sexta-feira, outubro 30, 2015

Felizmente há Luaty

O caso da prisão de Luaty Beirão e dos seus amigos revela mais uma vez a verdadeira face do regime angolano: um regime bondoso, justo e preocupado com o bemestar dos seus cidadãos. Os activistas foram presos por estarem a ler um livro, o que constitui um dos mais engenhosos incentivos à leitura de que me lembro.

O programa Ler +, do nosso Ministério da Educação, empalidece junto do programa Ler -, levado a efeito pela polícia angolana. É sabido que os jovens nutrem especial predilecção pelas actividades clandestinas. Se o Estado os incentiva a ler, lêem menos; se proíbe a leitura, em princípio, lêem mais. É raro o aluno que lê com gosto as obras de leitura obrigatória, nos programas escolares portugueses, mas aposto que todos gostariam de saber mais acerca das obras de leitura proibida pelo regime angolano. Eu próprio, que considerei indigesta a obra "Eurico, o Presbítero", que me obrigaram a ler, já encomendei o livro "From Dictatorship to Democracy, A Conceptual Framework for Liberation", que o regime angolano não deseja que seja lido.

Enquanto a proibição da leitura não produz o seu efeito benéfico no povo, o regime angolano vai estimulando de outra maneira os usos imaginativos da linguagem através de eufemismos criativos. De acordo com a televisão angolana, Luaty Beirão não está a fazer greve de fome, antes adoptou "um comportamento diferente em relação aos alimentos".

O mundo, por vezes, sabe ser agreste, e as palavras certas podem torná-lo um pouco mais delicado. Se, no futuro, e de forma absolutamente inédita, o regime angolano se vir forçado a matar um cidadão (por exemplo, como castigo por um crime grave, como ter lido mais de um livro), pode sempre alegar que o cidadão em causa não foi assassinado, apenas adoptou um comportamento diferente em relação às funções vitais.

Além de dar atenção à cultura, o regime angolano não descura a economia e cria riqueza. Por enquanto, apenas entre os amigos e a família do ditador, mas é preciso dar tempo ao tempo. A filha de José Eduardo dos Santos é a mulher mais rica do continente africano. Mas, devido à acção do governo do pai, quem tiver 100 dólares no bolso transforma-se quase automaticamente num dos homens mais ricos de Angola.

Em todo o mundo, haverá poucos países em que seja tão fácil ascender ao restrito número dos mais ricos.

Fonte: Ricardo Araújo Pereira@Visão

segunda-feira, outubro 26, 2015

sábado, outubro 24, 2015

Não sejas Xistra!

Qualquer equipa de futebol que se preze é obrigada a ter em função três departamentos: o defensivo, o dos médios e o atacante. Nenhum destes departamentos da equipa do Benfica mostrou estar verdadeiramente à altura do desafio disputado na última quarta-feira em Istambul. Enfim, é no que dá pretender gerir um tangencial 1-0 quando ainda faltam 88 minutos para o fim do jogo. Já contra o Vianense, para a Taça de Portugal, ia-se dando mal, muito mal, o Benfica por querer gerir outro 1-0 durante meia parte. 

Ao contrário dos tais três departamentos da equipa de futebol que não foram fazer grande figura a casa do Galatasaray, houve um outro departamento do Benfica, o do marketing, que viveu uma semana de excecional criatividade e eficácia, os atributos que, precisamente, tanta falta fizeram à nossa equipa de futebol na noite turca. Já na temporada passada o mesmo departamento, o do marketing, brilhara intensamente ao transformar um vulgar insulto dos adversários na campanha triunfal de venda de cachecóis do "colinho". 

Se é verdade que a triplicação de vendas nas últimas semanas do "kit Eusébio" nas lojas oficiais do clube em nada se deve a qualquer iniciativa do marketing interno da Luz, mais verdade é ainda que esta recentíssima campanha publicitária da BTV – a ribombante "Não sejas Inácio!" – em prol das assinaturas do canal de televisão do clube contra a pirataria informática, é, uma vez mais, a notável transformação de um insulto dos adversários numa campanha de marketing de tal sucesso que até mete inveja à concorrência. 

