sábado, agosto 27, 2016

Até o miúdo corou

A 2.ª jornada da Liga terminou com tais sucessos que o presidente do Sporting não se aguentou. Veio na melhor altura este deslize caseiro do Benfica. Chegou muito a tempo para pôr termo ao sentimento generalizado entre os benfiquistas de que quem ganha três campeonatos de seguida, inevitavelmente ganharão o quarto. serve o remoque não só não só para os adeptos como também para os jogadores, treinadores, dirigentes e até para a própria águia "Vitória" que, no voo inaugural da temporada, descendo em círculos lá das alturas até quase à relva, iparecia sorrir de tão confiante na linha da trajectória. É verdade que pousou no sítio certo, ao contrário da equipa de futebol.

A segunda jornada da Liga terminou com tais sucessos que o actual presidente do Sporting não se aguentou. Correu a elogiar "o esforço e empenho dos árbitros da 1.ª categoria para fazerem boas exibições", correndo, no fundo, para se elogiar a si próprio (subliminarmente) por ser tão esperto, ainda que sem suporte para tal. Com o respeito devido, de esperto não tem nada. Terá siso, aliás, francamente embaraçante para a classe do apito. E ainda mais para os seus dirigentes. Também para o prometedor filho do novo presidente do Conselho de Arbitragem era mais do que dispensável esta celebração. O miúdo até corou.

O Benfica joga hoje na ilha da Madeira contra o Nacional. Como estamos no verão, é provável que não caia nevoeiro e haja jogo. Na temporada passada, o Nacional-Benfica foi interrompido por causa do nevoeiro, reatado na manhã seguinte e o Benfica, apesar de não se ver bem, ganhou com clareza. Mas não foi por causa do nevoeiro que o Benfica ganhou. Foi porque correu muito mais que o adversário. Foi isso. A maior desconsideração ao nosso Luisão anda por aí a ser cometida pelos nossos adversários, que de tanto clamarem pela sua presença em campo estando ele magoado-, mais não sugerem que o nosso Luisão em campo já não é o que era, o que muito lhes apraz pelos vistos. pior seria, no entanto, se desatassem todos a gritar que o Luisão mente na idade - como fizeram com o Renato Sanches - mas por excesso, não por defeito, porque tem 10 anos a menos do que diz a sua certidão de nascimento. Ainda havemos de chegar a esta maravilha.

A Liga dos Campeões promete. Cabe ao Porto provar que o Leicester não passa de um fenómeno efémero, cabe ao Sporting perdoar a Cristiano Ronaldo qualquer coisinha e cabe ao Benfica continuar a fazer boa figura na prova. E já é um pau.


Fonte: Leonor Pinhão @ record

Uma aparição sensacional

Andava há mais de três anos desaparecido, e a sua ausência, feita de mágoa, um enorme transtorno vinha causando entre as hierarquias da sua jurisdição, que era amplíssima. Falava-se já na urgência da sua substituição e cardeais não faltavam a querer-lhe o lugar e a insinuar, em público e em privado, que o seu tempo tinha chegado ao fim. 

Gente precipitada, está-se a ver. Bastaram-lhe 48 horas como antigamente para que todos dessem o dito por não dito e celebrassem uns – e lamentassem outros – este facto indesmentível: Pinto da Costa repontou, emergiu, voltou. 

Ressuscitou do seu limbo de três anos, período em que raramente foi visto ou ouvido a perorar sobre as ocorrências da sua paróquia e das paróquias alheias no que às coisas da bola diz respeito, tendo, porém, aberto uma honrosa exceção por ocasião do categórico triunfo do seu emblema na última edição da Volta a Portugal em bicicleta. 

A sua reaparição aconteceu na noite de terça-feira, no culminar de uma campanha desportiva como há muito não se via: o Benfica empatou no domingo na Luz com o V. Setúbal e, passadas 48 magníficas horas, o Porto foi a Roma dizimar a AS Roma, que, por sua vez, se autodizimara uma semana antes no Dragão e se voltou a autodizimar no Estádio Olímpico da Cidade Eterna. 

