segunda-feira, fevereiro 29, 2016

Frases - VI


"Always treat your employees exactly as you want them to treat your best customers. "
 -  Stephen R. Covey, Author

sábado, fevereiro 27, 2016

O que é um lagarto?

A propósito das táticas ultra defensivas de algumas equipas, o treinador do Sporting disse um dia destes que o único “autocarro” que conhece é “o que vai para Carnide”. E fez sucesso. Também o presidente do Sporting, querendo em tempos explicar a deserção de uma mão-cheia de anunciados reforços, disse que Mitroglou “foi para o Carnide” porque “aquilo fica em Carnide”. Outro sucesso, não “aquilo” mas Carnide. Nem sequer é uma originalidade portuguesa a arte do desprimor para com o adversário. Acontece por todo o mundo civilizado os adeptos gostarem de tratar os rivais por epítetos que supostamente os menorizam.

Ora não há razão alguma para que os benfiquistas se arrepelem com o uso do Carnide. Nem o seu estádio, nem a sua fundação, nem a sua sede alguma vez foram em Carnide uma freguesia de Lisboa igual em dignidade às demais e que até tem viscondes desde o século XIX. É que em 1805, por decisão do nosso rei D. Luís foi outorgado o título de 1.º visconde de Carnide a José Street de Arriaga e Cunha que, de certeza, nem sabia o que era uma bola de futebol.

Falando nestes aspetos da nossa nobreza, é justo relembrar que também o estádio do Sporting, na verdade, não fica em Alvalade mas no Lumiar. Entre estes dois bairros vizinhos ainda há a Torre do Tombo e o Hospital Júlio de Matos, lugares sem qualquer espécie de dúvida com as suas tradições. Mas, com toda a franqueza, desde quando é que uma pequeníssima imprecisão geográfica pode ofender alguém? Se, por exemplo, na opinião do treinador do Sporting, a Sibéria fica mais longe do que a China trata-se apenas de uma questão de perspetiva e não se fala mais disso.

Também os sportinguistas não se deveriam ofender quando os rivais os chamam de lagartos. Na história e na cultura do nosso futebol, o que é um lagarto?

É o nome que o próprio Sporting atribuiu aos títulos de subscrição – “nunca inferiores a 10 escudos” – na campanha de recolha de fundos para a construção do velho Estádio José de Alvalade no início da década de 50.

“Já se começa a designar por toda a parte os títulos de subscrição por LAGARTOS” – lia-se no jornal oficial do clube em Fevereiro de 1951. “Congratulamo-nos com o sucedido” – seguia a notícia – “e felicitamos todos os lagartos por preferirem os LAGARTOS o que significa que o nosso alvitre foi bem acolhido”.
E não foi mesmo?


Fonte: Leonor Pinhão @ record


A liberdade incondicional

Num campo de futebol em Paços de Ferreira, um espectador transportado ao céu pelos golos que Mitroglou vem marcando ao serviço do Benfica entendeu que a melhor maneira de se mostrar ao Mundo como um adepto feliz e de agradecer ao grego tantas benesses concedidas era a de proceder a uma solitária e demencial invasão de campo com o intuito único de engraxar as botas do seu herói. O adepto apaixonado correu umas boas dezenas de metros, chegou-se aos pés de Mitroglou, engraxou-lhe as botas como levava na ideia e recebeu, à laia de recompensa, um gesto carinhoso do jogador grego, que não ficou indiferente à lisonja. 

O adepto do Benfica foi de seguida dominado pelos ‘stewards’ do estádio e entregue às autoridades locais. Dizem- -nos os jornais que o homem passou duas noites na prisão para aprender a nunca mais repetir a brincadeira. É louvável a rapidez com que a justiça atuou neste caso tão pitoresco, mas, ainda assim, ficou muito aquém da rapidez com que o invasor de Paços de Ferreira chegou até Mitroglou. 

Aliás, foi apenas por falta de espaço que não teve cobertura mediática a primeira noite que o adepto do Benfica passou no calabouço. De modo geral e bem concertado, as estações de televisão que se dedicam ao futebol – e são todas – tinham no ar programas de debate futebolístico onde gente supostamente bem informada apregoava que o árbitro do jogo Paços de Ferreira-Benfica era um consabido sócio fundador da Casa do Benfica de Fafe, um árbitro benfiquista ainda mais apaixonado pelo clube fundado em 1904 por Cosme Damião do que o intruso de vermelho que invadiu o campo em Paços de Ferreira e foi engraxar as chuteiras de Mitroglou. 

Justificados pelas aldrabices difundidas, mas menos rápidos do que o adepto do Benfica a chegar às botas do grego, foram os Super Dragões – e continuam todos em liberdade incondicional – a chegar a Fafe e a irromper pelo restaurante do pai do dito árbitro. O árbitro, um tipo com mau feitio, ainda perguntou na generalidade aos dirigentes dos clubes "se concordam com o comportamento de elementos das suas claques que recorrentemente ameaçam e tentam coagir os árbitros de futebol". O presidente do Porto foi o único a responder. Saiu logo em defesa espiritual dos tempos gloriosos da fruta e do café com leite e das claques que "têm direito a protestar como qualquer adepto". 

Este árbitro tem pai, ficámos então todos a saber, mas de certeza que nunca foi a casa de  Jorge Nuno Pinto da Costa beber um chazinho e solicitar-lhe conselhos matrimoniais. 



