domingo, novembro 30, 2014

Silence 4 - My Friends




I was so lost in my pain, fear was melting my brain,
I was counting the days to insanity, I was afraid to move myself
Afraid to hurt myself, more than I had until that day
Everything I believed in, everything I fought for
Was now underneath my feet and my heart beat
Was so gone, couldn't be felt by anyone
So alone it gave me the creeps
My drugs got me in bed went up to my head And I really don't wanna depend
So I'll stick to

My friends and my friends and my car and my friends
My friends and my cards and my car and my friends
Martini until the end
Play pool again

Never thought woyuld be like this
No one told me it would be like this
I'm amazed I'm amazed with myself
And my brain and my pain
And my pain and my veins
Are delivering it to my health
My self-confidence was broken while my trust was taken
And it left me with an empty life and this knife
Rests on the middle of me bed, I think in all the things shesaid
Close my eyes and sleep
All these drugs in my head, it seems I'm already dead
And I really don't want to depend
So I'll stick to ...

My friends and my friends and my car and my friends
My friends and my cards and my car and my friends
Martini until the end
Play pool again
(i can't wait to see you crowl)

Can't smoke anymore can't drink anynmore, still I do it, I do it again
Lost everything I had, Far from mom, far from dad
I thank God for my good, good friends
But where's this God that I mention? Where is He right now?
As I die as slowly as I can? All my plans, went down the hole
My life has no goal, and I wonder if this is worth it
But my friends took my hand
Helped me to lift myself again
And that's why I really love

My friends and my friends and my car and my friends
My friends and my cards and my car and my friends
Martini until the end
Play pool again

My friends and my friends and my car and my friends
My friends and my car and my cards and my friends
My friends and my friends and my car and my friends
My friends and my car and my cards and my friends


Interprete: Silence 4
Musica: My Friends

sexta-feira, novembro 28, 2014

Afinal, nem isso

Esta entente cordiale que vigora entre o Benfica e o Porto, e que parece deixar positivamente encantados os líderes dos emblemas arquirivais, está a deixar os adeptos dos dois clubes às aranhas sem saberem muito bem o que dizer sobre o sensacional pacto de regime que entrou em vigor com a eleição de Luís Duque para a presidência da Liga.
Da parte dos presidentes, Pinto da Costa tem sido o mais prolixo sobre a matéria. Em Angola, onde foi tratado por «irmão» pelo simpático general Kundi Pauhma, elogiou a solução encontrada a meias com o Benfica para repor o futebol português no bom caminho.
Já em Portugal, o presidente do Porto foi mais longe estando mais perto e afirmou que a rivalidade com o Benfica é «dentro do campo». Não andasse o país entretido com aquilo de que toda a gente fala e aqui tínhamos um assunto e pêras para as aberturas dos telejornais.
Andam, assim, os adeptos do Benfica e do Porto abananados com esta revolução dos afectos depois de andarem trinta anos a odiar-se uns aos outros militantemente. Abananados e diga-se também, em abona da verdade, que andam preocupados, o que se compreende porque não é fácil, de um dia para o outro, incorporar o novo paradigma.
A portistas já ouvi dizer que esta modernice só pode correr mal para o lado deles porque tanto respeito e sentido cívico redundam numa descaracterização até à medula daquilo que foi o corpo teórico e prático do triunfal avanço sobre a capital que tão bons resultados proporcionou.
A benfiquistas ouvi dizer bem pior. Que a coisa só pode correr pessimamente para o nosso lado e que, por isso mesmo, está já garantido o segundo lugar no campeonato que é o lugar dos primeiros dos últimos. Dizem muitos dos nossos que não há memória, nas últimas três décadas, de se ver o Benfica campeão quando a relações institucionais com o Porto se esmeram em aprumo e em confiança.
A politólogos, gente mais complicada e com outras referências, ouvi palavras mirabolantes sobre esta novíssima união. Dizem que tudo isto lhes faz lembrar aquele momento histórico do fim do século XX em que a República Federal Alemã e a República Democrática Alemã se constituíram num mesmo país dando origem a uma era, a que vivemos presentemente, de conforto, bem-estar e prosperidade como nunca se tinha visto.


Perante esta douta análise, cabe agora aos adeptos do Benfica e do Porto escolheram quem gostavam de ser na dita equação. A RFA ou a RDA? Foi o Benfica que anexou o Porto ou foi o Porto que anexou o Benfica? A um velho comunista ouvi uma vez dizer, contendo o riso, que foi a RDA quem anexou a RFA e que esse era um dos segredos mais bem guardados da História.
Lá para Maio, quando o campeonato já estiver terminado, olharemos para a tabela final e logo veremos quem é que anexou quem em prol da prosperidade do futebol português.
Uma coisa é certa: o presidente dos anexados vai ter de se aguentar com uma ruidosa revolta popular. De um lado ou do outro, já estou a ouvi-los.


No passado fim-de-semana houve Taça de Portugal que, por alguma coisa, é uma competição extraordinariamente amada no país. A Taça traz-nos jogos diferentes a que prestamos inaudita atenção como, por exemplo, o beatífico Santa Maria - Santa Eulália que terminou com o apuramento da Santa que jogava em casa.
E a Taça faz-nos diferentes, é verdade. Por exemplo, o fabuloso Oriental eliminou o Vitória de Setúbal mercê de um lance infeliz de um jogador dos sadinos, François, que meteu um golo na sua própria baliza.
No fim do jogo, os adeptos do Oriental festejaram rijamente o sucesso, como lhes competia, e os adeptos do Vitória de Setúbal no lugar de se atirarem ao árbitro, ao treinador e ao François, como também lhes competia, optaram, maravilhosamente, por consular com aplausos e carinho o seu infeliz jogador.
Foi bonito de se ver. Estas raridades do comportamento só acontecem na Taça de Portugal e é por isso que toda a gente gosta da Taça de Portugal.
Na Luz, o Benfica recebeu e eliminou o Moreirense com um resultado de 4-1. Quatro golos e qual deles o mais bonito? Jonas e Salvio foram os artistas de serviço quanto à concretização. Quanto à não-concretização, Derley pelo que jogou e Cristante por nos ter mostrado o que sabe jogar, foram as outras alegrias da tarde.
O golo de honra dos visitantes nasceu de um desatenção calamitosa no eixo central da nossa defesa permitindo ao Taquarita de Moreira de Cóngos fuzilar sem hipótese para Júlio César brilhar. Coisas que acontecem.
Mas na perspectiva de desatenções destas em São Petersburgo tiram-nos o sono. E o sonho também.


Na manhã de ontem, bastante chuvosa por sinal, apelando sem esforço ao meu fair play e patriotismo fiz questão de dar os parabéns a um bom amigo e vizinho sportinguista pelo triunfo da véspera sobre o Maribor que garantiu ao Sporting, no mínimo, a presença na Liga Europa.
Muito obrigado! - respondeu-me com elevação e modéstia, escusando-se diplomaticamente a qualquer referência sobre a periclitante situação europeia do meu clube. Ou a pôr-se a adivinhar as possibilidades do Benfica na tarde-noite da Rússia. Delicadezas que muito apreciei.
De franca simpatia em simpatia franca, dei-lhes os parabéns, não menos sinceros, pela exibição do Nani, pelo golo do Nani, pela jogada do golo do Nani e fui surpreendida por uma reacção bem diferente daquela que era legítimo aguardar.
O meu vizinho e bom amigo sportinguista empalideceu, deitou as mãos à cabeça:
- Isso foi a pior coisa que nos podia ter acontecido! - ripostou.
E explicou-me, pausadamente, que melhor teria sido se esse momento mágico do jogo de Alvalade tivesse ocorrido quando falhou a electricidade de modo a inviabilizar liminarmente a captação pelas câmaras de televisão que, com claridade a rodos, lá levaram as imagens «do génio» - palavras suas - por esse mundo fora e, especialmente, até Manchester.
- Foi a pior coisa que podia ter acontecido ao Sporting! - repetiu na conclusão do seu raciocínio que, sendo enviesado, não deixa de ser avisado.
Até ao fim de Janeiro, que é quando se fecha a janela das transferências, vão andar divididos os adeptos do Sporting no que respeita aos golos e às jogadas de Nani. Por um lado, reina a angústia porque sempre que Nani faz levantar Alvalade o barulho é tão intenso que chega num instantinho a Old Trafford.