É caso para se dizer que o grande reforço do Porto nestes dias finais do mercado de verão não será o pequeno Óliver nem o grande Depoitre, mas sim o próprio presidente do clube e da SAD, Jorge Nuno Pinto da Costa, a quem bastou um empate caseiro do Benfica e os 12 milhões já garantidos da Liga dos Campeões para recuperar o dom da palavra. Foi a Roma e voltou Papa. 

E de que falou ele, neste seu sensacional regresso à vida quotidiana a poucos dias de ir jogar com o Sporting? Falou do Benfica, naturalmente. E de árbitros, menos naturalmente. Porque é impossível ouvir Pinto da Costa falar de árbitros sem nos lembramos dele, precisamente, a falar com árbitros prestando aconselhamento matrimonial aos seus familiares biológicos. 

Está, assim, montado um ambiente escaldante para o clássico de amanhã. Será um Sporting-Porto estimulado dos dois lados pelo excesso de confiança no colapso do Benfica, o que não deixa de ser um grande exagero. 

Nem o Benfica vai levar com o árbitro Manuel de Oliveira nas 32 jornadas que faltam, nem o Sporting vai levar com o árbitro representante oficial da sua marca de equipamentos nas mesmas 32 jornadas que faltam, nem o Porto vai apanhar com o árbitro polaco de Roma em todos os jogos até ao fim do campeonato dos portugueses. Haja comedimento. 



Outras histórias 
Displicência do Benfica e moscas 
"Tetra" devia ser uma palavra proibida no Estádio da Luz 
Não fosse a Telma Monteiro e a comitiva olímpica portuguesa teria regressado do Rio de Janeiro sem medalhas – embora carregada de diplomas (bem bom!) – e se não fosse a mesmíssima Telma Monteiro os adeptos do Benfica que encheram a Luz no domingo teriam abandonado o recinto sem um único motivo para sorrir depois de uma exibição displicente da sua equipa e de uma atuação nada displicente do árbitro da partida com o Vitória de Setúbal. 

Telma surgiu nos ecrãs do estádio, minutos antes do início do jogo, para incentivar o público da casa – da sua casa, acrescente-se – a incentivar a equipa de Rui Vitória a incentivar o próprio Rui Vitória e por aí adiante numa lógica de incentivos sem fim… A ideia foi excelente mas não resultou no pretendido. Com o cenário da Cidade Maravilhosa às costas, a campeã de judo terminou com um "rumo ao tetra!" que empolgou as bancadas mas não chegou ao relvado. Aliás, "tetra" devia ser uma palavra proibida na Luz. Por causa das moscas. 



Sobe e Desce 
Sobe 
Três em Roma - Pinto da Costa 
Dar três em Roma não é para qualquer um. E, assim, seguiu alegremente o Porto para o sorteio da Liga dos Campeões, que é logo outra louça. E com muito mérito 


Desce 
Não é inquebrável - Maxi Pereira 
O afinal não-inquebrável uruguaio que deliciou a Luz e delicia agora o Dragão viu-se abalroado na Cidade Eterna (como ele) por um De Rossi que acabou expulso. 

Multa à vista - Duarte Gomes 
Por ter afirmado na SIC que o golo do Vitória na Luz foi obtido em posição irregular, o comentador Duarte Gomes pode vir a ser multado pela Liga de Clubes. 


Pérola 
"Ó Manuel, tens alguma coisa contra mim?", Rui Vitória


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha

Brincar aos reclusozinhos

Quando se soube que o tribunal tinha autorizado Ricardo Salgado a ir passar as férias à sua casa da Comporta, os invejosos do costume indignaram-se: como era possível que um homem que devia estar detido fosse passar férias a uma casa que devia ter sido arrestada, gastando dinheiro que devia ter sido confiscado? Começo a ficar cansado destas pessoas, que não percebem a sorte que têm. A justiça, em Portugal, é divina. Nada se assemelha mais ao reino dos céus do que o sistema judicial português: é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar na prisão. Ricardo Salgado pode ter uma mansão em Cascais mas, por mais que tente, não consegue lugar num quartinho modesto de dois metros por dois na Carregueira. E, como é sabido, os prazeres simples são os melhores da vida. Não é fácil ser rico em Portugal.

