terça-feira, dezembro 30, 2014

Uma revisão crítica e indiscriminada do ano de 2014

POLÍCIA DO ANO
- Anónimo
Trata-se do agente da PSP que, naquela noite de Abril em que o Benfica festejou o seu 33.º título no Marquês, tentou prender Jorge Jesus confundindo-o com um adepto, tal era a euforia do treinador e a festiva indumentária com que se apresentou enroupado. Ressalve-se que o agente da polícia libertou o nosso treinador assim que deu conta do erro. Ainda há justiça em Portugal.


APARECIMENTO DO ANO
- Shikabala
O Sporting contratou Shikabala, a vedeta egípcia instável, que até se deu ao trabalho de aparecer em Alvalade para tirar fotografias e, algumas vezes, em Alcochete para se equipar com os colegas. Manuel José ainda disse: «Pode ser que tenha ganho juízo». Mas nunca se percebeu muito bem a quem se referia directamente Manuel José que é, sem dúvida, o mais egípcio dos treinadores portugueses. 


DESAPARECIMENTO DO ANO
- Shikabala
Desde a Páscoa que ninguém sabe de Shikabala em Alvalade. Inevitavelmente, lá veio à liça Manuel José, o nosso maior especialista em temas egípcios: «Se me tivessem telefonado antes…»


MODALIDADE DO ANO
- Hóquei em Patins
Ora cá está, finalmente, a consagração de uma modalidade que, tal como acontece com o bilhar, dispensa os fiscais-de-linha. Talvez por essa razão tem o Benfica vindo a ser imensamente feliz. Sobretudo nas suas deslocações a casa do rival Porto, seja para competições nacionais seja para competições internacionais, sempre, sempre sem fiscais-de-linha.


CONVALESCENTE DO ANO
-Fejsa
Ljubomir Fejsa, continuação de boas melhoras!


VAI-VÉM DO ANO
- Paulo Fonseca
Começou 2014 no Porto e terminou 2014 em Paços de Ferreira. Já em 2013 lhe tinha sucedido precisamente o contrário. Começou 2013 em Paços de Ferreira e terminou 2103 no Porto. Veremos se a coisa fica por aqui.


CANÇÃO DO ANO
- «O Campeão voltou»
Com letra e música de autores anónimos, eis a canção que em 2014 mais encantou uma grande fatia da população. Entra no ouvido que é uma beleza: «O campeão voltou, o campeão voltou, o campeão voltou!»


PERSONAGEM LITERÁRIA DO ANO
- D’Artagnan
«Conheciam tanto o Talisca como eu o D’Artagnan!». E assim, perentório, acabou Jorge Jesus com a prosápia dos tipos do Chelsea que reivindicavam a descoberta do jovem brasileiro. O treinador do Benfica atirou-lhes com um personagem de um romance francês do século XIX e o baiano, em jeito de agradecimento, desatou a marcar golos.


ESTÁTUA DO ANO
- Cristiano Ronaldo
A Madeira homenageou em bronze o seu filho mais célebre. Cristiano Ronaldo tem a partir de agora uma estátua sua numa avenida principal do Funchal. Toda a família Aveiro compareceu em peso à inauguração do monumento de 800 quilos. Quanto à altura, são 3 metros e 40 centímetros de Cristiano Ronaldo. O que importa é que todos estavam felizes. A estátua também parecia estar muitíssimo feliz, certamente por ver tanta gente bem vestida à sua volta.


MÁRTIR DO ANO
- Carlos Mané
«Temos de dar a vida pelo presidente!» foi, sem qualquer espécie de dúvida, a proclamação mais impressionante de 2014 no capítulo da martirologia.


SAMBA TRISTE DO ANO
- Selecção
No Mundial do Brasil, a selecção nacional sambou pouco e mal, regressando a casa muito rapidamente. Valeu-nos a miserável campanha do escrete a jogar em casa para nos livrar de uma nova antologia de anedotas brasileiras a gozar com os portugueses da bola quadrada.


LIVRE À PANENKA DO ANO
- Gaitán
O momento artístico dos momentos artísticos vividos no Estádio da Luz aconteceu no jogo com o PAOK, para a Liga Europa, quando Nico Gaitán cobrou um livre e de tal forma que a bola, quando entrou na baliza, parecia ainda não ter saído do pé do argentino.


ALIANÇA DO ANO
- Sporting-FIFA
Enquanto, por cá, Benfica e Porto estabeleceram uma aliança muito criticada que conduziu Luís Duque à presidência da Liga, lá por fora o Sporting dá cartas estabelecendo com a FIFA uma aliança que vai acabar com os fundos de investimento. Blatter não dá um passo sem telefonar para Alvalade.


PALAVRA DO ANO
- Peanuts
Corria o mês de Fevereiro e na sua conferência de imprensa de antevisão do jogo com o Vitória de Guimarães, questionado sobre a «pressão» que caía sobre a equipa, Jorge Jesus respondeu: «Pressão? Isso para nós são peanuts!». Foi um sucesso de proporções ainda hoje incalculáveis.


GAFFE CINEMATOGRÁFICA DO ANO
- Bruno de Carvalho
Comentando a ausência de Shikabala do seu local de trabalho, o presidente do Sporting disse: «Ele não é o Rambo, o Shikabala está desaparecido mas não está desaparecido em combate.» Ora, qualquer pessoa minimamente instruída sabe muito bem que o protagonista da série de filmes «Desaparecido em Combate» não é o Rambo, é o coronel James Braddock interpretado por esse grande actor chamado Chuck Norris. Elementar!


NOME DO ANO
- Manel
Corria o mês de Janeiro e, sendo iminente a saída de Matic para o Chelsea, o treinador do Benfica viu-se confrontado pela imprensa com a perda do importante jogador. Ao que respondeu: «Se não jogar o Matic, joga o Manel.» De tal modo causou impacto esta afirmação que, para muita gente, o título de 2013/2014 ficará para sempre como o campeonato dos Manéis, tantos e tão bons foram os Manéis chamados a participar.


ADVERSÁRIO DO ANO
- Rio Ave
Em 2014 o Benfica ganhou três finais ao Rio Ave. Começou pela Taça da Liga, seguiu-se a Taça de Portugal e terminou com a Supertaça. Nenhuma delas foi fácil, antes pelo contrário. Com a embalagem com que íamos foi uma pena o Benfica não ter jogado a final da Liga Europa com o Rio Ave.


MUSEU DO ANO
- Museu Cosme Damião
A Associação Portuguesa de Museologia atribuiu ao Museu Cosme Damião o prémio para o Museu Português do Ano de 2014. Três «vivas!» a Cosme Damião e aos sonhadores, dinamizadores e trabalhadores do Museu do Benfica!


