quinta-feira, janeiro 26, 2017

Os três estrogeniozinhos e a testosterona má

O leitor gosta de ciganos? E de mulheres? E de heterossexuais? E de magros? Se respondeu não a alguma destas perguntas o leitor é, com todo o respeito, um palerma. Se, por outro lado, respondeu sim a alguma destas perguntas, é, com todo o respeito, outro palerma. A minha resposta – que, curiosamente, está certa – é: depende. Há pessoas adoráveis e detestáveis independentemente da cor, do género, da orientação sexual e da morfologia. Antigamente, era preciso explicar esta evidência às pessoas preconceituosas. Agora é preciso explicá-la também às pessoas anti-preconceituosas.

Na minha opinião, é um escândalo que as mulheres estejam em menor número que os homens no governo, na assembleia da república, nos conselhos de administração, nas páginas dos jornais. Por esta razão: as mulheres têm tanto direito como os homens a ocupar esses lugares. Outras pessoas não se satisfazem com o argumento da igualdade de direitos e defendem que as mulheres devem ocupar aqueles cargos porque acrescentam qualquer coisa que os homens não têm: exercem o poder de outra forma (melhor), com outra sensibilidade (superior). Que mulheres? Todas. Há, ao que parece, uma perspectiva feminina sobre as coisas que me tem escapado. Nunca notei que as mulheres de determinado partido tivessem uma perspectiva diferente da dos homens do mesmo partido. E sempre me pareceu que Mariana Mortágua e Assunção Cristas tinham, cada uma, a sua perspectiva sobre as matérias, e que essa era independente do seu género e da própria cor dos olhos. Para mim, as mulheres – e peço desculpa por ser ofensivo – são, no essencial, exactamente iguais aos homens. Não definir uma pessoa pelo género a que pertence (ou a etnia, ou a nacionalidade) sempre me pareceu uma boa política.

Esta semana, o parlamento russo aprovou uma estupenda lei que equipara a violência doméstica a uma contra-ordenação de trânsito. Se um homem agredir a mulher apenas uma vez por ano, pagará, no máximo, uma multa. O projecto de lei foi apresentado por Yelena Mizulina – que, como o próprio nome indica, é do sexo feminino, e é também presidente da comissão para assuntos da família.

Pessoalmente, acho a lei criminosa, mas prefiro não discordar em público da proponente, até para não ser acusado de “mansplaining”.

Durante as eleições americanas, a actriz Susan Sarandon disse que, tendo divergências de fundo com Hillary Clinton, não votaria nela, até porque, e cito, se recusava a “votar com a vagina”. Compreendo-a bem, porque tenho o mesmo sistema genital de Donald Trump, embora de outro tom, e também nunca votaria nele. Espero que, este ano, as mulheres francesas não votem com a vagina. Não obstante toda a admiração que nutro pela vagina, continuo a achar mais ajuizado que votem com a cabeça.


Fonte: Ricardo Araújo Pereira@ Visão



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