benzer o histórico lançamento lateral de João Pereira no jogo da primeira volta com o Tondela. E em ungir o golo de Slimani que deu a vitória ao Sporting no sábado passado em Moreira de Cónegos. Os árbitros do passado eram humanos e erravam, coitados. Mas poderá o vídeo-árbitro do futuro, à laia de atenuante, declarar-se semi-humano quando errar? Foi para discutir estes temas bem modernos que Alvalade reuniu um Congresso. 



Sobe e Desce 
Sobe 
Paulo Pereira Cristóvão - Reputação em flecha 
O Ministério Público acusou o ex-dirigente do Sporting de "corrupção ativa" num caso que envolve 196 árbitros de futebol. Nenhum é vídeo-árbitro, felizmente... 

Jonas - A pedir colinho 
Jonas fez o empate com o Vitória e pediu o colinho da Luz para levar a equipa ao triunfo. O Benfica ganhou mas não ganhou para o susto por falta de fôlego. 


Desce 
Arnold - Choro justificado 
O avançado do Vitória teve nos pés o golo nos instantes finais do jogo com o Benfica. Falhou. Saiu lavado em lágrimas. Muitas lágrimas mesmo. Compreende-se. 



Pérola 
"O Sporting tem de engrossar a voz", Bruno de Carvalho 


Fonte: Leonor Pinhão @ Correio da manha



quinta-feira, abril 28, 2016

Restauração esquisita

É difícil almoçar ao domingo. Eu tento, mas não tenho conseguido. O almoço caiu em desuso e, neste momento, só se consegue comer em estrangeiro. Muitos restaurantes não têm almoço, têm brunch. O brunch, como o próprio nome indica, é uma mixórdia, na medida em que resulta da amálgama das palavras inglesas para pequeno-almoço e almoço. Essa salsada é evidente nas mesas de brunch. Iguarias que não foram feitas para conviver ocupam o mesmo espaço. Pataniscas de bacalhau fumegam por baixo de uma taça de cereais. Uma fila de iogurtes ladeia uma travessa de arroz de tomate. Papas de aveia borbulham junto de uma bandeja de sushi. No fim, não sei se almocei mal ou se tomei pequeno-almoço a mais. Sou um pisco ou um alarve? Tenho fome ou estou enfartado?

Quem está mais interessado em comer do que em reflectir sobre a existência (é quase sempre o meu caso) deve evitar o brunch. É uma refeição que, além disso, nos confronta com o pior que há no ser humano. Sabemos bem que, por muito civilizado que seja o meio em que vivemos, estamos sempre apenas a um passo da barbárie. O brunch é servido em regime de buffet, e as pessoas aproveitam o ambiente de permissividade para se comportarem como se não houvesse limites nem decência. Tenho visto empratamentos absolutamente chocantes. No passado domingo, uma selvagem levava no prato um filete de pescada, três panquecas, dois mini-hambúrgueres, carnes frias e um triângulo de queijo Camembert com compota de framboesa. Não era um repasto, era falta de educação empratada. Acompanhou com um copo de café com leite. Apresenta-se queixa ao empregado e ele diz que tem as mãos atadas. Que não pode limitar a liberdade das pessoas. Que podem fazer as misturas que entendem. Que a minha mulher tinha todo o direito de compor aquele prato.

Podem acusar-me de reaccionarismo gastronómico. Estou pronto para defender as minhas escolhas. Sou uma pessoa que gosta de pratos que podem designar-se por uma palavra apenas. Cozido. Dobrada. Chanfana. Rancho. A simplicidade breve da designação, que normalmente contrasta admiravelmente com a abundância do prato. Serei um bruto, talvez. Mas não aceito lições de civilidade destes mixordeiros de domingo, cujo prato parece o balde que a minha tia Isaura dava às galinhas.


Fonte: Ricardo Araújo Pereira @ Visão


segunda-feira, abril 25, 2016

Frase - XIV


"Act enthusiastic and you will be enthusiastic."
  -  Dale Carnegie, Author and Motivational Speaker

sábado, abril 23, 2016

Meia dúzia de almofadas

Sob o patrocínio do Sporting decorreu a meio da semana o 'congresso internacional sobre o futuro do futebol' que serviu lindamente o que dele se pretendia. É verdade que as comunicações passaram praticamente despercebidas mas, à entrada e à saída dos trabalhos, figuras de proa do Estado verde-e-branco correram a todos os microfones para debitar mais umas quantas desconsiderações ao Benfica. Foi, assim, um sucesso o tal congresso sobre o futuro do futebol que, para os seus organizadores, seria certamente um futuro bem mais risonho se (foi esta a conclusão a que chegaram) o vizinho do lado não existisse.