Outras histórias 
Hugo Almeida pediu desculpa   
O enquadramento da cotovelada em Portugal e na Alemanha Já lá vão três meses desde a cotovelada de Slimani e as nossas alegadas "instâncias competentes" ainda não produziram sentença nem absolvição. Como não há notícias, tudo leva a crer que a ação de Slimani continua a ser analisada por um comité de especialistas nacionais. É a sorte de ele ter vindo parar ao Terceiro Mundo. Quem não teve a mesma sorte foi Hugo Almeida. No domingo, o nosso compatriota que joga no Hanôver pregou uma cotovelada num jogador do Augsburgo e passou impune porque o árbitro não viu. Mas como viram as instâncias competentes alemãs o jogador português soube na terça-feira que estava suspenso por três jogos. Um argelino "julgado" por portugueses é igual a três meses de indecisão, um português "julgado" por alemães é igual a uma decisão em 48 horas. "Peço desculpa ao clube e aos adeptos. Foi um ato estúpido", disse Hugo Almeida sem pestanejar. É a civilização. Veremos, um dia, o que dirá Slimani. Se ainda se lembrar do que aconteceu, naturalmente. 



Sobe e Desce 
Sobe Stojiljkovic - Não é por acaso 
O Sporting de Braga deve o seu apuramento europeu a este excelente sérvio que chegou discretamente ao futebol português e que não se cansa de marcar golos. 


João Mário - Uma parte de luxo 
O médio do Sporting assinou uma bela primeira parte em Leverkusen. Até marcou um golo. Mas não chegou para que a equipa de Jorge Jesus seguisse em frente. 



Desce 
Fiscal de linha - Perseguição internacional 
Se o pai deste "bandeirinha" inglês que validou o golo a Aubameyang tiver uma taberna lá na terra dele, o melhor será ter o Livro de Reclamações sempre à mão. 



Pérola 
"O Benfica ainda tem de comer muita papa Cerelac", Bruno de Carvalho 



Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha 

E-aborrecimento

Talvez o leitor tenha tido uma experiência diferente, mas eu estou um bocadinho e-farto da e-factura. Tenho sido tomado por uma emoção nova cuja existência desconhecia: trata-se de uma certa nostalgia contabilística. Recordo com muita saudade os tempos em que bastava pedir uma factura. Vivíamos que nem selvagens, e tudo era possível: nomeadamente, escrever mais tarde o número de contribuinte, sem aborrecer funcionários. Depois, veio a obrigatoriedade de pedir facturas já com o número. E agora é preciso ir validar e inserir, anualmente, as facturas que fomos recolhendo. Também verto amargas lágrimas de melancolia fiscal quando me lembro de que as facturas eram apresentadas pelo agregado familiar. Agora há as facturas da mãe, do pai e de cada um dos filhos, e é preciso validá-las e inseri-las bem validadas e inseridas. Famílias numerosas deverão tirar uma semana de férias para validar e inserir facturas. Duas semanas, se o portal das finanças estiver a funcionar como estava ontem.

Sim, eu sei, a correcta apresentação de facturas habilita-nos a ganhar um carro. Mas, ao fim de 10 minutos a validar e inserir, eu começo a sentir a tentação de dar o meu carro ao Mário Centeno em troca de não ter de validar e inserir mais nada. A validação e inserção de facturas da farmácia, por exemplo, gera em mim um sofrimento tal que me obriga a adquirir medicação paliativa, o que aumenta o número de facturas a validar e inserir, e assim sucessivamente. Numa factura da farmácia podem constar medicamentos sujeitos a três taxas: isentos, taxados a 6% e taxados a 23%. Note, amigo leitor, que esta conversa está a aborrecer-me a mim próprio. Sucede que, apesar de integrarem a mesma factura, estes produtos devem ser validados e inseridos separadamente. Quem não tinha antidepressivos na factura antes, em princípio passa a ter.

Tendo em conta este breve historial, antecipar o futuro pode ser assustador. Depois de exigir facturas mais minuciosas e de impor a sua verificação no portal, creio que o próximo passo das finanças será obrigar o cidadão a fazer uma prova inequívoca de consumo. Depois de jantar num restaurante, o contribuinte terá não só de pedir uma factura mas também deve apresentar-se, no prazo de 48 horas, numa repartição de finanças à sua escolha, com os restos da refeição e acompanhado por um empregado de mesa que testemunhará, sob palavra de honra, que aquele bitoque foi consumido pelo cidadão em causa. Já estou a juntar selos fiscais para autenticar estes depoimentos.


Fonte ; Ricardo Araújo Pereira @ Visão


domingo, fevereiro 21, 2016

Uma bela discussão

Jonas e Renato Sanches estão no onze da semana da Liga dos Campeões. Trata-se de uma distinção sob a égide da UEFA que é quem organiza estas cenas. Ambos se viram com todo o mérito na equipa dos melhores da semana porque, para alegria da Luz, nem um nem outro se cansaram de trabalhar e de expor abundantemente em campo as respectivas artes no jogo com o Zenit.

Jonas é um veterano e Renato Sanches é um adolescente. É a eles que o Benfica deve parte significativa do despertar para a vida que lhe compete. Para a luta nas provas em que ainda está envolvido e que são três. Isto depois de um arranque de época francamente constrangedor.
Uma das belas discussões correntes entre adeptos do Benfica é o da afectuosa e sempre empolgante eleição do 'melhor jogador' da equipa. Sobretudo pelo que fez naqueles primeiros meses em que, sozinho, arrastou para cima uma equipa que se arrastava para baixo, é verdade que Nicolas Gaitán tem vindo a ser apontado como sendo ele o verdadeiro artista a primeira figura da Luz num patamar muito acima dos demais.

Mas não, o maravilhoso Gaitán não é o melhor jogador deste Benfica 'de transição', tal como anunciou Luís Filipe Vieira em Junho, quando quis precaver os fãs para as inevitáveis "dores de crescimento". Que Gaitán é um fora de série, ninguém duvida. Mas é um fora de série intermitente, é esse o seu pecadilho.