Tendo em conta que amanhã há dérbi na Luz e que, a pedidos das melhores famílias da praça, o árbitro Carlos Xistra foi nomeado para tão grande e tão aguardada ocasião, talvez não fosse má ideia, do ponto de vista do marketing e da verdade desportiva, o nosso "capitão" Luisão oferecer-lhe por gentileza e precaução, e em cerimónia a realizar no centro do relvado, a famosa camisola do Eusébio com a frase "Não sejas Xistra!" gravada a branco sobre as costas. Seja qual for o resultado do dérbi, as suas incidências e a qualidade do trabalho do árbitro, a campanha "Não sejas Xistra!" tem e terá sempre pernas para andar. 


Outras histórias 
Um forte apelo aos tribunais  
A meio da semana, Jorge Jesus aproveitou a conferência de lançamento do jogo com os albaneses para iniciar a sua defesa na praça pública. Isto depois de ter sido confrontado com um pedido de indemnização no valor de 14 milhões de euros no tal processo que o Benfica entregou nos tribunais. Enganou-se, portanto, quem estava à espera de o ouvir ocupar-se com o Skenderbeu a ponto de se atrapalhar com a pronúncia do nome do seu exótico adversário europeu que, convenhamos, é tarefa complicada até para especialistas. 

Sendo assim, na antevisão do encontro da Liga Europa, Jorge Jesus antes se ocupou do que é importante. De Salvio e do Benfica, nomes que tão bem conhece. Reiterou, publicamente, a sua amizade com o jogador argentino, saudando o seu regresso aos treinos e desejando-lhe um rápido e completo restabelecimento. Perante esta civilidade não haverá juiz que não mande imediatamente abater uns quantos milhões de euros às reclamações do Benfica contra o seu antigo treinador. 

Sobe e Desce 
Sobe: SIC - A escalar audiências 
A culpa é do Benfica? Ou, antes pelo contrário, é do Benfica? Perante uma dúvida destas, o melhor é marcar os dois números. 

Simão Sabrosa - Ser feliz na Índia 
O nosso veterano na Índia ainda sabe como se converte um penálti. Aconteceu no seu jogo de estreia pelo NorthEast United. 

Desce: 
Hóquei em Patins - Modalidade em perigo 
Outra vitória sonante do Benfica sobre um "Carcavelinhos" coloca agora em causa a credibilidade do hóquei em patins nacional. 

Fonte: Leonor Pinhão @ Correio da Manha


quinta-feira, outubro 22, 2015

A palavra do ano é mas

Cavaco exige dar posse a um governo maioritário, mas não se a maioria incluir os partidos à esquerda do PS. Jerónimo de Sousa viabiliza um governo do PS para que haja uma política alternativa à coligação, mas disse que o PS e a coligação eram farinha do mesmo saco. António Costa perdeu as eleições, mas pode ser primeiro-ministro. A coligação passou quatro anos a dizer que não havia alternativa, mas quer negociar com o PS políticas alternativas. O Bloco manifesta abertura para apoiar o PS, mas disse que o PS tinha sido a desilusão da campanha eleitoral. Durão Barroso diz que os eleitores socialistas não votaram no PS para um governo com o PCP e o BE, mas é igualmente improvável que tenham votado no PS para um governo com o PSD e o CDS.

A bolsa perde agora milhões por causa da hipótese de um governo de esquerda, mas perdeu 2,3 mil milhões quando Paulo Portas revogou a irrevogabilidade. A composição da Assembleia da República indica que o povo português votou maioritariamente contra a coligação, mas também indica que votou maioritariamente a favor do respeito pelo tratado orçamental. A direita diz que um eventual governo de esquerda não respeitaria a Constituição, mas passou quatro anos a desrespeitar a Constituição.

António Costa substituiu o anterior líder do PS por ele ter ganho por poucochinho, mas não quer sair depois de ter perdido por bastantezinho. Cavaco defende a estabilidade, mas pode patrocinar a turbulência. Tudo isto é bastante confuso, mas tem graça.

Bem vistas as coisas, «mas» significa política. Cavaco não gosta de mas. Isto de as pessoas se oporem umas às outras, de as circunstâncias mudarem, de ser necessário fazer escolhas, nunca lhe agradou. O que é bonito é o consenso.

