quinta-feira, janeiro 28, 2016

O feminismo favorito dos machistas

No tempo de antena de Maria de Belém, alguém lhe pergunta se há “uma forma feminina de encarar a política”. A candidata responde: “A engª. Maria de Lurdes Pintasilgo costumava dizer que sim. Dizia que a importância da entrada das mulheres na política era para acrescentar alguma coisa.” Estamos perante uma espécie de feminismo em segunda mão, do qual devemos desconfiar. Tenho sérias dúvidas de que Pintasilgo tenha dito aquela frase – que é, aliás, bastante canhestra. E quero acreditar que responderia de outro modo a perguntas sobre a “forma feminina de encarar a política”. Como feminista, considero o seguinte: a importância da entrada das mulheres na política reside no facto de as mulheres terem tanto direito a estar na política como os homens. Não é relevante se acrescentam, retiram ou deixam tudo na mesma. Têm o mesmo direito, e é tudo. Qual é a importância da entrada dos negros na política? A mesma. Têm esse direito. No entanto, creio que toda a gente teria achado absurdo que alguém perguntasse a Barack Obama se havia uma forma negra de encarar a política. Assim como não se pergunta a Donald Trump se há uma forma alaranjada de encarar a política. Trump, bem como qualquer outra pessoa cor-de-laranja, tem o direito de participar na vida política.

A ideia de que “as mulheres acrescentam” é, por isso, um pouco perigosa. Primeiro, porque parece ser sempre formulada por quem acha que o argumento da igualdade de direitos não é suficiente. Daí sugerirem que as mulheres devem entrar na política porque são diferentes (para melhor, claro) dos homens. É uma ideia paternalista que a realidade, felizmente, se encarrega de desmentir. Não vejo grandes diferenças entre a governação de Margaret Thatcher, Angela Merkel, Fátima Felgueiras ou Dilma Rousseff e a de vários políticos do sexo masculino. Em segundo lugar, em que medida é que enunciar a expressão “as mulheres são”, seguida de um adjectivo agradável, é menos preconceituoso do que dizer “os negros são” e acrescentar um adjectivo desagradável?
Noutra entrevista, Maria de Belém disse: “Nunca tive complexos com a minha altura, porque sempre tive muitos pretendentes”. A ex-ministra para a Igualdade é tão feminista como o meu tio Alfredo. Para o meu tio Alfredo, a medida dos complexos de uma mulher também é o interesse que ela desperta nos homens. Para ele, também é natural que uma mulher que não tenha muitos pretendentes seja complexada em relação à sua altura. Creio que, mais uma vez, fica comprovado que “as mulheres” são um grupo bastante heterogéneo, e que algumas, tal como alguns homens, não acrescentam nada de novo. Mas têm o mesmo direito a participar na vida política.


Fonte: Ricardo Araujo Pereira

segunda-feira, janeiro 25, 2016

Frases - IV


"The function of leadership is to produce more leaders, not more followers."
  -  Ralph Nader


domingo, janeiro 24, 2016

Atribulações de um campeão

Luka Modric, o pequeno príncipe croata do Real Madrid, ainda esta semana justificou as continuadas atribulações dos merengues no corrente campeonato espanhol com a factura a pagar pela absurda digressão mundial que a equipa cumpriu na pré-temporada, por força das obrigações contratuais com a Fly Emirates. Aconteceu o mesmo, e de forma bem mais espampanante, ao Chelsea, o campeão inglês que correu Mundo no verão a exibir os seus galões e o nome do seu patrocinador mas que, no regresso a casa, soçobrou no campeonato inglês com tal estrondo, que nem José Mourinho lhe conseguiu resistir.

Ao Benfica, a quem já bastava o corte com o antigo treinador de meia dúzia de anos para lhe garantir um período de inevitável turbulência, terá acontecido exactamente a mesma coisa. A doença dos fusos horários chamemos-lhe assim. O Benfica estreou-se no verão de 2015 nestas supremas andanças intercontinentais em vésperas do arranque oficial da época, o que acabaria por lhe custar, de imediato a decisão de uma Supertaça perdida para o Sporting a que se seguiu uma penosa e não menos medíocre abordagem à Liga portuguesa.

Tão medíocre ao ponto de se ver num repente o Benfica, o bicampeão Nacional,a oito pontos de distância do líder da prova e sem argumentos práticos que conseguisse convencer os seus adeptos e muito principalmente, os seus adversários de que haveria de se contar com a equipa liderada por Rui Vitória para as discussões da temporada de trazer por casa.

Porque o futebol tem destas coisas ou porque Fejsa faz melhor o lugar do que Samaris ou porque jogando com extremos - Carcela e Pizzi - o Benfica é mais eficiente, a verdade é que o Benfica reduziu substancialmente a desvantagem e apresenta-se de novo como candidato ao título. Hoje, pelo fim da tarde, recebe o Arouca na Luz e muito convirá aos campeões nacionais não considerarem o jogo ganho antes de o jogarem. O Benfica perdeu em casa do Arouca na primeira volta da prova quando mal tinha acabado de aterrar das suas viagens pelos EUA e pelo México, e o que, segundo Modric, serve de desculpa para o galáctico Real Madrid, também se aceita como atenuante para um campeão da periferia da Europa, o que, de modo nenhum, se aceitará é o convencimento de que há jogos fáceis ou a fanfarronice que sempre antecede os grandes desastres. Por hoje é tudo. Carrega, Benfica!


Fonte: Leonor Pinhão @ Record


sábado, janeiro 23, 2016

De Casillas a Vítor Baía

Esta foi uma semana especialíssima para os guarda-redes dos "grandes" por conta do contributo, ou da falta dele, que todos emprestaram às suas equipas em ação na Liga, no fim de semana, e na Taça da Liga, a meio da semana. 