Quando Gaitán 'aparece' em todo o seu esplendor, é uma coisa do outro mundo. Quando 'desaparece' - e desaparece algumas vezes - é uma frustração. Quem nunca nos falha é Jonas.

Jonas seria sempre um jogador extraordinário, mesmo que a sua função não fosse a de marcar golos, na qual, diga-se, é competentíssimo. Braulio Vásquez, director do Valencia, responsável pela contratação de Jonas em 2011, esteve entre o público da Luz na última terça-feira e resumiu em poucas palavras a actuação do jogador brasileiro frente ao Zenit de São Petersburgo: "Jogou tanto que, às vezes, até parecia um trinco." Está tudo dito? Não.

Também se poderia acrescentar à discussão que o melhor jogador deste Benfica não é Gaitán nem é Jonas. É Renato Sanches, como muito provavelmente o tempo se encarregará de esclarecer. E daqui saúdo as "dores de crescimento" de Renato Sanches,que continua a crescer, a crescer... Mas cala-te boca, não se vá estragar o rapaz com elogios.


Fonte: Leonor Pinhão @ record


sábado, fevereiro 20, 2016

Benfica é a melhor cura

Com aquela alma caridosa que o personifica e distingue dos demais rivais figadais e até dos simples adversários, o Benfica consentiu uma derrota em casa com um Porto que entrou em campo a meia dúzia de pontos de distância do campeão e de lá saiu com a desvantagem reduzida a metade graças à noite de má pontaria de Jonas, Mitroglou & Companhia. Ou, se preferirem, graças à prestação de Iker Casillas, que resolveu eleger o Estádio da Luz como santuário para a sua periclitante reputação. Casillas já tinha contribuído na Luz para a conquista da 10ª Liga dos Campeões do Real Madrid, não há muito tempo. E voltou à Luz para defender tudo o que lhe apareceu pela frente. Até um potentíssimo alívio-remate do defesa-central Martins Indi, do FC Porto, só não resultou no autogolo do século porque Casillas, a quem José Peseiro há coisa de dois anos vaticinou reforma urgente, voou em grande estilo e não deixou a bola entrar. 

José Peseiro, aliás, merecia uma alegria destas. Trata-se de um treinador competente que já esteve a um passo de ser campeão de Portugal e vencedor da Taça UEFA. É também um sujeito corajoso. É certo que não lhe passou pela cabeça vir a ter o guarda-redes em causa na sua equipa quando antecipou "o fim de Casillas" em 2014. Já a decisão de lançar o jovem Chidozie no último "clássico" foi definidora de um treinador sem medos. 

Neste momento particular, há grande comunhão de ideias entre a massa adepta do Porto e o seu atual treinador porque nem os portistas na bancada nem o treinador no banco entendem a política que permitiu a demoradíssima agonia de Julen Lopetegui. E há até quem entenda o desabafo de Peseiro – "não nos deixaram depender só de nós" – não como uma crítica ao árbitro do jogo com o Arouca mas como um reparo público pela lentidão de processos do presidente do clube. 

O próprio presidente do clube inclina-se agora não só a dar razão aos sentimentos gerais anti-Lopetegui, como também a vincar que nada teve a ver com o assunto. "Só quem estiver distraído é que não vê que a equipa está totalmente diferente", proclamou Pinto da Costa mal aterrou na Alemanha a meio da semana. E logo ele, que tão distraído andou meses a fio. Mas não se pense que está a embirrar com o basco deposto, não está. Pinto da Costa se falou foi porque tinha de dizer qualquer coisa tendo em conta que o Porto ganhou na Luz há uma semana. É que não há melhor e mais eficaz remédio do que uma vitória frente ao Benfica para despertar da sua letargia aquela consabida e já tão arredada converseta. 



Outras histórias: 
Sobre a braçadeira do Benfica 
Como despromover o imperador a simples capitão de equipa? 
Na ausência de Luisão, o capitão do Benfica é Gaitán, que tem merecido a distinção. Ainda na terça-feira o vimos, com enorme eficácia, roubando uma bola a Hulk, que ameaçava escapar-se pelo corredor direito do ataque do Zenit. O tal capitão Gaitán apareceu a suprir a ausência de Eliseu e Hulk não teve melhor remédio do que meter a viola no saco. É assim este Gaitán. Tanto nos pode surpreender no lugar do defesa-esquerdo auxiliando a equipa a defender, como pode resolver um jogo num segundo com um centro que é meio golo. Foi o que aconteceu no jogo com os russos. Livre de Gaitán e golo de Jonas. É por estas coisas que lhe fica bem a braçadeira. No entanto, o verdadeiro capitão do Benfica não é ele. É Júlio César. Bastou vê-lo na terça- -feira a dar ânimo abraçado aos colegas no centro do terreno antes de o jogo começar para se adivinhar quem, na verdade, tem o dom do comando na Luz. A questão é que não é fácil despromover um imperador a simples capitão de equipa. 



Sobe e Desce 
Sobe Colinho - Charters para a Luz 
Um animado grupo de adeptos chineses do Benfica festeja o golo de Jonas e dá razão a Futre, que já nos tinha avisado que o futuro desta indústria está a Oriente.  

Bryan Ruiz - Um gesto bonito 
Não foi a sua melhor exibição da temporada mas esteve muito bem no prelúdio do jogo com o Leverkusen, cobrindo com o seu próprio blusão uma criança friorenta. 