Mas existe e lidera o campeonato depois de se atrever a recuperar dez pontos a quem já se anunciara campeão um mês e meio antes do Natal. "Olhem bem para nós que não vamos sair do primeiro lugar!" Lembram-se?
Voltemos ao congresso, na esperança de que tenha produzido conclusões relevantes sobre os tormentos que afligem o futebol neste mísero presente. A justiça, ninguém duvide, tem de melhorar muito. Desconhece-se se, porventura, algum dos congressistas abordou o tema das penas disciplinares a aplicar no futuro a um clube cujo vice-presidente, entre outros mimos, se veja acusado de corrupção activa por devassa de dados confidenciais de 196 árbitros de futebol.
Como se decidirão estes casos no século XXII? O clube desce de divisão ou, por exemplo, não desce de divisão? E o suposto vice-presidente é ou não é irradiado? E se já não estiver no activo, poderá vir a ser homenageado com um jantar de desagravo? E o que pensa sobre isto tudo o presidente da Liga, que até foi árbitro? Pois sobre estes temas capitais, nada, silêncio. O que se ficou a saber é que, no futuro, o presidente do Sporting tem "duas almofadas" para fazer face à despesa com a Doyen. Almofadas, na realidade, não têm faltado nestas jornadas finais do campeonato. Por força das circunstâncias -ou será mania? -, os adversários desmaiam antes de jogar com o Sporting. O Belenenses esvaiu-se em guerras internas de dirigentes. O Marítimo debilitou-se em arrufos entre jogadores e para hoje já está confirmado o empalidecimento do União da Madeira que, por ser do seu interesse, apresentará uma equipa menos garrida em Alvalade.

Somadas às almofadas da Doyen, já vai quase em meia dúzia de almofadas. Carrega, Benfica, que o Rio Ave é que é do nosso campeonato!"


Fonte: Leonor Pinhão @  Record


Em luta pela reputação

Esta coisa de chamarmos "grandes" aos três clubes que mais adeptos congregam no país – Benfica, Porto e Sporting – não se prende com salamaleques. São "grandes" porque são muitíssimo maiores do que os outros em dimensão social. E também porque são muito mais ricos do que os outros em termos do sucesso acumulado. Não deixa de ser verdade, no entanto, que neste campeonato de grandezas há ainda quem seja o maior de todos – e por isso lhe chamam "o maior de Portugal" – mas não é essa discussão que se pretende trazer hoje para aqui. 

Através da sua máquina de fazer barulho, este Sporting não passa uma semana sem se atirar aos malandros dos árbitros unidos para lhe roubar o título de campeão nacional. E unidos também, os mesmos malandros, na permissão de jogo duro – duríssimo – por parte dos adversários do Sporting. O braço partido de Luisão e o nariz partido de Ventura são os exemplos mais flagrantes de como a brandura dos juízes consentiu que o "capitão" do Benfica e o guarda- -redes do Belenenses atingissem com ímpeto João Pereira e Teo Gutiérrez em lances não sancionados pela autoridade. Jornada a jornada, a cada nomeação dos árbitros, vem o Sporting publicitando a lista de bondades que contemplaram o rival. Mas como o Sporting é um "grande" – tal como o Benfica e o Porto também são, embora o Benfica seja o maior de todos – acontece- -lhe precisamente o mesmo que acontece aos seus companheiros de estatuto: caso a caso, não há árbitro nacional que não lhe tenha "dado" mais vitórias do que empates ou derrotas no somatório geral. É a vida. Há que ter paciência. 

Por exemplo, na jornada deste fim de semana, o árbitro que calhou ao Benfica é o mesmo a quem Pinto da Costa prometeu "tratar da saúde". As melhoras, senhor árbitro, é o que se deseja em prol da verdade desportiva. Já o árbitro que calhou ao Sporting para o jogo de hoje com o Moreirense é um tal Bruno Paixão, acusado de ser mais benfiquista do que a águia Vitória. E porquê? Porque Paixão apitou por 32 vezes o Sporting e dessas 32 vezes o Sporting perdeu em três ocasiões. Ora aqui está um escândalo de desproporções inauditas! Na última dessas três derrotas do Sporting com Paixão ao apito – aconteceu frente ao Gil Vicente há uma mão cheia de anos – foi até exigida a irradiação do árbitro que vai estar esta noite em Moreira de Cónegos onde o Sporting vai lutar pelo título enquanto Bruno Paixão vai, certamente, lutar pela sua reputação, o que não vai ser fácil. 



Outras histórias 
Uma linda aventura na Europa 
O Benfica só foi dececionante para os seus rivais internos 
O Benfica terminou a sua aventura europeia. Do ponto de vista dos seus rivais internos, que nutriam enormes expectativas nesta eliminatória, pode-se dizer que o Benfica foi absolutamente dececionante ao longo dos 180 minutos disputados com os campeões alemães. Dececionante porque, contrariando a tendência das apostas e as rezas a todos os santinhos, o Benfica não só não foi goleado como saiu inteiro e moralizado deste confronto com o Bayern. Numa temporada que arrancou com Luís Filipe Vieira a mentalizar os adeptos – e que adeptos! – para "as dores de crescimento", aceita-se com naturalidade a deceção dos seus adversários (de trazer por casa) perante a exiguidade do "score" final – um 2-3 mais do que honroso – e perante os elogios de Guardiola e da imprensa internacional a um Benfica que terminou o jogo da Luz com um destacamento de juvenil – Guedes, Renato, Jovic, Ederson, Lindelof – a fazer sonhar com o futuro. Isto é que não estava programado. Tenham paciência. 