Do ponto de vista semântico, a vida de Ricardo Salgado não é melhor. As palavras têm importância, pelo menos para mim. É muito frequente ir a um destes novos restaurantes e constatar que retiro mais prazer da leitura da descrição do prato do que da degustação da comida em si. Ora, como todos sabemos, quem leva a vida mais privilegiada em Portugal são os ciganos. Tanto nas tascas como na televisão, importantes cientistas sociais informam-nos que a generalidade dos ciganos vive à conta de benesses do Estado. Deve ser um modo delicioso de viver e, no entanto, é inacessível a Ricardo Salgado. O que ele faz é aproveitar inteligentemente amnistias fiscais. De acordo com os jornais, entre 2005 e 2011 aproveitou três, regularizando 26 milhões de euros não declarados, pagando uma taxa insignificante de imposto. Trata-se de uma existência triste, que nada tem a ver com viver à conta de benesses do Estado. Primeiro, consiste em aproveitar, que é o que se faz aos restos. Segundo, é uma manobra inteligente, pelo que deve dar trabalho. Terceiro, trata-se de uma amnistia, que é um instituto tão reles que, nos Estados Unidos, o Presidente o reserva para perus. Deprimente.

Na raiz desta discriminação está, parece-me, um preconceito relativo à maneira de vestir. Salgado usa colarinho branco. Se vestisse colarinho preto, talvez tivesse a fama dos ciganos. De resto, milionários e ciganos mantêm estilos de vida quase iguais: tanto uns como outros só casam dentro da sua comunidade, e normalmente fazem casamentos de arromba. É uma injustiça que uns tenham a fama e outros o proveito. A fama é a melhor,


Fonte: Ricardo Araújo Pereira @ Visão

segunda-feira, agosto 22, 2016

O problema das soluções

Se há motivo para que os adeptos do Benfica estimem o seu treinador – para além do facto de já lhes ter oferecido um campeonato, uma Supertaça e uma Taça da Liga ao cabo de um ano ao serviço – é a sua prudente oratória. Na temporada passada, a sua temporada de estreia absoluta no comando da equipa da Luz, só por uma vez se aventurou Rui Vitória no abuso da palavra. E foi com estrondo, como estarão recordados. 

Nas vésperas de receber o Sporting, na Luz, em jogo da primeira volta da Liga, poucas semanas depois de ter perdido para o mesmo adversário a discussão da Supertaça no Algarve, Rui Vitória decidiu provocar o rival com uma frase que haveria de pagar caro: "Vamos defrontar 11 jogadores do Sporting, não sei se são uma equipa", disse, e por certo se arrependeu do que disse. O Benfica espalhou-se ao comprido no segundo dérbi dessa época inesquecível que haveria de terminar em beleza em maio embora em outubro nada, mesmo nada, fizesse prever um final como se acabou por ver. 

O certo é que Rui Vitória aprendeu a lição e tão bem e tão dolorosamente foi aprendida que nunca mais ninguém o ouviu a atrever-se na arte na fanfarronice, que, em boa verdade, não é arte nenhuma. É apenas fanfarronice, esse lamentável pecado de muitos oradores. 

Voltemos ao tempo presente. A lesão de Jonas no jogo com o Sp. Braga que decidiu a Supertaça, e sendo Jonas o jogador que é – magnífico –, terá preocupado mais os adeptos do Benfica do que o treinador do Benfica. A impossibilidade de contar com Jonas no jogo inaugural do campeonato, em Tondela, a todos deixou em sobressalto. Só o treinador não tremeu, aliás como lhe compete. Nas vésperas do jogo contra os "Petits" – que são tramados –, Vitória desvalorizaria a baixa do seu melhor jogador e maior goleador dizendo que "no Benfica não há dramas, há soluções". Que confiança, hein? E se a coisa corre mal? 