Quem se desembaraçou melhor foram os do Benfica. No sábado, no Estoril, viu-se o veterano Júlio César garantir os três pontos ao bicampeão, quando corria já o tempo de descontos e o Benfica vencia tangencialmente. Aconteceu que no último lance da partida, um pontapé de canto a favor do Estoril, o guarda-redes brasileiro voou na sua área sacudindo a bola, que se encaminhava direitinha para a cabeça de um adversário livre de marcação. 

Na terça-feira, tendo Júlio César ficado a descansar como merecia, surgiu o jovem Ederson na baliza do Benfica, no jogo com o Oriental. Aguentou-se que foi uma beleza. Salvou por três vezes as suas redes e as ambições do Benfica na competição, com intervenções que justificariam o sorriso com que o treinador do Benfica o brindou assim que o árbitro deu por finda a "matinée" em Marvila. 

De Rui Patrício a Marcelo Boeck se fez também a semana do Sporting. Na sexta-feira da anterior semana, Patrício foi expulso, ainda na primeira parte do jogo com o Tondela, dando lugar ao seu colega brasileiro que, entrando a frio num ambiente a ferver, não conseguiu defender o pontapé da tão falada grande penalidade. Já a quente, bem perto do fim do jogo, também nada conseguiu fazer face ao remate cruzado do solitário tondelense que rubricou o empate. O mesmo Boeck voltaria à baliza do Sporting na terça-feira, em Portimão, para sofrer dois golos que deixam o Sporting numa posição periclitante na Taça da Liga, que, este ano, até era para ganhar. A Norte, no entanto, a estrela foi Casillas, que, no domingo, rebentou a escala dos seus momentos aziagos, concedendo a Helton o benefício da dúvida quanto ao seu meio-frango de Famalicão na quarta-feira. 

No entanto, não houve número 1 em Portugal mais falado esta semana do que o ex-guarda-redes Vítor Baía, por força de se ter anunciado "preparadíssimo" para suceder um dia a Pinto da Costa. Os guarda-redes no ativo, quando não fazem o que lhes é pedido, têm de suportar a crueldade do público e a ferocidade da crítica. Já um guarda-redes retirado, quando confessa polidamente o que lhe vai na alma, tem de haver-se com fúrias de outro quilate e com acusações de "minimalismos" que deixaram a opinião pública surpreendida com o atestado de incompetência passado, pela via matrimonial, ao departamento de comunicação do irreconhecível dragão. 



Outras histórias 
E desta Taça também já estão livres 
Em 2013, depois de o Benfica ter afastado o Porto nas meias-finais da Taça da Liga, Pinto da Costa, presidente do clube, celebrou a derrota com um inusitado "desta já estamos livres", que foi como se dissesse que, para ele, a Taça da Liga era uma porcaria. E, depois disso, o Porto continuou a ver-se livre da dita Taça com uma regularidade anual. 

Esta semana viu-se livre da edição de 2016 claudicando em Famalicão, clube da II Liga, depois de ter permitido ao Marítimo uma vitória sonora no estádio do Dragão. O que começou como um desabafo começa a ganhar foros de profecia. Mesmo este ano, em que o Porto assumiu que a Taça da Liga já tinha interesse, acabou por soçobrar. 

José Peseiro, ensonado perante a exibição da sua iminente equipa, a tudo assistiu do camarote, sentado ao lado da nova diretora de comunicação do Porto. Para Peseiro, quanto pior até à sua entrada em funções, melhor para ele. Baixas expetativas são uma inspiração. 



Sobe e Desce 
Sobe Terceiro anel da Amoreira - Adeptos do Benfica 
Subindo aos andares mais altos dos vizinhos da Amoreira, comodamente instalados à varanda, houve benfiquistas que aproveitaram para apoiar a sua equipa. 

O Orgulho do barlavento - Fã do Portimonense 
Noutros tempos, qualquer deslocação a Portimão era um problema. Na terça-feira reacendeu-se a velha chama com uma vitória claríssima sobre o Sporting. 


Desce 
Doença generalizada - Adepto do Sporting 
Em todos os clubes há adeptos cuja suposta paixão se revela de forma grosseira, condenável e até embaraçante para o próprio emblema a que chamam seu. 


Pérola 
"Temos de começar a pensar no perfil de quem pode ser sócio do Sporting", Bruno de Carvalho 


Fonte: Leonor Pinhão @ Correio da manha


quinta-feira, janeiro 21, 2016

Poupança, mothafucka!

De vez em quando, um grupo de publicitários tem a incumbência de criar uma campanha dirigida àquele grupo que certas pessoas costumam designar por "a malta nova".

O uso dessa expressão costuma excluir imediatamente aqueles que a proferem desse mesmo grupo. Curiosamente, a malta nova nunca diz "a malta nova". Esse é um dos primeiros equívocos: as pessoas que desejam dirigir-se à malta nova cuidam falar a linguagem da malta nova, e acabam por fazer uma figura tão trágica como um espanhol que cuida falar inglês.

A estratégia habitual dos publicitários que pretendem seduzir a malta nova consiste na transmissão de uma mensagem aborrecida através de música rap.

O efeito costuma ser involuntariamente humorístico, porque não é habitual que as músicas rap se debrucem sobre as características de um produto. Mas a mais recente campanha publicitária que recorre à música rap talvez seja a primeira em que o género musical se acomoda perfeitamente ao conteúdo. Refiro-me ao tema "A dança da poupança", com o qual um banco tenciona atrair o dinheiro das crianças.

Há um subgénero do rap chamado gangsta rap, que descreve o estilo de vida dos bandidos. Creio que qualquer rap sobre actividades bancárias deve ser incluído neste subgénero. Jay Z canta fugas à polícia e 50 Cent faz rimas acerca dos gandulos que lhe deram uns tiros. Tendo em conta o que aconteceu no BPP, BPN, BES e BANIF, qualquer movimentação bancária parece ser hoje uma actividade de risco, muitas vezes até criminosa. Faz sentido, portanto, que seja publicitada através de um gangsta rap.