Desce Iker Casillas - Estreia com registo 
E pronto, aconteceu finalmente. Iker Casillas, já em idade madura, estreou-se a jogar na Liga Europa e estreou-se  também a sofrer golos na Liga Europa. 

Pérola 
"Para o José Eduardo falar de futebol é difícil. Se fosse de croquetes...", Diamantino Miranda


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha

sexta-feira, fevereiro 19, 2016

O estágio não remunerado do pai Tomás

Uma empresa chamada “Work 4 U – Gestão de Carreiras” colocou esta semana na internet um anúncio que dizia: “Receba sem compromisso um estagiário durante 2 dias!” E por baixo: “EXPERIMENTE GRÁTIS”. Exactamente assim, com este vocabulário. Em pleno século XXI, na Europa, é possível publicar um anúncio destes, sem uma única informação adicional. A como sai cada estagiário ao quilo? Não dizem. Em que condições está a dentição dos estagiários? Omitem. As grilhetas vêm de origem ou são um extra? Não revelam. Como podem as empresas tomar decisões informadas se o marketing falha desta maneira? É esta a sociedade moderna em que queremos viver?

O resto do anúncio é igualmente insatisfatório. Diz assim: “Condições de pagamento à Work4U: 1 ano de estágio a pronto: 969€ (desconto 15% – poupa 171€); 6 meses a pronto: 510€ (10% desconto – poupa 60€); Pagamento mensal: 95€/mês (pago em débito directo)”. Como é evidente, saúda-se que os estagiários estejam em promoção, mas creio que os preços continuam a ser demasiado elevados. Não quero com isto menosprezar o valor do trabalho da Work4U. Recrutar e comercializar estagiários é uma actividade difícil, porque gente desesperada para entrar no mercado de trabalho costuma ser má de aturar. Choradeiras, perguntas parvas (por exemplo: “Dentro de quantos anos começarei a receber um salário?”) – enfim, há de tudo, e é realmente exasperante. Mas o empresário que busca trabalho gratuito e depois é confrontado com um pagamento sentir-se-á burlado, e com razão.

O mercado do trabalho gratuito necessita de regulamentação urgente, para evitar situações como esta, que roçam a imoralidade. Sobretudo porque esta tabela de preços é concluída com uma nota inaceitável: “Acresce IVA e taxa de activação de 60€ por estagiário”. Ou seja, ao que parece, mesmo depois de efectuado o pagamento, a empresa recebe o estagiário desactivado, e só após o depósito da taxa de activação consegue que ele comece a desempenhar tarefas. No entanto, não é fornecido um PIN ou um PUK, para o caso de o estagiário bloquear no serviço.

Mas o escândalo maior vem no rodapé do anúncio: “Apoio ao estagiário: Adicionalmente, é a sua empresa que define o valor mensal de apoio que pretende pagar ao estagiário, para custo de transporte e alimentação.” Mais uma alcavala inopinada imposta pela Work4U, numa manobra que se aproxima perigosamente da vigarice e da exploração. Só no fim do anúncio, e em letras pequenas, nos é comunicado que estes estagiários pretendem não só alimentar-se e fazer-se transportar para a empresa que os acolhe como ainda têm a intenção de cobrar essas despesas extravagantes. Ao preço de 969€ anuais por cada estagiário, será demais esperar que seja a própria Work4U a construir uma senzala, ainda que provisória, dentro da empresa ou na sua vizinhança, senzala essa na qual os estagiários possam pernoitar? Convém corrigir estes pormenores, para que a comercialização do trabalho gratuito possa reaver o prestígio que já teve noutros séculos.


Fonte: Ricardo Araújo Pereira

segunda-feira, fevereiro 15, 2016

Nem debaixo de água

Nem debaixo de água conseguiu o Benfica ganhar ao Porto que vinha de perder em casa com o Arouca. Conseguirá chegar ao fim da temporada e festejar o título uma equipa que não ganha um joguinho que seja aos adversários directos? Ora aqui está uma questão que só o tempo desvendará. A acontecer, seria absolutamente notável pelo absurdo. Mas o que é o futebol se não uma soma de absurdos mais ou menos eficazes.

Os jogadores mais criativos do Benfica foram ontem muito cerimoniosos nos despiques individuais. Mas na conferência de imprensa do lançamento do clássico, Rui Vitória fintou com grande clarividência uma pergunta cuja essência apelava directamente a uma manifestaçãozinha de vaidade. Questionado sobre se considerava o seu discurso "de revolta" do início de Janeiro (... depois de Jesus sugerir aos jornalistas que lhe fizessem "perguntas incómodas") como o momento-chave da recuperação da equipa, Rui Vitória não foi vaidoso. Do presidente ao tratador da relva, o treinador do Benfica não deixou ninguém fora da responsabilidade de um trabalho bem feito em 11 jogos consecutivos. Agora que o 12.° jogo não correu tão bem, é a hora de voltar a apontar baterias ao treinador, ou será que o soberbo colectivo que recuperou o Benfica para a discussão do título vai, uma vez mais, assumir o seu dever?

Na próxima terça-feira o Benfica regressa à Liga dos Campeões e logo veremos se a derrota de ontem vai ou não pesar no compromisso europeu. O adversário é o Zenit de São Petersburgo, o palco é a Luz e a expectativa é grande a valer, o que se compreende na perfeição. É que não se trata da primeira mão dos oitavos-de-final da mais impressionante competição de clubes mas também de um reencontro em campo com gente que já foi nossa, como Garay, Javi Garcia e Witsel, e com gente que, antes pelo contrário, nunca foi e nunca será nossa como, ainda esta semana, o afirmou muito bem André Villas-Boas, o treinador português da equipa russa.