Mas correu bem. O Benfica ganhou por 2-0 sem Jonas. E, para reforçar a confiança do treinador do Benfica no seu plantel, Vitória ainda foi buscar Lisandro ao baú das "soluções" quando Luisão se foi abaixo, tendo o argentino correspondido da melhor forma. Marcou o primeiro golo do Benfica nesta Liga poucos minutos depois de ter entrado em campo. É verdade que as ocorrências da jornada número 1 acabaram por dar razão ao treinador do Benfica no que diz respeito a "soluções". No entanto, sabendo toda a gente que até ao fim da prova faltam 33 jornadas repletas de ocorrências que não se podem adivinhar, a maneira mais eficaz de prevenir os "dramas" será sempre não apregoar as "soluções". Como Rui Vitória sabe melhor do que ninguém, há frases soltas que podem assassinar uma época. 



Outras histórias 

Novela Rafa com desfecho inesperado  
As imortais capacidades negociadoras de Pinto da Costa 
O Benfica pode perder o seu "capitão" mas terminou a semana contratando um comendador. Rafa junta-se a Eliseu, o outro comendador do Benfica. Nenhum deles é "aurélio" – com o respeito devido a Aurélio Pereira – mas ambos são campeões europeus condecorados pelo Presidente da República assim que terminou, em glória, o Euro 2016. A novela Rafa, que tanto entreteve o público, chegou ao último episódio com um desfecho inesperado para quem confiava nas imortais capacidades negociadoras de Pinto da Costa. Muitos cientistas sociais vão apressar-se a concluir que Rafa desperdiçou de propósito uma oportunidade de golo na decisão da Supertaça com o Benfica. Vão insinuá-lo para compensar o respeitável desgosto. No entanto, na história dos falhanços de baliza aberta neste século XXI do nosso futebol nenhum se compara em espetacularidade ao de Bryan Ruiz no dérbi decidido por aquele golo solitário de Mitroglou, mas aí a culpa não foi do Benfica. Foi da relva. Investigue-se a relva. 



Sobe e Desce 

Sobe 
André Horta - 15 dias de sonho 
No seu primeiro jogo oficial pelo Benfica, ajudou à conquista da Supertaça, no seu segundo jogo marcou um lindo golo e festejou-o assim. Como sempre sonhou. 

Nolito - Cresce e aparece 
O espanhol baixinho que não tinha consistência para jogar no Benfica já é titular do Manchester City e deixou a sua marca no jogo com o Steaua de Bucareste. 


Desce 
Rúben Neves - Entrada sem efeito 
Ficou assim inconsolável o jovem Rúben Neves quando percebeu que o treinador mudara de ideias e que não seria ele o substituto de Otávio no jogo com a Roma.


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha

sexta-feira, agosto 19, 2016

Menina estás à janela pagando mais IMI

Quando Vitorino imortalizou o tema popular “Menina estás à janela”, creio que estaria longe de imaginar que o tema se transformasse num hino sobre o sistema tributário português. Tem havido um divórcio tão persistente quanto arreliador entre a música portuguesa e o sistema tributário, e já era altura de lhe pôr termo. Ouvida hoje, a canção narra um mais que provável caso de corrupção de um agente do fisco, que contempla uma cidadã – a menina que está à janela. A circunstância de a contribuinte ter o cabelo à lua revela que o imóvel possui vista desafogada e boa exposição ao sol (e a astros em geral). O fiscal diz-lhe então que não irá dali embora sem levar uma prenda da menina, supõe-se que como contrapartida para não lhe agravar o imposto.

O suborno é apenas um dos modos de contornar as novas regras do IMI. Creio que o agravamento do imposto para casas com vista agradável pode ser uma boa oportunidade para novos negócios, como o da instalação de mamarrachos provisórios. Uma empresa que construa barracos à porta de edificações novas e os mantenha até à vistoria pode ser muito interessante para proprietários que desejem vistas feias até à visita do fiscal e bonitas a partir daí. Fica a sugestão de empreendedorismo.