Sobe e Desce 
Sobe 
Este rapaz não engana - Diogo Jota 
Marca golos ao Benfica, marca golos ao Porto, tem 19 anos, é português e é uma revelação impressionante da Liga. Só ainda não impressionou Fernando Santos. 


Desce 
Já conheceu melhores dias - Iker Casillas 
A bola já entrou na baliza confiada ao marido de Sara Carbonero. A expressão do guarda-redes espanhol diz tudo sobre este Porto 2015/2016 onde veio cair. 

E o fundo desce, desce - Pinto da Costa 
O jogo em Paços de Ferreira terminou com mais uma derrota para o Porto. O presidente do clube e da SAD abandona a tribuna a caminho da sua ansiada reeleição. 


Pérola 
"O Benfica acabou por contratar o Rui Vitória", José Eduardo 


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha

quinta-feira, abril 21, 2016

Racismo capilar

Segundo dizem, esta semana houve indignação do facebook. Vou tentar resumir o motivo da controvérsia – embora seja uma tarefa difícil, uma vez que o caso é extremamente complexo, como costumam ser todos os que ocupam os polemistas das redes sociais. O que se passou foi isto: Justin Bieber mudou de penteado. Houve brados, pranto e ranger de dentes, porque o cantor optou por um estilo capilar popularmente conhecido como “rastas”, e foi acusado de “apropriação cultural”. Não foi o primeiro. Há 15 dias, na Universidade de São Francisco, uma funcionária agarrou um aluno com o mesmo penteado e disse-lhe que ele não podia ter o cabelo assim: estava a apropriar-se da cultura africana. Segundo ela, só os negros podem usar aquele tipo de penteado. Este discurso fez-me lembrar um outro, que dizia: “Um preto de cabeleira loira ou um branco de carapinha não é natural. O que é natural e fica bem é cada um usar o cabelo com que nasceu.” Uma moderna defensora das identidades culturais e um anúncio do Restaurador Olex: a mesma luta.

Uns meses antes, em Dezembro, na Universidade de Oberlin, no Ohio, um grupo de estudantes acusou a cantina de “apropriação cultural” porque o sushi servido constituía uma “representação incorrecta de pratos culturais” e ofendia uma tradição culinária ancestral. Com a mesma impecável superioridade moral, em Novembro, a associação de estudantes da Universidade de Ottawa suspendeu as aulas de yoga, por serem uma “inaceitável apropriação cultural de uma prática não-ocidental”. E umas décadas antes, no dia 18 de Agosto de 1941, trezentos jovens alemães conhecidos como “Swing Kids” foram presos pelos nazis por estarem a tocar música jazz, o que lhes era interdito por se tratar de “música de negros”. Mais uma vez, é impressionante como o moderno anti-racismo se parece com o velho racismo.

Esta compartimentação cultural levanta problemas interessantes. Uma vez que, ao que parece, o smoking foi inventado em Inglaterra em meados do século XIX, significa isso que um índio não pode usar um? Ou, já agora, um português? Mesmo entre os portugueses, é legítimo que um minhoto use um capote alentejano? Um cozinheiro trasmontano pode fazer chocos à algarvia? Um açoriano pode cantar o fado? À cautela, hei-de tentar saber qual é o traje típico de São Sebastião da Pedreira e vou comprar meia dúzia.

Os antigos activistas do movimento dos direitos civis batiam-se pelo fim da segregação racial e pela igualdade de direitos. Os modernos fiscalizam o penteado de um adolescente. Imagino que Rosa Parks e Martin Luther King ficariam muito, muito orgulhosos.


Fonte: Ricardo Araújo Pereira @ visão

segunda-feira, abril 18, 2016

Frase - XIII


"A leader is one who knows the way, goes the way, and shows the way."
  -  John C. Maxwell

sábado, abril 16, 2016

Saber dar-se ao respeito

Concluída com aplausos a sua bonita aventura europeia, volta o Benfica à sua não menos bonita realidade que é a de lutar pela revalidação do título nacional. Não vai ser fácil. Em campo, a discussão com o Sporting tem-se revelado magnífica no empenho e pródiga em emoções. É o campeonato da incerteza e, provavelmente, só em maio haverá campeão de futebol-jogado.

No que respeita ao futebol-falado, o Sporting não só já ganhou o título de 2015/16 como garante que levará tudo de roldão nas décadas por vir. Assim mesmo o assegurou o presidente - "não queremos voltar à fase de ganhar 1 vez e esperar 14 anos" -, não se referindo, certamente, à conquista da Supertaça em Agosto. Como se não bastasse a palavra do presidente, veio esta semana um vogal da sua direcção reforçar a certeza de que "o Sporting vai dominar o campeonato português nos próximos 20 anos", contando já com este ano.

