O Benfica comparou o atentado contra um grupo de adeptos seus - que no domingo regressava áa Barcelos pela A1 - ao atentado que contra os jogadores e técnicos do Sporting que aconteceu em Alcochete no último mês de maio. Formalmente o Benfica tem razão. A coberto da noite, no caso recente da autoestrada, ou cobertos por capuzes, no caso da Academia do Sporting, bandos de meliantes atacaram cidadãos tão inocentes quanto desprevenidos. A comparação caiu, no entanto, em saco roto porque a imagem da cabeça ensanguentada de um adepto não se compara em impacto mediático à cabeça ensanguentada de um profissional de futebol.
A cabeça do adepto Bruno Simões, não tem o valor da cabeça do jogador Bas Dost, nem em termos das chamadas "audiências" nem sequer em capacidade para suscitar o mesmo nível de indignação social. Cinco dias já se passaram, entretanto, sobre o ataque que ocorreu no alcatrão entre Grijó e Gaia. E a Federação Portuguesa de Futebol e a Liga de Clubes continuam tão absorvidas por este género de questões em abstracto que ainda não conseguiram produzir uma palavra sobre o crime de domingo à noite. Para o Ministério da Administração Interna o assunto não existirá porque é "futebol". O MAI talvez se intrometesse se os utentes agredidos da A1 voltassem a casa depois de uma visita ao Oceanário de Lisboa ou ao Portugal dos Pequeninos em Coimbra. Sendo "futebol", tenham lá paciência...
O Sérgio Conceição foi multado por ter tirado a braçadeira de treinador e o Benfica foi multado por ter passado uma imagem em directo de Abel Ferreira nos ecrãs gigantes da Luz. Não há nada de verdadeiramente importante que escape à alçada civilizacional do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol.
O Benfica somou no domingo a sua 7.ª vitória consecutiva desde que a Luís Filipe Vieira lhe deu a luz no Seixal. Aparentemente foi uma exibição categórica, sobretudo na segunda parte, da equipa de Rui Vitória, que ficará sempre para a história como o primeiro treinador do Mundo a substituir-se a si próprio depois de ser alvo de uma chicotada psicológica. A exibição produzida e o resultado averbado nesse jogo com o Sporting de Braga terão sido só ‘aparentemente’ categóricos porque, tal como tem vindo a ser exposto em todos os areópagos de gente séria e bem informada, o Sporting de Braga fez um frete, ofereceu-se ao sacrifício na Luz por força do amor que o seu presidente, o treinador e todos os jogadores, um a um, dedicam ao Sport Lisboa e Benfica.
Ontem, na Vila das Aves, o Benfica até parecia que estava a fazer um frete ao Desportivo local. As situações de quase-golo dos donos da casa teriam produzido um resultado histórico se a bola estivesse em noite de entrar na baliza de Svilar. Mas Seferovic lá fez um golito e assim segue o Benfica para a final four da Taça da Liga. Mas que o resultado foi injusto, isso foi.
Fonte: Leonor Pinhão @ record
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