E neste futebol de mercantilismo livre e selvagem chega a ser bonito quando se vê o tão desvalorizado amor à camisola subir ao lugar de comando na hora de se tomarem decisões importantes na vida das pessoas e das instituições. E este preceito romântico vale tanto para André Villas-Boas como para o próprio Benfica de que, é certo e sabido, Villas-Boas nunca será treinador."


Fonte: Leonor Pinhão @ Record


domingo, fevereiro 14, 2016

A família ao barulho

A propósito do triunfo fulgurante das redes sociais como veículos de comunicação, o jornalista Nuno Perestrelo de ‘A Bola’ citava um dia destes, e muito a propósito, Umberto Eco: "O drama da internet é que promoveu o idiota da aldeia a detentor da verdade." É o que diz sobre este capitoso assunto o recitado autor italiano que festejou os seus 84 anos no último janeiro. E que bem se aplica ao atual momento do futebol nacional a conclusão – tão lúcida – do velho filósofo e romancista piemontês.

Menos singular do que a promoção do "idiota da aldeia" ao estatuto de pensador será, no entanto, ainda mais indecorosa e indesejável esta espécie de "intimidade" forçada pelas redes sociais entre os seus frequentadores, incluindo os mais precavidos que, é fácil de adivinhar, são uma ínfima minoria dos internautas em ação. 

Isto porque começa a ser altamente embaraçante o volume de ajustes de contas pela via familiar e tecnológica que se vem desenrolando quase diariamente nos ecrãs dos nossos portáteis e dos nossos telemóveis. E é impossível fugir a tanta indiscrição à solta. Na realidade, quem iniciou esta moda foi o casal Pinto da Costa, como estarão recordados. Vítor Baía disponibilizou-se para uma candidatura ao FC Porto e a atual primeira- -dama saiu em defesa acalorada da sua posição e da posição do cônjuge. 

Democraticamente inspirada no exemplo presidencial, veio agora a mulher do capitão do Porto, em defesa ainda mais acalorada do seu marido. Maicon foi cruelmente tratado pelos adeptos da casa depois de cometer um falhanço que permitiu ao Arouca ganhar no Dragão e a sua cara-metade agarrou-se ao teclado para declarar, via Facebook, uma guerra aos médicos do clube que logo foi secundada pelo irmão de Maicon, que aproveitou a ocasião para, também ele, se apresentar à sociedade. 

Contagiada por esta febre de desabafos em família, a comunicação oficial do Porto entendeu, depois do lapso com o Arouca, atacar o árbitro da partida por se chamar ‘Rui Costa’ e, no mesmo ímpeto, atacar o presidente dos árbitros por ser pai de um adjunto de Lito Vidigal, o que configura o crime de ‘coincidências familiares’. Enfim, já nem se pode ter família no futebol português porque nos entram todos em casa aos magotes – pais, filhos, casais, irmãos – pela janela da tecnologia moderna que, afinal de tão moderna, nos remete a cada dia para as pequenas e ancestrais familiaridades da tal aldeia que, afinal, é bem nossa. 



Outras histórias 
Atribulações de aniversário 
Ainda não foi desta que Alvalade cantou em uníssono os ‘parabéns a você’ ao presidente do clube, festejando-se nas bancadas o nascimento do líder e uma vitória no campeonato. Já no ano passado, a coisa acabou por correr mal apesar da "data querida" – como diz a cantiga – ter sido amplamente anunciada em todos os meios pelo aniversariante com desmesurado despudor infantil. Mas o Jardel, esse mesmo, não deixou que acontecesse a festa tão ansiada que, por coincidir com um derby, não poderia deixar de terminar em cantoria. Em tempo de descontos, o tal Jardel desfeiteou Rui Patrício com um remate potente e o Sporting viu-se empatado sem remissão. Este ano, calhando o jogo com o Rio Ave no dia de anos do presidente, não se esperava outra coisa que não uma robusta vitória da equipa do Sporting e, finalmente, uma multidão a cantar os parabéns a Bruno Miguel. Mas outra vez o estádio ficou em silêncio perante um resultado nulo. Mas dizem que o jantar que se seguiu foi um êxito. 



Sobe e Desce 
Sobe 
Guerra na barbearia - ‘Hair Style’ 
Resultado do clássico à parte, qual dos treinadores terá exibido ontem o melhor corte de cabelo? É que o barbeiro é o mesmo e foi uma das figuras da semana. 

A guerra na bancada - Slimanis 
Em solidariedade com Islam ‘Cotovelos’ Slimani, adeptos do Sporting usaram máscaras com a cara do jogador argelino, facto que também não atemorizou o Rio Ave. 


Desce 
A paz no relvado - Edimar 
O preciso momento em que Edimar, um simpático jogador do Rio Ave, beija o cotovelo de João Mário, que também se associou à onda de solidariedade das bancadas. 



Pérola 
"Eu tenho um mínimo de literatícia", José Eduardo


Fonte: Leonor Pinhão @ Correio da Manha

sexta-feira, fevereiro 12, 2016

Com factura, se faz favor

Os Medici, uma família do século XV, tinham um banco e faziam mecenato. Os portugueses, um povo do século XXI, fazem mecenato a bancos. São, como se vê, actividades muito semelhantes – e no entanto há uma enorme diferença de prestígio entre aquela família e este povo. Sem os Medici talvez não tivéssemos hoje muitas obras de Leonardo da Vinci, Donatello, Michelangelo e Rafael – o que significa que, provavelmente, também não teríamos Tartarugas Ninja, um facto tantas vezes negligenciado. Mas sem os portugueses não haveria BPP, BPN, Novo Banco e Banif. Os Medici patrocinavam artistas com o seu banco; os portugueses são artistas a patrocinar bancos.