Acontece que Cavaco é sonso quando pede consenso. Na verdade, Cavaco é um consonso: deseja o consenso desde que seja em torno da sua opinião. O povo português deu duas maiorias absolutas a Cavaco Silva e elegeu-o Presidente por duas vezes à primeira volta. Mas lá está, desta vez não lhe fez a vontade. Portugal pode estar menos estável, mas está mais interessante.

Fonte : Ricardo Araújo Pereira @ Visão

segunda-feira, outubro 19, 2015

O Panteão já está a arder?

No seu mundo ideal, aquele mundo platónico onde se imagina diariamente triunfal e em que também é presidente das Nações Unidas, por obra sua acabou-se finalmente com o Benfica. E por unanimidade e aclamação, como não podia deixar de acontecer. Perante esta grossa novidade, é feliz. O Benfica deixou de existir. 


De um momento para o outro, o maléfico rival evaporou-se, desintegrou-se, explodiu, tossiu três vezes e morreu. Bruno Miguel já pode abrir as portas do seu estádio para vender bifanas a 20 euros a unidade que ninguém fará pouco dele. E, melhor ainda, sobre as ruínas do Estádio da Luz ergue-se agora, com majestade, um parque temático celebrando a vida do grande líder que não só conseguiu apagar o Benfica da face da Terra como também, pelos ares, se mostrou de uma eficácia tremenda. Exterminou com um piscar de olhos a transportadora Fly Emirates acusada de associação criminosa num processo que levou de vencida no Tribunal de Haia e lhe granjeou admiração mundial.



É, portanto, um homem satisfeito num mundo perfeito. E foi magnânimo na vitória. Do ex-Benfica, praticamente, só reclamou para si o património imaterial do defunto rival alegando que não sendo o parente mais próximo era, sem dúvida, o vizinho mais próximo o que lhe conferia direitos de que não pretendia abdicar. Com naturalidade e justiça, viu-se a sair em ombros da reunião em que anunciou à banca e aos patrocinadores o legítimo e súbito enriquecimento do seu currículo pessoal em mais 34 campeonatos nacionais, mais 25 Taças de Portugal, mais 5 Supertaças e ainda 2 Taças dos Campeões Europeus. Isto sem esquecer as 5 infames Taças da Liga que também pertenciam ao falecido. Abichou tudo. Foi de arromba.


A única contrariedade neste mundo ideal é que, por incrível que pareça, tendo conseguido num passe de mágica fazer evaporar o Estádio da Luz e todos os que estavam lá dentro, não conseguiu fazer o mesmo ao Panteão nem ao homem negro que continua lá dentro. Equaciona neste momento um bombardeamento cirúrgico ao mono de Santa Engrácia desde que seja ele, Bruno Miguel, a pilotar a avioneta. E não lhe deve ser difícil arranjar a autorização visto que também é presidente das Nações Unidas, ponto.

Fonte: Leonor Pinhão @ Correio da Manhã

quinta-feira, outubro 15, 2015

Análise e interpretação dos resultados eleitorais

Uma antiga má vontade contra as humanidades tinha um lema: "Letras são tretas". O argumento era o seguinte: ao passo que os números não deixam margem para interpretações, um leitor pode dizer de um poema, por exemplo, o que lhe apetecer. Esta semana ficou mais claro do que nunca que este argumento não é verdadeiro. Ninguém pode dizer que Os Lusíadas contam a história de três porquinhos que procuram construir casas para se protegerem de um lobo malvado. Mas, após estudo minucioso dos resultados eleitorais, os líderes dos principais partidos concluíram, todos, que tinham vencido as eleições. "Números são tretas", pode agora dizer, com propriedade, um estudante de letras.