Perante isto resta ao Benfica manter o silêncio e encarar o jogo de segunda-feira frente ao Vitória de Setúbal com grande respeito pelo adversário. Tendo sido notificado, tal como o resto do país, de que os campeonatos das próximas duas décadas estão entregues ao vizinho, cabe ao Benfica fazer o possível para, pelo menos, impedir que o 1.º título dos 20 pré-arrecadados siga já este ano para Alvalade.

A este Benfica podem vir a faltar os pontos necessários para ser campeão. Mas coragem e carretear, todos reconhecem, não lhe têm faltado. E é com isso que contamos este ano. E nos próximos 19 anos também. 

Aconteça o que acontecer nas provas a que o Benfica ainda está ligado, o sereníssimo Ruí Vitória soube dar-se ao respeito do futebol português e, mais difícil ainda, conseguiu conquistar o coração dos adeptos do Benfica. Numa primeira fase teve a inacreditável ajuda de Jorge Jesus. Em meia dúzia de frases (muito) infelizes, Jesus conseguiu desbaratar o capital de estima que tinha deixado na Luz, facilitando, sem querer, a vida ao seu sucessor.

Na noite europeia de quarta feira, vendo os minutos finais do jogo na bancada abraçado por adeptos, Rui Vitória manteve-se igual a si próprio, sereníssimo, sem tirar os olhos do palco onde a sua equipa se batia com os alemães. No que pensava o treinador do Benfica naqueles instantes de comunhão com o público? Pensava já no jogo com o Vitória de Setúbal, certamente. Porque o Vitória de Setúbal é que é do nosso campeonato.


Fonte : Leonor Pinhão @ Record

sexta-feira, abril 15, 2016

A leste do Paraíso Fiscal

Inocente leitor, temos de falar. Talvez seja melhor sentar--se, porque o abalo que vai sentir pode fazer-lhe mal. Passa-se o seguinte: ao que parece, Vladimir Putin não é uma pessoa completamente impoluta. E não é tudo, leitor amigo. Segundo dizem, há pessoas muito ricas que recorrem a estratagemas manhosos para pagar menos impostos. Juro que é verdade. Descobriu-se esta semana. E mais: certos bancos não se importam com a origem do dinheiro. Venha de onde vier, escondem-no, lavam-no, lucram com isso.

O que os chamados Panama Papers revelaram não é do âmbito da finança, é do âmbito da teologia: há paraísos fiscais e infernos sociais. O funcionamento é ligeiramente diferente do habitual. Quem se porta mal vai para o paraíso. Quem se porta bem (normalmente, porque não tem outra alternativa), vive no inferno. E tem de se sustentar a si mesmo e ao estilo de vida dos que vivem no paraíso. Talvez seja tempo de actualizar aquela frase antiga: na sociedade capitalista nada é certo, excepto a morte e a fuga aos impostos. Não pagar impostos é um sinal de egoísmo – e, por isso, de uma certa pobreza de espírito.

É justo, portanto, que o paraíso fiscal seja destes pobres de espírito. Os apenas pobres ficam no inferno social, para aprenderem a não ser parvos. Os habitantes do paraíso vêem a sua inteligência premiada: não só não pagam impostos como, frequentemente, são proprietários de empresas que beneficiam de subsídios – por exemplo, para não tomarem uma atitude chamada “deslocalização”. Não pagam impostos e recebem dinheiro proveniente de impostos. Acabam por fazer tanto ou mais dinheiro com os impostos como o Estado. É como se um cliente chegasse a uma loja e pedisse um desconto. Sobre o desconto, um preço de amigo. Sobre o desconto e o preço de amigo, uma atençãozinha. E acabasse por receber dinheiro para levar o produto.

Depois dos Panama Papers, creio que nada mais voltará a ser o mesmo. Estas empresas fictícias vão mesmo ter de se retirar do Panamá e arranjar moradas inexistentes nas Ilhas Caimão, para aprenderem. Espera-se que mudem de comportamento e nunca mais se deixem apanhar.


Fonte: Ricardo Araujo Pereira @ Visão

segunda-feira, abril 11, 2016

domingo, abril 10, 2016

Análise e interpretação de uma arma

Na sequência de uma excelente iniciativa levada a cabo por uma cadeira em 1968, um grupo de militares derrubou finalmente o Estado Novo a 25 de Abril de 1974. Usaram espingardas, chaimites e fragatas. Esta semana, um tribunal angolano condenou 17 jovens por planearem derrubar o governo. Quando foram capturados, os revoltosos estavam na posse do seguinte armamento de guerra: um livro.