FALHA DO ANO
- Equipamento alternativo
Passou-se mais um ano. Um ano civil que é igual a duas meias-temporadas futebolísticas. E, mais uma vez, aliás, mais duas vezes, o Benfica não conseguiu impor aos seus ideólogos do marketing o mais belo dos equipamentos alternativos, aquele que está determinado nos Estatutos redigidos pelos fundadores do clube e que, passo a descrever: camisola branca, calção branco e meias brancas.


LANÇAMENTO LATERAL DO ANO
- Maxi Pereira
Corria o minuto 35 do Porto-Benfica a contar para a Liga 2014/2015 quando Maxi Pereira, à força braçal, meteu a bola na anca de Lima que se encontrava liberto de marcação na área dos visitados. Foi golo. 


ENGENHEIRO DO ANO
- Lopetegui
Julen Lopetegui trouxe a modernidade para o futebol português. Para melhor observar a evolução dos seus jogadores durante os treinos, o treinador do Porto mandou erguer uma torre com 7 metros de altura. É muito metro. Tem a torre de Lopetegui, por exemplo, mais 3 metros e 60 centímetros em altura do que a estátua de Cristiano Ronaldo inaugurada no Funchal que só tem 3 metros e 40 centímetros de altura como já foi referido nesta resenha do ano.


MOMENTO JUDICIAL DO ANO
- Pinto da Costa
No nosso futebol que, num passado ainda próximo, foi tão impiedosamente devassado pela actividade judicial, há que dar graças por um ano tranquilo e sem investidas. A única notícia assinalável do foro da justiça terá sido a visita do presidente do Porto ao estabelecimento prisional de Évora dois dias depois da visita de Lima ao Dragão.


ROUBO DO ANO
- Pedro Proença
Vítima dos poderosos lobbies internacionais, que não se comparam em perfídia aos nossos simpaticíssimos lobbies nacionais, Pedro Proença viu-se roubado da sua tão ansiada final do Campeonato do Mundo de Clubes que se disputou em Marrocos. No seu lugar apareceu um árbitro guatemalteco para apitar o jogo. Imagine-se, um guatemalteco! E todo despenteado.


FINAL EUROPEIA PERDIDA DO ANO
- Benfica
Um ano depois de ter perdido a final da Liga Europa para o Chelsea, o Benfica voltou a perder a final da Liga Europa mas para o Sevilha. Uma coisa é certa para 2015: o Benfica não perderá a sua terceira final europeia consecutiva. Mas, mesmo disso, vamos ter saudades.


CLÁUSULA DE RESCISÃO DO ANO
- Shikabala
A fuga de Shikabala está, para já, a prejudicar o Sporting em 45 milhões de euros. Trata-se do valor da faraónica cláusula de rescisão imposta no contrato de quatro anos e meio que liga o egípcio ao clube de Alvalade e que continua em vigor até 2017.


MULTA DO ANO
- Luisão
Ficou por 60 mil euros a brincadeira de Luisão num jogo particular disputado no território da Alemanha, atirando ao chão um árbitro alemão compatriota do outro árbitro alemão que haveria de apitar a final de Turim e que bem tramou o Benfica por solidariedade patriótica.


RECEITA MÉDICA DO ANO
- 'Blackout' do Sporting
O departamento clínico de Alvalade, numa medida profilática que já tardava, receitou o silêncio obrigatório de manhã, à tarde e à noite. Trata-se de uma tentativa de silenciar o presidente englobando-o, discreta e diplomaticamente, no conjunto de funcionários do clube.


PREVISÃO DO ANO 2015
- Jorge Jesus
«Vêm aí dias difíceis», disse o treinador do Benfica depois do jogo com o Gil Vicente que os campeões nacionais se viram aflitos para ganhar. Se o mercado de Verão levou uns quantos titulares indiscutíveis do belo Benfica de 2013/2014, a próxima abertura do mercado de Inverno promete levar mais uns quantos. E o problema é que, à primeira vista, já nem há Manéis.


Fonte: Leonor Pinhão@A Bola

Balanço do ano

José Sócrates, um homem a quem o povo português confiou milhões de votos foi preso, acusado de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal. Ricardo Salgado, um homem a quem o povo português confiou milhões de euros foi constituído arguido, acusado de burla, abuso de confiança, falsificação e branqueamento de capitais. Passos Coelho, um homem a quem o povo português confiou milhões de votos, confiscou milhões de euros ao povo português. Em resumo, foi isto.

O povo português não é mau, o problema são as companhias.

Infelizmente, o povo português não tem uma mãe, que possa defendê-lo com este argumento nas conversas que mantém com uma vizinha, ou com outros pacientes na sala de espera de um ortopedista. Há apenas um grupo de pessoas que pode aconselhar o povo português e ajudá-lo a compreender o modo como o seu comportamento vai condicionar o futuro. Essas pessoas são, evidentemente, os astrólogos. No entanto, e surpreendentemente, os astrólogos fazem um péssimo trabalho. No fim deste ano tão cheio de acontecimentos que os astros, em princípio, não ignorariam, fui procurar as previsões dos principais astrólogos para 2014. Não vou citar os seus nomes uma vez que, apesar de não acreditar em bruxas, acredito naquele provérbio espanhol que diz que elas existem.

Estes profissionais prestaram um serviço terrível ao País. Disseram que este ano havia de ser globalmente positivo, até porque a era aquariana, à qual pertence, é um tempo de fraternidade, que assistirá à resolução dos grandes problemas sociais e ao aparecimento de oportunidades para o desenvolvimento de todos, ou não fosse aquário um signo aéreo e o planeta que o rege, Úrano, o astro que detém a tutela da electricidade e tecnologia. Nenhum astrólogo acrescentou: "Ah, é verdade, e um ex-primeiro-ministro vai passar o Natal na cadeia. E Saturno está aqui a dizer-me que é possível que o maior banco privado português vá à falência." Sobre isto, os astros não disseram uma palavra.

A própria previsão signo a signo ignorou os principais assuntos do ano. Sócrates, nativo do signo virgem, ficou a saber que o seu ano de 2014 tinha a influência da carta de tarot dos Enamorados, pelo que teria de tomar decisões importantes. Nenhum astrólogo referiu que uma dessas decisões era evitar mangas de avião, ou mudar de motorista. Salgado, que é caranguejo, foi aconselhado a dar largas ao seu espírito aventureiro, conforme recomendava a carta do Louco. Os astrólogos esqueceram-se de acrescentar que, após dar largas ao espírito aventureiro, havia que culpar o contabilista.