No entanto, o principal debate político do dia das eleições ocorreu em Setúbal. Um eleitor dirigiu-se a uma assembleia de voto e foi impedido de votar porque os cadernos eleitorais indicavam que estava morto desde 2013. Esta divergência entre o eleitor e os cadernos eleitorais revelou-se menos polémica do que a discussão acerca de quem venceu as eleições, e acabou por ter uma conclusão clara: venceram os cadernos eleitorais. O eleitor voltou para casa porque não foi capaz de argumentar contra os documentos oficiais, e concluiu-se que não poderia votar. Dias depois das eleições, o eleitor continua a alegar que está vivo, mas a ficção acerca de finados que regressam da campa ensina-nos que este tipo de cidadão nem sempre diz a verdade. Pessoalmente, gostava de sugerir algumas soluções para problemas deste tipo. Em primeiro lugar, e verificando-se sem margem para dúvidas que o eleitor em causa está, de facto, vivo (requerendo, para isso, mais do que a sua palavra de honra), é preciso fazer uma reforma profunda da documentação oficial portuguesa. Além de fazer a limpeza dos cadernos eleitorais, para os expurgar de mortos, há que fazer igualmente a limpeza dos registos de óbito, para os expurgar de vivos.

Em segundo lugar, creio que a lei deveria prever casos semelhantes a este, no futuro. Na minha opinião, um defunto que se dá ao trabalho de se dirigir a uma assembleia de voto deveria ser autorizado a exercer o seu direito. Há cidadãos vivos com menos afeição pela República.

Fonte: Ricardo Araújo Pereira @ Visão

segunda-feira, outubro 12, 2015

Frases - XX


"A verdadeira motivação vem de realização, desenvolvimento pessoal, satisfação no trabalho e reconhecimento."
 - Frederick Herzberg 

domingo, outubro 11, 2015

Um colégio na Suíça

Enquanto o Benfica demora eternidades a negociar o prolongamento do seu vínculo contratual com o indispensável Júlio César, o Sporting conseguiu em menos de uma semana resolver as injustiças de algumas situações internas duplicando o ordenado do seu presidente e triplicando o ordenado do seu lateral-esquerdo Jefferson. Também Teo Gutiérrez está na calha para lhe ser, no mínimo, triplicado o vencimento, tendo em conta as celebrações nas redes sociais oficiais suscitadas pela sua entrada feroz sobre André Carrillo no decorrer do jogo entre a Colômbia e o Peru a meio da semana.

Trinta e dois anos depois, a selecção portuguesa vai voltar a França para disputar a fase final de um Campeonato da Europa. As memórias de 1984 estão carimbadas pelo génio absoluto de Fernando Chalana. Veremos quem entre os nossos jogadores do presente se atreverá a marcar o torneio de 2016 com a distinção do seu talento. Candidatos, há uns poucos, Chalanas é que já não há mais.

Para Bruno de Carvalho poder vir a exercer na idade adulta, com modos básicos e maneiras elementares, o cargo de presidente de qualquer Junta, Fundação, agremiação social ou até desportiva - e nem refiro especificamente o Sporting - teria sido imprescindível que, logo na sua mais tenra idade, os previdentes serviços de assistência do Estado não tivessem hesitado em mandá-lo a educar num colégio na Suíça. E, mesmo assim, há dúvidas se não seria grande o desperdício do bom zelo helvético neste caso particular e tão desesperado.

Ainda a propósito da Suíça do esmero educativo e dos relógios de cuco, note-se que duas poderosas organizações sediadas naquele país viram os seus presidentes afastados de todas as funções por suspeitas de desvios de milhões em proveito próprio. O Comité de Ética da FIFA, composto por uns quantos velhotes educados com esmero em colégios suíços, decidiu suspender Joseph Blatter e Michel Platini das presidências da FIFA e da UEFA enquanto prosseguir o inquérito policial às alegadas actividades criminosas destes dois dirigentes que, entre outras disparidades no consumo, decretaram um limite máximo de 200 francos suíços para o valor dos 'souvenirs' atribuíveis pelos clubes de futebol do Mundo inteiro aos árbitros que os visitam. Para Blatter e Platini, o limite era o quase tudo. Para os árbitros, quase nada. Depois dá nisto.

