Foi importante para o Benfica experimentar a ousadia alheia para lhe saber dar a volta. Não há benfiquista que não veja na vitória de ontem uma espécie de balanço para o que aí vem.
Ontem, na primeira parte perdi a conta aos pontapés de canto a favor do Rio Ave. Mas acabou por ser o Benfica quem foi para descanso a ganhar graças a Rodrigo e ao seu golo do costume a poucos minutos do intervalo. Na segunda parte houve menos Rio Ave e mais Benfica, que voltou a marcar graças a Luisão e a uma bonita tolada a um quarto de hora do fim.
Resumindo: o Benfica conquistou em Leiria frente a um valoroso Rio Ave a sua quinta Taça da Liga e somou ao título de campeão, reconquistado há coisa de duas semanas, mais um título oficial.
Acresce, em louvor dos vencedores, que em todo o seu percurso até à final de ontem o Benfica não sofreu um único golo nesta edição da Taça da Liga.
Concluindo: estamos contentes.
Os dois finalistas de ontem vão voltar a encontrar-se daqui a semana e meia no Jamor para a final da, desta vez, Taça de Portugal.
Penso que poderá ter feito bem ao Benfica, tendo em conta o que se avizinha, aquele início guerreiro do Rio Ave que pôs em sentido a equipa favorita durante grande parte do primeiro tempo. Contar com facilidades é sempre um erro e foi importante para o Benfica experimentar a ousadia alheia para, depois, lhe saber dar a volta como acabou por dar.
Não há benfiquista que não veja na vitória de ontem uma espécie de tomar balanço para o que aí vem. Por isso a celebrámos com muito encanto.
Com toda a franqueza não valia a pena mas já veio pedir públicas desculpas o aspirante a Pedro Mendes (não confundir com o verdadeiro Pedro Mendes a quem os adeptos do Tottenham chamavam rocket man) jogador do Sassuolo de Itália (não confundir com o Sassoeiros de Carcavelos) a quem a qualificação do Benfica (esse mesmo!) para a final da Liga Europa provocou uma fortíssima reacção alérgica.
Disse o jogador do Sassuolo que não pretende ofender ninguém e que só por ser um defensor acérrimo da qualidade dos jogadores portugueses (e quem é que não é?) se lembrou de protestar contra o exíguo número de compatriotas seus (e nossos) na equipa do Benfica que venceu a Juventus na Luz, há quinze dias, e na equipa do Benfica que empatou com a Juventus em Turim, na semana passada.
Está no pleno direito de se indignar. Nesta meia-final que disputou tão brilhantemente com os tricampeões de Itália, é verdade que o Benfica (esse mesmo!) «apenas» utilizou quatro jogadores portugueses.
Ivan Cavaleiro é um produto da formação do Benfica. Rúben Amorim começou também no Benfica mas foi no Restelo que fez grande parte da escola. André Gomes é um produto das escolas do FC Porto onde não lhe viram grande potencial. André Almeida, tal como o próprio Pedro Mendes, passou pelas escolas do Sporting mas, ao contrário de Pedro Mendes que foi parar ao honrado Sassuolo, André Almeida acabou por vir parar ao Benfica e não deve estar nada arrependido.
São poucos portugueses? São os que se conseguiram arranjar. E são bons, muitos bons.
Tendo até em conta que o Benfica, há coisa de uma década, fechou as portas à sua formação, dá-nos grande alegria estas presenças efectivas de compatriotas nossos (e do Pedro Mendes) na equipa que acabou de reconquistar o título nacional e de se apurar para uma final europeia.
E ainda há mais um português campeão pelo Benfica em 2013/2014. Trata-se do veterano guarda-redes Paulo Lopes que jogou no domingo passado contra o Vitória de Setúbal. É verdade que foram só 90 minutos num campeonato inteiro mas inteiramente merecidos para este nosso compatriota que, com uma grande pinta, se empoleirou na trave da baliza do topo Norte do estádio da Luz consumado o título no jogo com o Olhanense.
