sábado, março 03, 2018

Um mar de trocadilhos com rio

Um aspecto menos referido da ascensão de Rui Rio à presidência do PSD é a alegria que ela veio trazer a um grande número de jornalistas e comentadores amigos dos jogos de palavras. Rio foi eleito há pouco menos de um mês, mas creio que ao fim de uma semana já tinham sido feitas todas as alusões fluviais possíveis. Qual viria a ser o curso de Rio? Alguns militantes desejavam que ele corresse para a foz. Mas outros queriam fazer-lhe barragem. Ou limitavam-se a ficar nas margens, recusando ir na corrente. Teria ele um caudal exuberante nos primeiros tempos de estado de graça? O entusiasmo não parecia suficiente para gerar cheias. Alguma intriga palaciana já estava mesmo a poluir as águas. Seria Elina Fraga a ninfa de Rio? E Costa teria capacidade para suster a enxurrada nas legislativas?

Foi, sem dúvida, um momento extremamente enriquecedor da discussão pública, mas agora começa a sentir-se algum desespero. Como continuar a embelezar notícias e colunas de opinião sem repetir fórmulas? Permitam-me que ajude. É importante notar que o apelido do presidente do PSD não designa apenas um curso de água. É também uma forma do verbo rir. Talvez isso possa consolar profissionais dos media que ficaram prematuramente órfãos dos trocadilhos com o substantivo rio. Por exemplo, podemos supor que alguns sociais-democratas dizem: “Com Rui rio, mas com Santana choraria.” É possível que esta ideia dê origem a uma boa dezena de artigos. Por outro lado, não devemos esquecer que o nome de Rui Rio também pode proporcionar estupendas figuras de linguagem, tais como aliterações. Porque não regalar os leitores com o título: “Rui Rio refere risco de recessão e recomenda realismo”? Sucede ainda que rui é uma forma do verbo ruir. “Edifício do PSD de Passos rui com Rio” pode ser uma boa maneira de noticiar a mudança da estrutura dirigente do partido.


Há ainda outro problema de ordem onomástica que tem sido descurado. O PSD é formado por grupos afectos a algumas figuras: há os santanistas, os cavaquistas, os barrosistas. Ora, “riistas” não parece ser uma designação com futuro. É verdade que não me lembro de ter havido “ferreiraleitistas” – e bem, porque a denominação correcta teria sido, provavelmente, “ferreiraleiteiros”. Do mesmo modo, creio que ganharíamos se “riistas” desse lugar ao mais elegante “ribeiros”. Que, como é evidente, seriam afluentes de Rio.



Fonte: Ricardo Araújo Pereira @ Visão

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