André Almeida poderiam chamar hoje os jornais o czar de São Petersburgo não fosse a sua única falha de marcação a Hulk ter resultado no golo com que o Zenit derrotou ontem o Benfica afastando-o da Liga dos Campeões o que, por esta altura do ano, já vem sendo tradição.
No único segundo em que não teve a oposição impecável de André Almeida, Hulk conseguiu meter uma bola na área na direcção de Danny que fez o golo solitário do jogo na cara de Júlio César. Foi um Benfica pequenino que se apresentou na primeira parte, sem dimensão europeia à míngua de meio-campo e de poder de fogo. Os primeiros vinte minutos da segunda parte foram outra coisa para bastante melhor e não fosse a ausência de poder de fogo o jogo poderia ter ficado bem resolvido para o nosso lado. Depois foi o que se viu. O Zenit a crescer, o Benfica a minguar e adeus Liga dos Campeões onde, bem vistas as coisas, só poderíamos ir fazer pequena figura.
Quando o Benfica perdeu em casa com o Zenit na jornada inaugural lembro-me de ter escrito, num acesso de infantil de optimismo, que já nos estava a imaginar na terceira final consecutiva da Liga Europa. Afinal, nem isso.

Fonte: Leonor Pinhão @ A bola

Falcatrua spotting

Na véspera do início da comissão de inquérito parlamentar às falcatruas do caso BES, Miguel Macedo demitiu-se por causa das falcatruas do caso dos vistos gold. São tempos maravilhosos para quem aprecia falcatruas. Uma falcatrua pode levar apenas cinco minutos a fazer, mas leva anos a investigar e, normalmente, arquivar. Por falta de oportunidade, infelizmente não tenho podido usufruir de tantas falcatruas quanto gostaria, mas a simples observação de falcatruas costuma ser suficientemente compensadora.

A demissão do ministro coloca alguns problemas interessantes ao observador de falcatruas. De acordo com o Expresso, alguns arguidos são "amigos pessoais" de Miguel Macedo. Tenho constatado que, de todos os tipos de amigo que é possível ter, o amigo pessoal é, sem dúvida nenhuma, dos mais nocivos. Se o ministro fosse amigo colectivo de alguns arguidos, ou se fosse apenas amigo institucional de outros, talvez a demissão não fosse inevitável. Mas a amizade pessoal costuma vincular o amigo ao autor da falcatrua. A questão que se coloca é a seguinte: podemos exigir a um ministro que não tenha, entre os seus amigos (pessoais ou outros), autores de falcatruas? Percebo que se impeça um autor de falcatruas de chegar a ministro, mas proibir que um ministro seja amigo de burlões já me parece excesso de zelo. Além de que torna quase impossível nomear um ministro. Só misantropos com muita sorte podem aceder ao cargo. A teoria dos seis graus de separação sustenta que quaisquer duas pessoas estão separadas apenas por seis ou menos laços de amizade. Creio que é possível reduzir para metade os graus de separação entre qualquer português e um vigarista.

Outro problema é político. Uma das razões para adquirir o visto gold é a possibilidade de vir para um país que não incomoda os autores de falcatruas. Se os autores de falcatruas começam a ser presos, e até os seus amigos são forçados a demitir-se, não são apenas os vistos gold que perdem valor, é Portugal que deixa de fazer sentido. Sempre que uma falcatrua é conhecida, alguns portugueses indignados perguntam: "É neste país que queremos viver?" Inúmeros chineses endinheirados respondem: "Sim, se faz favor." Esperemos que este percalço não os faça mudar de ideias.


Fonte: Ricardo Araujo Pereira @ Visão

Goya - Los fusilamientos del tres de mayo

Francisco José de Goya y Lucientes (Fuendetodos, 30 de março de 1746  — Bordéus, 15 ou 16 de abril de 1828) foi um pintor espanhol, nasceu em Fuendetodos, Aragão, Espanha.

Passou sua infância em Fuendetodos, onde sua família morava em uma casa com o brasão da família de sua mãe. O pai ganhava a vida como dourador. Em 1749, a família comprou uma casa na cidade de Saragoça e alguns anos mais tarde mudou-se para lá. Goya frequentou a Escuelas Pias, onde fez uma estreita amizade com Martin Zapater, sendo sua correspondência ao longo dos anos considerada uma valiosa fonte para as biografias de Goya. Aos 14 anos tornou-se discipulo do pintor Don José Luzán y Martinez, como era costume na época, começou fazendo cópias de pinturas de vários mestres.

Aos dezessete anos, transferiu-se para Madrid, onde estudou com Anton Raphael Mengs, um pintor que era popular na realeza espanhola. Entrou em choque com seu mestre e seus exames foram insatisfatórios. Tentou por duas vezes, uma em 1763 e outra em 1766, entrar para a Academia de Belas Artes, sendo rejeitado em ambas as tentativas. Os biógrafos atribuem a Goya todo o tipo de aventuras nos anos que se seguiram, como a de ter se tornado toureiro em Roma e ter se envolvido em inúmeras aventuras amorosas.

No final de 1771, inscreveu-se em concurso da Academia de Belas Artes de Parma, recebendo uma menção honrosa e sua primeira encomenda: o afresco na Igreja Nossa Senhora do Pilar, em Saragoça. A partir daí, seguiram-se encomendas para o Palácio de Sobradiel e o Monastério Aula Dei. Entre os anos de 1773 e 1774 foram executadas, provavelmente, as últimas pinturas desse período em que esteve em Saragoça.

Goya se casou com Josefa Bayeu, irmã dos artistas Francisco e Ramon Bayeu. Enquanto esteve em Madrid, trabalhou para várias fábricas, fazendo desenhos para tapeçarias. São desse período os desenhos que ganharam fama, com reprodução de cenas folclóricas e de paisagens. Contudo, ele não era um artista interessado em paisagens e o fundo de suas obras mostra o pouco interesse que ele tinha por elas.

Depois de estabelecido em Madrid, começou a pintar retratos. O mais antigo que se conhece data de 1774, sendo que no ano de 1778 fez nada menos do que quatorze retratos.

No ano de 1780, entrou para a Academia de San Fernando e apresentou a obra "La Crucificada". Nessa pintura, Goya seguiu as regras acadêmicas, provando que era um mestre do estilo convencional. Em 1785, começou a receber encomendas da aristocracia. A primeira encomenda foi para o "Festival Folclórico" do dia de Santo Isidoro. No mesmo ano, executou o primeiro retrato de um membro da nobreza, a Duquesa de Osuna. Em 25 de abril de 1785, depois da morte de Carlos III e da coroação de Carlos IV, foi nomeado "Primeiro Pintor da Câmara do Rei", tornando-se o pintor oficial do monarca e sua família.

Muitas de suas gravuras, em referência à moral, ao estranho e ao bizarro da alma humana, encontraram grande aceitação.

Em 1792, numa viagem a Andaluzia, contraiu uma doença séria e desconhecida, transmitida por seu amigo Sebastián Martínez, ficando temporariamente paralítico, parcialmente cego e totalmente surdo. Com a doença, perdeu sua vivacidade, seu dinamismo, sua autoconfiança. A alegria desapareceu lentamente de suas pinturas, as cores se tornaram mais escuras e seu modo de pintar ficou mais livre e expressivo. Parcialmente recuperado, retornou a Madrid no verão de 1793 e continuou a trabalhar como artista da Corte, porém buscou outras inspirações para expressar sua fantasia e invenção sem limite, o que as obras sob encomenda não lhe permitiam.

