sábado, setembro 17, 2016

Talisca, Ronaldo e os livres

Ao contrário de Ronaldo, tão parcimonioso nos festejos, poderá alguma vez Talisca voltar a vestir a camisola do Benfica depois da forma exuberante como celebrou o seu magnífico golo nos instantes finais do jogo na Luz? Não, não pode, clamarão os apaixonados sempre insensatos nas suas razões. Sim, pode, dirão com frieza os cientistas do vasto mercado internacional. 

Talisca é um mero ativo e um ativo, por definição, tão depressa está num sítio como noutro. E como classificar as declarações do mesmo Talisca visando de forma desabrida a administração da SAD ainda no calor dos festejos do seu pontapé que fez perder 2 pontos e uns largos milhares de euros à sua entidade patronal? Foi Talisca corajoso? Ou irresponsável? Na realidade, não foi nem uma coisa nem a outra. 

Foi simplesmente o mesmo imprevisível Talisca de sempre. O Talisca que habituou os benfiquistas a não saber nunca o que esperar das suas ineludíveis capacidades durante um par de anos ao serviço do clube campeão. O Talisca dos golos sensacionais e das exibições inconstantes viu-se agora emprestado ao Besiktas, que o sorteio da Campeões entendeu colocar no caminho do Benfica. 

Ao contrário dos regulamentos da nossa Liga que proíbem os jogadores emprestados de defrontar os seus clubes-patrões, na UEFA não há destes preciosismos pelo que não houve benfiquista presente no Estádio ou sentado no sofá agarrado à televisão que não adivinhasse que a trajetória da bola chutada de longe pelo jogador brasileiro só podia terminar fazendo tremer as redes da baliza à guarda do impecável Ederson. 

O Benfica respondeu a Talisca pela via oficial, desmentindo com documentos as acusações do jogador. Acreditar em Talisca ou acreditar no Benfica é uma questão de gosto, de preferência, de dar jeito. O que aconteceu na terça-feira na Luz foi um daqueles bravos momentos que fazem o futebol assemelhar-se a um filmezinho escrito por um argumentista com queda para grandes finais. Ao Benfica exige-se apenas contenção. Não se ponham agora a dizer que o Talisca é "o pior funcionário da história do clube" nem, muito menos, decretem o seu exílio por toda a eternidade. 

O futebol é isto mesmo. Um jogo coletivo, é certo, mas um jogo que permite a expressão do talento e da liberdade individuais. Tal como Aboubakar, também ele emprestado ao Besiktas, jurou a pés juntos no fim do jogo da Luz nunca mais voltar a envergar a camisola do FC Porto, também Talisca, à sua maneira, jurou a mesma coisa quanto ao Benfica. Já Ronaldo agradeceu a proposta do presidente do Sporting mas diz que se quer reformar em Madrid. Veremos como os argumentistas de serviço resolvem estes enredos. 

Os "oîtchenta e oîtchu minutos" que rebentaram a escala 
Tinha motivos de sobra Jorge Jesus para comparecer perante a imprensa como compareceu, mal terminou o jogo em Madrid. Bufando enquanto o perplexo jornalista espanhol se atrevia a colocar-lhe a primeira questão que, na realidade, ninguém ouviu. Nem o próprio Jesus prestou a atenção à pergunta. 

Bufava recorrendo à linguagem esperanto-corporal de modo a que a sua insatisfação fosse compreendida pela vasta audiência internacional sem necessidade de pronunciar uma palavra. E tinha razão Jesus para apostar nessa forma de comunicação muda porque, quando começou a falar, à merecida comiseração que a crueldade do resultado não podia deixar de suscitar sucedeu-se aquela que já é considerada como a melhor flash interview de sempre na história da Liga dos Campeões. 

Vá lá que o "periodista" não lhe perguntou com quantos pontos terminou o Sporting a última Liga. Porque "oîtchenta e oîtchu minutos" seguidos de "oîtchenta e oîtchu puentos", francamente, já era demais.


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha


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