Por terem lido e discutido um livro intitulado “Ferramentas para Destruir o Ditador e Evitar Nova Ditadura”, os 17 perigosos leitores foram condenados a penas de prisão entre os dois anos e três meses e os oito anos e meio. É possível que, só por ter acabado de escrever o título, eu me arrisque a duas semanas num presídio de Luanda, se alguma vez visitar Angola. O livro foi lido na íntegra no tribunal, o que constitui uma imprudência incompreensível. Para julgar réus que tinham lido e discutido um livro, o juiz decidiu ler e discutir o livro. É o mesmo que, para julgar devidamente um assassino, assassinar alguém em tribunal. Na verdade, talvez não seja bem a mesma coisa porque, ao que se diz, em Angola certos homicídios são menos graves do que certas sessões de leitura.

Não sou especialista, mas parece-me que “Ferramentas para Destruir o Ditador e Evitar Nova Ditadura” inaugura um novo subgénero, dentro da literatura policial. Nos livros policiais tradicionais, o livro contra a história de um crime e o criminoso acaba preso. Neste livro, é quem o lê que comete o crime e acaba na prisão. Não creio que tenha futuro, enquanto género literário, mas é um daqueles livros dos quais se pode dizer, sem dúvida nenhuma, que mudam a vida do leitor. Nem todas as obras se podem gabar do mesmo.

No final do julgamento, os leitores delinquentes foram acusados de serem uma associação de malfeitores que pretendia tomar o poder em Angola. Arrepia só de pensar. Imaginem uma associação de malfeitores a governar Angola. Provavelmente, um governo composto por gente dessa abusaria do poder e apropriar-se-ia das riquezas do País. Depois, talvez as distribuísse por um conjunto de generais amigos e pelos próprios filhos. Havia de perseguir e matar opositores políticos, falsificar cadernos eleitorais e viciar eleições. Talvez fosse mesmo capaz de instituir um regime no qual ler um livro fosse um crime punível com pena de prisão. Ainda bem que conseguiram pará-los a tempo. O povo angolano livrou-se de boa.


Fonte: Ricardo Araujo Pereira @ Visão


sábado, abril 09, 2016

Pinto da Costa & Octávio

Por imperativos dramáticos, esta semana foi pródiga em trazer à ribalta dois dos mais estafados monólogos do reportório nacional: Pinto da Costa & Octávio Machado, eles mesmos, autores e intérpretes de outro tempo, repuseram as suas consabidas competências, o primeiro acusando agora de “terroristas” os seus opositores, o segundo apontando aos árbitros a responsabilidade de o Benfica ter recuperado 10 pontos no espaço de três meses.

Na década de 80 do século passado, Pinto da Costa & Octávio Machado trabalharam na mesma companhia onde viveram grandes sucessos. Êxitos incontestados até pela crítica da época que aplaudiu, sem reservas, a fogosa modernidade de um presidente que chegou ao poder derrubando o seu antecessor, Américo de Sá, por métodos absolutamente anti-terroristas.
A boa crítica especializada do passado não menos aplaudiu o fogoso adjunto das Antas que chegava a dispensar o conforto do “banco” para, de pé e frequentemente em corrida, acompanhar o jogo ao longo da lateral confortando os pobres dos fiscais-de-linha nas suas más decisões. E fez-se História. Ou pré-história, como preferirem.

Estamos agora em 2016 e no início da Primavera, a estação em que a Natureza se renova mas os reportórios, pelos vistos, não. O presidente do Porto, a sofrer um mau bocado por causa de Lopetegui e, sobretudo, por causa do idiota que se lembrou de contratar Lopetegui, falou à nação deixando no ar a suspeita de serem uns quantos encobertos ao serviço do centralismo de Lisboa os “terroristas” que lamentavelmente lhe rondaram a casa uma noite destas.
Quanto ao seu ex-treinador-adjunto, a realidade é que na sua última reaparição semanal, e para não perder tempo, chamou já malandros aos árbitros dos jogos todos do Benfica até ao fim do campeonato. No mesmo fôlego, vincou ainda a necessidade de dividir o país – não na guerra Norte-Sul que o viu nascer para a ação política – mas na urgência patriótica de um conflito João Mário-Renato Sanches, jogadores cujo enorme talento se vê permanentemente abusado em nome de uma velha nostalgia.

É que são de um folclore antigo estes episódios febris da hostilidade entre clubes carregada para o seio da seleção nacional. Da guerra de Pedroto a Mário Wilson à guerra de Sá Pinto a Artur Jorge – guerras que Octávio tão bem conheceu – viu-se de tudo um pouco no velho século XX. Agora parecem querer voltar. Fernando Santos, cuide-se.


Fonte: Leonor Pinhão @ record



Que caixinha de surpresas

O futebol arrasta multidões porque jamais cessará de nos surpreender com a sua catadupa de episódios inverosímeis. São aquelas ocorrências inimagináveis, até para os espíritos predispostos à novidade, que fazem deste entretenimento popular um sucesso em todo o mundo e uma indústria – chamam-lhe assim – imparável em termos de faturação. 

