sábado, março 02, 2019

Nove Em Cada Dez Secretários De Estado Recomendam

Quando se soube que o secretário de Estado João Galamba tinha pedido aos cidadãos da Guarda para recompensarem os investimentos da EDP na região consumindo mais energia, fiquei chocado. Eu também já fiz publicidade a grandes empresas e não creio que este seja o método mais adequado. Segundo o Jornal de Notícias, Galamba disse mesmo: “Continuem a consumir. Consumam mais.” Ora, se é certo que todas as manobras publicitárias visam apelar ao consumo, também é verdade que esse apelo será mais eficaz na mesma medida em que consiga ser subtil. Cristiano Ronaldo não encara a câmara para dizer simplesmente às pessoas que consumam mais champô. Primeiro, gaba as qualidades do produto no combate à caspa, à comichão e à oleosidade. E deixa subentendido que são as virtudes do champô que lhe permitem acelerar com mais alegria no carro descapotável em que se encontra. Receio, por isso, que a intervenção de João Galamba não tenha sido tão persuasiva como a direcção de marketing da EDP desejaria.

Uma estratégia clássica, mas sempre boa, é a recomendação. A figura escolhida para protagonizar o anúncio revela ser consumidora do produto e aconselha o público a fazer o mesmo: “Olá, eu sou o secretário de Estado da Energia e sinto-me fresco, seguro e natural porque consumo os produtos da EDP.”

Mais interessante ainda é evidenciar o modo como o produto anunciado nos mudou a vida: “Eu sou João Galamba, e há apenas quatro ou cinco anos era um blogger obscuro. Mas entretanto comecei a consumir a energia da EDP, e agora sou secretário de Estado. Obtenha também o sucesso consumindo os produtos EDP.”

Outro modelo de reclame é aquele em que se conta uma pequena história na qual o produto desempenha um papel decisivo. Por exemplo: “Ontem mesmo solicitei o aumento de potência contratada à EDP e assim pude lavar, secar e passar a minha camisola da EDP, que trago sempre vestida por baixo do fato.”

A última sugestão é arriscada mas, por isso mesmo, chama muito a atenção. Trata-se de usar psicologia invertida e desdenhar do público: “A energia da EDP é, de facto, muito boa. Mas, se não quiser, não consuma. Mesmo que todos os cidadãos da Guarda passem um ano sem acender uma única lâmpada, a EDP já ganha mais do que o suficiente, só com os chamados CMEC.



Fonte: Ricardo Araújo Pereira @ visão

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