O rapper do anúncio chama-se Silver MC. É um porquinho mealheiro, mas em vez de ser cor-de-rosa, é cor de prata metalizada. Ou seja, trata-se de um porquinho pimp. Vê-se que é um desses porquinhos que bebem vodka Grey Goose pela garrafa, usa uma corrente de ouro ao pescoço e tem um tigre de estimação. É ele que canta a dança da poupança. Sabendo o que tem sido o comportamento da banca nos últimos anos, é possível que a dança da poupança produza os mesmos resultados que a dança da chuva. De uma coisa, porém, os depositantes podem ter a certeza: estamos perante verdadeira poupança. Aquele dinheiro não vai ser mal gasto. Pelo menos, pelo seu legítimo proprietário.

Talvez seja altura de mães de todo o mundo actualizarem as suas advertências às crianças. Em vez de "não aceites doces de ninguém", mudar para "não aceites contas-poupança de ninguém.


Fonte: Ricardo Araujo Pereira @ Visão

terça-feira, janeiro 19, 2016

Lá voltou tudo à normalidade

Grande figura do nosso pequeno futebol Octávio Machado é agora uma espécie de António Ferro do actual pequeno líder do grande Sporting. É o publicista de eleição, a mente epistolar, o ideólogo possível e diga-se em favor da verdade desportiva (e da outra também) que tem desempenhado o serviço com a entrega total - quando não cólera - que sempre dedicou a todas as causas que foi tomando como suas por via de uma entrega profissional muito própria mas que será sempre de admirar.

Esta semana, no entanto, comprometeu seriamente os desígnios do Sporting ao meter o Porto ao barulho, diminuindo-lhe publicamente o estatuto perante a sempre cruel opinião pública, rebaixando-lhe intoleravelmente o gabarito no consagrado departamento das influências e afins quando, para denunciar a pressão do Benfica sobre o sector da arbitragem, utilizou o brasão da Invicta como contraponto fatal. 

Octávio viu-se a apontar, como bom exemplo - e a bem da nação -, a passividade do antes intratável Porto sobre o mesmo atarantado sector da arbitragem com um "o Porto tem estado calminho" que não demorou 24 horas a acordar o velho espírito do dragão. É verdade que Octávio não disse mentira nenhuma. Sim, o Porto vinha estando "calminho", calmíssimo, posto em sossego e, certamente, até agradado com as surtidas diárias anti-Benfica oriundas de Alvalade que lhe permitiram nunca se desgastar nestes antiquíssimos folclores.

Mas não seria também da maior conveniência para o Sporting que o Porto assim permanecesse, calado, tolhido, a ver a banda passar? E a quatro pontos de distância e à procura de treinador? A questão dos quatro pontos e a do treinador resolver-se-ão ou não. A questão do mutismo portista sobre o tema dos apitos e outras influências - que já vinha afligindo, é certo, a massa adepta dos dragões - foi resolvida de uma penada com duas comunicações oficiais de rajada contra a "riquíssima" Federação Portuguesa de Futebol que "não quer o Porto no Jamor" e contra o árbitro algarvio do jogo da Taça no Bessa que mostrou cartões a meia equipa portista, o que não admira, visto tratar-se de um árbitro vindo do "extremo Sul porque Timor já não é nosso". 

Ah, o extremo Sul! - há quanto tempo não se ouvia uma coisa destas?

E pronto, graças ao excesso de zelo de Octávio Machado é caso para se dizer que, agora sim, lá voltou tudo à normalidade.


Fonte: Leonor Pinhão @ Record


segunda-feira, janeiro 18, 2016

Frases - III

"I have not failed. I’ve just found 10,000 ways that won’t work."
   - Thomas Edison

sábado, janeiro 16, 2016

Para Jonas não há mau palco

Karl-Heinz Rummenigge, diretor-executivo do Bayern de Munique e presidente da Associação Europeia de Clubes, considera que o campeonato português não vale nada em termos de notoriedade, que não passará de um entretém regional sem dimensão que o equipare aos campeonatos dos países civilizados. E, por ser alemão e viver a milhares de quilómetros da periferia, Rummenigge abalançou-se nestas considerações sem nunca sequer ter precisado de ler as cartas abertas com que Octávio Machado tem vindo a contemplar o País. 

O patrão bávaro acredita que a prosperidade do futebol no continente europeu passa por uma futura superliga internacional que reúna as grandes equipas dos melhores campeonatos, que, no seu juízo, são os que se disputam na Alemanha, em Inglaterra, em Itália, em França e em Espanha. Quanto ao campeonato português, nem uma referenciazinha, o que é pior do que não dizer nada… E Rummenigge, certamente por não ser assinante da Sport TV, nem sequer sonha que na principal liga portuguesa há um número irrazoável de jogos que ou nunca mais começam ou nunca mais acabam em função de o recinto ter sido construído em local de brumas permanentes, dispondo, no entanto, de 700 lugares de parque para automóveis equipados com faróis de nevoeiro. Quem diria que o nosso campeonato, que todos vivemos com tanta intensidade, que ocupa um espaço quase absoluto nas nossas conversas e nas grelhas informativas das nossas televisões, visto do estrangeiro não vale um zero à esquerda? 

A ‘invisibilidade’ do futebol português, de que o Estádio da Choupana é a mais justa e apropriada das metáforas, tem sido episodicamente furada pelos percursos do Porto e do Benfica nas competições europeias de clubes, embora nem valha a pena lembrar o que se passou na última temporada com o Benfica, que se despediu da Europa tão prematuramente, e com o Porto, que baqueou frente ao clube do tal Karl-Heinz Rummenigge. Na nossa tão desapreciada Liga há, no entanto, uma ave rara que se mede com os melhores para lá de Badajoz. Trata-se de Jonas, o atual líder da corrida pela Bota de Ouro europeia. 

Ainda na última jornada, naquele transe que começou no domingo e acabou na segunda-feira, o avançado brasileiro voltou a provar que um verdadeiro artista sabe exibir-se em pontas sobre o pior dos palcos. Viram-no no Funchal? É que, enquanto os outros lutavam por não tropeçar no batatal funchalense, Jonas dançava, ria, voava e marcava golos sem sujar os calções. E também sem sujar os cotovelos. Jonas é mesmo de outro campeonato. 



