terça-feira, dezembro 06, 2016

O treinador adivinhou

Caros leitores, estarão certamente recordados daquele momento em que Nuno Espírito Santo, o infeliz, porém educadíssimo, treinador do FC Porto saltou do banco como se tivesse sido atingido por um raio e esbracejando, pulando e correndo ao longo da bem delimitada linha lateral festejou de forma pletórica de felicidade o singular golo que Diogo Jota marcou ao Benfica no minuto 5 da segunda parte do último clássico no Dragão. 

Foi, de facto, um minuto inesquecível porque o futebol é em todo o mundo, e por direito próprio, um espetáculo dentro e fora das quatro linhas. Que o diga José Mourinho brutalmente penalizado pelas autoridades em Inglaterra por ter acertado, na semana passada, com um pontapé numa pacífica garrafa de água posta no caminho do "special one" com o intuito de acrescentar novos elementos cénicos ao jogo e às discussões. 

Regressemos à noitinha de 6/11, a Nuno Espírito Santo e à glória dos seus festejos quando viu a bola rematada por Jota passar sorrateira entre o poste e Ederson e depois, continuando o seu trajeto, passar para lá da linha de golo estabelecendo o resultado de 1-0 a favor dos visitados que assim se manteria até ao fatal minuto 92. Logo na altura houve quem visse em toda aquela alegria um bocadinho de exagero porque o desafio estava longe de estar ganho e também porque não fica bem a um treinador do FC Porto dar tanta importância ao facto de a sua equipa conseguir adiantar-se no marcador jogando em casa contra o rival dos rivais. 

Choveram críticas e os reparos mais contundentes choveram, precisamente, do lado dos adeptos portistas que não perdoaram ao seu treinador a insensatez das comemorações tendo em conta o inapelável resultado final. 

Quase um mês passado sobre a data desse clássico começam agora os adeptos do futebol – portistas, benfiquistas e das demais cores – a dar razão a Espírito Santo e a considerar como plenamente justificada toda aquela festa, aquela correria, aquele esbracejar e os concomitantes agradecimentos ao Altíssimo que, lá de cima como é seu timbre, o presenteou com um meio-frango do impecável Ederson, coisa rara de se ver. 

É que depois desse golo de Diogo Jota já lá vão 430’ sem que o FC Porto de Nuno Espírito Santo consiga marcar um golo a quem quer que seja. Passaram 40’ do resto do jogo com o Benfica mais 120’ com o Chaves mais 90’ com os dinamarqueses e, finalmente, mais 180’ de dois jogos com o Belenenses e… nada. Sete horas sem acertar com a baliza justificam a alegria esfusiante de um treinador pelo último golo que teve o privilégio de celebrar. Até parecia que estava a adivinhar… 

Preparem-se porque vem aí o campeonato dos atacadores 
Garantem fontes estabelecidas ao mais alto nível na indústria do futebol que, este ano, o "jogo da mala" começou mais cedo. Ainda não estamos no Natal e já há notícias de que os adversários do Benfica terão aliciantes monetários por cada ponto que consigam roubar ao tricampeão nacional com o intuito de não lhe permitir que chegue ao tetra que, como se compreende, seria francamente doloroso para os supostos maleiros de serviço. 

O Moreirense foi o último adversário do Benfica e o seu presidente desmentiu perentoriamente que os seus jogadores tivessem prémios monetários alheios para travar a equipa de Rui Vitória. E, de facto, foi isso mesmo que se viu em campo. Os visitantes fizeram o seu jogo natural, perderam por 3-0 e o único esforço detetável de antijogo que se lhes pode apontar foi o de passarem mais tempo a apertar os atacadores das chuteiras do que a atacar o Benfica à saída da sua área. Também é verdade que quem não tem cão caça com gato. Mas caça pouco.

Fonte : Leonor Pinhão @ correio da manha

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