Devo sublinhar que é de arte que se trata. Os portugueses sempre foram engenhosos a gerir o dinheiro e é impossível não apreciar a qualidade estética do famoso método dos envelopes: um envelope com o dinheiro para a luz, outro com o dinheiro para a água, e assim para todas as despesas. Nos últimos anos, os portugueses acrescentaram a este sistema um envelope que diz “bancos”. Esta constatação é importante porque, recentemente, muitas obras de arte patrocinadas pelos Medici tiveram de ser cobertas para que o presidente iraniano, que as considerava obscenas, não as visse. Sucede que eu considero obscenas as obras que tenho patrocinado, e gostava de exigir que os bancos resgatados fossem cobertos sempre que eu passar por eles. 
Na qualidade de mecenas, gostaria ainda que, sempre que ajudo a resgatar um banco, me passassem factura. Creio que é o mínimo que podem fazer. Não sei que parte me cabe nos cinco mil milhões de euros usados para salvar o BES, mas tenho a certeza de que se trata de uma despesa que poderei descontar no IRS, juntamente com a conta da farmácia.

Tenho ainda outra sugestão para minimizar os efeitos do nosso constante patrocínio a instituições de crédito. É um jogo novo da Santa Casa da Misericórdia chamado Totobanco. Todas as semanas, os apostadores tentam adivinhar qual o próximo banco a falir. Além do nome do banco, o jogador escolhe quatro números e duas estrelas. Com os quatro números tenta adivinhar o montante do resgate (em milhares de milhões: por exemplo, no caso BES teria ganho o jogador que tivesse apostado nos números 5000); com as duas estrelas, tenta acertar na fiança que o responsável pelo banco vai pagar para se manter em liberdade (em milhões: por exemplo, também no caso BES, a chave correcta seria 03). Como, por vezes, chega a passar uma semana inteira sem que um banco vá à falência, o prémio acumula para jackpot. É uma maneira (e não vejo muitas outras) de o nosso sistema bancário dar uma alegria a alguém, de vez em quando. 


Fonte: Ricardo Araújo Pereira@Visão


domingo, fevereiro 07, 2016

Um rufia sem escrúpulos

Rui Vitória tirou ontem Pizzi a dez minutos do fim e os adeptos do Benfica que foram ao Restelo premiaram-no com grande ovação. Os que ficaram em casa a ver o jogo pela televisão também bateram palmas quando Pizzi saiu, depois de produzir uma exibição muito séria e de oferecer mais uns quantos golos aos colegas avançados. Pizzi, sim, esse mesmo. Quem haveria de supor uma coisa destas?

Fredy Montero, assim que se apanhou a caminho da China, disse aos jornalistas que no Sporting "ninguém tem o direito de julgar Carrillo". E pronto. Lá 'desencheu' o colombiano as medidas do presidente.

Um rufia sem escrúpulos envergonhou o Benfica em Inglaterra. Por ocasião de um jogo entre os juniores do Benfica e do Porto a contar para uma competição internacional um muito jovem adepto portista sem capacidade de defesa foi vilmente assaltado por um adepto do Benfica. Não foi a primeira vez nem será a última que um delinquente - ou um bando de delinquentes - a coberto de um emblema de um clube se atreve a infringir a lei, certo de que a impunidade inexplicavelmente devida ao futebol o protegerá das consequências.

Gostará esta gente dos seus clubes? Não. Esta gente nem sequer gosta de futebol. A criminalidade ama o futebol porque o futebol lhe oferece a protecção de uma causa, de uma bandeira e de uma cor. Como todos sabemos, pela experiência histórica, não há maiores aflições para a humanidade do que as congeminadas por pequenos e grandes bandidos a coberto de uma causa. E pobre da causa, seja ela da importância que for, sempre abusada sem pingo de altruismo ou bondade.

Foi tão triste este último episódio inglês do futebol português que acabou por resolver-se num inusitado momento de urbanidade e bom senso que mais pareceu um milagre. O Benfica tomou rapidamente a palavra para pedir as devidas desculpas à vítima e condenar sem remissão o meliante sob as suas cores, tendo o Porto respondido com elevação e carisma, dando-se o assunto por encerrado. Na realidade, se todos quisessem acabava-se num instante com os rufias do futebol.

Ontem, no Restelo, Jonas esteve quase em noite-não perante o esplendor do hat trick grego de Mitroglou. Mas à beira do fim lá fez o seu segundo golo e as coisas compuseram-se. É que se o Jonas apenas marcar um golo, enfim, só pode ser crise. Quanto ao Lindelof, parabéns."


Fonte: Leonor Pinhão @ Record

sábado, fevereiro 06, 2016

Pinto da Costa à Benfica

O fecho do mercado de inverno trouxe este ano uma grande novidade ao Benfica. Ninguém se foi embora. Em janeiro do ano passado era o Benfica o líder do campeonato e saiu Enzo Pérez para o Valência. No Janeiro de há dois anos era também o Benfica o líder e saiu Matic para o Chelsea. A verdade é que o Benfica, perdendo jogadores fundamentais, acabou por saber vencer os dois campeonatos. 

Este ano o Benfica não sendo líder à entrada para a jornada deste fim de semana – e até já esteve a uma distância imensa do primeiro lugar – não se pôde dar ao luxo de vender ninguém. É crível, portanto, que queira lutar pelo título. Sem vender jogadores importantes por causa da luta em questão, o Benfica apenas pôde emprestar jogadores, o que é coisa de gente remediada. 