Outras histórias 
A sucessão do treinador do Porto 
Se "vai ser uma pessoa", enfim, já é um passo em frente 
Julen Lopetegui despediu-se por carta do futebol português. Disse que sai "com a ideia de que os bons momentos foram muitos mais do que os maus", o que é bastante esclarecedor da sua total falta de noção do lugar onde foi parar há ano e meio e de onde saiu há pouco mais de uma semana. Acrescentou, e certamente sem querer fazer rir, outro balanço pessoal, no mínimo, discutível: "Tivemos noites tão especiais no Dragão que dificilmente serão esquecidas." Para os rivais do Porto, sim, como esquecer a noite em que Lima fez dois golos que garantiram uma vitória imaculada do Benfica, a tarde em que o Sporting de Marco Silva lhe deu um verdadeiro baile numa eliminatória da Taça de Portugal ou, mais recentemente, uma outra noite em que o Dínamo de Kiev acabou com os altos sonhos europeus do Porto na Liga dos Campeões? Pinto da Costa, por sua vez, voltou a aparecer em público e anunciou que o próximo treinador "vai ser uma pessoa". Enfim, já é um passo em frente. 



Sobe e Desce 
Sobe 
De novo genial -Shikabala 
A carreira do nosso conhecido Shikabala é um rol de situações extremas. Esta semana voltou a ser genial marcando um golo do outro mundo pelo Zamalek. 

Olha o cotovelo! - Alan 
Aqui está o veterano jogador bracarense apanhado em flagrante a explicar a Jorge Sousa que o cotovelo de Slimani é o que mais sobe nesta Liga 2015/2016. 


Desce 
Temperatura a descer - Teo Gutiérrez 
Na Colômbia é verão, está calor. E, francamente, que mal faz uma pessoa em ir à praia sabendo o frio que tem à espera no regresso ao velho continente? 


Pérola 
"O Porto a esse nível [das arbitragens] tem estado calminho", Octávio Machado  


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha

sexta-feira, janeiro 15, 2016

O combate real ao crime imaginário

Na semana passada, a Polícia de Segurança Pública emitiu um alerta contra certos alertas. Parece que o facebook está cheio de mensagens que aconselham as pessoas a prevenirem-se em relação a crimes que, na verdade, não existem, e a PSP vê-se na obrigação de combater agora o crime imaginário. É importante não confundir o combate ao crime imaginário com o combate imaginário ao crime modalidade que certas autoridades têm praticado em Portugal, como podemos constatar quando verificamos o número de presos que cumprem pena efectiva pelo crime de corrupção. O combate imaginário ao crime é menos trabalhoso, até porque costuma consistir, precisamente, em não trabalhar. Já o combate ao crime imaginário requer acção e, sobretudo, paciência. Quando a PSP desmente que haja quadrilhas de ucranianos a organizar concertos de apoio aos emigrantes de leste e a assaltar os espectadores com metralhadoras antes de a orquestra começar a tocar, há sempre alguém que diz: "Bom, mas o certo é que isso aconteceu ao meu primo." Obesos e fumadores levam vidas seguras, quando comparados com as pessoas que pertencem ao grupo de risco mais propenso a calamidades: os primos de utilizadores do facebook.

Uma das histórias fictícias que passam por verdadeiras nas redes sociais conta que um homem, primo de vários utilizadores do facebook, passeava tranquilamente pelas ruas de São Mamede de Infesta quando, sem querer, esbarrou com uma senhora vestida de burca, que por causa disso deixou cair a carteira. Quando o homem apanha a carteira e a devolve à mulher, ela fica tão sensibilizada com aquela simpatia que lhe deixa um aviso: "Não passe o ano na Baixa do Porto, pois está em preparação um ataque terrorista." Alertar para a hora e o local de atentados terroristas é, neste momento, a gorjeta dos muçulmanos imaginários. Se um infiel for suficientemente gentil, pode beneficiar de informações a que todos os árabes têm acesso exclusivo, e evitar a morte certa. Noutros tempos, ninguém acreditaria numa história destas. Se, há 15 anos, uma senhora de burca revelasse possuir informações acerca de um atentado terrorista, o transeunte simpático dirigir-se-ia à esquadra da polícia, para que as autoridades tentassem localizá-la, entre a vasta comunidade muçulmana de São Mamede de Infesta. Nos nossos dias, a história é mais plausível na medida em que, agora, quando tomamos conhecimento de uma informação verdadeiramente importante, o procedimento correcto é escrever um post no facebook.


Fonte: Ricardo Araújo Pereira @ Visão

terça-feira, janeiro 12, 2016

Frases - II

"Ambition is the steam that drives men forward on the road to success. Only the engine under full steam can make the grade."
  -  Maxi Foreman

domingo, janeiro 10, 2016

Mas que lindo serviço

Jorge Jesus prestou esta semana um serviço inestimável ao Sport Lisboa e Benfica. Não o primeiro serviço prestado, visto que foi treinador do clube e conquistou títulos importantes. Nem será por certo o último se persistir nesta roda-livre de desconsideração pública do seu sucessor - porém já não seu 'herdeiro' - em termos que ultrapassam os limites mínimos do decoro.

A verdade é que o treinador do Sporting conseguiu em dois fulgurantes minutos aquilo que nem Luís Filipe Vieira, nem a celebrada 'estrutura', nem o competentíssimo departamento de marketing tinham conseguido em sete meses contados desde que Rui Vitória foi apresentado na Luz.
Jorge Jesus cometeu na noite da última quarta-feira a proeza de unir a massa adepta do Benfica em torno do seu treinador. E esta é uma excelente notícia para um Benfica que, desde Junho, se via dividido entre os que aceitavam com toda a naturalidade a dispensa dos préstimos do técnico e os que, antes pelo contrário, consideravam um absurdo tal decisão.