Devido à doença, Goya passou a não ter mais muito respeito pela aristocracia, expondo nas suas pinturas as verdadeiras identidades e as fraquezas dos modelos. Um exemplo é o retrato do rei Fernando VII da Espanha. Seus retratos deste período mostram, todavia, a sua fascinação pelas mulheres e pelas crianças, não igualada por nenhum outro artista, com a possível exceção de Renoir. Dois retratos de mulheres, executados nessa época, mostram claramente essa qualidade: "Doña Antonia Zarate", orgulhosa, ereta, coquete e algo triste; e a "Condesa de Chinchón", o mais terno de seus retratos de mulheres, no qual o rosto infantil e a postura frágil dos ombros contrastam com o traje elegantemente pintado. Estes retratos foram como um último adeus às alegrias da vida, porque pouco depois Goya se exilou em sua Quinta del Sordo, em Madrid. As guerras napoleônicas vieram e se foram, e os horrores sofridos pelos espanhóis deixaram um Goya amargo, transformando a sua arte em um ataque contra a conduta insana dos seres humanos, passando a retratar a falta de sentido do sofrimento humano, tanto injusto como não merecido.

Entre os anos de 1810 e 1814, produziu sua famosa série de pinturas "Los Desastres de la Guerra" e suas duas obras primas "El Segundo de Mayo 1808" e "El Tercero de Mayo 1808" (também conhecido como "Los fusilamientos en la montaña del Príncipe Pío" ou "Los fusilamientos del tres de mayo" ). Estas pinturas demonstram um uso de cores extremamente poderoso e expressivo. Pela primeira vez, a guerra foi descrita como fútil e sem glória, e pela primeira vez não havia heróis, somente assassinos e mortos.

Los fusilamientos del tres de mayo

Em 1821, a Inquisição abriu um processo contra Goya por considerar obscenas as suas "Majas", mas o pintor conseguiu livrar-se, sendo-lhe restituída a função de "Primeiro Pintor da Câmara".

Durante a última parte de sua vida, Goya cobriu as paredes de sua Quinta del Sordo com as famosas "pinturas negras", as últimas e mais misteriosas de seu gênio atormentado, como "Saturno devorando um filho" (1819-1823) que se encontra atualmente no Museu do Prado. Esta pintura constitui uma referência aos conflitos internos de Espanha, durante o reinado absolutista de Fernando VII, mas será também um reflexo da degradação da sua saúde física e mental.

Em 1824, Goya exilou-se em Bordéus, França, vindo a morrer quatro anos depois naquela cidade. Encontra-se sepultado em San Antonio del la Florida, Madrid na Espanha.

Conhecido como "Goya, o Turbulento" e considerado às vezes como "o Shakespeare do pincel"3 , suas produções artísticas incluem uma ampla variedade representativa de retratos, paisagens, cenas mitológicas, tragédia, comédia, sátira, farsa, homens, deuses e demônios, feiticeiros, e um pouco do obsceno.

segunda-feira, novembro 24, 2014

domingo, novembro 23, 2014

Black Company - Não sabe nadar



Bantú não sabe nadar yo
K.J.B. não sabe nadar yo
Madnigga não sabe nadar yo
Makkx não sabe nadar yei (2x)

I
No giato ponto de encontro
Chegei atrasado
O Marca está pintado
O Banbin está de lado
K.J.B. está zangado
Não há espiga
A festa é até ao fim do dia
BC de novo da estrada
À procura de pousada
Nas férias o pecado é ficar à noite em casa
Nós todos prometemos uma festa brindada
O meu melhor fato, sapatos a brilhar
As damas que não sabem o que vão encontrar
Quatro gajos muito dreds muito podres
Quantro gajos sem concretos sem temores
Nós só queremos é diversão
Queremos disbundar
Diana e Paparica que vai nos encontrar um som radical
Nos meu rádio japaiado
Ninguém, ninguém, ninguém, ninguém, ninguém está preocupado
É pura ilusão que Portugal é diferente
Os ratos mira dente têm um grand'ambiente
Os gajos no estranjeiro
Apanham no ar
Podemos rebentar, mas não nos peças para nadar, para nadar yoooo

REFRÃO:
Bantú não sabe nadar yo
K.J.B. não sabe nadar yo
Madnigga não sabe nadar yo
Makkx não sabe nadar yei (2x)

II
Tu marcas
Como te sentes
Um bocado atrufiado por ali, por ali
Tou disposto a disbundar
Tou disposto a rasgar
Tu que me conheces e sabes
Que não vou parar
Domingo na desbunda
Escola na segunda
Nãaaaaaaa
As férias estão aí
Simmmmm
É tempo de curtir
Mas não me faltam postos para partir para desbunda
Sexta, Sábado, Domingo e Segunda,
Se me quiseres encontrar
Vai à praia procurar
Mas na água não vou estar
Porque eu não sai nadar,
Porque eu não sei nadar.

REFRÃO:
Bantú não sabe nadar yo
K.J.B. não sabe nadar yo
Madnigga não sabe nadar yo
Makkx não sabe nadar yei (2x)

REFRÃO 2:
É sempre a dar
É sempre a dar
É sempre a dar yo
A desbundar
A desbundar
A desbundar yo
É a partir
É a partir
É a partir yo
Até cair
Até cair
Até cair yeeeiiiiii (2x)

III
Só nado, pilhado, vai cu afogado
Sou um rapper, sou um dred
Nunca uso risca ao lado
Na praia ou com o Costa
O som das damas a passar
As bundas a mexer
A temperatura a aumentar
Eu não aguento
Eu não aguento
Eu não aguento
Se mexes no meu copo de cerveja
Eu arrebento
Tu podes brincar com o que quiseres, eu não me emporto
Mexes com a minha dama e és um homem morto
É sempre a dar
É sempre a dar
É sempre a dar
Com o som do radio amófi não consegues mais parar
Lekapanekézon que isto está pronto arrebentar
Lekapanekézon que isto está pronto a istoirar
Depois de meses de espera
B.C. mantém a polvura
Estamos preparados para perder controlo
Se quiseres ouvir o som que intusiasma
Dj K.J.B. dá-lhe com a alma
Agora quero saber se estão a gostar
Se estão disposto a isso
Quero ver as mãos no ar yeeeeeeeeeeiiii
Mas nós não sabemos nadar
Mas nós sabemos rapar

REFRÃO:
Bantú não sabe nadar yo
K.J.B. não sabe nadar yo
Madnigga não sabe nadar yo
Makkx não sabe nadar yei (2x)

REFRÃO 2:
É sempre a dar
É sempre a dar
É sempre a dar yo
A desbundar
A desbundar
A desbundar yo
É a partir
É a partir
É a partir yo
Até cair
Até cair
Até cair yeeeiiiiii (2x)

IV
Geradi não sabe nadar
Boss AC não sabe nadar
Demóli não sabe nadar
Zona Dred não sabe nadar
Liders não sabe nadar
Kussondulola não sabe nadar
You Trek não sabe nadar
Da Weasel não sabe nadar
Não sabe nadar



Interprete: Black Company
Musica: Não sabe nadar

sexta-feira, novembro 21, 2014

Marc Chagall - Eu e a aldeia



Marc Chagall (Vitebsk, Império Russo, 7 de julho de 1887 — Saint-Paul-de-Vence, França, 28 de março de 1985) foi um pintor, ceramista e gravurista surrealista judeu russo-francês.

Nascido em Mojša Zacharavič Šahałaŭ (em bielorrusso, Мойша Захаравіч Шагалаў; em russo, Мовшa Хацкелевич Шагалов, romanizado Movsha Zatskelevich Shagalov), no seio de uma família judaica, na sua juventude entrou para o ateliê de um retratista famoso da sua cidade natal. Lá aprendeu não só as técnicas de pintura, como a gostar e a exprimir-se nessa arte. Ingressou, posteriormente, na Academia de Arte de São Petersburgo, de onde rumou para a próspera cidade-luz, Paris.