E, assim sendo, dois dos mais talentosos produtos das escolas de formação do Benfica – Victor Andrade e João Teixeira –, não tendo espaço na equipa principal que luta pelo título e não o pode fazer com tanta juventude, foram cedidos ao Vitória de Guimarães onde jogarão até ao final da temporada. É, sem dúvida, uma boa decisão. Os jogadores vão jogar a sério na primeira Liga, o Vitória Sport Clube reforça-se com dois bons elementos e, por fim, o Benfica observa-os de longe e dá por bem entregues os seus jovens aos cuidado de um emblema ultra-exigente. 

A única coisa aqui que não bate certo com os últimos acontecimentos do nosso futebol é não ter sido Pinto da Costa a anunciar à imprensa e ao País, e em alocução oficiosa, que o Benfica acabara de chegar a acordo com o Vitória de Guimarães para a cedência de dois jovens atletas por sinal bastante promissores tal como tinha sido avisado pela via telefónica, ora bem, no momento preciso das assinaturas. 

Foi, sem dúvida, bastante curiosa a urgência, a necessidade sentida pelo presidente do Porto em interferir publicamente no desenlace do caso Carrillo apressando-se, ele próprio, a dar a notícia a toda a gente. E, certamente, não o fez para estragar a festa ao Benfica ou para aborrecer o Sporting ou por, à laia de vingança, estar desiludido com o epílogo das negociações. Nada disso. 

Pinto da Costa quis apenas mostrar que, ao contrário do que dizem os publicistas do regime sportinguista, é ele quem manda no futebol português. E que nada lhe escapa. Como se não bastasse tamanha afirmação, ainda usufruiu por breves segundos daquela sensação incrível de, ele que é o presidente do Porto, mais parecer ser o presidente do Benfica a dar novidades à multidão. Que triunfo!


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha


Assim também eu

Marcelo Rebelo de Sousa foi eleito há quatro dias e já é o melhor Presidente da República dos últimos 10 anos. O professor sempre foi conhecido por ser um estratega habilidoso, mas esta manobra foi especialmente astuta. Suceder a Cavaco Silva na presidência é como casar em segundas núpcias com a Tina Turner. Depois daquele primeiro marido, qualquer homem é um príncipe.

Cavaco e Marcelo são parecidíssimos, e no entanto Marcelo consegue ser o anti-Cavaco. É uma proeza notável. Marcelo abdicou de ser comentador político na estação televisiva com mais audiência para ocupar um cargo muito menos importante. Foi perder dinheiro, prestígio e poder.

Ser Presidente da República é um sacrifício para ele. A presidência de Cavaco foi um sacrifício para nós.São o rigoroso oposto um do outro.

Cavaco criava tabus e recusava responder a certas perguntas; Marcelo faz questão de responder até a questões que não lhe foram colocadas. Um não lê jornais; o outro foi jornalista. Um faltou ao funeral do prémio Nobel; o outro recomenda livros de pessoas que nem os jogos florais das Caldas da Rainha ganharam. Um rejeita estar na companhia de comunistas, mesmo que já tenham morrido; o outro vai à Festa do Avante! Um não dorme; o outro é soporífero. Um ajudou a escrever a Constituição; o outro deu muitas vezes a sensação de nunca a ter lido. Um é filho de uma grande figura do Estado Novo; o outro podia ter sido uma grande figura do Estado Novo.

Marcelo quis referendar o aborto; agora, Cavaco deseja reverter o resultado do referendo. Há 20 anos, Marcelo parecia retrógrado; hoje é um jovem desempoeirado. Cavaco é botox ideológico. Por causa de Cavaco, Marcelo é o primeiro conservador de 67 anos de quem se espera que seja uma lufada de ar fresco. Ambos presidiram ao mesmo partido de centro-direita mas, junto de Cavaco, Marcelo é o Che Guevara. Cavaco é um milagroso elixir da juventude.

É uma pessoa junto da qual dá gosto tirar fotografias, porque rejuvenesce os outros.


Fonte: Ricardo Araujo Pereira @ Visão

terça-feira, fevereiro 02, 2016

O mais alto possível

O Benfica cumpriu e vai agora discutir com o Sp. Braga a presença na final da Taça CTT. Se, eventualmente, o Benfica afastar este excelente Braga terá, no entanto, de recusar as pretensões do presidente da Liga, que quer a final em Macau. É conspiração! Agora que o Benfica - depois de muito penar - até parece recuperado das viagens da sua pré-temporada, querem-no mandar de ida e volta à China. Pois Pedro Proença que vá andando. Mas o Benfica fica.

Nesta sociedade do entretenimento em que a baixaria dos 'reality shows' já desgosta o público e pouco rende às estações de TV, resume-se a um belíssimo pico de audiência a palestra sobre idoneidade e ética que o presidente do Sporting proferiu em directo na TVI, tendo por inspiração o 'kit Eusébio e por lema' "do Benfica espera-se sempre o mais baixo possível".
Dispersa a poeirada em comunicado oficial da autoridade competente, ficaram os benfiquistas a saber que o seu clube faz aos árbitros ofertas de cortesia num valor abaixo do permitido pela UEFA, pela FIFA e pela ONU. Entre nós, uns condenarão Luís Filipe Vieira por ser um anfitrião forreta, outros o condenarão por ser um mãos-largas.

No nosso clube são sempre díspares e bem-vindas as opiniões. Para mim, por exemplo, os árbitros receberiam à guisa de boas-vindas um exemplar (não ilustrado) de bolso das 'Viagens na Minha Terra' do Garrett e já era um pau.