E Portugal que, por ter nascido na assinatura do Tratado de Zamora, a 5 de outubro de 1143, é balança gozaria este ano da especial influência da carta de tarot do Mágico, que anunciava um ano em que capacidade para lidar com todas as situações do modo mais adequado se faria notar. É possível que os astros sejam apenas grandes pedregulhos que andam à roda em torno do sol, sem grande atenção aos acontecimentos político-sociais. Mais um ano destes e deixo de acreditar no que Vénus diz.


Fonte: Ricardo Araujo Pereira@Visão

quinta-feira, dezembro 18, 2014

Carta a José Sócrates

Caro eng. José Sócrates,
Espero que esta o encontre bem. Li com atenção as suas cartas e foi apenas por falta de tempo que não respondi mais depressa. Lembro-me de, no fim do liceu, ter mantido alguma correspondência com antigos colegas mas, por uma razão ou por outra, a troca de cartas foi-se tornando cada vez mais rara, até que parou completamente. Não gostaria de cometer esse erro outra vez. Parece-me importante manter o contacto com as pessoas do nosso passado, como antigos colegas e antigos primeiros-ministros.

Tenho pensado bastante nas observações que vai fazendo. Esta última carta sensibilizou-me especialmente, na medida em que criticava a cobardia dos políticos, a cumplicidade dos jornalistas, o cinismo dos professores de Direito e o desprezo das pessoas decentes. Como creio que sabe, não pertenço a nenhuma das categorias citadas, e por isso fui deixado de fora do seu olhar crítico, pelo que lhe agradeço.

As críticas que faz ao funcionamento da justiça parecem-me muito pertinentes. Portugal precisava que um homem como o sr. estivesse, digamos, sete anos à frente do Governo, talvez quatro dos quais com maioria absoluta, para fazer uma reforma séria do sistema judicial. É uma pena não termos essa possibilidade. Na minha opinião, os primeiros-ministros deviam ser presos antes, e não depois dos mandatos. Estagiavam durante dois meses numa cadeia, três num hospital e um semestre numa escola. O contacto directo com a realidade dá-nos perspectivas novas, mais informadas, e acirra o ímpeto reformista.

Julgo que é possível estabelecer um paralelo entre o processo de Josef K., a personagem de Kafka, e o de José Sócrates, ou Josef S. - sendo que a sua história é mais complexa: tanto Josef K. como Josef S. se vêem confrontados com decisões judiciais autoritárias e, em certos aspectos, até grotescas, mas Josef K. nunca teve amigos como Alberto Martins e Alberto Costa a tutelar a justiça, nem governou o seu país. Era apenas vítima. Ser simultaneamente vítima e carrasco deve ser mais perturbador. Ao contrário do que muitas vezes se diz, Joseph-Ignace Guillotin, o inventor da guilhotina, não foi guilhotinado. Essa ironia foi reservada para si, que é agora acusado por um sistema que ajudou a conceber e conservar.

Compreendo quase todas as suas queixas. Na verdade, a ironia que identifiquei acima não é a única do seu caso. Ao que parece, o facto de um amigo lhe ter disponibilizado um apartamento de 225 metros quadrados em Paris fez com que o Ministério Público lhe disponibilizasse um apartamento de 9 metros quadrados em Évora. Obrigam-no a aceitar aquilo que o acusam de ter aceitado. É duro. E irónico. Uma pessoa tolera tudo, menos figuras de estilo.

Considero, no entanto, que algumas das suas análises são menos acertadas. Por exemplo, quando diz, sobre a intenção da prisão preventiva: "(...) já não és um cidadão face às instituições; és um 'recluso' que enfrenta as 'autoridades': a tua palavra já não vale o mesmo que a nossa." Aqui para nós, se lhe roubaram o valor da palavra não terão levado grande tesouro, uma vez que a sua palavra já não valia o mesmo que a nossa desde aquela promessa dos 150 mil empregos.

Espero que não leve a mal esta franqueza. Estou certo de que voltaremos a falar.

Cumprimentos,
Ricardo


Um Brahimi não vale uma Torre de Lopetegui

Se para alguma coisa haveria de servir a imponente estrutura de sete metros na vertical que Lopetegui mandou erguer no campo no Olival para, lá do alto, semi-divino, observar a evolução de “los chicos”, serviria muitíssimo bem para, postada à frente de Maxi Pereira, impedir que o tal lançamento de linha lateral resultasse em golo.
Se alguma utilidade prática um dia se iria descobrir para o objecto em aço inoxidável plantado no relvado de modo que os jogadores passam o tempo a esbarrar naquilo que, ainda assim, deve ter custado uma pipa de massa, descobrir-se-ia que com um campanário daquela envergadura a dois metros de distância jamais Maxi Pereira conseguiria fazer a bola por si arremessada chegar ao coração da área e à anca de Lima.
Se um qualquer destino grandioso de fulgor tecnológico e de benefício estava reservado para a Torre de Lopetegui pela sua altura de majestade, desperdiçou-se a ocasião ao minuto 35, o minuto em que alguém da casa com autoridade na matéria, querendo legitimamente ver rentabilizado o projeto metálico e querendo ao mesmo tempo ganhar o jogo, deveria ter gritado da tribuna presidencial para o relvado:
- Julen, tira o Brahimi e mete mas é a tua torre à frente do Maxi!
É que, numa circunstância daquelas, um Brahimi não vale uma Torre de Lopetegui.


Confirmou-se, quase na plenitude, o difícil que é jogar para a Europa a meio da semana e jogar em Portugal uns poucos dias depois. 
Das cinco equipas portuguesas que estavam ainda nas competições da UEFA na semana passada apenas o Benfica, que já se despediu dessas bonitas andanças internacionais, conseguiu vencer o seu jogo a contar para o nosso campeonato.
O Rio Ave e o Estoril, que também já estão fora da UEFA onde nem fizeram má figura, foram no fim-de-semana empatar a Guimarães e ao Funchal, o que nem é mau de todo tendo em conta as suas respetivas e legítimas pretensões internas.
Já o Sporting, que segue para a Liga Europa, só conseguiu arrancar um precioso e muito festejado empate em tempo de compensação no seu jogo caseiro com o insolente Moreirense.
Quanto ao Porto, que segue para a Liga dos Campeões com o seu “plantel de luxo”, perdeu o seu jogo caseiro a contar para o campeonato porque, porventura distraído com as suas glórias internacionais ou imbuído do espírito da tão celebrada “aliança”, abdicou de montar aquele sempre profícuo clima saudável de confrontação nas vésperas do encontro. 
Esse suposto e inaudito desconchavo político e institucional, tão criticado nos dias seguintes por gente de altíssima categoria, teve, naturalmente, consequências. E grandes.
Ao ponto de o árbitro nem se ter sentido na obrigação de validar, como era da tradição, a Jackson Martínez aquela única bola que o colombiano fez entrar na baliza de Júlio César depois de a ter ajeitado para o pé com a mão.
Lamentável anulação de um golo irregular, francamente. Com o melhor árbitro do mundo em campo, meus amigos, outro galo cantaria. Enfim… 
Cabe agora aos vencedores do jogo do Dragão não confundir os 6 pontos que levam de avanço com a ideia absurda de que está garantida a revalidação do título. 
E cabe aos vencidos, por amor à retórica sem dor, continuar a cantar loas ao actual “plantel de luxo” confundindo-o com o já desaparecido “plantel do Lucho”, que sempre era outra música.


