Na primeira quarta-feira de Fevereiro o Benfica recebe em sua casa o Sporting no jogo da primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal. Um dérbi é sempre um dérbi e sobre esse assunto está tudo dito. A Federação Portuguesa de Futebol, entretanto, já fez saber que os quatro jogos das meias-finais da Taça de Portugal vão ter o contributo do vídeo-árbitro, o que não deixa de ser uma notícia sensacional para quem acompanhou criteriosamente as nomeações do vídeo-árbitro nas meias-finais da Taça da Liga. Acontece que os quatro semifinalistas da Taça de Portugal são exactamente os mesmos quatro semifinalistas da Taça da Liga, embora emparelhados de forma diferente. Aceitam-se apostas, portanto, sobre quem tombarão aos magotes as naturais "dores de crescimento" do VAR nestes iminentes desafios da maior importância do nosso calendário oficial de provas. Benfica ou Sporting? FC Porto ou Sporting de Braga? Onde é que vai doer é o que se vai ver. As casas vão esgotar, isso é certo.
O golo de Pizzi foi uma beleza. Um hino ao futebol "association", ao futebol colectivo que se afirma em desenhos geométricos e no esplendor das suas linhas de fuga. Mas não valeu. Que chatice. Eu, como sou do Benfica e vivo dez anos à frente, posso dizer-vos umas coisas sobre o funcionamento do VAR em 2029. Ficam já a saber que o recurso ao vídeo-árbitro melhorou imenso nesta década que vos levo de avanço. E, por incrível que pareça, melhorou ao ponto de ter deixado de haver erros de arbitragem, quer nas competições nacionais quer nas competições internacionais. O pioneirismo nacional nesta matéria continua a dar cartas por esse mundo fora e agora, se já ninguém se queixa dos árbitros e dos vídeo-árbitros, ao futebol português o devem, fiquem também a saber. A solução nasceu por mero acaso quando ainda antes do pontapé de saída de um desafio importante se registou uma falha técnica nos equipamentos de vídeo na Cidade do Futebol e a imagem nos ecrãs acessíveis ao vídeo-árbitro de serviço surgiu descolorida, turva, "indiferenciada", como clamaram depois os licenciados na matéria, de modo que ao VAR se tormou impossível distinguir com propriedade a identidade das equipas contendoras. Embora fossem 100% nítidas as evoluções dos dois onzes e suficientemente definidos os contornos dos jogadores e as linhas no relvado, nenhum vídeo-árbitro honesto até ao tutano poderia afirmar concerteza qual era o nome das equipas em ação. Foi um milagres. Com imagens "indiferenciadas", sem cores nem emblemas à vista desarmada, o vídeo-árbitro não cometeu um único erro de apreciação e saiu em triunfo. A patente desta invenção - nascida de uma falha técnica, nunca é demais repetir - foi imediatamente registada pela Liga de Clubes e depois comercializada para todo o Mundo civilizado. Os primeiros a comprar foram os chineses, naturalmente.
Fonte: Leonor Pinhão @ record
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