Ficou agora resolvida, graças ao inadvertido contributo de Jesus, essa dúvida existencial que vinha minando a alma do bicampeão. Haverá sempre, no entanto, quem desgoste do futebol morno que a equipa vem praticando e quem lamente o desaparecimento daquele jogo alegre, ainda que frequentemente tresloucado, com que o Benfica nos brindou na última meia dúzia de anos. É o privilégio das democracias. E porque o futebol como entretenimento para gáudio de multidões, é indissociável de factores de crueldade que remontam ao tempo dos circos romanos, haverá até quem sinta saudades dos quatro dedos mostrados a Manuel Machado e dos três dedos mostrados ao confundido treinador do Tottenham entre outros mimos que encantaram na época, muitos benfiquistas. Não todos, mas muitos.

Sem ter mostrado nenhum dedo a Rui Vitória, o que o actual treinador do Sporting mostrou foi um tremendo desprezo profissional por um par. Justamente o mesmo cavalheiro que na hora do triunfo vimaranense no Jamor, em 2013, lhe dedicou palavras de enorme apreço e conforto, em função dos seus inquestionáveis méritos e do valor daquela bela equipa que podendo ganhar tudo, acabou por tudo perder.

Perante tudo isto, como não passar a simpatizar com Rui Vitória, mesmo a quatro pontos de distância do primeiro lugar? Foi este o lindo serviço que Jesus prestou ao Benfica. E não tem preço.


Fonte: Leonor Pinhão @ Record

sábado, janeiro 09, 2016

Os amigos são para as ocasiões

Um amigo é um amigo. Até no mundo peculiar do futebol, em que as inimizades de hoje são as amizades de amanhã, há honrosas exceções ao dogma que Pimenta Machado estabeleceu há um par de décadas a propósito da verdade passar a ser mentira consoante as conveniências. No capítulo das amizades inabaláveis, não há quem bata, no futebol português, a de Pinto da Costa e Jorge Jesus. Trata-se de uma relação ímpar, que se reafirma através de uma constante renovação de votos publicamente expressos. 

Atente-se, por exemplo, nas declarações do treinador do Sporting mal acabou o desafio do passado domingo em que teve pela frente e venceu, sem apelo nem agravo, o Porto. A já mencionada cegueira da clubite induziu muitos adeptos a concluir apressadamente que as palavras do treinador amadorense sobre a impiedade da imprensa com o qualificadíssimo treinador basco – "por que não questionam outros treinadores que têm menos pontos do que no ano passado?" – se destinavam apenas a escarnecer de Rui Vitória. Nada mais errado. 
Na realidade, Jorge Jesus não perde um minuto por dia a pensar no passado. O Benfica é para ele um assunto arrumado. Na quarta- -feira, o treinador do Sporting só se lançou na mais execrável diatribe contra o seu pseudo-"colega" de profissão, o seu ex-"herdeiro", para atenuar em termos de ruído mais um espalhanço do treinador basco que foi capricho do presidente do Porto. Esta foi a semana em que, à pala do Benfica, o treinador da Reboleira não desperdiçou uma única oportunidade para dizer ao presidente do Porto que está com ele de alma-e- -coração. E que a aposta presidencial no "colega" basco não poderia ser mais racional. 

Os amigos são para as ocasiões. A verdade é que, no rescaldo da derrota em Alvalade, Pinto da Costa recebeu apenas duas manifestações de solidariedade: a de Jorge Jesus a sugerir paciência para o treinador do presidente e o comunicado dos Super Dragões a reforçar idêntica sugestão. "Lopetegui? Amanhã posso estar no mesmo lugar" – concluiu Jesus. A que "mesmo lugar" se candidatou Jesus – se o de treinador importunado por jornalistas ou se o lugar propriamente dito de treinador do Porto – é coisa que o futuro desvendará, inevitavelmente. 



Outras histórias 
Um tipo bem-educado não pode ser campeão 
Goleando o Marítimo, o campeão reforçou a candidatura ao título do "ataque mais avassalador da Liga". É verdade que o Benfica é a equipa com mais golos marcados. O que de nada lhe vale em termos de classificação porque esses golos têm sido mal distribuídos. As goleadas são muito bonitas mas este Benfica já registou um número preocupante de jogos "em branco" frente a rivais de peso como o Porto e o Sporting e a rivais de pouco peso como U. Madeira e Arouca. E por isso mesmo segue em 2º lugar a 4 pontos do líder. Na véspera do jogo com o Marítimo, o treinador do Benfica entendeu que deveria dar aos adeptos a satisfação de o verem responder sem frouxidão ao apelo feito pelo treinador do Sporting. Jesus quer a imprensa a morder canelas ao seu sucessor. Rui Vitória, sem perder a compostura, reagiu de maneira a agradar retoricamente à plateia da Luz e a equipa correspondeu com exibição solidária. Será que um tipo bem-educado não pode ser campeão em Portugal? Há quem diga que não. 



Sobe e Desce 
Sobe 
Postura Olímpica - Pinto da Costa 
Dominado pelo espírito olímpico do barão Pierre de Coubertin, o presidente do FC Porto mantém-se impassível perante todos os acidentes de percurso.   

Em alta consideração - Maxi Pereira 
O defesa internacional uruguaio, bicampeão nacional pelo Benfica, sobe na consideração dos adeptos portistas pelo seu inconformismo face à abdicação geral. 