Ali entrou em contacto com as vanguardas modernistas que enchiam de cor, alegria e vivacidade a capital francesa. Conheceu também artistas como Amedeo Modigliani e La Fresnay. Todavia, quem mais o marcou, deste próspero e pródigo período, foi o modernista Guillaume Apollinaire, de quem se tornou grande amigo.

É também neste período que Chagall pinta dois dos seus mais conhecidos quadros: Eu e a aldeia e O Soldado bebé, pintados em 1911 e 1912, respectivamente.

Os títulos dos quadros foram dados por Blaise Cendrars. Coube a Guillaume Apollinaire selecionar as obras que seriam posteriormente expostas em Berlim, no ano em que a Primeira Guerra Mundial rebentou, em 1914.

Neste ano, após a explosão da guerra, Marc Chagall volta ao seu país natal, sendo, portanto, mobilizado para as trincheiras. Todavia, permaneceu em São Petersburgo, onde casou um ano mais tarde com Bella, uma moça que conheceu na sua aldeia.

Depois da grande revolução socialista na Rússia, que pôs fim ao regime autoritário czarista, foi nomeado comissário para as belas-artes, tendo inaugurado uma escola de arte, aberta a quaisquer tendências modernistas. Foi neste período que entrou em confronto com Kasimir Malevich, acabando por se demitir do cargo.

Retornou então, a Paris, onde iniciou mais um pródigo período de produção artística, tendo mesmo ilustrado uma Bíblia. Em 1927, ilustrou também as Fábulas de La Fontaine, tendo feito cem gravuras, somente publicadas em 1952. São também deste ano conhecidas as suas primeiras paisagens.

Visitou em 1931 a Palestina e, depois, a Síria, tendo publicado, em memória destas duas viagens o livro de carácter autobiográfico Ma vie (em português: "Minha vida").

Desde 1935, com a perseguição dos judeus e com a Alemanha prestes a entrar em mais uma guerra, Chagall começa a retratar as tensões e depressões sociais e religiosas que sentia na pele, já que também era judeu convicto.

Anos mais tarde, parte para os Estados Unidos, onde se refugia dos alemães. Lá, em 1944, com o fim da guerra a emergir, Bella, a sua mulher, falece, facto que lhe causa uma enorme depressão, mergulhando novamente no mundo das evocações, dos chamamentos, dos sonhos. Conclui este período com um quadro que já havia iniciado em 1931:Em torno dela.

Dois anos depois do fim da guerra, regressa definitivamente à França, onde pintou os vitrais da Universidade Hebraica de Jerusalém.

Na França e nos Estados Unidos pintou, para além de diversos quadros, vitrais e mosaicos. Explorou também os campos da cerâmica, tema pelo qual teve especial interesse.

Em sua homenagem, em 1973 foi inaugurado o Museu da Mensagem Bíblica de Marc Chagall, na famosa cidade do sul da França, Nice. Em 1977 o governo francês condecorou-o com a Grã-cruz da Legião de Honra.

Tendo sido um dos melhores pintores do século XX, Marc Chagall faleceu em Saint-Paul-de-Vence, no sul da França, em 1985.

Eu e a aldeia


Em defesa da jovial maturidade

Na sexta-feira passada lá se venceu à tangente a Arménia com um golo do «gajo do costume», tal como ficou expresso na feliz manchete deste jornal na edição do dia seguinte ao jogo no Estádio do Algarve. Na verdade, todas as homenagens ao dito do costume são poucas.

A Federação Portuguesa de Futebol, até para nunca vir a ser acusada de gestão danosa, devia transportar sempre Cristiano Ronaldo numa bandeja em aço inoxidável de última geração coberta por uma redoma de diamante amassado com titânio por causa das tosses. O gajo é de ouro.

Veja-se só isto: para a selecção de Cristiano Ronaldo jogar o amigável com a Argentina, em Manchester, os organizadores do acontecimento pagaram à FPF um cachet de 1,2 milhões de euros, o maior de sempre a entrar nos seus cofres. É muito dinheiro tendo em conta que Cristiano Ronaldo jogou apenas na primeira parte, cláusula que devia estar combinada entre as partes.
1,2 milhões de euros não foi dinheiro gasto, com certeza, para atrair a Old Trafford um público desejoso de conferir com os seus próprios olhos o fabuloso salto para trás no tempo que é já marca distintiva da selecção desta era Fernando Santos.

Tal como o personagem principal da história O Curioso Caso de Benjamin Button, a nossa selecção progride em modo de regressão. E progride bem, não se faça disto um bicho-de-sete-cabeças.
Até Ricardo Quaresma, quando joga na selecção, parece mais novo do que Ricardo Quaresma quando não joga no FC Porto.

Não que haja qualquer coisa a obstar ao excelente contributo nas importantes vitórias sobre a Dinamarca e sobre a Arménia, jogos a valer, emprestado pelos jogadores seniores-seniores que Fernando Santos foi recuperar à era Queiroz. Foram até brilhantes, quase todos, pela jovial maturidade que souberam pôr em campo ao serviço da qualificação de Portugal para o Europeu de 2016 que se realiza em França.

O facto de se realizar em França é, só por si, uma excelente notícia para Fernando Santos porque tudo o que acontecer de menos bom à sua e nossa selecção será sempre, em primeira instância, por culpa do Platini. E só depois virão as culpas do seleccionador como, aliás, é prática tradicional.
Voltemos, então, ao gajo do costume até porque foi só por ele que o cachet recebido pela FPF atingiu os gordíssimos números referidos. E também foi só por ele e só com os golos dele que Portugal, muito a custo, conseguiu vencer dinamarqueses e arménios.
1-0 e 1-0, tangenciais, suficientes e com a mesma assinatura.
Cristiano Ronaldo, enfim, é o Talisca da nossa selecção.


Quatro motivos de preocupação numa semana sem jogo do Benfica:
1) Renovação do Maxi.
2) Possibilidade de lesões do Enzo Pérez e do Gaitán ao serviço da selecção argentina caso o treinador resolvesse metê-los a jogar no amigável com Portugal.
3) Possibilidade de lesão do Talisca ao serviço da selecção do Brasil caso o treinador resolvesse metê-lo a jogar no amigável com a Áustria.
4) Possibilidade de lesão do Maxi Pereira ao serviço da selecção do Uruguai sendo certo que o treinador resolve, de caras, metê-lo a jogar no amigável com o Chile.


Que venha a chanceler alemã protestar por Portugal ter licenciados a mais, ainda se compreende em função da conjuntura internacional, mas que venha o presidente do Bayern Munique protestar por o Benfica ter sócios demais já parece, francamente, má vontade.
Escusada seria, no entanto, aquela resposta oficial do Benfica com a ideia triste de fazer fotografar três jogadores da casa exibindo em alemão para alemão ler. Mas para quê? É que nem parece coisa nossa... antes pelo contrário.


Maior alegria numa semana sem jogo do Benfica:
- O golaço de Gonçalo Guedes na conversão de um livre no jogo da selecção de sub-19 com a Dinamarca.
Tristezas da semana:
- Foram-se embora o José Luís e o Asterónimo Araújo. O roupeiro e o enfermeiro. Partiram quase ao mesmo tempo. Até parece que combinaram. Eram uma simpatia, ou melhor duas simpatias.


De Dinis, que foi um brilhante extremo-esquerdo no Sporting entre 1969 e 1975, soubemos boas notícias através da edição de anteontem de A BOLA. O elegante angolano continua atento ao futebol português e ao dia-a-dia do clube cujo emblema defendeu com tão bons resultados.
No seu tempo de jogador não havia defesa-direito que o travasse, excepção feita a Artur, o Ruço. Os protagonizaram duelos épicos. Artur começou a confrontar-se no mesmo corredor com Dinis ainda em representação da Académica de onde rapidamente se transferiu para o Benfica passando, então, os tais duelos a ter palco de derby, o que lhes conferia uma dimensão superior.