Esta é a semana de Jorge Jesus ser bestial. Há semanas assim na vida de um treinador. Jesus que até subiu ao relvado do Dragão com as orelhas a arder. “Ardem-me tanto as orelhas”, confidenciou Jesus a Pietra, em voz muito baixa para não alarmar ninguém, enquanto se dirigiam para o banco antes do jogo começar.
Pietra, grande conhecedor da alma benfiquista, explicou-lhe com a maior calma do mundo: “É o pessoal todo furioso contigo por meteres o Lima e não meteres o Jonas.” 
Ao que Jesus, encolhendo os ombros, logo respondeu a Pietra olhando-o de soslaio: “Ah, é por causa disso? Então já passa e não tarda nada.” 
E, mais uma vez, não se enganou.


Júlio César esteve em excelente plano no domingo. O guarda-redes brasileiro tem contrato por duas temporadas e muito gostaria de o ouvir dizer em Junho de 2016, quando terminar o seu vínculo com o Benfica e, provavelmente, a carreira:- Comecei no Flamengo onde fui campeão e termino no Benfica onde fui campeão. Entre estes dois colossos joguei uns anitos em Itália e também por lá ganhei umas coisas…
Sonhar é bom.


Tenho vindo a dar conta de que a derrota do Porto frente ao Benfica, que é sempre notícia, provocou e provoca maiores enguiços de alma e maioríssimos prantos de revolta entre os sportinguistas do que, como seria natural, entre os portistas.E aproveito para os avisar:
Amigos portistas, vejam bem como esta “aliança” com o Benfica vos é contra-natura. É o Sporting que é o vosso grande amigo, não duvidem nem por um segundo.
De portistas anónimos, conhecidos e amigos, obviamente tristes com o resultado, ouvi dar os parabéns aos vencedores, ouvi as inevitáveis críticas ao treinador e constatei uma indisfarçável irritação com Brahimi por o argelino, segundo dizem, já estar “com a cabeça noutras paragens” para além de umas outras leves irritações com uns quantos dos seus jogadores. 
Com toda a franqueza vos confesso que, vindo de um portista, foi isto o mais insultuoso que ouvi na noite de domingo:
- Olha, resumindo, o Benfica parecia o Porto e o Porto parecia o Sporting!
O que não deixa de ter a sua grande graça pelo que nem insulto se pode considerar. Eu, pelo menos, não considero.
A outro portista, meio a sério e meio a brincar, ouvi acusar o seu treinador pela campanha impecável na fase de grupos da Liga dos Campeões:
- Este é que era o nosso ano de estarmos na Liga Europa e nem a Liga Europa este ano podemos ganhar!
O que tem a sua lógica, ainda que derrotista. Convém lembrar a todos os interessados que o campeonato nacional está longe de estar entregue a quem, quer que seja quando ainda há 63 pontos por disputar e que a própria Liga dos Campeões ainda não tem vencedor embora tenha alguns fortes candidatos.
Já a amigos e a conhecidos sportinguistas ouvi coisas de outro jaez, mais sofrido, mais inconformado. A um até ouvi dizer que a vitória no Dragão tinha sido do Sporting porque “o Jesus é um sportinguista doente” e o que conta nestes jogos “é o treinador” pelo que, “uma vez mais” o Benfica “beneficiou, sabe-se lá como, de 3 pontos caídos do céu sem fazer nada por isso”.
Eu respeito todas as opiniões. Mas uma coisa é certa: se Jorge Jesus for mesmo um sportinguista doente, como dizem, nesse caso é o único sportinguista doente que não ficou doente esta semana.


Pinto da Costa foi visitar à prisão o ex-primeiro ministro. Que bom. É que, muito simplesmente por não gostar de ver o envolvimento de símbolos do meu clube com a política e com a justiça, fiquei um bocadinho incomodada com a visita dos populares adeptos benfiquistas, “Barbas” e Jorge Máximo, ao ex-primeiro ministro detido. Respeitando, como é óbvio, todas as vontades e sem fazer juízos morais.
Agora com a visita de Pinto da Costa pelo menos neste capítulo já estamos empatados. Que alívio.


Fonte: Leonor Pinhão@A Bola

quinta-feira, dezembro 11, 2014

A paixão, o fair-play e a ciência

O Benfica despediu-se anteontem da Europa. Para recordar de bom desta campanha triste, apenas três situações:
1) Na Luz, os aplausos do público a recompensar a exibição digna e em inferioridade numérica no jogo como o Zénite. É a paixão.
2) Em São Petersburgo, a atitude de Nico Gáitan interrompendo o jogo quando se isolava ao dar conta que o adversário que o perseguia, Javi Garcia, caiu redondo a contas com uma distensão muscular. É o fair-play.
3) De novo na Luz, e no jogo da despedida, a apresentação em público do resultado de um trabalho laboratorial de aparente sucesso: a transformação de Pizzi num clone de Enzo Pérez. É a ciência.
A campanha foi triste mas não foi infame. O Benfica terminou o seu percurso europeu com 5 pontos que não lhe valem de nada mas que valeram, por exemplo, os mesmos 5 pontos ao Liverpool para seguir para a Liga Europa.
Já na temporada anterior, o Benfica somou 10 pontos na fase de grupos da Liga dos Campeões, 10 pontos que o relegaram para a Liga Europa enquanto noutros grupos o mesmo número de pontos chegou e sobrou a quem os somou para seguir em frente na competição mais importante.
Em Londres, o nosso Mourinho, na mesma semana em que acusou os apanha-bolas de serem responsáveis pela derrota do Chelsea em Newcastle, mostrou-se estupefacto com os “falhanços” europeus do Benfica.
É porque não viu os nossos jogos. Quem os viu constatou que o Benfica, perante três adversários de igual valia, só se conseguiu superiorizar ao Mónaco perdendo inapelavelmente nas duas “mãos” dos confrontos directos com o Zénite e com o Bayer de Leverkusen.
E porquê? Porque os adversários foram substancialmente melhores em campo. Não foi, certamente, por causa dos apanha-bolas que o Benfica saiu da Europa.