Esta semana foi riquíssima em assombros que nos obrigam a prestar homenagem à imprevisibilidade de um jogo que, para o bem ou para o mal, arrasta consigo as reputações de jogadores e até de dirigentes da mais alta estirpe nacional e internacional. 

Comecemos pelo nosso compatriota André Almeida, jogador do Benfica, um profissional exemplar a quem raramente se dá o justo valor por ser um tipo discreto, avesso a penteados futuristas. O que se lhe conhece de mais extravagante é um bigodinho meticulosamente aparado que o faz parecer com um qualquer guitarrista de canções populares do tempo em que a televisão ainda era a preto e branco. Por estas e por outras ninguém dava nada pelo André Almeida no duelo que teria de travar com o supersónico Ribéry na noite da última terça-feira, em Munique. Foi um assombro o nosso André Almeida. Poderá um dia contar aos netos que meteu o conceituado Franck Ribéry no bolso e que ainda lhe deu cabo da cabeça ao ponto de o francês acabar por ver um justíssimo cartão amarelo. Quem diria, não é verdade? No seu melhor, o futebol é isto mesmo, uma caixinha de surpresas. 

Surpreendente, ainda que a outro nível, foi também o envolvimento do nome de Gianni Infantino, o recém-eleito presidente da FIFA, no corrente escândalo da sociedade de advogados do Panamá que administra fortunas em paraísos fiscais. É que nem passaram sequer dois meses sobre a eleição de Infantino, que, disse-se, veio pôr cobro ao consulado de ignomínia de Sepp Blatter, e já o líder recém-eleito e supostamente regenerador do futebol mundial se vê metido em sarilhos grandes. 

Também de índole política foi o terceiro assombro da semana. E inteiramente nacional. Talvez ainda mais inesperado do que o nome do vencedor do duelo André Almeida-Franck Ribéry, foi o facto, relatado pelos jornais, de o presidente do Porto ter sido alvo de ira popular no fim do duelo com o Tondela (e eis outro exemplo flagrante de um vencedor inesperado), na anterior jornada da Liga. Que comeram a carne e agora roem os ossos já se ouve dizer, de voz conceituada, no estádio do Dragão onde nunca se tinha vivido tanto título perdido. E foi o que bastou. Quem diria? 


Outras histórias 
O Benfica na Liga dos Campeões
Contrariando as perspetivas menos e mais otimistas…  
Contrariando as perspetivas menos otimistas dos seus adeptos e contrariando também as perspetivas mais otimistas dos seus rivais, o Benfica saiu tangencialmente derrotado de Munique, onde fez boa figura sobretudo se compararmos o resultado desta terça-feira com os resultados que os sobreditos rivais por lá averbaram. 

Agora cabe ao Benfica receber o Bayern com a certeza de que os alemães continuam a ser os grandes favoritos sendo essa, precisamente, a vantagem da equipa de Rui Vitória. Pressão? Zero. A pressão é toda para os bávaros, obrigados a ser campeões europeus enquanto o Benfica nem sequer está obrigado a ser campeão nacional tendo em conta que o Sporting já festejou o título em novembro - "não vamos sair do primeiro lugar!" -, lembram-se? 

Em Munique terá ficado um penálti por marcar contra o Bayern. Foi pena. No entanto, o facto de o Benfica não ter convocado nenhuma manifestação de protesto para a porta da UEFA também faz a diferença. Muita diferença. 


Sobe e Desce 
Sobe 
Muito sofre uma cadeira - Inácio 
As coisas que uma cadeira tem de ouvir… "O vermelho fica mal no verde", proclama Inácio sem consideração por onde se senta. Sempre a subir o nível, é verdade. 

Desce 
Nem escapam os passarocos - Quetzal
"Quem?" respondeu o esplendoroso Quetzal, considerado um dos mais belos pássaros do mundo, quando confrontado com a opinião de Inácio sobre a sua plumagem. 

Muito menos a República - Bandeira Nacional 
Mal por mal, será menos perigoso retirar o vermelho da bandeira nacional do que mandar tirar o vermelho dos semáforos. A segurança sempre em primeiro lugar. 

Pérola
"Não prevejo nada de bom em Munique", Manuel Cajuda



Fonte : Leonor Pinhão @ correio da manhã



segunda-feira, abril 04, 2016

Frase - XI


"Don’t be afraid to assert yourself, have confidence in your abilities, and don’t let the bastards get you down."
  -  Michael Bloomberg, Former Mayor of New York and Founder of Bloomberg L.P.

sábado, abril 02, 2016

E a idade do Jonas?

Oh notários da propaganda, não estará na altura de investigarem a idade do Jonas? Sim, do Jonas. Alguém no seu bom e imparcial juízo acredita que o brasileiro tenha cumprido ontem 32 anos como garante o marketing vermelho? Impossível. Tem de ser muito, muito mais novo. Atente-se que foi passar uma semana com o “escrete” ao Brasil, fez duas viagens intercontinentais, ainda jogou uns minutos na terça-feira, aterrou em Lisboa na madrugada de quinta-feira e na noite de sexta-feira marcou um golo, assinou duas assistências artísticas para golos de colegas, jogou os 90 minutos e saiu de campo fresco que nem uma alface. 32 anos? Que escândalo.


