segunda-feira, junho 04, 2012

Um banho Turco


Portugal finalizou a preparação para o Euro 2012 com uma derrota frente a Turquia, em que a surpresa foi apenas o numero de golos que a Turquia conseguiu marcar, pois a derrota por 1-v-3 chega a roçar a goelada. 

Para se compreender esta derrota temos que primeiro conhecer a Turquia, saber que em 2002 na Coreia fizeram um excelente campeonato do mundo sendo derrotados na meia-final pelo Brasil que viria a sagrar-se campeão, quem em 2008 viriam a cair igualmente na meia final frente a Alemanha, uma selecção habituada a grande embates.
Embora não tendo jogadores candidatos a bola de ouro, mas tem internacionais a jogarem em algumas das grandes equipas europeias (Real Madrid, Atlético, Werder Bermen, Bayer Leverkuson, etc), que beneficiou nos últimos anos com a entrada de investidores que tem permitido a aquisição de alguns jogadores experientes (Simão, Quaresma, Milan Baros, Tomáš Ujfaluši, Dirk Kuyt, Guti, …) veio permitir fazer evoluir os seus jogadores.
Juntando os adeptos que transformam cada jogo num inferno, com a capacidade de entrega ao jogo e a experiencia adquirida, que tem sido completado com uma boa organização táctica a nível de selecção, tem permitido a Turquia defrontar qualquer equipa de igual para igual. Estando injustamente afastada de este Euro.

Empenho, experiencia, organização e apoio. Acredito que seja sem duvida estes factores chave que faltaram a Portugal no jogo contra a Turquia.

Empenho
Talvez esteja a confundir falta de empenho com falta de capacidade para mais, mas com uma equipa formada por jogadores internacionais habituados a grandes jogos não se esperava tanta desorganização na defesa, uma assustadora permeabilidade do meio campo e avançados ineficazes. Com a excepção do habitual Cristiano Ronaldo (que quer conquistar a bola de ouro e precisa de um titulo a nível de selecções para se diferenciar do Messi), de um Nani que quer se mostrar, todos os restos foram demasiados previsíveis e nada trouxeram a equipa. Uma nota apenas para o Miguel Lopes, pela sua entrega, que permitiu colmatar os seus erros defensivos… quem sabe se numa equipa com um líder no eixo da defesa o Miguel Lopes consiga crescer.



Experiencia
Não temos uma equipa que se pode considerar demasiado jovem, com a excepção do Miguel Lopes e Miguel Veloso todos os restantes jogadores tem experiencia a nível de selecção e das competições internacionais, mas nota-se claramente uma falta de maturidade para lidar com situações adversas, de assumir a responsabilidade das suas tarefas e de apoiar em campo os colegas,

Organização
A equipa denota claramente carências nos 3 sectores, em que claramente que as laterais são a única zona do campo que funciona, o resto da equipa apenas vem vê-los jogar. O onze não pode ser feito em função da táctica preferida do treinador, mas das capacidades do plantel, se há limitações em alguns sectores então tem de haver um maior apoio entre sectores, não faz sentido ter em campo um sector forte com um dos melhores do mundo e em outros sectores, coloca-se em causa se faz sentido ter aqueles jogadores na selecção.


Falta de capacidade para mais, imaturidade e desequilíbrio entre sectores, assim se caracteriza a nossa selecção, claramente o oposto do que encontramos ontem.


"Uma mão não bate palmas. Duas mãos sim." - Proverbio Turco


Mas claro que temos apoio
Depois do descalabro do mundial da Coreia, uma das grandes conquistas foi o de aproximar o publica da selecção e desde então de 2 em 2 anos Portugal reúne-se em torno da selecção. Nos somos assim, criamos heriois, mitos e destruímos esperanças. Podemos não nos rever nos dirigentes da federação, no treinador ou no plantel escolhido, mas quando começa a “Portuguesa” nunca nos esquecemos de que somos Portugueses, apoiamos sempre a nossa selecção, todos se reúnem em torno da selecção. Mas onde erramos é nas nossas expectativas, qualquer atleta só é bom se ganhar o 1º lugar, o 2º é o 1º lugar dos derrotados, e no futebol é igual, a dedicação a selecção só existe se a selecção ganhar, quando surje a primeira contrariedade todo o apoio desaparece. A razão é muito simples não se esta a avaliar o real valor da nossa selecção e esta-se a colocar a expectativa demasiado alta, o que coloca uma grande pressão sobre os jogadores e que dificulta a aceitação de maus resultados. Depois da euforia, irá seguir-se o fado, pois esse é o nosso destino.


Sector a sector
Guarda-Redes – nem o Rui Patrício nem o Eduardo fizeram um grande jogo, com a substituição durante a 2ª parte fiquei com a ideia de que o Paulo Bento tinha perdido a confiança no Rui Patrício.

Defesa – Ontem poupou-se o João Pereira, é mais experiente mas se o Miguel Lopes jogar regularmente dentro de 2 anos iremos ganhar mais com ele. No lado esquerdo notou-se a dinâmica vinda do Real Madrid, que permitiu ao Coentrão e ao Ronaldo terem a responsabilidade de criar os lances de ataque o Coentrão necessitar de assistência medica, fruto de uma queda. No eixo da defesa é que reside todo o problema, não há líder, são lentos, só conseguindo superiorizar-se aos adversários com entradas mais agressivas. Faz falta um líder na defesa e um bom entendimento entre sectores, pois em qualquer um dos golos todos podiam ter feito mais e melhor.

Médios – A zona nevrálgica do campo em que se contem as jogadas adversarias e se cria os lances de ataque. Com um Miguel Veloso que se sentia como peixe fora de água, com o Moutinho e Meireles claramente abaixo do esperado, mais dedicado a tarefas ofensivas mas sem grandes preocupações em segurar os adversários. O nosso meio campo mesmo criando várias oportunidades de golo foi sempre demasiado “tenrinho” para os turcos.

Nani
Avançados – Quem não marca sofre, não marcamos golos  e deixamos vários em campo por marcar. O principal visado é sem duvida o Hugo Almeida, com estatura física para ser um bom avançado, frente a baliza perde golos atrás de golos. Nani e Ronaldo por mais que se esforcem, não podem fazer maratonas em campo e ainda aparecer frente a baliza para fazer golos.

Treinador – O Paulo Bento é um treinador de favores que foi colocado na selecção por dirigentes e empresários (com Jorge Mendes em destaque), fez uma convocatória com base em jogadores fundamentais e outros que tem de aparecer para gerar comissões de transferência. Criou atritos com jogadores fundamentais, não consegue colocar os jogadores a jogarem como equipa, não reconhece os seus erros, não tem capacidade mudar e corrigi-los.
Escolheu um hoje para jogar frente a Turquia que deve ser semelhante ao que irá jogar frente a Alemanha, com a excepção referida do Miguel Lopes. Substitui e bem o Miguel Veloso, duvidou do Rui Patrício, tirou um mau defesa central e estando a perder juntou a Nani e ao Ronaldo, os suplentes Nelson Oliveira, Postiga e Quaresma. Terminamos a jogar numa espécie de 3-2-5, nem assim conseguimos marcar golos.


A menos de uma semana do inicio do mundial, será que ainda a tempo para reconhecer os equívocos ? Será difícil fazer grandes mudanças, mas pode-se pelo menos salvar a cara da selecção.

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