O denominado “caso dos casuals” que, na verdade, fez correr pouca tinta no rescaldo extra-futebol do último FC Porto-Sporting a contar para a Liga, volta agora aos jornais. O Ministério Público entendeu acusar 87 cidadãos do crime “de participação em rixa” e pede para todos a mesma pena: a proibição de entrada em recintos desportivos.
Foi também assim que a solene Inglaterra resolveu de uma penada o seu problema com os hooligans. Obrigando-os a apresentar-se em esquadras de polícia à hora dos jogos e, para reforçar a ideia, estacionando à porta dos estádios umas quantas carrinhas – “vans” em inglês –, logo humoristicamente apelidadas de “hollivans”, que de se destinavam a arrecadar da via pública qualquer espectador que se portasse mal ou que, pelos seus maus modos, constituísse ameaça ao decorrer pacífico da função.
Entre os 87 acusados de participação em rixa figuram adeptos de ambos os clubes – deveremos chamar-lhes adeptos? – e entre eles figura Fernando Madureira, o líder dos Super Dragões e autor da mais confessional autobiografia que honra a biblioteca do futebol português.
Cumprindo-se a vontade do Ministério Público, o que seria de pasmar, Fernando Madureira fica impedido de entrar em recintos desportivos. Fica, portanto, com mais tempo livre para emprestar toda a sua vasta gama de conhecimentos teóricos e práticos em ações de formação para jovens árbitros sob o alto patrocínio da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol, vulgarmente conhecida por APAF.
Chegamos assim ao fim do ano com duas notícias - ainda longe de estarem confirmadas, note-se bem – que destituiriam o futebol português de duas das suas mais carismáticas personalidades. Ou não é?
1) O árbitro Pedro Proença garante que não apitará mais em Portugal.
2) O Ministério Público não garante mas recomenda a interdição do estatuto de espetador a Fernando Madureira.
Se assim acontecer, prevê-se um ano de 2015 com menos polémicas estéreis e com mais, muito mais ações de formação.
Querido Rúben Amorim, não voltes a cair na esparrela.


O Rio Ave encerrou o ano em bom estado. Um resultado líquido positivo de 20 mil euros foi apresentado e aprovado pelos sócios. É o sexto ano consecutivo em que o Rio Ave apresenta lucro. Estas coisas impressionam sempre. Parabéns ao Rio Ave, campeão das boas contas.


Vamos perder Maxi Pereira. Tenho muita pena. Basta ler os jornais para adivinhar que o uruguaio, cujo contrato com o Benfica termina no próximo Verão, certamente sairá neste Janeiro de modo a ainda permitir um pequeno encaixe ao clube que representou e defendeu (sim, defendeu muito) durante meia-dúzia de anos. Pelas minhas contas, Maxi Pereira nunca gozou férias tantas foram e continuam a ser as deslocações intercontinentais para jogar pela seleção do seu país. Nunca gozou férias nem nunca se queixou.
É verdade que algumas vezes nos fez perder a paciência mercê de umas “paragens” em campo, paragens de raciocínio, especifique-se. Porque paragens dessas à parte, Maxi nunca parou de correr por aquele corredor direito acima e abaixo, as vezes que fossem necessárias.
Leio hoje que o Liverpool se prepara para dar 5 milhões ao Benfica no Ano Novo pelos serviços do uruguaio que sairia de borla da Luz se cumprisse o seu contrato até ao fim. Por um lado, estou conformada. Por outro lado, ainda acredito no Pai Natal.


No sábado à tarde, na Luz, o Belenenses rematou pouco à baliza do Benfica. Rematou mesmo muito pouco. Um dos poucos lances perigosos do Belenenses aconteceu ao minuto 34 quando Fredy, depois de se desembaraçar de André Almeida, rematou fraco e ao lado do poste esquerdo da baliza de Júlio César.
No momento, dei comigo a pensar:
- Se fosse o Deyverson ou o Miguel Rosa a fazer um remate destes íamos de ter de ouvir das boas dos nossos impolutos rivais durante uma semana!
Mas o Deyverson e o Miguel Rosa, como é do conhecimento geral, nem sequer se equiparam à pala de um eventual acordo entre as SADs do Benfica e do Belenenses, ambas detentoras em percentagens desiguais dos direitos de transferência da famosa dupla ausente do antiquíssimo clássico lisboeta.
É o que se diz.
Nunca o Belenenses, nunca o Benfica falaram oficiosa ou oficialmente sobre este assunto. Perante o silêncio, a imprensa supõe e a opinião pública vive de suposições, o que sempre vai ajudando à festa.
Eu, por exemplo, suponho que se a moda pega internacionalmente qualquer dia deixa de haver jogos da Liga dos Campeões porque as grandes estrelas, pertencendo a clubes diferentes mas a fundos de investimento comuns, passam a constituir matéria permanente de conflito de interesses e, por essa legítima razão, nem se podem equipar.
Compreendo a revolta dos adeptos do Belenenses. Seria exatamente igual à minha se o caso se desse ao contrário. Trata-se de um episódio lamentável, dispensável independentemente das cores.
E causa-me incómodo e desgosto só de pensar que daqui a uns meses, no jogo da segunda volta, vamos ter de passar por isto tudo outra vez. Para quê?


Talisca entrou a matar na sua época de estreia na Europa e agora, que o fim do ano se aproxima, parece ter perdido gás e fulgor. Ouço dizer nos areópagos benfiquistas que a ida ao “escrete” lhe fez mal. Não concordo.
Outros, mais minuciosos, explicam a quebra de Talisca pelo facto de não gozar férias há mais de um ano. Concordo. Em questão de férias por gozar e de trabalho acumulado ao mais alto nível não é Maxi Pereira quem quer, só é Maxi Pereira quem pode. 

PS: Vendo ontem o Matic a jogar com a corda toda tive, por vezes, a doce sensação de que o Benfica, afinal, ainda estava na Europa.


Fonte: Leonor Pinhão@A Bola

As diferenças entre José Sócrates e uma sobremesa

Clara Ferreira Alves, Expresso, 22 de Novembro: "(...) não gosto de José Sócrates. Nem desgosto. Sou indiferente à personagem." 
Sérgio Figueiredo, Diário de Notícias, 24 de Novembro: "Gosto de Sócrates". 
Pedro d'Anunciação, Sol, 26 de Novembro: "(...) não se pense que eu simpatizo especialmente com Sócrates." 
António Cunha Vaz, Diário de Notícias (Madeira), 27 de Novembro: "Não gosto mesmo de Sócrates." 
Vasco Pulido Valente, Público, 28 de Novembro: "Nunca gostei da personagem política José Sócrates". 
Pedro Marta Santos, Sábado (online), 28 de Novembro: "Não gosto do político José Sócrates." 
Elina Fraga, 29 de Novembro: "Posso odiar Sócrates, mas tenho de me bater para que ele beneficie do direito de se defender." 
Teresa de Sousa, Público, 30 de Novembro: "Não gosto nem desgosto de Sócrates."

