segunda-feira, julho 03, 2017

O bruxo é para manter

Tardava uma explicação cabal, científica e, por isso mesmo, limpa de facciosismo, que esclarecesse o público pagante dos nossos estádios sobre as grandes anormalidades que se têm vindo a passar no domínio das competições oficiais quer sejam patrocinadas pela moderna Liga de Clubes quer pela velha Federação. 

Chegou, finalmente, e ainda muito a tempo de iluminar com as luzes da razão pura as mentes capciosas e bolorentas que nos remetem para tempos medievos em discussões e teorias que só medram na ignorância dos factos, das causas e dos efeitos. 

Estarão certamente recordados, por exemplo, daquela grande anormalidade ocorrida no estádio do Sporting ao minuto 72 do dérbi do campeonato de 2015/2016 quando o simpático costa-riquenho Bryan Ruiz falhou um golo de baliza aberta depois de ter recebido a bola, perfeita, dos pés de um Slimani que o serviu com uma magnificência raramente vista. 

- Isto é bruxedo! – gritou-se nas bancadas do estádio e gritou-se também, pudera, em muitos lares e em muitas redações de jornais. 

- Não é nada bruxedo, é aselhice! – contrapuseram os céticos. 

Mas estavam errados os céticos. Aconteceu mesmo bruxedo. Soube-se agora, 16 meses passados. Foi por artes mágicas que todos vimos Bryan Ruiz falhar o pontapé que colocaria o Sporting na rota do título. 

E o que dizer do pontapé de livre do Lindelof que já nesta primavera colou Patrício ao chão? Está também agora explicadíssimo aquele momento de loucura do mexicano Herrera que, nos segundos finais do FC Porto-Benfica, na primeira volta da última Liga, ofereceu disparatadamente um pontapé de canto aos adversários, que aproveitaram para, sem piedade, empatar o jogo através de uma cabeçada acertadíssima do Lisandro López. 

- Isto é burrice! – muito se gritou nas bancadas do Dragão. 

Injustamente, está agora esclarecido, porque Herrera não teve culpa alguma. Foi também bruxedo. Todas estas informações foram transmitidas ao país e à polícia de costumes na noite da última terça-feira no Porto Canal. E em boa hora o foram para que se faça justiça a gente boa e trabalhadora como Lopetegui e Nuno Espírito Santo, vítimas também eles do bruxo contratado na Guiné pelo presidente do Benfica. 

Estas revelações do Porto Canal vão, por certo, fazer rolar muitas cabeças. Onde vão rolar as cabeças é que não se sabe. No entanto, aqui fica um pedido singelo ao presidente do Benfica: o bruxo, por amor de Deus, é para manter. O bruxo e o Fejsa, claro. 



Outras histórias... 
A seleção soube fazer justiça  
Síndrome da equipa favorita na hora das grandes penalidades 
Com a eliminação nas meias-finais da Taça das Confederações voltou a nossa seleção a usufruir do estatuto de patinho-pobre da pátria e o nosso selecionador passou de bestial a besta. 

Até Cristiano Ronaldo voltou a cair em desgraça acusado de ligar mais ao rancho de filhos do que ao rancho das quinas. Sobre os pontapés de penalidade falhados na hora do desempate também já se disseram muitos disparates. 

Que, por exemplo, os jogadores estavam com vontade de férias, o que não faz sentido porque, perdendo, teriam sempre de jogar mais uma vez na Rússia para a atribuição do 3º lugar. O que atacou Ricardo Quaresma, João Moutinho e Nani não foi a urgência do descanso. 

Foi a consciência de que seria muito injusta a eliminação do Chile depois de lhe ter sido sonegado um penálti e de ter visto a bola ir duas vezes ao poste da baliza de Patrício nos instantes cruciais do prolongamento. 

Portugal, que era o favorito, fez justiça contra si mesmo pelos seus próprios pés. Foi nobre ou não foi?



Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha

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