O derby tem um histórico imenso de duelos individuais. O capítulo do mano-a-mano é inesgotável renovando-se continuamente os protagonistas, naturalmente. Como espectadora, confesso, gostei de todos a que assisti. Sendo que entre os meus primeiros se contam os duelos Eusébio-Damas e Artur-Dinis e entre os últimos se conta, por exemplo, o duelo Óscar Cardozo-Rui Patrício que, do meu ponto de vista, não foi tão artístico como os anteriormente citados mas não deixou se ser espectacular.

Olhando com benevolência para o actual quadro de jogadores dos dois lados da Segunda Circular é francamente difícil projectar o próximo mano-a-mano de fazer estarrecer o derby de Lisboa. Não é que em ambas as equipas não abundem os bons jogadores mas por isso mesmo, por serem bons, é de duvidar que permaneçam por estas bandas o tempo suficiente para poderem construir um historial de truz.


Quatro temas insólitos numa semana sem jogo do Benfica:
1) As Ilhas Faroé foram ganhar à Grécia.
2) A presidente do Gençlerbirligi vai multar em 9 mil euros qualquer jogador que lhe apareça de barbas pela frente.
3) O Sporting vai apresentar-se na Taça da Liga com uma formação mista de jogadores da equipa B e dos juniores.
4) Está-se a acabar o chocolate.


Foi uma boa semana sem jogo do Benfica até porque nenhum dos nossos internacionais em acção se lesionou. Maxi foi titular pelo Uruguai, Talisca não se estreou no escrete, Enzo não saiu do banco em Old Trafford. Já Gaitán saiu do banco na segunda parte e quase marcava dois golos bonitos. Mas dos quase-golos não reza a história, como sabemos.
Importante é que todos regressam aptos para o que se avizinha cá por casa. O próximo compromisso diz respeito à Taça de Portugal e o adversário é o Moreirense. Máxima concentração, é o que se deseja.

Entretanto, sem jogadores do Benfica, a selecção nacional venceu a Argentina com o resultado do costume (1-0), com o golo a ser marcado quando é costume (nos instantes finais do jogo), com a assistência a ser feita pelo do costume (Ricardo Quaresma), sendo que o seu autor, desta vez, não foi «o gajo do costume» (Cristiano Ronaldo), mas Raphael Guerreiro que parece já tão acostumado a estas altas andanças que até causa espanto.

O jovem Raphael estreou-se pela selecção dos crescidos no jogo com a Arménia dando boa conta do recado na sexta-feira. Na terça-feira ficou no banco na primeira parte do jogo com a Argentina escapando-se assim a ter de enfrentar Lionel Messi. Depois jogou quase toda a segunda parte de Manchester e coube-lhe marcar o golo da vitória portuguesa. Estas coisas nunca acontecem por acaso. Raphael Guerreiro chegou para discutir o lugar com Fábio Coentrão, vai uma aposta?

Fonte: Leonor Pinhão @A bola

quinta-feira, novembro 20, 2014

Freitas Lobo com pele de Freitas Cordeiro

Como amante de poesia e de futebol, confesso que temi o pior quando Luís Freitas Lobo introduziu a poesia no comentário de futebol. Mesmo sendo má poesia, era poesia, e o meu conceito de futebol exclui qualquer espécie de lirismo. Para mim, o futebol é melhor quando se aproxima dos jogos que os miúdos jogam na rua, com duas pedras a fazer de baliza. Joguei muitas vezes assim e nunca me ocorreu dizer "Carlitos, a maneira como fintaste o Fernandinho fez-me lembrar aquele soneto do Wordsworth sobre o materialismo da sociedade industrial."

Acompanho com muito interesse as experiências linguísticas do comentário desportivo, e deve registar-se que Freitas Lobo tem contribuído para a consolidação de todos os grandes lugares-comuns sintácticos. É, por exemplo, um ilustre cultor da nova moda que consiste em falar com o verbo no infinitivo. Dá gosto ouvi-lo declarar: "Em primeiro lugar, dizer que Minhoca fez um grande jogo pelo Paços de Ferreira", ou "Antes de mais nada, dedicar este comentário a quem ama verdadeiramente o futebol."

O problema é quando Freitas Lobo resolve ser original. A sua mais recente inovação poética consiste na aplicação da seguinte fórmula: "O [inserir nome de jogador] é um [inserir metáfora] em forma de jogador de futebol." Alguns exemplos célebres são 
"Ribery é uma carraça em forma de jogador de futebol", 
"Rooney é um pugilista em forma de jogador de futebol", 
"Matuidi é um alicate em forma de jogador de futebol", 
"Pastore é uma pantera cor-de-rosa em forma de jogador de futebol", 
"Mangala é um arranha-céus em forma de jogador de futebol", 
"Michu é uma espécie de bip-bip a fugir do coiote em forma de jogador de futebol", 
"Giovinco é um rato em forma de jogador de futebol", 
"Caetano é uma pulga amarela em forma de jogador de futebol" 
e o complexo 
"Messi é uma pulga disfarçada de ET em forma de jogador de futebol". 

Há um método infalível para determinar se o discurso de um comentador desportivo ultrapassou o nível aceitável de ridículo: trata-se de verificar se o modo como se expressa permeou o discurso do café. Hoje, por esses snack-bares fora, toda a gente fala em conceitos anteriormente desconhecidos, como transições, exploração do espaço entre linhas, duplo pivot. Mas nenhum frequentador de tascas diz para outro: "Ó Vítor, este Marcelinho é um ferro de engomar com termóstato ajustável em forma de jogador de futebol." A minha preocupação aumentou quando vi o próprio Freitas Lobo confessar, na contracapa de um livro, que tinha como objectivo "descobrir Sheakespeare em Bobby Charlton". Nem o facto de Shakespeare estar mal escrito me sossegou: este homem queria mesmo estragar o futebol com alta cultura, e não seria uma gralha a redimi-lo. Foi então que encontrei, na página oficial de facebook de Freitas Lobo, outra referência a Sheakepeare. E outra ainda no perfil do comentador no sítio da sua editora. Afinal é mesmo de Sheakespeare que estamos a falar. Ora, enquanto Shakespeare não tem lugar na tasca, Sheakespeare, pelo contrário, é bem-vindo. Não só se pode tentar descobrir no futebol a poesia de Sheakespeare como se deve procurar descortinar, em cada jogada, as ideias de Immanuel Kent, as teorias de Albert Einstoin ou o traço de Salvador Dalú.

A discussão de café é mais livre. Há menos regras, como no futebol de rua. "E o resto é silêncio", como diz Hamlet. Ou, neste caso, Heamlet.

Fonte: Ricardo Arajuo Pereira@Visao

domingo, novembro 16, 2014

Clã - Problema De Expressão


Só pra dizer que te Amo,
Nem sempre encontro o melhor termo,
Nem sempre escolho o melhor modo.

Devia ser como no cinema,
A língua inglesa fica sempre bem
E nunca atraiçoa ninguém.

O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.

Só pra dizer que te Amo
Não sei porquê este embaraço
Que mais parece que só te estimo.

E até nos momentos em que digo que não quero
E o que sinto por ti são coisas confusas
E até parece que estou a mentir,
As palavras custam a sair,
Não digo o que estou a sentir,
Digo o contrário do que estou a sentir.

O teu mundo está tão perto do meu
E o que digo está tão longe,
Como o mar está do céu.

E é tão difícil dizer amor,
É bem melhor dizê-lo a cantar.
Por isso esta noite, fiz esta canção,
Para resolver o meu problema de expressão,
Pra ficar mais perto, bem mais de perto.
Ficar mais perto, bem mais de perto.



