segunda-feira, junho 26, 2017

Afinal qual é o problema?

O futebol vive de ciclos. E, como é próprio dos ciclos, todos têm um início e um fim. Começam e acabam essas revoluções em alegria ou em incomensurável tristeza, dependendo das cores das paixões em causa, mas é o "meio" dos ciclos que mais custa a passar para quem os vive em perda. 

Nestes transes, as tentativas de cortar o mal pela raiz obedecem a um reportório curtíssimo que leva o público mais qualificado a encarar com desconfiança e mal disfarçado tédio as sucessivas repetições das panaceias e dos tratamentos salvíficos. 

Tomemos por exemplo o Benfica. No início deste século entenderam os seus dirigentes que a solução para combater a dominância do FC Porto era contratar antigos jogadores dos azuis-e-brancos, atletas consagrados nas Antas e, posteriormente, no Dragão de modo a que esses nomes – e só os nomes – bastassem para repor o lindo emblema da águia na senda de um qualquer ciclo triunfal. 

E, assim, foram chegando sujeitos de talento apreciável como Zahovic e Drulovic e tantos outros, menos artísticos, como Argel ou João Manuel Pinto. 

O resultado prático foi igual a zero mas a "galera", como dizem os brasileiros, vibrou com a chegada desses jogadores aureolados no campo do inimigo acreditando, piamente, que esses títulos alheios se acabariam por transferir com esses mesmos jogadores para o Estádio da Luz. O que não viria a suceder, obviamente. 

O facto de o FC Porto ter dado uma fortuna a Maxi Pereira, que tanto tinha contribuído para o ainda incipiente renascer do Benfica, foi indício sólido de que a tal discussão sobre a hegemonia estava a mudar de campo. Maxi leva já duas temporadas inteiras no Dragão e ainda não acrescentou meio título sequer ao seu palmarés e ao palmarés do clube que o contratou. 

Já o Sporting vem percorrendo o mesmo trilho e, deste modo, foram chegando a Alvalade ex-campeões do Benfica como Bruno César e Markovic, velhos conhecidos do treinador Jorge Jesus. E, agora, será Fábio Coentrão se os exames médicos e o acordo sobre vencimentos se concluírem com o sucesso esperado. 

A turba dos dois lados da Segunda Circular indigna-se por estes dias com o negócio Coentrão. Uns indignam-se porque o homem das Caxinas disse um dia que em Portugal só jogava no Benfica e os outros porque o mesmo homem disse um dia que era sportinguista desde pequenino. 

Na realidade, ninguém tem razão porque exigir constância amorosa a um profissional de futebol é mania não do século XX mas do século XIX. São coisinhas destas que ajudam a fazer do futebol um espetáculo de multidões. E qual é o problema? 



Outras histórias... 
A maior família de Portugal  Silva, Silva, Silva & Cristiano Ronaldo e assim vamos lá  
Do jogo pobrezinho com o México (que deu empate) para o jogo eficiente com os russos (que deu vitória) na casa deles, Fernando Santos procedeu a umas quantas alterações na equipa nacional que resultaram muito bem em termos da qualidade de jogo dos campeões da Europa (sim, ainda parece impossível mas somos nós!). 

Foi a consagração do saber tático do selecionador português e foi também a consagração de todos os Silvas de Portugal, o apelido mais comum entre nós. Do encontro com o México para o desafio com a Rússia entraram três Silvas na equipa – Adrien Silva, Bernardo Silva e André Silva – e a aposta não podia ter corrido melhor. 

É claro que sem Cristiano Ronaldo, o autor do golo da vitória portuguesa em Moscovo, não há Silvas em Portugal que cheguem para fazer da nossa seleção uma mais do que séria candidata ao triunfo na Taça das Confederações. 

Mas para isso é preciso não descansar hoje frente à Nova Zelândia independentemente do número de Silvas em campo.




Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha

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