“Renato Sanches ainda não me convenceu”, disse Augusto Inácio e é tão respeitável a sua opinião quanto são as demais opiniões sobre este ou qualquer outro jogador. Contudo, no que respeita à arte de se estar convencido, Inácio não é de confiança. Ainda no último mês de Setembro, afirmou-se “plenamente convencido” de que o jogador peruano Carrrillo iria “assinar” naquele mesmo dia a renovação do seu contrato com o Sporting. Já lá vão 7 meses e, notoriamente, nada.


Na Luz, o Benfica desembaraçou-se ontem do Braga com uma exibição a espaços empolgante mas quem brilhou a grande altura foram os magníficos adeptos que encheram o estádio e que cumpriram com respeito e emoção o minuto de silêncio em memória de Fernando Mendes, a antiga glória do Sporting. Haverá melhor resposta do que esta? Não, não há.


A fome (de justiça) terá levado uma mão-cheia de trabalhadores do jornal do Sporting a manducar 1000 euros, a fundo perdido, em comes e bebes num restaurante do Terreiro de Paço. E assim, se fez prova de que, para além de corruptos, os nossos árbitros são uns verdadeiros alarves. Mas, na realidade, o que valem estes 1000 euros sacrificados num ímpeto de congestão? Valem pouco, poucochinho, se nos lembrarmos que este repasto para 5-falsos-árbitros ficou por metade do valor que o Ministério Público entendeu ter sido depositado na conta bancária de 1-árbitro-assistente-verdadeiro, obviamente em prol da justiça desportiva e sem direito a bifanas.


O árbitro de ontem marcou um penalti contra o Benfica. Foi um malandro vindo de Monte Gordo que, assim, impediu o Benfica de bater o recorde mundial de tempo sem penaltis. Ficámos, neste capítulo, a 4 anos da marca do Sporting. É imbatível, paciência.


Fonte: Leonor Pinhão @ record



E sem livro de reclamações

Estarão certamente recordados de como o presidente da Liga demorou uns dias a pronunciar-se sobre a visita dos Super Dragões a um restaurante de um pai de um árbitro, seu ex-colega de profissão. E fê-lo com o intuito de "relativizar" o assunto, como a imprensa ressalvou: "Há limites para tudo", disse. Como quem diz que as visitas a talhos e restaurantes não passam de episódios corriqueiros na vida dos estabelecimentos comerciais do País desde que, precisamente, os clientes, por muito aborrecidos que estejam, não ultrapassem "os limites". 

Como se sabe, na área da restauração, existe sempre o velho e fiável livro de reclamações. Tendo os Super Dragões reclamado pelo dito livro para assinalar o seu protesto, não pela dureza do bife da alcatra, mas pela vitória do Benfica em Paços de Ferreira na véspera, foram certamente respeitados os tais limites que Pedro Proença entende como basilares de uma indústria que se quer modernaça. 

Acrescentou o presidente da Liga, sem se referir diretamente ao incidente no restaurante do pai do árbitro – para não lhe fazer publicidade –, que "isto assim já não é futebol". Na verdade, nunca foi. Mas não pode nem deve a opinião pública esquecer que o líder dos Super Dragões é uma figura conceituada entre um setor iluminado da arbitragem nacional ao ponto de ser convidado como palestrante em ações de formação de jovens árbitros. Assim aconteceu há coisa de dois anos na Batalha, onde Fernando Madureira se fez fotografar em alegre convívio com o atual presidente da Liga, que era o melhor árbitro do mundo à época. 

Esta semana, os Super Dragões não se zangaram com nenhum restaurante mas sim com o comando da PSP do Porto, que os puniu com multas por "obstrução de um túnel rodoviário". A autoridade em causa foi imediatamente acusada de "falta de bom senso", o que faz todo o sentido, visto que colocou em perigo "as relações de cordialidade e de colaboração" dos Super Dragões com as forças policiais. 

"Relações de cordialidade" é o que mais falta no futebol português, principalmente nesta altura do campeonato em que os nervos andam à flor da pele. Com o Porto e o Sporting sem acesso a livro de reclamações e amuados com Proença, que, sem apito, é ineficaz na observação dos pressupostos que o conduziram à presidência da Liga, resta ao antigo melhor árbitro do mundo preservar as relações de cordialidade com os Super Dragões e declarar-se adepto do Canelas Futebol Clube. Isso, sim, é futebol. 