Desce 
Em baixa consideração - Suk 
O avançado sul-coreano do V. Setúbal convenceu o Porto mas não convenceu Domingos Paciência, que o considera sem categoria para equipar à "dragão" 



Pérola 
"Pedimos que quando forem a assobiar se contenham", comunicado dos Super Dragões 



Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha

quinta-feira, janeiro 07, 2016

Amicum ex machina

Sem querer menosprezar a imaginação de Walt Disney, creio que o mundo de José Sócrates tem mais fantasia. Aos poucos, as crianças vão deixando de se identificar com os heróis da Disney, mas eu sou adulto (enfim, mais ou menos) e ainda gosto de me imaginar protagonista das maravilhosas aventuras de José Sócrates. São histórias que continuam a fazer-me sonhar. Sim, Cinderela é feliz para sempre depois de casar, mas Sócrates encontra a paz, a harmonia e a felicidade no divórcio. O príncipe cumula Cinderela de riquezas quando ela se torna sua mulher, mas Sócrates paga todas as contas da ex-mulher, o que é bem mais raro e difícil de imaginar. Peter Pan não quer crescer, claro, mas na Terra do Nunca é fácil permanecer criança. Sócrates recusa entrar no mundo dos adultos mesmo vivendo no mundo dos adultos. Tal como Mickey, não tem fonte de rendimento conhecida, mas vive com desafogo. A diferença é que as personagens de Walt Disney vivem num mundo de fantasia, no qual o dinheiro não tem o valor que lhe damos na vida real, ao passo que Sócrates vive num mundo muito parecido com o nosso, mas no qual o dinheiro também não tem o valor que lhe damos na vida real. Mas parece evidente que, sendo ambos fantasiosos, tanto o mundo de Sócrates como o do Mickey devem reger-se por regras próprias, diferentes das do nosso mundo. Não faz sentido acusar o Mickey de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais.

Disney opta por não justificar o estilo de vida das suas personagens: umas são príncipes e princesas, e supõe-se que tenham fortuna, outras vivem numa realidade imaginária, da qual o trabalho está ausente. Sócrates vive num mundo de fantasia porque tem um amigo fantástico. A explicação parece um deus ex machina mas não é. É um amicum ex machina.

A única semelhança é que este amigo, tal como deus, também aparenta ser omnibenevolente.

"Imagine no possessions", cantou John Lennon em 1971, sonhando com um mundo melhor e mais justo. Quatro décadas mais tarde, não conheço ninguém que esteja mais perto de realizar o sonho de Lennon do que José Sócrates. "Imagine all the people sharing all the world". Santos Silva partilha o seu dinheiro com Sócrates, que o partilha com vários familiares e amigos. Amigo dá a amigo que distribui por amigos.

"A brotherhood of man". Uma belíssima ideia. E, no entanto, Lennon levou quatro tiros nas costas e Sócrates esteve preso.

O mundo ainda não está preparado para a amizade fraternal.


Fonte: Ricardo Araujo Pereira @ Visão

segunda-feira, janeiro 04, 2016

Frases - I

"If you’re passionate about something and you work hard, then I you will be successful."
 - Pierre Omidyar, eBay Founder and Chairman


Não é um finalmente qualquer

Esta noite há um clássico. Jogam entre si os dois primeiros classificados do campeonato. No fim do jogo, venha o que vier, continuarão a ser os dois primeiros classificados ainda que possam trocar de posições. Como, aliás, aconteceu na jornada anterior ao Natal, quando o Sporting passou do primeiro para o segundo lugar não só por tradição mas também por maldade.
Fonte; 
Por maldade, sim. Porque obrigar o desacreditado Julen Lopetegui a entrar na sua casa do Lumiar na condição de líder isolado da Liga é um abuso psicológico sobre o treinador adversário. É também colocar todo o Porto em polvorosa perante a iminência de uma qualquer 'invenção' de última hora que venha a revelar-se fatal para as contas do título. É que foi preciso esperar pela 14.ª jornada para que as ditas contas parecessem bem encaminhadas, finalmente. E não é um finalmente qualquer. Trata-se de um grande, de um enorme finalmente.

Aconteceu que ao cabo de quase dois anos e meio a dirigir o Porto, Lopetegui conseguiu levar a equipa por si comandada ao primeiro lugar isolado da tabela. Do lado dos azuis conhecedores da sua História, alguém aceita que este estado de graça possa só durar uma jornada?

Já do lado do Sporting, toda a gente aceita. A derrota na Madeira frente ao União foi obviamente 'estratégica' porque o discurso tinha de mudar para ser efectivo, "ponto". Da eloquência sobre os rivais "atrofiados" passou-se então modestamente para a conversa dos rivais "principais favoritos". Bem traduzido, é o mesmo do que mandar dizer ao Porto que esta noite, por obséquio, o peso inteiro da responsabilidade assenta nas costas do seu treinador às costas do seu presidente. Vai estar muito material em jogo logo à noite.

Este ano toda a gente quer ganhar a Taça da Liga. No lançamento da primeira jornada, antevendo o jogo com o Paços de Ferreira, o Sporting afirmou-o pela voz do seu treinador - "é uma competição que queremos vencer" - e pela voz do seu presidente - "só a vitória interessa". O Benfica não necessitou de professar nada sobre o assunto porque esteve sempre interessado na Taça da Liga, embora se tenha visto aflito para ganhar ao Nacional. Já pelo Porto falou o seu presidente, garantindo que "em virtude do esforço de Pedro Proença" iria pela primeira vez "prestar atenção à Taça da Liga". 
O problema foi o Marítimo ter desalinhado.


Fonte: Leonor Pinhão @ Record

sábado, janeiro 02, 2016

Parentes pobres e ricos

Para Mário Figueiredo, antecessor de Luís Duque na presidência da Liga, são taxativamente "ilegais" os contratos assinados pelo Porto e pelo Sporting com as operadoras de televisão que lhes vão transmitir os jogos em casa por uma década. Em declarações a uma rádio, Figueiredo insistiu que a lei proíbe às administrações das SAD assumir compromissos que excedam o período de tempo dos mandatos para que foram eleitas. Assim sendo, percebem-se as razões que levaram à queda do ex-presidente: mau feitio e apego à legislação. 

Mário Figueiredo, como estaremos todos recordados, foi forçado a sair intempestivamente da presidência da Liga sob a acusação de ter levado o futebol português à ruína através de políticas que tornaram os clubes incredíveis perante os parceiros comerciais em fuga. Sucedeu-lhe Luís Duque no cargo e, como estaremos todos uma vez mais recordados, acabou também o ex-dirigente do Sporting por se ver forçado a sair da presidência da Liga sob a não menos grave e fortíssima acusação de ter recuperado o bom nome e as finanças da Liga e de ter atraído novos parceiros para o sempre periclitante negócio do futebol português. 