Interprete: Clã
Musica: Problema De Expressão

sexta-feira, novembro 14, 2014

Para o Tózé este vai ser o campeonato do túnel


Talvez não seja mera questão de fé mas sim um dado instruído por uma vida cheia e experimentada o que me leva a acreditar que, entre os candidatos ao título, a equipa capaz de vencer o maior número de jogos com exibições medíocres é a que tem mais hipóteses de vir a ser campeã feitas as contas.Superstição? Chamem-lhe o que quiserem.O que importa é que, à luz desta minha singela convicção, a carreira do Benfica neste campeonato está a ser verdadeiramente empolgante. Sucedem-se as vitórias tangenciais em jogos de fraca intensidade e de raro acerto, lastimosos pecados temperados pela já tradicional aflição dos minutos finais.Indiscutivelmente, custou tanto ganhar ao Nacional como já tinha custado ganhar ao Rio Ave na jornada anterior. E o campeonato fica agora a marinar durante duas semanas para o bem e para o mal. Sem ainda ter jogado nada de especial o Benfica fica a marinar para o bem porque segue no primeiro posto da tabela e tem essa posição garantida até 30 de Novembro, dia em que joga em Coimbra com a Académica no reatamento da prova.Depois se verá o que acontece. Que há entre os benfiquistas uma grande saudade de ver a equipa jogar bem, isso há. Que venha depressa esse Benfica que nos sabe encantar porque isto assim como tem estado só serve para enervar toda a gente, inclusivamente os rivais. E serve também para liderar a prova, o que não deixa de ter valor.
Para os adeptos do Benfica este último Sporting-Paços de Ferreira ficará como aquele jogo em que o Sporting jogou contra 10 e não conseguiu ganhar, o que é grave em termos retóricos. Não ganhando o Sporting contra 10, roubou-nos a possibilidade de acusarmos o rival de só conseguir ganhar quando joga contra 10 como, aliás, eles fazem connosco quando o Benfica joga contra 10 e ganha. Ou não é assim?

Por comparação com o percurso da época passada na Liga nacional, o Sporting-candidato faz pior do que o Sporting-não-candidato. Já na Liga internacional, a dos Campeões, o Sporting faz melhor do que na época passada até porque em 2013/2014 nem compareceu. Passou o ano inteiro a jogar dentro de portas, um sabido descanso.O Sporting do último ano lutou com o Benfica pelo título até tarde por estar folgado. E também por não ter de suportar a pressão da imprensa e do presidente do clube a exigir-lhe que fosse campeão vindo, como vinha, de um inaudito 7.º lugar no campeonato.Também, e pelas mesmas razões, o Liverpool lutou pelo título em Inglaterra em 2013/2014. Livre de compromissos europeus, a equipa de Anfield Road por pouco, por muito pouco, falhou o título que persegue já há uma quantidade de anos.Correntemente, temos em Espanha e em Inglaterra mais casos de equipas que por estarem fora das competições europeias brilham nas respetivas provas internas. Trata-se do Valência e do Southampton que andam nos lugares cimeiros das respetivas tabelas a surpreender quem ainda se surpreende com estas coisas.Neste último fim-de-semana o Valência, ao contrário do que vinha fazendo, até nem esteve particularmente inspirado. Empatou em casa sem golos com o Atlético de Bilbau. Fez-lhes falta, certamente, o Jonas cujos serviços dispensaram, imprudentes.Nesta última jornada do nosso campeonato, ficou bem patente essa questão do cansaço que as idas à Europa a meio da semana provocam nas equipas que têm muito afazeres. O Benfica arrastou-se por toda a segunda parte no jogo da Madeira e o Sporting viu o Paços de Ferreira mandar no resultado e no jogo de Alvalade até Montero conseguir empatar com um golo 100% legal, assinale-se.

As equipas portuguesas que jogam na Liga Europa não se queixam de cansaço. O Rio Ave teve pernas para se desembaraçar tranquilamente da Académica depois de ter jogado com Steaua. Mas, curiosamente, foi o Estoril que melhor deu provas de arcaboiço para sobreviver fisicamente a um jogo internacional a meio da semana. O Estoril jogou na quinta-feira em Moscovo, bem longe, e no domingo só não ganhou ao FC Porto, que jogara na terça-feira em Bilbau, bem mais perto, porque Julen Lopetegui lançou Oliver para os minutos finais do jogo da Amoreira dando-lhe ordens estritas para só marcar no tempo de descontos não fosse o Estoril, mais fresco do físico e das ideias, ter tempo para se colocar de novo em vantagem.Lopetegui será, certamente, um excelente treinador mas como actor é fraco. Quase diria, com o devido respeito, que roça o canastrão. Quando Loptegui é espicaçado para improvisar sobre um qualquer tema soprado dos bastidores normalmente perde toda a naturalidade, arregala os olhos em jeito de desculpa e a coisa sai-lhe sem brilho, sem pinga de convicção. 

Foi, portanto, de olho arregalado que Julen Lopetegui, a quem sopraram uma bucha institucional mal terminou o jogo na Amoreira, lá se viu forçado a improvisar sobre o sempre candente da arbitragem para convencer a sua plateia de que é por causa dos árbitros que o FC Porto está a 3 pontos do líder do campeonato.- De árbitros não falo, vi o jogo do Benfica – disse na pele desconfortável de quem tem de se justificar e de arregimentar solidariedade para a causa pessoal e coletiva em consequência de um resultado menos bom.Há gente francamente suscetível em todos os emblemas, gente exagerada e pronta a reagir ofendida sempre que do lado do adversário tocam no nome do seu mais que tudo. Aconteceu assim na noite de domingo. Houve muito benfiquista que não gostou da referência ao nome do seu clube emitida pelo treinador do FC Porto. Houve também quem corresse a isentar Lopetegui de qualquer pecado realmente sério porque, tendo em conta as circunstâncias, ao treinador basco até poderia ter tocado um papel pior do que aquele a que se viu coagido pelo 2-2, assim tivesse ele oportunidade de dar asas em público aos seus pensamentos.Que sarrabulho grassaria pela nação se Lopetegui, no lugar de dizer que viu o jogo do Benfica, dissesse isto:- Meus amigos, quanto a grandes penalidades, o Jackson que ponha os olhos no Tózé!Ou perguntasse isto:- Mas, amigos, onde é que está a tal grande organização de que me falaram?Ou se despedisse de todos com isto:- Besitos! Besitos! Besitos!Em Novembro, 3 pontos de avanço ou de atraso não definem o nome do campeão, é verdade. Mas definem uma impressão, uma dúvida. Será que o mundo está a mudar? Não, não acreditem nisso.

Quando Tózé se encaminhou para cobrar a grande penalidade tendo diante de si a baliza e o enorme Fabiano, muitos pensaram:- Se o rapaz falhar vai haver falatório durante quinze dias.Mas poucos, nem os mais ousados, terão pensado:- Se o rapaz NÃO falhar vai haver falatório durante quinze dias.No entanto, foi o que veio a suceder. O rapaz não falhou e o falatório está instalado.Conclusão:Para o Tózé este vai ser o campeonato do túnel. Sobre isso é que não há dúvida nenhuma.

Dunga levou Talisca para a Turquia com os grandes do Brasil mas o actual líder dos goleadores do campeonato português viu ontem sentado no banco os seus colegas darem cabo dos donos da casa. O Brasil joga na próxima terça-feira na Áustria e, provavelmente, o jovem Talisca continuará sentado no banco a ver os seus colegas dar cabo dos austríacos. Não desmoralizes, jovem Talisca. Quando voltares tens um jogo muito importante com o Moreirense para a linda Taça de Portugal.

Fonte: Leonor Pinhão@A Bola


Paul Klee

Paul Klee (Münchenbuchsee, 18 de dezembro de 1879 — Muralto, 29 de junho de 1940) foi um pintor e poeta suíço naturalizado alemão. O seu estilo, grandemente individual, foi influenciado por várias tendências artísticas diferentes, incluindo o expressionismo, cubismo, e surrealismo. Ele foi um estudante do orientalismo. Klee era um desenhista nato que realizou experimentos e dominou a teoria das cores, sobre o quê ele escreveu extensivamente. Suas obras refletem seu humor seco e, às vezes, a sua perspectiva infantil, seus ânimos e suas crenças pessoais, e sua musicalidade. Ele e o pintor russo Wassily Kandinsky, seu amigo, também eram famosos por darem aulas na escola de arte e arquitetura Bauhaus.