Por isso mesmo Paulo Lopes é hoje um jogador português invejável. Porque é campeão. Pelo Benfica.
No Sassuolo, por exemplo, há mais italianos do que estrangeiros que são só seis. Ele próprio, Pedro Mendes, e mais cinco, um brasileiro, um romeno, um ganês, um paraguaio e, finalmente, um suíço a quem Pedro Mendes trata por «relógio de cuco» na brincadeira, isto sem o querer minimamente ofender.
No dia em que Pedro Mendes jogar uma final europeia pelo Sassuolo, e que não demore esse dia a chegar, não venha nenhum jogador italiano, muito patriota e indignado, achar que é uma vergonha. Porque não é. Longe disso.
Jogos na Luz, agora, só na próxima época. O Benfica de 2013/2014 fez o seu último jogo em casa no domingo e completou invicto o seu calendário no domicílio. Dizem os jornais que um percurso destes, limpo, não acontecia há vinte anos. na verdade, foram vinte anos que custaram muito a passar.
Ontem, em Leiria, Rúben Amorim ia marcando um belo golo de cabeça mas a bola saiu um bom bocado por cima da trave. Fica para a próxima, Rúben Amorim.
Faz hoje uma semana que o Benfica foi a Turim jogar, empatar e passar a eliminatória. Confesso sem pudor que de todos os resultados possíveis para que o Benfica eliminasse a Juventus o 0-0 foi aquele de que nunca me lembrei poder acontecer.
Mas aconteceu.
Cinco minutos depois do árbitro ter dado por findo o jogo em Itália não houve estação de televisiva que não estivesse em directo da praça do Marquês de Pombal apelando aos adeptos do Benfica por uma ajuda na guerra das audiências que travam entre si. Apareceram alguns, não muitos, sendo o grosso da festiva barulheira entregue aos automóveis que circulavam no local. E mais as respectivas buzinas.
Parece-me bastante incorrecto à laia de acusação de fanfarronismo, afirmar-se que os benfiquistas invadiram o Marquês na noite da última quinta-feira quando, falando verdade, quem invadiu o Marquês foram as câmaras e os repórteres na ânsia, muito legítima, de mais uma noite de grandes audiências à pala do Sport Lisboa e Benfica.
Os benfiquistas andam contentes pela simples razão de que têm razões para isso. No entanto, a alegria do Benfica não precisa das televisões para ser grande. Já no contrário não se pode dizer o mesmo.
No último fim de semana e no que diz respeito às competições internas, nenhuma das quatro equipas apuradas para as duas finais europeias da UEFA logrou ganhar os seus respectivos jogos para os seus respectivos campeonatos.
Os empates do Benfica e do Sevilha não fizeram mossa nem a um nem a outro. Ambos têm as suas situações bem definidas na Liga e em La Liga.
Já a derrota do Atlético de Madrid só não foi absolutamente catastrófica para as suas legítimas pretensões ao título espanhol porque o Real Madrid (o outro finalista da Liga dos Campeões) e o Barcelona (o outro candidato ao título) empataram os seus jogos.
Simeone, na tentativa de manter a chama acesa, disse que a derrota com o Levante foi «a melhor coisa que podia ter acontecido» ao Atlético de Madrid porque assim a festa final «vai ser mais divertida». Gabo-lhe a coragem de proferir uma sentença tão ousada e que lhe poderá valer um eterno ridículo caso as coisas não lhe corram bem.
Gostava de ver Steven Vitória jogar no sábado no Porto para, também ele, poder ser legitimamente campeão nacional. Merece inteiramente. E tem de ser titular. Depois até pode ser expulso aos dois minutos do jogo mas a verdade é que esse dois minutos já ninguém lhe tira. Nem a ele nem a nós.
Fonte: Leonor Pinhão @ A Bola
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