Por outro lado, o imposto seria mais justo se as vistas bonitas fossem penalizadas e as feias fossem bonificadas. Assim, a compra de habitações em Albufeira poderia passar a ser um investimento imobiliário dos mais rentáveis.

Outro caso desta semana ajudou igualmente a compreender melhor a relação dos portugueses com os impostos. A Galp, que tem um contencioso com o Estado por não querer pagar certos impostos, pagou viagens a três secretários de Estado. Demonstra-se mais uma vez que os contribuintes não se importam de entregar dinheiro ao Estado, desde que tenham confiança na sua boa utilização. O problema talvez seja menos o de desconfiarmos que algum dinheiro dos nossos impostos vai ser usado pelos governantes em benefício próprio, e mais o de lamentarmos que eles não saibam a que contribuinte específico pertence o dinheiro que estão a usar em benefício próprio. Desde que isso fique esclarecido, está tudo bem. Donativos anónimos geram gratidão sem destinatário. É um desperdício de gratidão.


Fonte: Ricardo Araújo Pereira @ Visão

segunda-feira, agosto 15, 2016

Com relva ou sem relva

No ano passado, o Benfica espalhou-se ao comprido na sua primeira deslocação a contar para o campeonato, perdendo com o Arouca em Aveiro, lembram-se? O campo dos arouquenses não reunia ainda condições para receber um jogo da Liga principal e foi recebida - com desmesurado optimismo - a notícia da transferência desse compromisso para um palco capaz, construído e inaugurado por ocasião do Euro'2004. Um brinquinho. E 3 pontos perdidos.

Este ano, o Benfica estreia-se com uma saída a Tondela depois do triunfo na Supertaça. Apesar de o relvado dos tondelenses se apresentar com um 'visual' diferente do regulamento, o jogo vai mesmo realizar-se na casa própria da equipa que, na última época, esteve quase, quase a descer de divisão. Ao contrário do que possa parecer não é uma má notícia para o Benfica. Com tantos extremos à disposição, Rui Vitória só tem de atirar para campo aquele que for mais apto em correr no saibro. E depois é confiar que a equipa, n seu conjunto, saberá fazer o seu trabalho.

Diz a experiência que é sempre melhor confiar na equipa do que confiar na relva. Foi por confiar na relva que o Benfica perdeu no ano passado com o Arouca em Aveiro. Ficou a lição.

E pronto, lá se acabou o defeso que, este ano, de defeso propriamente dito teve muito pouco. O campeão estival voltou a ser o Sporting. E de que maneira. Desde o seu último jogo oficial da temporada de 2015/2016 até ao dia de hoje - em que inicia a caminhada correspondente a 2016/2017 - o Sporting não só conquistou a Algarve Summer Cup frente ao Nice sem paciência para penáltis como ainda anunciou a conquista retrospectiva de mais 4 títulos de campeão nacional respeitantes a temporadas que terão tido o seu auge há mais de 80 anos.

Tendo em conta que na primavera de 2015 quando se cumpriu o segundo ano do seu mandato, o presidente do Sporting tornou público que 'em termos de gestão o Sporting já conquistou uma Liga dos Campeões e foi campeão nacional' já são 5 os títulos de campeão de Portugal somados pela actual gerência em 3 anos de exercício. Facciosismos à parte até são 6 visto que já foi oficialmente inaugurado no museu do clube o espaço destinado a receber o troféu do campeão nacional da época de 2016/2017 que arranca hoje. Em 3 anos de mandato, 6 títulos de campeão de Portugal e uma Liga dos Campeões no bornal. Um caso de estudo. Pena já não haver estudantes.


Fonte: Leonor Pinhão @ Record


sábado, agosto 13, 2016

Querem ópera? Vão a Tondela!


Esgotaram em pouco mais de uma hora os bilhetes para o Tondela-Benfica de logo à noite. A meio da semana, Kaká, o defesa-central dos donos da casa, respondeu com acerto a um jornalista que lhe perguntou pelo nome do jogador do Benfica que a sua equipa mais temia.