Klee nasceu em Münchenbuchsee (próximo a Berna), Suíça, em uma família musical. Seu pai, o alemão Hans Klee, era professor de música no Seminário de Professores Hofwil, nas redondezas de Berna. Sua mãe, Ida Frick, treinava para ser uma cantora. Klee foi o segundo de dois filhos.

Klee se apresentou na arte e na cultura muito cedo. Aos sete anos, ele começou a tocar violino, e, aos oito, ele ganhou de sua avó uma caixa de giz. O que parece é que Klee foi igualmente talentoso na música e na arte. Nos seus primeiros anos, atendendo ao desejo dos pais, ele se concentrou para se tornar um músico; mas, nos seus anos de adolescência, ele decidiu pelas artes visuais por acreditar que a música moderna, para ele, não tinha significado. Como um músico, ele tocou e se sentiu ligado emocionalmente às obras dos séculos XVIII e XIX, mas, como um artista, ele abriu caminho à liberdade para explorar idéias e estilos radicais. Aos dezesseis anos, os desenhos de paisagens de Klee já mostravam habilidade considerável.

Por volta de 1897, ele fundou um diário, que ele manteve até 1918, dando informações valorosas sobre sua vida e filosofia a pesquisadores. Durante seus anos na escola, ele desenhava em seus livros, enérgico – particularmente caricaturas –, e já demonstrava habilidade com linhas e volumes. Ele quase que não consegue ser aprovado nos exames finais do Gymnasium de Berna, onde ele se qualificou em humanas. Escrevendo em seu característico estilo ríspido e mordaz, ele escreveu: “Além do mais, é muito difícil alcançar exatamente o mínimo, e evolui em riscos.”. Todavia, além de seus profundos interesses em música e arte, Klee era um grande apreciador da literatura, e, mais tarde, se tornou em um escritor sobre a teoria e as estéticas da arte.

Em 1898, com a relutante permissão de seus pais, ele começou a estudar arte na Academia de Belas Artes em Munique, com Heinrich Knirr e Franz von Stuck. Ele se destacou em desenho, mas aparentemente não possuía qualquer senso natural de coloração. Ele relembrou: “No terceiro inverno, eu até mesmo entendi que eu provavelmente nunca aprenderia a pintar.”. Durante esta época de juventude aventureira, Klee passou a maior parte do tempo em bares e teve relações com mulheres e modelos de classe inferior. Ele teve um filho ilegítimo em 1900, que morreu várias semanas após o nascimento.

Após receber a formação em Belas Artes, Klee permaneceu na Itália por vários meses com seu amigo Hermann Haller. Eles ficaram em Roma, Florença, e Nápoles, e estudaram os mestres da pintura dos séculos passados. Ele exclamou: “O Fórum e o Vaticano falaram para mim que o humanismo queria me sufocar”. Ele respondeu às cores da Itália, mas notou, com tristeza, “que um grande esforço me resta neste campo das cores”. Para Klee, a cor representava o otimismo e a notabilidade na arte, e tinha esperanças de aliviar a natureza pessimista que ele expressava em suas sátiras e burlescas em preto-e-branco. Ao voltar à Berna, ele viveu com seus pais por vários anos, assistindo lições de arte ocasionalmente. Em 1905, ele desenvolveu algumas técnicas experimentais, o que resultou em 67 obras incluindo o Retrato De Meu Pai (1906). Ele também completou um ciclo de 11 rascunhos em placas de zinco, as Invenções – suas primeiras obras a serem exibidas, nas quais ele ilustrava várias criaturas grotescas. Klee ainda estava dividindo seu tempo com a música, tocando violino em uma orquestra e escrevendo análises de concertos e peças de teatro.

Klee se casou, em 1906, com a pianista bávara Lily Stumpf, com quem ele teve um filho chamado Felix Paul no ano seguinte. O casal viveu em um subúrbio de Munique, e, enquanto ela dava aulas de piano e fazia ocasionais apresentações, ele sustentava a casa e tendia a seu trabalho artístico. Ele tentou, sem sucesso, ser um ilustrador em uma revista. O trabalho artístico de Klee progrediu lentamente pelos próximos cinco anos, parcialmente por causa de que ele teve que dividir seu tempo com questões domésticas, e também porque ele tentou encontrar uma nova aproximação para sua arte. Em 1910, ele teve a primeira exibição exclusiva em Berna. No ano seguinte, ele criou algumas ilustrações para uma edição de Cândido de Voltaire. Naquele ano, ele conheceu Wassily Kandinsky, Franz Marc e outras figuras de vanguarda, associando-se ao grupo artístico conhecido como Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul).Porém mesmo se casando com uma mulher,nunca negou sua bissexualidade.

Ao se encontrar com Kandinsky, Klee relembrou: “Eu tive uma profunda sensação de confiança nele. Ele é alguém, e tem uma mentalidade excepcionalmente bela e lúcida.”. A associação abriu sua mente para as modernas teorias das cores. Suas viagens à Paris em 1912 também o expuseram ao cubismo e aos exemplos pioneiros da “pintura pura”, um antigo termo para se referir à arte abstrata. As cores fortes usadas por Robert Delaunay e Maurice De Vlaminck também o inspiraram. Ao invés de copiar estes artistas, Klee começou a trabalhar com seus próprios experimentos com cores em aquarelas pálidas e criou algumas paisagens primitivas, como In The Quarry (1913) e Houses Near The Gravel Pit (1913), usando blocos de cores com sobreposição limitada. Klee reconheceu que, para alcançar este “nobre e distante objetivo”, “um grande esforço me resta neste campo das cores”. Logo, ele descobriu “o estilo que conecta o desenho ao reino das cores”.

A explosão artística de Klee ocorreu em 1914, no ano em que ele fez uma breve visita à Tunísia com August Macke e Louis Moilliet e se impressionou pela qualidade da luz de lá. “A cor tomou posse de mim; eu não mais tenho que persegui-la, pois sei que ela está presa a mim para sempre… A cor e eu somos um. Eu sou um pintor.”. Com esta percepção, a fidelidade à natureza perde sua importância. Ao invés, Klee começa a se arraigar no “romantismo da abstração”. Klee consegue, com sucesso, sintetizar a cor às suas obras, e um dos exemplos mais literais desta síntese é O Bávaro Don Giovanni (1919).

Ao retornar para casa, Klee pintou o seu primeiro abstrato puro, No Estilo De Kairouan (1914), composto de retângulos coloridos e alguns círculos. O retângulo colorido passou a ser o seu bloco de construção básico, que alguns historiadores associam a uma nota musical, que Klee combinou com outros blocos coloridos para criar uma harmonia de cores análoga às composições musicais. A sua escolha de uma paleta de cores em particular emula uma chave musical. Às vezes, ele usava pares complementares de cores, e, em outras vezes, cores “dissonantes”, novamente refletindo a sua conexão com a musicalidade.

Semanas mais tarde, tem início a Primeira Guerra Mundial. No começo, Klee se sentia desassociado dela, como ele, ironicamente, escreveu: “Por muito tempo eu tive esta guerra em mim. Por isso que, agora, ela não é mais nada do meu interesse.”. Logo, porém, ela começou a afetá-lo. Seus amigos Macke e Marc morreram em combate. Tentando liberar seu desespero, ele criou vários litógrafos com temas de guerra como Morte Da Idéia (1915). Ele também continuou a criar obras abstratas e semi-abstratas. Em 1916, ele se juntou à guerra pela Alemanha, mas o seu pai o retirou da linha de frente, e ele terminou pintando camuflagens em aviões e trabalhando como escriturário. Por toda a guerra, ele continuou a pintar e conseguiu realizar várias mostras. Em 1917, as obras de Klee começaram a vender bem e os críticos de arte começaram a aclamá-lo como o melhor entre os novos artistas alemães. Em Ab Ovo (1917), a sua técnica sofisticada é particularmente notável. Ele emprega aquarela em gaze e papel com chão de giz, produzindo uma rica textura de padrões triangulares, circulares e crescentes. Demonstrando sua dimensão de explorações, misturando cores e linhas, o seu Warning Of The Ships (1918) é um desenho colorido preenchido de imagens simbólicas em um campo de coloração suprimida.