Mas não foi suficiente o esforço de Duque – a quem ninguém pediu opinião sobre o negócio das operadoras, o que se compreende – e sucedeu-lhe Pedro Proença – a quem também ninguém ainda pediu opinião sobre o mesmo negócio, o que já não se compreende. Proença foi eleito para a presidência da Liga empunhando a bandeira da modernização do futebol português e da centralização dos direitos televisivos. Para já, conquistou um parceiro importante, uma marca de indumentária chamada Under Blue ("azul por baixo", tal como o próprio Proença sugeria quando apitava jogos do Porto) que vai vestir árbitros, delegados e o staff da Liga em funções oficiais. Ou seja, entre os parentes pobres do nosso futebol, ninguém passará frio neste inverno. 

Quanto aos parentes ricos, deliciam-se a contar as notas que lhes caíram pela chaminé e nenhum abdica de se considerar mais esperto e bafejado do que os outros. A competição entre milionários é sempre assim: ego, ego e mais ego. Resta apenas ver como irão os três gastar aquela "massa" toda. 


Outras histórias 
Memórias e maravilhas do fair-play 
O treinador do Nacional disse que os benfiquistas comemoraram com tanto entusiasmo o golo de Jiménez para a Taça da Liga que até parecia que tinham ganho ao Liverpool ou ao Manchester United para a Liga dos Campeões. Não é verdade, mister Machado. Como não foi no século passado que o Benfica de Koeman venceu o Liverpool e o Manchester United na Luz, estão ainda frescas essas lindas memórias. Por estar mais gente nas bancadas – dada a reputação internacional dos adversários –, os festejos foram bem mais ruidosos do que os da noite de terça-feira quando o avançado mexicano fez o resultado ao cair do pano. Manuel Machado, no entanto, tem razão quando afirma que os benfiquistas "vibram muito com tão pouco futebol". É verdade, chama-se paixão e opera milagres. Aparentemente, o treinador do Nacional vibrou mais com a derrota na Luz do que com a derrota em casa frente ao Porto, frente a Jorge Sousa e aos dois não-penáltis que, sorridente, partilhou com a comitiva portista no telemóvel. O fair-play é lindo. 


Sobe e Desce 
Sobe: Pinto da Costa - Presidente sem idade 
Quem disse que era preciso ser-se um "jovem" de 43 anos para que as fãs não dispensem as presidenciais fotografias de ocasião? 

Bruno de Carvalho - Mensagem para o Dubai 
Atenção: todo o prémio anual para uma Academia de formação deve ter em conta que CR7 chegou ao Sporting no fim do século XX. 


Desce: Luís Filipe Vieira - Atrevimento inqualificável 
Vieira recebeu no Dubai o prémio para a melhor Academia de 2015, roubando à Academia do Sporting o seu galardão vitalício. 


Pérola 
"Assobiem muito, mas logo desde o início", Pinto da Costa 


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha

Balanço do ano

FIGURA NACIONAL DO ANO - O PIN DE PASSOS COELHO
Na minha opinião, a figura nacional do ano é aquela pequena aplicação metálica que tem um Passos Coelho à volta. Trata-se do grande símbolo de um fenómeno novo: o pintriotismo.

O pintriotismo é o patriotismo que se exprime por intermédio de um pin. O equivalente a pintar a esfera armilar na cara quando se vai ver um jogo da selecção.

É barato e fácil dois valores que o antigo primeiro-ministro aprecia.

Na verdade, o pintriotismo acaba por ser patriotismo pindérico.

Esperava-se que, com a passagem de Passos Coelho para a oposição, o pin desaparecesse. O facto de se ter mantido tem significado. Se Passos usasse o pin apenas no governo, isso queria dizer que o uso do emblema se relacionava com a representação do País. Mas o provável antecessor de Rui Rio na liderança do PSD passou a usar o pin quando foi para o governo e nunca mais o tirou, o que significa que só descobriu o pintriotismo em São Bento. Enquanto fazia oposição a Sócrates, Passos não era pintriótico. A oposição pintriótica terá agora o seu grande teste. Talvez seja necessário aumentar o tamanho do pin.



ACONTECIMENTO NACIONAL DO ANO - CAMPEONATO DE BOÇALIDADE
Este foi o ano em que dois cientistas propuseram novas e interessantes teorias acerca da homossexualidade. Pedro Arroja, trabalhando sobretudo a partir da área da anatomia, revelou que sua mãe não detinha competências para elaborar pénis, pelo que o arquitecto do seu órgão sexual era Deus.

Daqui resultava, como é evidente, que os homossexuais não deveriam ter contacto com crianças. Partindo do âmbito da biologia, Nuno da Câmara Pereira adiantou que quem tem voz grossa possui hormonas masculinas, o que significa que a homossexualidade é uma moda. Trata-se, no fundo, de uma forma de ocupar os tempos livres. Depois do lobby gay, o hobby gay. As declarações do fadista foram recebidas com perplexidade por toda a gente menos por mim. O cantor defende que os homossexuais escolhem dedicar-se à homossexualidade porque deseja reivindicar uma responsabilidade nesta moda. O maior êxito da carreira musical de Nuno da Câmara Pereira continua a ser o tema "Meu querido, meu velho, meu amigo". Como sabe qualquer pessoa que tenha prestado a mínima atenção à letra, a canção debruça-se sobre um assunto clássico da literatura LGBT: a relação de um jovem com um homem mais velho. Nenhum aspecto da homossexualidade inter-geracional é esquecido: a atracção pela beleza física do homem maduro ("esses seus cabelos brancos, bonitos"), a experiência do gay mais velho transmitida ao mais novo ("me ensinando tanto do mundo", "seu conselho certo me ensina"), a consumação do amor ("beijo suas mãos", "meu querido"). Mas nenhum verso é mais revolucionário (e maroto) do que o célebre "olhando seus cabelos tão bonitos, beijo suas mãos", em que aquilo que é dito fica bem aquém do que o que se deixa por dizer. Vale a pena fazer uma leitura mais próxima e reparar naquele gerúndio: a voz que fala no poema diz beijar as mãos do homem mais velho enquanto olha os seus cabelos. Ora, se dois homens estiverem de pé, frente a frente, um não consegue beijar as mãos do outro "olhando seus cabelos", por mais bonitos que sejam. Quando toma as mãos do outro para as beijar, volta a cabeça para baixo e consegue beijá-las, sim, mas olhando o chão. A única maneira de um homem conseguir beijar as mãos de outro "olhando seus cabelos" é estando ajoelhado à sua frente.

