domingo, abril 30, 2017

Sem chantagem fantástica

O argelino Brahimi, que, no arranque da temporada, pouco contou internamente para o seu treinador, é agora a pedra de toque da revolta portista. Não da revolta contra o treinador mas da revolta contra o órgão disciplinar externo que suspendeu o jogador por dois jogos na sequência dos desacatos inerentes ao penúltimo empate do Porto na Liga, que aconteceu em Braga. 

Brahimi cumpriu o seu primeiro jogo de castigo no último fim de semana, não comparecendo na ficha do jogo com o Feirense – o tal adversário que eram favas contadas –, e poderá voltar a ficar de fora esta noite em Chaves, onde o Porto se desloca para um desafio que, segundo todos os prognósticos pós-empate na Luz, também está no papo antes mesmo de ser jogado. 

O presidente do Porto tem feito os possíveis para Brahimi ser despenalizado a tempo de poder jogar hoje em Chaves. A propósito deste assunto, escreveu até uma carta ao presidente da Liga de Clubes – ou terá sido ao presidente da Federação? – e na última quarta-feira deslocou-se de propósito a Lisboa para se reunir com Pedro Proença e Fernando Gomes, com quem, certamente, terá discutido a situação disciplinar do excelente jogador argelino, entre muitos outros temas que o sobressaltam neste momento tão agitado da nossa sociedade. 

Diga-se que é perfeitamente legítima a ação desencadeada por Pinto da Costa para libertar Brahimi do segundo jogo de suspensão. 

Foi junto dos canais próprios que o presidente do Porto impôs o seu estatuto e moveu as suas influências, que, apesar do que se diz para aí, ainda serão suficientemente ponderosas para merecer a atenção dos órgãos disciplinares superiores. 

No entanto, à luz da História Documentada do Futebol Português, a pouca sorte de Brahimi em todo este caso da suspensão é ser um jogador internacional, 100% argelino, que atua em Portugal no ano de 2017. 

Se Brahimi atuasse no ano de 2003 e fosse 100% ou 50% português e jogador da nossa seleção – tal como era Deco quando se viu suspenso por três jogos por atirar com as botas ao árbitro Paulo Paraty –, ainda haveria inspiração para "plantar" num qualquer jornal isento que o bom do Brahimi, profundamente indignado com o castigo, se iria recusar a alinhar pela equipa das quinas na Taça das Confederações. 

Ao nosso compatriota Deco esta "chantagem fantástica" valeu-lhe a redução do castigo de 3 para 2 jogos, como haverão de estar recordados os que, há 14 anos, seguiram o caso com patriótica preocupação. Jogue ou não jogue Brahimi esta noite em Chaves, a verdade é que o patriotismo já não é o que era. Por um lado, ainda bem. Por outro lado, ainda mal. 



Mais um penálti por assinalar a 80 metros de distância da área 
Não é uma novidade na arte do "comentadorismo" científico dos jogos de futebol. Não é novidade porque já tinha acontecido o mesmo na temporada de 2015/2016 quando um especialista na matéria – o ex- -árbitro Jorge Coroado – entendeu que deveria ser punida com uma grande penalidade contra o Benfica uma falta ofensiva cometida por Luisão na área do Arouca - sim, na área do Arouca… - na sequência de um canto a favor do Benfica. 

A dissecação audiovisual do último derby persistiu magnificamente em produzir um momento semelhante de originalidade na interpretação das Leis do Jogo a propósito de uma falta cometida pelo benfiquista Cervi sobre o sportinguista Schelotto na área do Sporting – sim, na área do Sporting, a 80 metros da área do Benfica… - entendida por vários especialistas como passível de punição com o castigo máximo contra o campeão nacional. 

No futuro, se entregarem as decisões do vídeo- -árbitro a este tipo qualificado de especialistas, vai ser bonito vai…



Fonte: Leonor Pinhão @ correio da mannha

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