Fonte : Leonor Pinhão @ Record


sábado, outubro 10, 2015

John Lennon - 75 anos


John Lennon, nasceu em Liverpool a 9 de Outubro de 1940, faria ontem 75 anos, foi um músico, que integrou uma das maiores bandas da década de 60 e conjuntamente com a sua mulher, Yoko Ono, marcaram o mundo artísticos com as suas obras experimentais e todos com as suas acções a favor da paz.

domingo, outubro 04, 2015

Jorge Palma - Ai, Portugal, Portugal



Tiveste gente de muita coragem
E acreditaste na tua mensagem
Foste ganhando terreno e foste perdendo a memória

Já tinhas meio mundo na mão
Quiseste impor a tua religião
E acabaste por perder a liberdade a caminho da glória

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera e outro no fundo do mar

Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Tiveste muita carta para bater
Quem joga deve aprender a perder
Que a sorte nunca vem só quando bate à nossa porta

Esbanjaste muita vida nas apostas
E agora trazes o desgosto às costas
Não se pode estar direito quando se tem a espinha torta

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera e outro no fundo do mar

Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Fizeste cegos de quem olhos tinha
Quiseste pôr toda a gente na linha
Trocaste a alma e o coração pela ponta das tuas lanças

Difamaste quem verdades dizia
Confundiste amor com pornografia
E depois perdeste o gosto de brincar com as tuas crianças

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera e outro no fundo do mar

Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar

Ai, Portugal, Portugal
De que é que tu estás à espera?
Tens um pé numa galera e outro no fundo do mar

Ai, Portugal, Portugal
Enquanto ficares à espera
Ninguém te pode ajudar


Artista : Jorge Palma
Musica : Portugal, Portugal 

sábado, outubro 03, 2015

Andam mosquitos por cordas

O treinador do Sporting, lá longe em Istambul, disse que a revelação "online" do seu contrato de trabalho em nada o apoquenta porque nada tem a esconder. O que é, certamente, verdade. Por sua vez, a entidade patronal disse, em comunicado, que vai pedir às autoridades competentes "uma investigação" que permita desvendar a autoria de mais este roubo de que foi vítima. Neste caso específico não se tratou nem de um penálti, nem de um golo mal invalidado nem da expulsão de campo do presidente ou do treinador, à vez. Não, nada dessas coisas corriqueiras que estão sempre a acontecer nos campos de futebol. 
Desta vez roubaram ao Sporting meia dúzia de folhas A4 preenchidas com um contrato de trabalho impresso em papel elegantemente timbrado com o sinete do clube e assinado na sua última página pelo treinador e pelo presidente, também à vez como facilmente se imagina. À partida foram estas as duas primeiras pessoas a possuir o documento que terão rubricado pelos seus próprios punhos pelos primeiros dias de junho. Agora, que apareceu na "net" e que já toda a gente sabe, indevidamente, os pormenores mais pitorescos do contrato de Jorge Jesus com o Sporting, fica a grande dúvida sobre o ponto de origem que permitiu que todas esta inconfidências fossem assunto de conversa nos cafés e nos transportes públicos de norte a sul do País. 
A verdadeira questão é esta: o contrato que chegou a público saiu da gaveta da cómoda estilo Império de Bruno de Carvalho ou da gaveta das ferramentas da garagem de Jorge Jesus? A dúvida é premente e daí ser muito bem-vinda uma investigação policial ao caso sobretudo se vier a provar, como se aguarda a qualquer momento em Alvalade, que nem o presidente nem o treinador do clube têm responsabilidade na matéria visto que o contrato foi roubado e publicitado por um benfiquista, por certo residente em Carnide, maliciosamente disfarçado de engenheiro hidráulico do Recreativo de Caála, aquele simpático clube angolano do senhor Mosquito que tem sempre as portas abertas no Lumiar. 
Será festejada com três horas de discurso presidencial esta feliz conclusão do caso de mais um roubo ao Sporting com assinatura benfiquista. 