Em 1920, Klee tentou uma vaga de instrutor na Academia de Arte de Düsseldorf. Ele não conseguiu, mas teve grande sucesso ao assegurar um contrato de três anos (com um recebimento mínimo anual) com o curador Hans Goltz, cuja influente galeria deu grande exposição a Klee, e, também, sucesso comercial. Uma retrospectiva de mais de 300 obras em 1920 também foi notável.

Klee deu aulas na Bauhaus, escola de arte fundada em 1919 com o objetivo de unir artes e ofícios em apenas uma instituição. Klee era um mestre de colagens, vitrais, e murais. Ele ganhou dois estúdios. Em 1922, Kandinsky se juntou à equipe e restaurou a sua amizade com Klee. Mais tarde no mesmo ano, foi realizada a primeira mostra e festival da Bauhaus, para qual Klee criou vários materiais de divulgação. Dentro da Bauhaus ocorriam vários conflitos entre teorias e opiniões, conflitos estes muito bem-vindos por Klee: “Eu também aprovo estas competições de forças se o resultado for uma façanha”.

Klee também era um membro da Die Blaue Vier, ao lado de Kandinsky, Feininger, e Jawlensky; formada em 1923, eles palestravam e realizavam mostras juntos nos Estados Unidos, em 1925. Naquele mesmo ano, Klee teve as suas primeiras mostras em Paris, e se tornou um sucesso entre os surrealistas franceses. Klee visitou o Egito em 1928, mas não se impressionou tanto quanto na viagem à Tunísia. Em 1929, foi publicado o primeiro e principal monógrafo das obras de Klee, escrito por Will Grohmann.

Quase que desde o começo, o movimento nazista denunciou a Bauhaus por sua “arte degenerada” e, em 1933, a Bauhaus foi finalmente fechada. Os migrantes, porém, conseguiram disseminar os conceitos da Bauhaus para outros países, incluindo a Nova Bauhaus em Chicago. Klee também deu aulas na Academia de Düsseldorf entre 1931 e 1933, aparecendo em um jornal nazista. Sua casa foi vasculhada e ele foi demitido de seu trabalho. O seu auto-retrato Riscado Da Lista (1933) relembra a triste ocasião. Em 1933-1934, Klee realizou exposições em Londres e em Paris, finalmente conhecendo Picasso, a quem ele tanto admirava. A família Klee seguiu para a Suíça no final de 1933.

Klee estava no auge de sua criatividade. Ad Parnassum (1932) é considerada como a sua obra-prima e o melhor exemplo de seu estilo pontilhista; ela é, também, uma de suas maiores e mais bem-acabadas pinturas. Ele produziu aproximadamente 500 obras em 1933 durante seu último ano na Alemanha. Porém, em 1933, Klee começou a sofrer sintomas do que foi diagnosticado como esclerodermia após sua morte. A progressão de sua doença fatal, que dificultava engolir, pode ser acompanhada através da arte que ele criou nos seus últimos anos. Seu nível de criação em 1936 era de apenas 25 pinturas. No final da década de 1930, sua saúde recuperou significantemente e ele foi encorajado por uma visita de Kandinsky e Picasso. O design mais simplificado de Klee o permitiu que ele aumentasse o nível de criação nos seus últimos anos, e, em 1939, ele criou mais de 1.200 obras. Ele usou linhas mais pesadas e deu predominância às formas geométricas, com poucos, porém maiores blocos de cor. Suas variadas paletas de cores, algumas com cores brilhantes e outras sóbrias, talvez refletissem o seu humor alternando entre o otimismo e o pessimismo. Ao voltar à Alemanha em 1937, 17 das pinturas de Klee foram incluídas em uma exibição de arte degenerada e 102 de suas obras em coleções públicas foram apreendidas pelos nazistas.

Klee morreu em Muralto, Locarno, Suíça, em 1940, sem conseguir a cidadania suíça, mesmo tendo nascido naquele país. Seu trabalho artístico era considerado revolucionário demais, ou mesmo degenerado, pelas autoridades suíças, mas, com o tempo, eles aceitaram sua solicitação seis dias após sua morte. Sua herança é composta de, aproximadamente, 9.000 obras de arte.

Klee já foi associado ao expressionismo, cubismo, futurismo, surrealismo, e abstracionismo, mas suas imagens são difíceis de serem classificadas. Geralmente, ele trabalhava isolado da vista dos demais, e interpretava as novas tendências artísticas de sua própria maneira. Extraordinariamente inventivo em seus métodos e técnicas, Klee trabalhou com vários materiais diferentes – tinta a óleo, aquarela, tinta preta, rascunho, e outros. Na maioria das vezes, ele combinava esses materiais em uma só obra. Ele usava tela, estopa, musselina, linho, gaze, papel-cartão, limalha, tecido, papéis de parede, e papel-jornal. Klee fazia uso de pintura a esguicho (spray), recortes com facas, carimbos e verniz, e misturava, por exemplo, óleo com aquarela ou aquarela com caneta e tinta indiana.

Ele era um desenhista nato, e, através de seus extensivos experimentos, desenvolveu um domínio da cor e da tonalidade. A maioria de seus trabalhos combina estas habilidades. Ele usa uma grande variedade de paletas de cores, que seguem desde o quase monocromático até ao altamente policromático. Usa frequentemente formas geométricas, além de letras, números, e setas, e as combina com figuras de animais e de pessoas. Algumas obras eram completamente abstratas. Grande parte de suas obras e seus títulos refletem seu humor seco e seus ânimos variados; algumas expressam convicções políticas. Suas obras aludem, freqüentemente, à poesia, à música e aos sonhos, e, às vezes, incluem palavras ou notações musicais. Suas últimas obras são distintas por símbolos “hieroglíficos”. Rainer Maria Rilke escreveu sobre Klee em 1921: “Mesmo se você não tivesse me contado que ele toca violino, eu teria adivinhado isto em várias ocasiões em que seus desenhos eram transcrições da música”.

Conforme Klee aprendia a manipular as cores com grande habilidade e paixão, ele se tornou em um efetivo instrutor de mistura de cores e da teoria das cores na Bauhaus. Esta progressão em si é muito interessante porque os seus pontos de vista sobre as cores o permitiriam, no final, a escrever sobre isto a partir de um único ponto de vista entre seus contemporâneos.

Uma das pinturas de Klee, Angelus Novus, foi alvo de interpretação pelo filósofo alemão e crítico literário Walter Benjamin, quem comprou a pintura em 1921. Em sua Tese Sobre A Filosofia Da História, Benjamin sugere que o anjo ilustrado na pintura possa ser visto como algo representando o progresso na história.

Em 1938, a Steinway fabricou uma série de pianos em homenagem a Paul Klee, e comemorando a forma com a qual Klee havia unido as formas de arte musical e visual. Apenas 500 pianos foram produzidos nesta série, sendo que Vladimir Horowitz foi um dos que adquiriram o piano. Paul Klee descreveu a série como “uma grande honra e privilégio. Esta homenagem afirmou o trabalho de minha vida.”.

Hoje, uma pintura de Paul Klee pode ser vendida por mais de $7.5 milhões de dólares americanos.

Um museu dedicado a Paul Klee foi construído pelo arquiteto italiano Renzo Piano em Berna, Suíça. O Zentrum Paul Klee foi inaugurado em junho de 2005 e agrupa uma coleção de cerca de 4.000 obras do artista. Outra coleção substancial das obras de Klee é de propriedade do químico e dramaturgo Carl Djerassi e está à mostra no Museu de Arte Moderna de São Francisco.


Desporto de fim de semana - 2024/03/16

Sábado, 2024/03/16  - 14:00 - Futebol - Fc Penafiel -v- SL Benfica B - Liga Portugal 2 | 23/24 - Jornada 26  - 15:00 - Basquetebol - SL Ben...