A este levantamento faltam muitas declarações feitas em órgãos de comunicação social e ainda mais declarações feitas no âmbito de conversas mantidas em snack-bares. Quando o assunto é José Sócrates, quase ninguém prescinde de registar uma declaração de interesses afectivos. O facto de esta declaração de interesses não ter interesse nenhum é muito interessante. Sócrates foi detido e acusado de crimes graves, e vai ser julgado por isso. A afeição que uns lhe têm e outros deixam de ter é irrelevante. O que está em causa aqui não é a prática política (que já foi julgada em 2005, 2009 e 2011) nem a personalidade (para a qual, felizmente, não há tribunais, caso contrário eu estaria há muitos anos na Carregueira). A sentença é independente da simpatia ou antipatia que um réu desperta. Há criminosos que são seres humanos adoráveis (nos filmes, é raro haver um recluso que não seja encantador), e há péssimas pessoas que nunca praticaram ilegalidades. Ser simpático não livra ninguém da cadeia, e ser um energúmeno não é ilegal (e ainda bem, caso contrário eu estaria há muitos anos na Carregueira).

Mas o mais interessante é a excepcionalidade desta manifestação maciça de amor e desamor. Não ocorre a ninguém dizer o mesmo de outros réus ("não se pense que eu simpatizo especialmente com Manuel Palito"), nem mesmo de outros antigos políticos que são agora réus ("posso odiar Duarte Lima, mas tenho de me bater para que ele beneficie do direito de se defender"). Na verdade, ninguém odeia Duarte Lima. Nem mesmo os que já o ouviram tocar órgão. E também ninguém ama Duarte Lima. Sobretudo os que já o ouviram tocar órgão. Mas José Sócrates, ao que parece, conseguiu penetrar no universo dos afectos. Não no meu, devo dizer. Guardo a minha afeição para um conjunto de coisas realmente importantes, ao qual não pertencem actuais ou antigos primeiros-ministros. Eu gosto, por exemplo, de arroz doce. Mas não se pense que simpatizo especialmente com gelatina. No entanto, se uma taça de gelatina ou um prato de arroz doce forem acusados de corrupção, branqueamento de capitais e burla agravada, espero que tenham um julgamento justo. Não virei para a rua gritar que o arroz doce é inocente e que a gelatina nunca me enganou.

Fonte: Ricardo Araujo Pereira@Visão

quarta-feira, dezembro 10, 2014

O BES para criancinhas

Era uma vez um banqueiro muito grande e muito mau que tinha muito dinheiro, uma família de idiotas e um primo apalermado mas bonzinho e por isso era amigo do primeiro-ministro e tinha caído nas graças do governador do Banco de Portugal. Durante anos o banqueiro mau foi o dono disto quase tudo, quase tudo porque era dono de tudo menos do Passos Coelho, da Maria Luís e do Carlos Costa.
  
O banqueiro que era dono disto tudo fez muitas asneiras e desviou muito dinheiro para apoiar empresas que eram mal geridas, mas ninguém deu por isso, nem a família, nem os responsáveis do banco, nem os auditores do Banco de Portugal, nem mesmo o primo bonzinho, muito competente e amigo do primeiro-ministro. Quando já estava em dificuldades pediu ajuda ao primeiro-ministro, mas este só era amigo do primo bonzinho e tem alergia a negócios.
  
Então o banqueiro mau foi obrigado a abdicar mas antes de se ir embora escolheu entre os seus um deputado do PSD e um conhecido gestor pois eram gente ligada ao poder. A escolha foi aplaudida e até os que ousaram questionar a cor política foram criticados. Lá tomaram posse mas como +e melhor um pássaro  na mão do que dois a voar esqueceram-se de sair de onde estavam, continuando a ocupar esses cargos, ainda que sem qualquer estatuto ou justificação legal para as ausências.
  
A coisa não correu bem , o dinheirinho do aumento do capital já estava bem arrumado, o presidente já tinha cumprido a sua missão de ajudar o país com os seus conhecimentos de economia levando os mais otários a comprar acções do BES e o governo achou que o melhor era dividir o BES num BES boom e num BES mau. No BES bom ficavam os edifícios, os clientes com depósitos e os créditos a empresas, no BES mau ficavam os accionistas, as boas empresas do GES e o BESA. Os accionistas foram lixados e os angolanos agradeceram pois lixo não paga dívidas.
  
Foi um milagre, o Estado não perdeu o dinheiro, o primo bom continuou administrador, Passos não se meteu em negócios, só a Maria Luís é que se lixou pois o azar bateu-lhe à porta e quando já estava fazendo as malas para ir em busca da sua zona de conforto na Comissão Europeia veio o BES e tramou-a. Agora há o BES bom, o BES mau, o BEStial do Moedas que se safou e a BESta da Maria Luís que se lixou e vai continuar com os vencimentos cortados. Enfim, não se perde tudo, em 2015 recupera 20% do corte no vencimento e em 2016 talvez leve um pequeno reembolso da sobretaxa de IRS.
  
Agora o parlamento está a ouvir toda a gente para no fim aprovar por maioria e clamação um relatório a confirmar que o Carlos Costa é um pobre homem, que Passos Coelho nem ouviu falar do assunto e que a Maria Luís foi a última a saber. Quanto ao Ricardo Salgado continua a ser o dono disto tudo, dantes comprava-os com dinheiro, agora compra-os com o medo de dizer quanto lhes custaram.