"O Benfica funciona como um grupo" disse, sem perder tempo, o veterano jogador brasileiro com uma sagacidade porventura inesperada para quem ainda não percebeu a verdadeira razão de fundo do tão celebrado tricampeonato. O Benfica joga hoje em Tondela, portanto.

Trata-se do arranque da Liga, da primeira vez que o Tondela recebe no seu campo o Benfica e da prova consumada de que é o Benfica o Pai Natal do futebol português, por muito que isto doa a alguma gente mas não, certamente, aos tesoureiros dos clubes por onde o Benfica passa. É que o preço de um assento na bancada do Estádio João Cardoso em Tondela anda à volta do preço de um lugar de plateia no Teatro Nacional de São Carlos no Chiado.

Antigamente – e nem foi assim há muito tempo… – dizia-se "Querem ópera? Vão a São Carlos!" sempre que as nossas equipas de futebol produziam exibições abaixo daquele nível mínimo aceitável e quando a maioria dos nossos campos de futebol estavam muito longe de ter as condições de conforto e de salubridade exigíveis pelo estimado público. Entretanto, garantem-nos, o futebol em Portugal modernizou-se.

Modernizou-se tanto e tão rapidamente que, por exemplo, a Liga de Clubes deu a sua autorização para que o Tondela-Benfica seja disputado num recinto que não apresenta um palco em condições de favorecer – ou, pelo menos, de não atrapalhar – a qualidade do espetáculo. Como se não bastasse tamanha desfaçatez, a nossa Liga ainda benzeu a tabela de preços dos bilhetes postos à venda para a função desta noite.

Contam todos para este abuso com a tradicional bonomia do adepto da bola. Depois de pagar o bilhete e de se sentar na sua cadeirinha estofada a preceito, um aficionado do belo canto não aceitaria que o palco do São Carlos se apresentasse esburacado, limitando a arte dos seus intérpretes, ainda que os bilhetes fossem dados.

O adepto da bola aceita tudo. E, por isso mesmo, neste arranque da Liga de 2016/2017, a velha equação modernizou- -se e adaptou-se ao tempo presente: "Querem ópera? Vão ao Estádio João Cardoso em Tondela!" E vão, pois! Lá estarão, aos milhares, para ver o Benfica jogar sob protesto pelas lamentáveis condições do palco, porque, na verdade, ninguém acredita que os campeões nacionais não compareçam ao seu primeiro desafio, criando a Pedro Proença – trata-se do presidente da Liga em exercício – um merecidíssimo sarilho de todo o tamanho.



Outras histórias
Uma Supertaça e o caldo entornado 
Anda debater! Tu debates bem! Se perdermos, que se ….! 
O Benfica levou de vencida 9 dos últimos 12 títulos que se disputaram oficialmente no nosso país e a culpa, meus amigos, é dos árbitros. Com esta ideia, profundamente errada, ficaram todos os incautos que, por inércia ou por maldade, passaram a noite do último domingo diante da TV prostrados diante de uma quantidade impressionante de debates.

"Anda debater! Tu debates bem!", diria Cristiano Ronaldo inflamando o coro, isto se não tivesse outra ocupação. O tema central, inevitavelmente, era o triunfo do Benfica na Supertaça. Pois foi o árbitro mais uma vez que carregou com um troféu para o Museu Cosme Damião, gritou-se com fervor.

É verdade que João Capela e a sua equipa estiveram uns furos abaixo das duas outras equipas em campo, mas querer transformar, por decreto, um lance na meia-lua num lance dentro da área já não é demagogia, nem obediência, nem facciosismo. Já é doença. "Anda! Tu debates bem! Se perdermos, que se …!" E, pronto, foi mesmo o que aconteceu.



Sobe e Desce
Sobe
Pinto da Costa - Pedalada de dragão
Foi muito mais fácil ganhar a Volta a Portugal em bicicleta do que está a ser a contratação de um defesa-central para a equipa de futebol. É a magia do ciclismo.