Outras histórias 
O silêncio é de ouro, ou não 
O Benfica venceu o primeiro jogo fora da temporada e escolheu um dos melhores sítios para quebrar esse enguiço. Foi ganhar a casa do At. Madrid e nem se pode dizer que tenha tido a sorte do jogo. Aconteceu apenas ao Benfica fazer tudo para ganhar e ter na baliza o Júlio César que é muito melhor do que o Oblak, como ficou demonstrado repetidas vezes. Este Benfica mais recente tem vivido alegremente às costas de Jonas e de Gaitán e da pontaria de uma criança, Gonçalo Guedes. E, afinal, até parece que Rui Vitória percebe um bocado da coisa. Por isso mesmo estão todos de parabéns. O presidente do Benfica também está de parabéns porque, assim que acabou o jogo desancou forte, feio e merecido no punhado de "arruaceiros" das tochas que viajaram de Lisboa até ao Vicente Calderón não para apoiar a equipa de futebol mas para "envergonhar" o clube. Esteve bem Vieira ao afrontar estes vandalismos na quarta-feira. Também já estivera bem no domingo ao não dar troco ao presidente do Sporting. 

Sobe e Desce 
Sobe: 
Uma rapidez fulminante - Julen Lopetegui - Notável a rapidez de Lopetegui a abandonar Moreira de Cónegos à primeira questão sobre a sua tão propalada "rotatividade". 

Que semana inesquecível - Gonçalo Guedes - Na mesma semana estreou-se a marcar no campeonato e na Liga dos Campeões. Para 18 anos, não está mal, não senhor. 

Stand-up histórico - Bruno de Carvalho - Esteve duas horas de pé para proferir um discurso que já é considerado, por unanimidade e aclamação, um caso de estudo. 

Pérola 
"Prostituição? Falava dele próprio porque saberá de onde saiu", Carlos Pereira 


Fonte: Leonor Pinhão @ Correio da Manha

Efectivamente não há dinheiro

Nem na melhor literatura se encontra um retrato tão vívido do País: em Portugal, nem nos programas eleitorais há dinheiro
Após a análise cuidada que fiz dos programas eleitorais do PS e da coligação PàF, a primeira coisa que quero revelar ao cidadão indeciso é que o programa do PS tem muito mais austeridade do que o da PàF. Talvez deva explicar que a expressão "análise cuidada" significa, em termos práticos, que estive a brincar com a ferramenta de pesquisa do documento digital de ambos os programas, e que andei entretido a procurar as palavras que se repetem mais vezes. No programa do PS, a palavra "austeridade" aparece 20 vezes; no da PàF não aparece nenhuma. Como interpretar este dado, indubitavelmente importantíssimo? A PàF não deseja aplicar mais austeridade, e por isso não a refere? Ou tem a austeridade de tal modo arreigada no programa que chega a ser austera relativamente ao número de vezes que a menciona? Não sei. A resposta a essa pergunta requereria a leitura integral de um documento de propaganda política, o que, por razões de saúde, nunca faço.


Outra palavra que (como toda a gente, creio) tive curiosidade de procurar nos programas foi "efectivamente". Tenho, pelo termo "efectivamente", um carinho especial. Normalmente, pode ser suprimido sem qualquer prejuízo. Os utilizadores da palavra "efectivamente" costumam desejar, apenas, preencher algum tempo sem dizer nada de especial. Nessa medida, acaba por ser surpreendente que haja tão poucas ocorrências em ambos os programas: sete vezes no da PàF e apenas 4 no do PS.


Nas referências a escalões etários, o PS leva larga vantagem. Refere 26 vezes os idosos (apenas 9 referências no programa da PàF) e 76 vezes os jovens (contra 39 da PàF). No entanto, nenhum dos programas se refere a pessoas como eu, que não são jovens nem idosas. Nem os ideólogos do PS nem os da PàF pensaram nas pessoas de meia-idade, o que se lamenta. As pessoas de meia-idade mereciam ser alvo de algumas medidas concretas, quanto não seja porque são elas que aturam quer os idosos, quer os jovens.


Talvez o mais interessante seja a referência à palavra "dinheiro", que tem apenas uma ocorrência no programa do PS e duas no da PàF. Nem na melhor literatura se encontra um retrato tão vívido do País: em Portugal, nem nos programas eleitorais há dinheiro.


Fonte : Ricardo Araújo Pereira @ Visão

Desporto de fim de semana - 2024/03/16

Sábado, 2024/03/16  - 14:00 - Futebol - Fc Penafiel -v- SL Benfica B - Liga Portugal 2 | 23/24 - Jornada 26  - 15:00 - Basquetebol - SL Ben...