terça-feira, novembro 25, 2008

Árvores da Floresta

Certamente não constituirá matéria inócua que, sempre que os resultados desportivos da nossa equipa principal de Futebol estão em alta como agora, oportunamente se produzam notícias como as que surgiram nos órgãos de comunicação durante o ultimo fim de semana, com o objectivo de pôr em causa a grandeza e idoneidade do Glorioso.
A origem das notícias era de fonte policial. A questão residirá - na imaginativa de alguns diligentes policias e doutos magistrados - na putativa ligação que existiria entre o SLB e uma presuntiva claque.
Ora, quando falamos nestas matérias temos de ser precisos nos conceitos e nos termos. E, em primeiro lugar, o Benfica hoje não reconhece juridicamente qualquer claque. As claques não têm aqui em casa, qualquer estatuto legal ou informal, uma vez que os seus alegados membros não aceitam os termos em que a Lei lhes fixa deveres, sem atender a determinadas garantias, não se manifestando por isso dispostos a cumprir com as obrigações legais. Por essa mesma razão, também o Benfica não se sente em condições de forçar Sócios seus, a proceder desta ou daquela maneira.

Aqueles mil ou dois mil sócios que costumamos ver nos bons e maus momentos de todos os jogos, no espaço do Ângulo Sudeste do Anel Zero da Luz, numa contagiante atitude de apoio constante ao Benfica, pagam as suas quotas, compraram os seus lugares cativos, regularizam-nos ano a ano. São como uma floresta que se compõe de muitas árvores de altivo porte. Qualquer empresa no mercado pode premiar os seus clientes mais constantes, mais dedicados e entusiasmados.
Pode o Benfica premiá-los pela sua entusiasmante dedicação, num sector bem localizado do Estádio, exemplarmente unido por uma cultura benfiquista comum, na qual exprimem as suas diversidades? Não pode. A lei não deixa.
Tem o Benfica razões para os dividr, separar, perseguir ou escorraçar? Nenhumas!
Mas, mais do que apenas acorrer á Luz de 15 em 15 dias, o pessoal do espaço No Name usa os seus próprios meios de transporte individuais, ou liga-se entre si para alugar carrinhas de 6 ou 7 lugares e, de Norte a Sul do País, não perde um jogo do Gloriosos. Eles enchem os estádios locais, como nenhum outro emblema motiva que os seus adeptos façam, de modo tão sistemático e entusiástico, sem qualquer benefício ou desconto, pessoal ou de grupo, sem qualquer espécie de apoio que lhe seja proporcionado pelo Benfica.
E, no entanto, ao contrário do que seria justo, o Benfica vê-se totalmente impedido de premiar o esforço de Sócios tão dedicados, por causa de uma lei ás 3 pancadas redigida, que inevitavelmente se vê constrangido a cumpri.
Alguns são marginais, diz a polícia. Dirão até os tribunais. Porventura. Mas em nossa casa, nós não temos quaisquer razões para os reconhecer como tais.
Não o são, nem no Estádio da Luz quando, no uso dos seus plenos direitos, ocupam os seus lugares cativos ou quando, enchendo os outros campos com os bilhetes que compraram, desempenham com denodo absoluto um apoio de elite ás evoluções (nem sempre entusiasmantes) dos nossos atletas.

Pode o Benfica - que nada lhes dá em troca e apenas os reconhece como sócios cumpridores, ocupar-se das suas vidas privadas, fora deste contexto? Evidentemente que não.
Por muito interessante que o legislador o tivesse achado, o Benfica não se dedicará a escrutinar as vidas privadas de associados.
Nada tem de ver com isso. Nós somos hoje mais de 180 mil. E está-se mesmo a ver a que baderna social conduziria, se acaso a Instituição se pusesse a observar o que dá na real gana a cada um dos seus associados.
Não nos compete a nós seleccionar as árvores da floresta. Mesmo que se trate das malsãs.

José Nuno Martins
(editor do jornal O Benfica)

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