terça-feira, novembro 18, 2008

A Chama Imensa - Amigos, amigos, futebol à parte

Está por fazer um estudo sério acerca das relações de amizade no futebol. Ontem, dois clubes que eram amigos defrontaram-se com particular sanha. Em tempos, havia cedências mútuas de jogadores e uma amizade bonita. De repente, só porque o Guimarães quis colocar o Porto fora da Champions, gera-se um mau ambiente que inquina as relações institucionais e incendeia os jogos. Espero sinceramente que o jogo de ontem permita regularizar as relações entre os clubes. A derrota do Guimarães não é suficiente para colocar o Porto na Champions, mas contribuiu para que eles tenham voltado à luta pela Europa. Já não é mau.

Pior é o caso de Martins dos Santos. O leitor lembra-se de Martins dos Santos? Trata-se do árbitro que, numa conversa interceptada pela Polícia Judiciaria, disse: «O que eu queria era que me corresse bem o jogo, (...) que me corresse bem e que ganhasse quem ganhou». O jogo a que ele se referia era o Rio Ave-Porto, e quem ganhou foi o Rio Ave. Estava a brincar, claro. Aqui está uma excelente piada. Quem ganhou foi o Porto, obviamente. E quem foi o árbitro que o Porto convidou para apitar o jogo inaugural do Estádio do Dragão? Carlos Valente. Ah, ah, ah! Mais uma brincadeira gira. O árbitro convidado foi — o leitor já adivinhou — Martins dos Santos. Sucede que, há dias, Martins dos Santos foi, inesperadamente, condenado a 20 meses de prisão, com pena suspensa, pelo crime de — e esta parte é verdadeiramente surpreendente — corrupção passiva. Mas quantos sócios do Porto deram uma palavra de apoio a Martins dos Santos? Quantos lhe ofereceram um ombro amigo, quantos o acompanharam a tribunal? Nenhum. E aquilo é gente que está habituada a escoltar os seus à justiça.

Quem acompanhou a imprensa desportiva desta semana não pode ter deixado de se surpreender com o resultado do Sporting-Leixões de ontem. É que o Sporting fez uma super-hiper-ultra primeira parte contra o Porto. O Sporting só não continuou a exibição de luxo na segunda parte porque o árbitro não permitiu. O Sporting, se continuasse a exibir-se como na primeira parte, em que atingiu o nível do Barcelona, de Cruyff, e do Chelsea, de Mourinho, mas em bom, ganhava não só o campeonato nacional como até competições em que não participa. É difícil compreender como é que uma equipa assim perde em casa com o Leixões. Criar mau ambiente aos árbitros é boa ideia. Mas talvez também seja conveniente criar mau ambiente aos adversários. Tratar mal os árbitros e deixar os adversários sentirem-se em casa dá mau resultado.

by RAP @ Jornal Abola - 20081116

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