Outras histórias 
A próxima campanha já está em curso 
Tendo o João Mário falta de cabelo será tão jovem como diz?   
À campanha dos "vouchers" seguiu-se a campanha dos 836 penáltis por marcar contra o Benfica – que explicam como o Sporting perdeu 10 pontos em pouco mais de dois meses – e à saga dos penáltis segue- -se a saga racista que aponta a Renato Sanches fabricando dúvidas sobre a idade do "ex-jovem" jogador tão amado na Luz. O ‘Jornal de Notícias’ prestou-se envergonhadamente à mistificação, sendo certo que no ano em que Renato Sanches nasceu o ‘JN’ era, como ainda muitos se lembram, um jornal de referência e um dos títulos mais prestigiados da imprensa portuguesa. Cabe ao Benfica continuar a ganhar e não cair na tentação de responder à provocação. Não vale a pena, até porque, depois das declarações de João Mário ilibando Renato Sanches no lance com Bryan Ruiz, não tardará que os mesmos venham lançar suspeitas agora sobre a idade do seu próprio jogador. Com tanta falta de cabelo e com uma conversa tão dissonante da propaganda oficial, será que este insurreto tem a idade que diz? 



Sobe e Desce 
Sobe 
Contenção às malvas - Luís Filipe Vieira 
O presidente-adepto não resistiu a saltar da cadeira quando Jonas, à beira do fim, marcou o golo que segurou a liderança do Benfica. Há ocasiões assim, especiais… 

A eterna contenção - Pedro Proença 
Já o presidente-adepto da Liga, um benfiquista dos sete costados, conseguiu aguentar-se impassível no momento do golo de Jonas, o que não terá sido fácil. 

Contenção impossível - Adeptos do Benfica 
Quanto aos adeptos-adeptos, por definição libertos das teias da diplomacia externa, não se coibiram de celebrar efusivamente o 29.º golo de Jonas na Liga. 



Pérola 
"Estou proibido de falar. Imaginam o que isso representa para mim?", Eduardo Barroso 


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha



sexta-feira, abril 01, 2016

PostmodernJukebox - Anaconda

Corrupição: Manuau dji instruçõess

A presidente é acusada de manipular as contas do Estado. O ex-presidente é acusado de branqueamento de capitais. O candidato derrotado na corrida à presidência é acusado de ter recebido luvas. O presidente do parlamento é acusado de ter cinco milhões não declarados na Suíça. Encabeça a comissão que avalia a destituição da presidente ao mesmo tempo que corre contra si mesmo um processo de destituição. E têm nomes como Dilma, Lula, Aécio, Delcídio. Um dos juízes do caso chama-se Itagiba Catta Preta Neto. O mais estranho no meio disto tudo é o Brasil ser o país do carnaval. O carnaval é um breve momento de loucura isolado no meio do quotidiano sério. Para desenjoar da austeridade do mundo, há uma semana em que tudo fica às avessas. Ora, no Brasil, a regra é estar tudo às avessas. O carnaval é redundante. O Brasil devia ser o país da Quaresma.
Resumindo: o antigo presidente, a actual presidente e o hipotético futuro presidente são investigados pela justiça. Os brasileiros sabem que quem governou, governa e governará é suspeito de ter cometido ilegalidades. Na política brasileira, currículo diz-se "cadastro".

Entretanto, para fugir à justiça, o antigo presidente aceitou o cargo de ministro. Finalmente, um bom exemplo. Os ministros são muitas vezes criticados por irem para o governo com o objectivo de melhorarem a sua própria qualidade de vida. Lula aceita ser ministro para evitar que lhe ofereçam uma morada gratuita, com serviço de dormida e três refeições por dia. Uma lição de abnegação.

Enquanto decorre a luta entre os corruptos que governam e os que desejam governar, os brasileiros interrogam-se acerca da razão pela qual o seu país é o que é. Sem querer ofender o povo irmão, creio que o que se passa é o seguinte: eles são mais ou menos iguais a nós.

Demos novos mundos ao mundo e novas vigarices à vigarice. Nunca fui capaz de verificar esta história, mas dizem que "pimenta", na Índia, se diz "putpari" porque um navegador português terá recorrido a uma expressão que produz um som muito semelhante na primeira vez que provou a especiaria. É um lindo vocábulo que teremos deixado aos indianos, e eles souberam afeiçoá-lo ao seu gosto. No Brasil, deixámos alguma malandragem, e eles desenvolveram-na admiravelmente. Talvez mais ninguém consiga percebê-lo, mas nós sabemos reconhecer vigarice portuguesa. O que se passa é que o Brasil é um Portugal aditivado. Nós somos 10 milhões, eles são 200. O leitor que faça as contas. Sabe o que é viver em Portugal. Agora multiplique por 20. Assustador, não é?

Talvez seja mesmo caso para dizer putpari.


Fonte: Ricardo Araujo Pereira @ Visão


Desporto de fim de semana - 2024/03/16

Sábado, 2024/03/16  - 14:00 - Futebol - Fc Penafiel -v- SL Benfica B - Liga Portugal 2 | 23/24 - Jornada 26  - 15:00 - Basquetebol - SL Ben...