O jovem a que Nuno da Câmara Pereira dá voz em "Meu querido, meu velho, meu amigo" está, portanto, de joelhos em frente a um homem mais velho. Enquanto lhe beija as mãos olha para cima com olhos de corça, adivinha-se e contempla os cabelos, tão bonitos, do seu querido.

Acredito que, assim como muitos jovens heterossexuais deram o seu primeiro beijo ouvindo Frank Sinatra, muitos jovens gays tenham iniciado a sua vida sexual ao som do hino "Meu querido, meu velho, meu amigo", de Nuno da Câmara Pereira. A homenagem é devida e é justa.



FIGURA INTERNACIONAL DO ANO - O CABELO DE DONALD TRUMP
O cabelo de Donald Trump tem, justificadamente, mais proeminência do que o próprio Donald Trump. A carreira de Trump parece ser, toda ela, uma estratégia falhada para que as pessoas deixem de reparar no seu cabelo. "Se eu disser que vou construir uma parede ao longo da fronteira com o México e que obrigarei os mexicanos a pagá-la, as pessoas deixarão de reparar no meu cabelo", parece pensar o milionário.

E seríamos tentados a dar-lhe razão. No entanto, não é isso que acontece. Talvez o problema seja americano. Em Portugal, por exemplo, uma pessoa com o tacto de Donald Trump não costuma ter outro fórum para dar as suas opiniões do que as caixas de comentários de jornais online. No máximo, pode aspirar a presidir ao governo regional da Madeira durante umas décadas. Mas não mais do que isso.



ACONTECIMENTO INTERNACIONAL DO ANO - HIGIENE VERBAL
Na universidade Mount Holyoke foi cancelada a exibição da peça "Monólogos da Vagina" alegando que poderia ser ofensiva para as mulheres que não possuem uma vagina. O espectáculo foi substituído por outro que não melindrasse estudantes transgénero. Na universidade de Birmingham, a associação de estudantes baniu o uso de sombreros e outra indumentária "racista". Na universidade de Harvard, alunos pediram à professora de direito penal que não referisse os crimes de natureza sexual, para não perturbar estudantes que tivessem eventualmente sido vítimas desse tipo de crimes.

Na universidade de Oxford, um debate sobre aborto foi cancelado porque os alunos não gostavam dos participantes. Na universidade de Yale, alunos exigem que certas máscaras de Halloween, como as que envolvem a chamada "blackface" (escurecer o tom de pele), sejam proibidas. Na sequência deste incidente, ficou célebre o vídeo (está no YouTube) em que uma aluna grita com um director que recusa regulamentar o bom gosto no uso de fantasias. Diz ela, entre outras coisas: "Eu quero sentir-me segura, quero sentir-me em casa." Creio que um estudante deve querer sentir-se em casa. Mas e reparem na coragem com que exprimo esta opinião exótica apenas quando estiver em casa. Quando estiver na universidade, deve sentir-se na universidade. A universidade é, aliás, um dos sítios nos quais descobrimos que há pessoas cuja casa não queremos frequentar. Mas, para que essa descoberta extremamente útil ocorra, é preciso que as pessoas falem.

Os estudantes parecem pensar cada vez mais que, num mundo ideal, as pessoas só exprimem opiniões que não ofendem ninguém. O que significa que o mundo ideal é mesmo muito silencioso. Para justificar a censura, os estudantes costumam qualificar as ofensas como "micro-agressões", o que acaba por constituir uma esperança. As micro-agressões não devem fazer mais do que micro-aleijar, o que as torna bastante suportáveis.

Basta ir para casa e tratar da micro-mágoa.

Se for caso disso, com micro-terapia.


Fonte: Ricardo Araujo Pereira @ Visão

sexta-feira, janeiro 01, 2016

High Hopes


Beyond the horizon of the place we lived when we were young
In a world of magnets and miracles
Our thoughts strayed constantly and without boundary
The ringing of the division bell had begun

Along the Long Road and on down the Causeway
Do they still meet there by the Cut?
There was a ragged band that followed in our footsteps
Running before times took our dreams away
Leaving the myriad small creatures trying to tie us to the ground
To a life consumed by slow decay

The grass was greener
The light was brighter
When friends surrounded
The nights of wonder

Looking beyond the embers of bridges glowing behind us
To a glimpse of how green it was on the other side
Steps taken forwards but sleepwalking back again
Dragged by the force of some inner tide
At a higher altitude with flag unfurled
We reached the dizzy heights of that dreamed of world

Encumbered forever by desire and ambition
There's a hunger still unsatisfied
Our weary eyes still stray to the horizon
Though down this road we've been so many times

The grass was greener
The light was brighter
The taste was sweeter
The nights of wonder
With friends surrounded
The dawn mist glowing
The water flowing
The endless river
Forever and ever


Musica: High Hopes
Interprete: Pink Floyd

Desporto de fim de semana - 2024/03/16

Sábado, 2024/03/16  - 14:00 - Futebol - Fc Penafiel -v- SL Benfica B - Liga Portugal 2 | 23/24 - Jornada 26  - 15:00 - Basquetebol - SL Ben...