Bruno de Carvalho - Caçando pokémons
No último apronto do Sporting antes do arranque da Liga, o presidente do clube terá caçado dúzia e meia de pokémons no Estádio do Algarve. Concentração total.


Desce
José Peseiro - Taças é que não
Terminou a última temporada a perder a final da Taça de Portugal para o Braga e iniciou esta época a perder a decisão da Supertaça para o Benfica. Pouca sorte.


Pérola
"Não conhecia o Depoitre mas era o jogador que o Nuno queria", Pinto da Costa (presidente do FC Porto)



Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha

domingo, agosto 07, 2016

O defeso já não é o que era

Agosto está aí à porta e ainda no outro dia foi Natal. O tempo voa 11 meses por ano. Mas o tempo em agosto não voa, arrasta-se penosamente por 31 dias até que, finalmente, se dê por encerrado o mercado de verão no que aos negócios do futebol diz respeito. É uma canseira, um delírio, uma psicose o corrente desfile de nomes de jogadores a comprar, a vender, a emprestar, a fugir e a falhar até chamadas à cabina de som. 

Faltam ainda, para que tudo sossegue, 33 dias deste estado de coisas que dá colorido às primeiras páginas dos desportivos e não só, mas que deixa os adeptos prostrados face a tanto noticiário avassalador prontamente desmentido pelas vias oficiosas mais do que pelas vias oficiais. 

A verdade é que já nem o defeso é o que era. Um bocadinho de "suspense", um golpe de teatro inesperado, uma traiçãozinha sempre foram coisas corriqueiras que animavam o nosso futebol quando o futebol metia férias. Mas este ano, perante a loucura mercantilista que se instalou, já nem os resultados dos jogos de preparação das nossas principais equipas interessam o pagode. 

Que importa ganhar, perder ou empatar um encontro "amigável" se podemos estar na iminência de perder a surpreendente dupla de centrais que tão importante foi para a conquista do tricampeonato? É nisto que pensam os adeptos do Benfica que nem a um mergulho no mar se abalançam com tranquilidade só de pensar que o Jonas se pode ir embora, o que seria um crime de lesa-tetra como se viu na 4ª feira. 

Qual interesse de uma vitória, uma derrota ou um empate em Badajoz se um primo afastado do João Mário correu a considerar no Facebook que os comentários do João Gabriel lá das Arábias têm melhor substrato do que os do novo diretor de comunicação do Sporting para quem o exílio, naturalmente, ainda parece ser um projeto distante. É assim: tudo serve para que todos se enervem e não é por causa dos árbitros. 

As notícias sobre os clubes europeus que pretendem jogadores da Luz indispõem os rivais porque acham que é mentira da propaganda e indispõem os benfiquistas porque temem que seja verdade. Já as notícias sobre outros clubes interessados em jogadores do Sporting indispõem os comandos de Alvalade porque, não sendo propaganda, só pode ser a máquina de desestabilização de Jorge Mendes a funcionar. 

Nisto vamos andar até ao final de agosto. Que conselhos se podem dar a quem mais sofre com este defeso abrasador? Pois que evitem apanhar sol na cabeça, que bebam muita, muita água e não prestem excessiva atenção a todos estes noticiários que só servem para vos distrair do essencial: o mercado, tal como o campeonato, não importa como começa. Importa é como acaba. 



Outras histórias 
Os espanhóis não podem ver nada   
A culpa de Lopetegui suceder a Del Bosque é de Fernando Santos   
Chegou ao fim a era de Vicente del Bosque na seleção espanhola e o balanço é portentoso. Com ele, "La Roja" ganhou tudo. Títulos europeus e mundiais e a merecida fama de ter sido a equipa que melhor futebol jogava em todo o mundo. Mas o tempo passa. O Mundial do Brasil e o último Europeu em França correram mal aos nossos vizinhos e a Espanha tem hoje um novo selecionador, o nosso extremamente bem conhecido Julen Lopetegui. A culpa de Lopetegui ser o sucessor de Del Bosque é de Fernando Santos. 

