Não é novidade. Ganhando ou perdendo títulos, em todos os finais de época desde que chegou ao Benfica - e já lá vão cinco anos - os noticiários apontam para a eventualidade da saída de Jorge Jesus. É o romance já habitual do fim da Primavera. Tornou-se um clássico. Tem havido nuances, é certo que sim. Depois de ganhar o seu primeiro campeonato para o Benfica, Jesus, em alta, foi apontado ao FC Porto como mais uma manobra genial de Pinto da Costa. Depois de ter perdido tudo, em 2012/2013, de novo o nome do treinador do Benfica surgiu nos escaparates mas, desta feita, na fraca qualidade de despedido por incompetência.
Antes de ter sido despedido pelos adeptos e pela imprensa, ou seja antes de perdido tudo e quando ainda tudo podia ganhar, Jorge Jesus foi novamente apontado ao FC Porto como, finalmente, mais uma operação genial do presidente do clube rival.
Este ano, depois de ter ganho três competições internas, voltou-se a falar com insistência da iminente saída de Jesus. Não rumo ao FC Porto, que já tem treinador contratado, mas rumo a eventuais potentados europeus e das Arábias.
Sobre este renovado assunto, a imprensa acrescentou pormenores de interesse geral. Os adversários internos do Benfica teriam contratado Jorge Mendes, com quem até andavam desavindos, para que o empresário lhe fizesse um favorzinho do tamanho do mundo: o de colocar Jesus o mais longe possível do Benfica.
Ora, sendo assim, Jorge Mendes é o empresário mais incompetente do mundo visto que Jorge Jesus será o treinador do Benfica na próxima temporada. Isto de acordo com as palavras proferidas pelo presidente do clube na noite de anteontem na RTP. E se o presidente o disse é porque é verdade.
Do meu ponto de vista (e enquanto me lembrar que o mesmo presidente foi o único a defender que a renovação do contrato com o treinador era fundamental depois do fim trágico da penúltima temporada) não vejo motivo algum para duvidar da intenção do discurso de Luís Filipe Vieira. É que o presidente ganhou créditos junto das massas com esta última temporada francamente gloriosa.
A intenção de Vieira foi, não se vislumbra outra, a de acabar com a conversa à volta da continuidade ou nem por isso de Jorge Jesus no Benfica. Não porque seja um tema transcendente, antes pelo contrário, porque já estava a aborrecer.
Conclusão: para o ano já temos outra vez treinador. É outra vez o mesmo. E se ele, o treinador, quiser renova-se já o contrato por mais uns anitos. Que bom. Não há nada como ganhar títulos para dar tranquilidade a uma casa.
Novidade, novidade à séria foi a revelação feita por Luís Filipe Vieira sobre o campeonato nacional dos passivos. É imperioso registar que não foi o presidente do Benfica quem trouxe o assunto à baila, o que nem lhe ficaria bem. Foi o jornalista que o entrevistou quem tocou no tema assumindo ser o dito passivo do Benfica e maior de Portugal.
Vieira, certamente ciente do que disse, corrigiu o jornalista. Em termos de campeonato de passivo estamos, portanto, em segundo lugar. O tal lugar que é o primeiro dos últimos. O seu a seu dono.
No sábado, o Atlético de Madrid pagou na Luz de modo dramático a factura de ter lutado pelo título espanhol até à última jornada de La Liga.
Na maldição de Bella Guttmann acredita quem quiser, mas no imortal axioma do treinador austro-húngaro - «não há rabo para duas cadeiras» - torna-se muito difícil não acreditar. Embora, naturalmente, haja excepções.
O Bayern Munique, por exemplo, na temporada anterior ganhou tudo o que havia para ganhar mas deve-se dizer que, em princípios de Março de 2013, já tinha no bolso o título alemão pelo que, tranquilamente, se autorizou a desligar-se da Bundesliga para se concentrar exclusivamente na questão europeia.