Fonte:  O JUMENTO 

domingo, dezembro 07, 2014

Uhf - Menina Estás à Janela



Menina estás à janela
Com o teu cabelo à Lua
Não me vou daqui embora 
Sem levar uma prenda tua

Sem levar uma prenda tua
Sem levar uma prenda dela
Com o teu cabelo à Lua
Menina estás à janela

Estás à janela
Com o teu cabelo à Lua
Não me vou daqui embora 
Sem levar uma prenda tua

Sem levar uma prenda tua
Sem levar uma prenda dela
Com o teu cabelo à Lua
Menina estás à janela

Menina estás à janela
Com o teu cabelo à Lua
Não me vou daqui embora 
Sem levar uma prenda tua

Sem levar uma prenda tua
Sem levar uma prenda dela
Com o teu cabelo à Lua
Menina estás à janela

Uma prenda tua
Sem levar uma prenda dela
Com o teu cabelo à Lua
Menina estás à janela

Cabelo à Lua

Menina estás à janela

Menina estás à janela
Menina estás à janela
Menina estás à janela
Menina estás à janela
Menina estás à janela



Interprete: Uhf
Musica: Menina Estás à Janela


sexta-feira, dezembro 05, 2014

Edgar Degas - A Primeira Bailarina

Edgar Hilaire Germain Degas (Paris, 19 de julho de 1834 — Paris, 27 de Setembro, 1917) foi um pintor, gravurista, escultor e fotógrafo francês. É conhecido sobretudo pela sua visão particular no mundo do balé, sabendo captar os mais belos e súbteis cenários. É ainda reconhecido pelos seus célebres pastéis e como um dos fundadores do impressionismo. Muitos dos seus trabalhos conservam-se hoje no Museu de Orsay, na cidade de Paris, onde o artista nasceu e faleceu. Se o quisermos classificar na história da arte, a maioria das obras consagradas de Degas ligam-se ao movimento impressionista formado em França nos fins do século XIX, em reação à pintura académica da época. Com ele estavam Claude Monet, Paul Cézanne, August Renoir, Alfred Sisley, Mary Cassatt, Berthe Morisot e Camille Pissarro, que, cansados de serem recusados nas exposições oficiais, se associaram e criaram a sua própria escola para poderem apresentar as sua obras ao público.

A arte impressionista é descrita frequentemente pelos efeitos de luz ao ar livre. Estas características não são, no entanto, aplicáveis a Degas: mesmo tendo sido um dos principais animadores das exposições impressionistas, não se enquadra no movimento que, em nome da liberdade de pintar, caracteriza o grupo. Ao ar livre ele prefere, e de longe, "o que nós só vemos na nossa memória". Dirigindo-se a um pintor ele diz: Para vós, é necessário a vida natural, para mim, a vida fictícia. Se Degas faz, oficialmente, parte dos impressionistas, ele não se identifica com eles nas características mais conhecidas. A sua situação de exceção não escapa aos críticos da época, frequentemente desestabilizados pelo seu vanguardismo. Vários dos seus quadros semearam a controvérsia, e ainda hoje a obra de Degas é objeto de numerosos debates pelos historiadores de arte. Edgar Degas repousa no túmulo da família no cemitério de Montmartre em Paris.

Tradicionalmente, a arte ocidental respeita a unidade de composição. As formas surgem ligadas a outras formas, criando um movimento ou um conjunto de linhas no espaço. A arte oriental, pelo contrário, baseia essa relação no acentuar de certos grafismos ou cores e levando em linha de conta o espaço "entre", o vazio. Degas não deixou de tomar conhecimento da exposição de gravuras japonesas realizada em Paris em 1860, assimilando o delicado traço das composições. Os objetos deixam de ser olhados como objetos em si, a retratar fielmente, mas são representados pelas qualidades pictóricas que podem emprestar ao conjunto do quadro. Nas numerosas versões de Depois do Banho, é desenvolvido o tema de mulheres fazendo a toilette. O pintor experimenta vários processos técnicos: a aguarela, o pastel, a água-forte, a litografia, o monotipo. Nos últimos anos, devido às dificuldades de visão, trabalhou quase exclusivamente com cera, pastel e barro. A sua paleta ganhou mais força e luminosidade, enquanto as formas se simplificaram.

Degas é considerado vulgarmente como um dos impressionistas, todavia, tal afirmação revela-se um erro, visto que o autor nunca adoptou o leque de cores típico dos impressionistas, proposto por Monet e Boudin, e para além disso desaprovou vários trabalhos seus. Pelo contrário, Degas misturava o estilo impressionista - inspirado em Manet - com inspirações conservadoras, com bases assentes na Renascença italiana e no Realismo francês. Mas à semelhança de muitos modernistas - desta época ou de outras, veja-se Matisse, que viveu posteriormente -, inspirou-se muito nas odaliscas de Dominique Ingres.

A Primeira Bailarina

Degas ficou conhecido por muito pintar bailarinas, principalmente, cavalos, retratos de família - dos quais o mais conhecido é Retrato da Família Bellelli - ou individuais (por exemplo, o Retrato de Edmond Duranty), cenas do cotidiano parisiense e cenas domésticas, como o banho (como A banheira), paisagens e pela burguesia de Nova Orleans. Todavia, durante algum tempo Degas aplicou-se a pintar as tensões maritais, entre homem e mulher (recorde-se O estupro e O amuo).

Cada cor seu paladar

Não faltou nada ao Benfica que foi no domingo a Coimbra vencer tranquilamente a Académica. Nem vontade de vencer, nem um Gaitán inspirado, nem os golos com que se constroem os resultados e as vitórias, nada faltou para o cumprimento da missão.
O que fez falta, então, ao Benfica - 5.ª clube no ranking da UEFA e duas vezes consecutivas finalistas europeu - para não passar por esta vergonhazinha com quem ninguém contava de se ver afastado da Europeu nem Novembro?
Faz-lhe falta o Oblak? Ou o super-Garay? Talvez o Siqueira? E o Markovic? E o jeito que teria dado o Rodrigo? E o Fejsa, quando é que fica bom?
Toni, que como treinador foi campeão nacional e ainda levou o Benfica a uma final da Liga dos Campeões - portanto sabe do que está a falar -, explicou-nos no dia seguinte à desilusão europeia que este Benfica de 2014/1015 perdeu qualidade por comparação com aquele praticamente imparável Benfica de 2013/2014.
Alguém tem dúvidas sobre o juízo de Toni? Pois claro que não.
É verdade que o Benfica perdeu qualidade, e muita, e que o tempo da reconstrução carece de isso mesmo... de tempo. Mas também de obreiros à altura dos que se foram embora e foram-se muitos e bons.
O Benfica não teve sorte no grupo onde foi calhar? Não, não teve.
Ai, se nos tivesse calhado um Maribor... - lamenta-se.
Ai, se nos tivesse calhado um Bate Borisov... - continua-se a lamentar.
De factores externos, estamos conversados.
No que diz respeito a lamentos de factores internos também se pode elaborar uma listazinha pérfida:
Ai, se o Jonas tivesse sido inscrito a tempo...
Ai, se o Júlio César tivesse começado a época na Luz...
Ponto final é ponto final. Pela minha parte estão encerradas as lamentações sobre o tema europeu. Acabou-se, está acabado. O jogo da próxima semana com o Leverkusen é para cumprir calendário com os serviços mínimos de dignidade de modo a que ninguém se magoe e fique de fora dos dois importantíssimos jogos que se seguem: o Porto para o campeonato e o Braga para a Taça de Portugal.
Antes disto convém absolutamente vencer o Belenenses na Luz. Com todo o respeito pelo Belenenses, naturalmente.