De Fernando Santos e da série de empates e das exibições assim-assim que os portugueses, os novos campeões da Europa, foram somando até chegar o dia da final e o golaço do impensável Éder. Não podem ver nada estes espanhóis e, por isso, correram a contratar Lopetegui na esperança de que muitos empates e muitas exibições assim-assim voltem a levar "La Roja" até à glória. E Bueno, José Ángel e Adrián López aguardam pela primeira convocatória do ex-treinador do Porto. Só podem. 



Sobe e Desce 
Relvado - A saliência mais rápida 
Entre as novidades em Alvalade, foi o relvado novo que se salientou na noite de apresentação aos sócios. A saliência ocorreu logo aos 32 segundos do jogo. 

Paulo Bento - Um senhor à despedida 
O único elogio que Paulo Bento recebeu no Brasil foi por se ter despedido dos jogadores do Cruzeiro um a um antecipando o próprio despedimento. Coisa pouca. 

Jonas - Efeito despertador 
Seguia morno, morníssimo, o jogo do Benfica com o Torino quando, por fim, Jonas entrou em campo para acordar com a sua arte a equipa e o público da Luz. Fácil. 



Pérola 
"Novela de João Mário é como Lindelof, Fejsa ou Jardel", Eduardo Barroso



Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha


Ser ou não ser preciso

O filho do presidente do Conselho de Arbitragem tem tanto direito a ser um jogador de futebol federado com têm os filhos das pessoas que nada têm a ver com apitos. Mesmo sabendo que se fosse ao contrário, se o Benfica tivesse contratado no berço o filho do chefe dos árbitros, já o rancho folclórico da vizinhança teria desatado as vozes numa gritaria em prol da verdade desportiva, nada há a condenar nem, muito menos, por onde suspeitar nesta que foi, até ao momento, a contratação mais sonante do Sporting neste mercado de verão.

Teóricos das conspirações descansem, respirem fundo. Não faz sentido que o Sporting tenha dispensado o seu director de relações internacionais porque não é preciso tal como não faz sentido que, o mesmo Sporting tenha contratado o filho do presidente do Conselho de Arbitragem porque é preciso. Nem uma coisa nem outra. Na realidade, o que é preciso é jogar à bola.

Também, garantem agora, é preciso um 'código de conduta' para prevenir os nossos governantes de viajarem à pala do futebol com as inerentes mordomias à pala de empresas e de outras instituições como bancos ou escritórios de advogados que negoceiam com o Estado. Nas últimas três décadas desta triste história, constituíram uma obscenidade as viagens do futebol português com governantes de todos os quadrantes na bagagem. 'É normal', diziam os organizadores aos 'desfasados da realidade' que os questionavam e, dito isto, que era normal, corriam a acender o charuto de mais uma pessoa 'very' importante acabadinha de chegar à porta do aeroporto. De muitos, de tantos aeroportos.

Demorou 30 anos a opinião pública a não entender como 'normal' este tipo de benesses. Registe-se o progresso. Sobre a urgência do anunciado 'código de conduta' para governantes, registe-se a vergonha. O 'código de conduta' que, na base, deveria produzir governantes só lhes chega ao nariz quando os governantes já se apresentam formalmente produzidos. E em funções. É o Mundo ao contrário.

O Benfica vai encontrar-se amanhã com dois adversários temíveis. O primeiro é o Sporting de Braga, uma boa equipa que chega à discussão da Supertaça por mérito próprio visto que venceu o Porto com grande clareza na final da Taça de Portugal. O segundo adversário é o convencimento de que a Supertaça não passa de um pró-forma e de que como aconteceu no ano passado, perdê-la no verão é garantia de uma primavera triunfante. E logo sem André Almeida."


Fonte: Leonor Pinhão @record


Desporto de fim de semana - 2024/03/16

Sábado, 2024/03/16  - 14:00 - Futebol - Fc Penafiel -v- SL Benfica B - Liga Portugal 2 | 23/24 - Jornada 26  - 15:00 - Basquetebol - SL Ben...