O assunto vai agora prosseguir na justiça civil onde o Benfica, assim o esperam os seus adeptos, exigirá ao presidente do Sporting provas das suas acusações e também da sua aritmética onde avultam "um quarto de milhão de euros em prendas" mais "140 mil euros em jantares" já para não falar das "refeições entre 500 e 600 euros porque são à la carte".
Contra "o mais baixo possível", o mais alto possível. É isto que os benfiquistas pedem ao seu clube que defenda na barra do tribunal.
Lopetegui diz que o presidente do Porto "está mal aconselhado". Já Vítor Baía sugerira que "está mal rodeado". Será moda falar de Pinto da Costa como se alguma vez precisasse de conselhos ou de estar bem rodeado?

O Benfica volta amanhã a Moreira de Cónegos. Esperamos que não tenha gasto os golos todos e que não lhe passe pela cabeça que vai ter um passeio como o de terça-feira. E, sim, foi um exagero, senhor Gaitán, um grande exagero.


Fonte: Leonor Pinhão @ Record

A tal capacidade crónica

Suk é estrangeiro, é um cidadão sul-coreano, mas bastaram-lhe poucos meses entre nós para se ver na urgência de comunicar ao presidente do Vitória que, independentemente dos valores postos em causa na sua transferência, a sair de Setúbal preferia fazer-se à estrada rumo ao Porto do que rumo ao Sporting, destino que até lhe ficava mais em caminho. 

Se, em vez de ser cidadão sul-coreano, o Suk fosse cidadão norte-coreano sentir-se-ia provavelmente mais em casa em Alvalade onde encontraria, com o respeito devido, um presidente à maneira daquelas paragens, enfim, castiças. Um daqueles presidentes que já vêm com pedestal incluído, que clamam por "purgas" internas, que desterram opositores, que sonham com a aniquilação da concorrência através de bombas (mas de fumo), que dão corda a tropas fandangas e que se auto-homenageiam em cada momento oratório ou epistolar com aforismos que, normalmente, são destratados nos dias seguintes pela dura realidade. 

Neste mercado de inverno, o autoproclamado mais esperto e ladino dos negociadores do futebol português – e, sim, é verdade que em maio se propôs vender bifanas a 20 euros aos sócios do Sporting – voltou a perder jogadores para um rival porque esses mesmos atletas, tal como Suk na semana passada e tal como Cervi e Mitroglou no verão passado, preferiram rumar a outras paragens sem olhar à oferta financeira. 

Fernando Oliveira, o presidente do Vitória de Setúbal, explicou recentemente que "a proposta do Sporting por Suk era muito superior à do Porto" mas que não conseguiu dissuadir o jogador. Já Carlos Pereira, o presidente do Marítimo, não se alongou muito a narrar ao povo a preferência de José Sá e de Marega pelo Porto. Disse apenas que o Sporting se demorou a decidir e que a vontade dos jogadores foi tida em conta por todas as partes. 

Caridosamente, evitou citar o episódio da transferência de Danilo do Funchal para o Dragão depois de ter sido dado como certo em Alvalade e, sempre contido, dispensou a benesse de relembrar a ameaça bombástica que lhe foi lançada em junho pelo presidente do Sporting – "Carlos Pereira que espere, é só chegar da Turquia…"- quando se deu por consumada a fuga do tal Danilo. 

Acontece que Bruno Miguel já chegou da Turquia há sete meses, que o presidente do Marítimo continua de boa saúde e, por incrível que pareça, continuam em liberdade os mentores do site Football Leaks cuja prisão iminente foi anunciada já vai fazer quatro meses. Assim não vale. 



Outras histórias 
E até Talisca fez as pazes consigo próprio e com a bola 
O Benfica tem o ataque mais demolidor de Portugal e arredores. O problema do Benfica é que, embora marcando muitos golos, não os tem sabido distribuir convenientemente. Veremos se alguns da meia dúzia aplicada ao Moreirense na última terça-feira não vão fazer falta amanhã no jogo com o mesmo Moreirense a contar para o campeonato. Esta febre goleadora que ataca a equipa pode, no entanto, vir a revelar-se perigosa se os seus dois maiores artilheiros – Jonas e Mitroglou – persistirem na discussão pública das suas contabilidades individuais e da honraria que é, e sempre será, a de marcar um golo de águia ao peito. Felizmente ambos souberam encerrar o inaudito incidente do jogo com o Arouca fazendo-se fotografar em afável confraternização no dia seguinte. Mas a melhor notícia da semana para os benfiquistas não foi de todo a das pazes feitas entre o brasileiro e o grego. Foi a das pazes feitas de Talisca consigo próprio e com o imenso futebol que tem para oferecer. 



Sobe & Desce 
Sobe 
Um, dois, três e vão quatro... 
Quem pagou o seu bilhete na noite de Moreira de Cónegos não pode dar um cêntimo por desperdiçado perante a arte posta em campo pelo argentino do Benfica. 

... e deita abaixo o guarda-redes... 
Como se não bastasse o que fez à defesa do Moreirense, Gaitán ainda se deu ao luxo de deitar o bom do Nilson por terra com uma finta de elevado gabarito. 

E fecha à patrão 
E, pronto, foi golo! Se os emissários do Atlético de Madrid estiveram atentos na terça- -feira, o preço do argentino poderá ter subido uns quantos milhões. 



Pérola 
"Nós não entramos por esses folclórios" - Jorge Jesus


Fonte: Leonor Pinhão @ Correio da manha

segunda-feira, fevereiro 01, 2016

Frases - V


"Chase the vision, not the money; the money will end up following you."
  - Tony Hsieh, Zappos CEO


Desporto de fim de semana - 2024/03/16

Sábado, 2024/03/16  - 14:00 - Futebol - Fc Penafiel -v- SL Benfica B - Liga Portugal 2 | 23/24 - Jornada 26  - 15:00 - Basquetebol - SL Ben...