Acontença o que acontecer ao Benfica até Maio, que é quando tudo se apresenta decidido, dificilmente escapará Jorge Jesus à fama e à crítica de ter desprezado as competições internacionais em prol da conquista do segundo título consecutivo de campeão que falta ao Benfica há três décadas.
No entanto, se Jesus conseguir transportar o seu Benfica até à revalidação do título (enfim... quase tudo) lhe será perdoado. E se é verdade que o treinador, olhando para o que tinha à disposição, apostou tudo no campeonato nacional, talvez lhe venham dar razão os seus detractores da actualidade.
No fundo, pertencem à mesma escola filosófica que na temporada de 2005/2006 chamou os nomes todos a Ronald Koeman acusando-o de, por vaidade pessoal, se ter marimbado no campeonato nacional dos portuguesinhos para fazer uns brilharetes notáveis, ainda que em vão, na Liga dos Campeoes dos tubarões.
Lembram-se?
A Benfica de Ronald Koeman, o treinador que hoje brilha no comando do surpreendente Southampton, não demorou a desistir do título conquistado na época anterior pelo Benfica de Trapattoni mas chegou com estrondo e fanfarra aos quartos de final da Liga dos Campeões depois de afastar o Manchester United na fase de grupos e de afastar o Liverpool nos oitavos-de-final, finalmente, arredado do sonho pelo Barcelona que haveria de conquistar o troféu, como era de esperar.
Choveram então críticas como picaretas sobre o holandês por ter optado pela prova mais mirífica e com mais status quo a nível quando tinha o nosso campeonatozinho de trazer por casa à mão de semear. A verdade é que Koeman acabou por não ganhar qualquer uma das competições, embora se possa sempre ufanar de ter conquistado em Agosto de 2005 uma Supertaça Cândido de Oliveira numa final com o Vitória de Setúbal.
Este ano, Jorge Jesus já conquistou a sua Supertaça de Agosto. E ainda pode ganhar uma quantidade de troféus de que a gente gosta. É esta, para já, a sua enormíssima vantagem sobre Koeman e sobre as escolhas de Koeman. Se é que os treinadores fazem escolhas...


Felizmente que a anunciada, temida e desprezada (cada cor, seu paladar) aliança estratégica entre o Benfica e o Porto não é assim tão aliança nem tão estratégica, isto no campo do realismo puto e duro.
À primeira oportunidade, e como lhe competia, Pinto da Costa não perdeu o ensejo de recordar que o Benfica está fora da Europa. Acontece assim que terminou o jogo de mão-cheia com o Rio Ave no Dragão.
Explicando as dificuldades da sua equipa nos primeiros quarenta e cinco minutos da partida com os vila-condenses, o presidente do Porto mencionou o justo desgaste provocado pelo jogo europeu a meio da semana fornecendo como exemplos vivos do seu pensamento os casos do Mónaco e do Zenit, vencedores na quarta-feira, e derrotados nos seus respectivos campeonatos no fim-de-semana que se seguiu às glórias europeias.
Zenit e Mónaco... pois, pois... olhem só do que se havia lembrar.
Houve, no entanto, benfiquistas que, cheios de boa-fé, até descortinaram um ténue rasgo de simpatia e de consolo nas palavras de Pinto da Costa sobre o assunto Europa e sobre o assunto Benfica fora da Europa. Talvez estejam certos. O que só torna o assunto mais melancólico.


O Boavista de Petit foi goleado na Madeira e, para ajudar à desgraça, viu três dos seus jogadores expulsos e, por isso mesmo, impedidos de defrontar o Sporting na próxima jornada do campeonato. Como o plantel do Boavista não é propriamente rico, muita falta lhe devem fazer as três forçadas ausências no próximo fim-de-semana.
Durante largos anos no final do século passado o Sporting alimentou um trauma nas deslocações ao Bessa onde dificilmente conseguiu pontuar. Foi na era do Boavistão. Mas as coisas mudaram muito, como é do conhecimento público.
Na próxima sexta-feira, difícil de contornar pela equipa de Marco Silva apenas será o relvado de plástico do Estádio do Bessa e o espírito excessivamente indomável da equipa do Boavista que, sendo verdade o fenómeno de cada equipa tomar a personalidade do seu treinador, tudo vai fazer para reavivar a velha tradição.
Independentemente das circunstâncias altamente desfavoráveis ao Boavista, qualquer jogo em que se meta com um dos três grandes será sempre um clássico. História é História. E cá estaremos para ver.


Assistindo através da televisão ao Académica-Benfica houve um momento em que desejei - e desejei muito - que o pobre do Samaris ainda não tivesse aprendido uma única palavra da nossa língua depois de uns quantos meses a jogar em Portugal.
Que o desconchavado grego seja lento, de preferência lentíssimo, na intimidade com o nosso idioma, mesmo nas suas expressões mais vulgares, a ver se sobrevive moralmente incólume ao raspanete que levou do mister mesmo juntinho a um microfone postado na relva e que tudo captou. Raspanete, aqui, é um eufemismo, naturalmente.


Abel Xavier vai tomar conta do Farense, actual 12.º classificado da Liga 2.
Noutros tempos, ainda recentes, dir-se-ia que o Farense, 12.º classificado, ocupava os lugares finais da tabela. No entanto, com o alargamento da antiga segunda divisão para 24 clubes - que loucura -, o Farense, 12.º classificado, ocupa precisamente o meio da tabela.
Felicidades, é o que se deseja ao Abel Xavier neste seu novo desafio como treinador.


Dez mil adeptos do Benfica deslocaram-se até Coimbra apara apoiar a sua equipa no jogo com a Académica. O estádio estava bem composto e os adeptos benfiquistas deram o tempo, o dinheiro, a deslocação por bem empregues porque a equipa ganhou com clareza e nem houve lugar a sofrimentos.
Pena que não regressassem a suas casas inteiramente felizes e orgulhosos, tudo por causa do comportamento delinquentes de uns quantos, poucos, que se deliciaram a explodir petardos provocando uma inevitável intervenção da polícia e o consequente embaraço para as nossas cores. Não se acaba com isto?


Correm notícias de que Pedro Proença está zangado com Vítor Pereira e ameaça não mais apitar um jogo que seja em Portugal. Apoiado! Melhor dito, apoiadíssimo!


Fonte: Leonor Pinhão @ A Bola

Desporto de fim de semana - 2024/03/16

Sábado, 2024/03/16  - 14:00 - Futebol - Fc Penafiel -v- SL Benfica B - Liga Portugal 2 | 23/24 - Jornada 26  - 15:00 - Basquetebol - SL Ben...