Ao FC Porto de José Mourinho aconteceu a mesma coisa em 2003/2004. Virtualmente campeão português por alturas do Carnaval, o FC Porto deu-se ao invejável luxo de deitar os olhos exclusivamente para a final de Gelsenkirchen sem nada que o apoquentasse dentro de muros.
Ao bravíssimo Atlético de Madrid nada disto aconteceu. A equipa de Simeone, modelar no seu jogo de entrega física e de solidariedade, para ser campeã de Espanha foi obrigada a lutar até ao último instante da última jornada da longuíssima prova interna, saindo-se de Camp Nou em glória depois de roubado o título ao Barcelona na sua própria casa.
Não é para todos. Mas deixa marcas de cansaço no físico e de extenuação na cabeça.
O golo de Sérgio Ramos, já em tempo de compensação, que levou para prolongamento a final da última Liga dos Campeões decidiu irremediavelmente o vencedor da noite de Lisboa.
O Atlético fez uma excelente primeira parte mas, com toda a franqueza, já tinha desaparecido nos segundos quarenta e cinco minutos.
No prolongamento, como era de esperar, falou mais forte a superior e indiscutível valia das estrelas do Real e mais forte ainda falou a disponibilidade física e mental dos que equipavam de branco. Há semanas que os Ancelottis só tinham olhos para Lisboa. Gozavam o privilégio de já se terem visto livres da discussão pelo título espanhol enquanto os Simeones lutaram - e de que maneira - por esse mesmo título que lhes fugia há quase duas décadas. Moral da história: o Guttmann é que tinha razão.
Como benfiquista, o meu coração balançou e muito nesta final. A vitória do Real Madrid proporcionaria ao Benfica um encaixe extra de 1 milhão de euros (pormenores do contrato de venda de Di Maria= e proporcionaria a Fábio Coentrão, que muito estimamos na Luz, uma noite e um título inesquecíveis. A vitória do Atlético elevaria Tiago, que também muito estimamos na Luz, a um estatuto que fez por merecer em toda a sua já longa carreira.
Quando ainda cedo na segunda parte, Fábio Coentrão saiu para dar o seu lugar a Marcelo, resolveu-se-me o problema ético e, com Tiago em campo do outro lado, desejei a vitória do Atlético sem hesitação. Correu mal, pois claro que correu.
A verdade é esta: este ano cansei-me de perder finais europeias.
A final da Liga dos Campeões foi um sucesso. Correi tudo muito bem. Teria corrido ainda muito melhor se não tivessem prendido o pequeno grupo de activistas da organização Greenpeace que pretendiam exibir durante o jogo uma faixa contra a Gazprom no Árctico. Que mal fazia a faixa?
Minutos depois de terminada a final de Lisboa, o Barcelona colocou no seu site oficial uma mensagem endereçando os parabéns ao Real Madrid pelo título conquistado.
Não venham, portanto, com comparações com outras rivalidades de outros países adjacentes. É outra música.
LÁ do Brasil onde está a gozar mais do que merecidas, Luisão falou para A BOLA e meteu-se em optimistas previsões: «Vejo-me a jogar mais cinco anos no Benfica», disse.
Logo rejubilou o pessoal aqui do outro lado do Atlântico. Se é verdade que Luisão fez em 2013/2014 a sua melhor temporada numa década ao serviço do Benfica, podemos confiar que nos próximos cinco anos continue a fazer melhor, e cada vez melhor de época para época, num crescendo que não se sabe onde irá parar.
Com mais cinco anos de Luisão e com mais cinco anos de, por exemplo, Oblak, só temos razões para continuar optimistas.
Sempre que um jogador da Selecção Nacional dá uma entrevista a dizer que não estava à espera de ser convocado ou, pior ainda, a dizer que os seus pais choraram de alegria quando ouviram o seu nome ser pronunciado, é bom que saiba que só está a arranjar lenha para a fogueira onde muitos querem queimar Paulo Bento por não ter chamado outros jogadores que, porventura, ficassem menos surpreendidos. Não só eles como os respectivos pais."
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