sábado, outubro 22, 2016

Desculpas permanentes

Na última terça-feira, o treinador do Sporting não esteve no banco a dirigir a equipa no jogo com o Borussia Dortmund tal como já não tinha estado no jogo com o Légia. O Comité de Disciplina da UEFA castigou-o com dois jogos de suspensão em função do seu comportamento incorreto em Madrid naquela quase-vitória que depois foi um quase-empate até à chegada do minuto 88. Como estarão recordados, no regresso a Lisboa, o treinador do Sporting atirou-se forte e feio à UEFA, essa organização retrógrada que persiste em limitar a ação dos treinadores durante os jogos obrigando-os a uma postura só exigível à família real inglesa à hora do chá. 

É, no entanto, de crer que o ataque público de Jorge Jesus às normas de conduta europeias lhe tenha agravado a pena com um segundo jogo de suspensão. 

Naturalmente, não é essa a opinião do Sporting nem do próprio Jesus. A culpa foi de um português que colabora com a UEFA, um péssimo patriota, que, segundo a Comunicação oficial de Alvalade, mandou os fotógrafos do Santiago Bernabéu "tirar fotografias ridículas" ao treinador, um seu compatriota, quando este se viu na bancada depois da ordem de expulsão. Não era preciso Jorge Batista, "press officer" da UEFA há décadas, ter mandado ninguém tirar fotografias para que uma audiência televisiva de vastos milhões espalhados pelo mundo tivesse a oportunidade de ver o treinador do Sporting seguindo, com intenso dramatismo, os instantes finais e fatais do jogo no meio dos adeptos madrilenos que, por sinal, pareciam bastante divertidos, pudera. 

No entanto, o ataque a Jorge Batista prosseguiu na véspera do jogo com os alemães. Jesus, certamente aborrecido por não poder estar no banco, sentenciou que o segundo jogo do castigo que lhe foi aplicado teve "a mãozinha de um delegado português". O tal que lhe mandou tirar "fotografias ridículas" como se uma coisa destas fosse possível sem a colaboração do fotografado. A teoria da desculpabilização permanente é muito própria do futebol nacional e internacional mas, com toda a franqueza, o Sporting tem vindo a especializar-se neste culto. Os outros, os outros… a culpa é sempre dos outros. 

E, assim sendo, para atenuar o incómodo da última derrota, convirá talvez afirmar perentoriamente que o primeiro golo dos de Dortmund teve ‘a mãozinha’ da águia Vitória e que o segundo golo do mesmo Dortmund teve a ‘mãozinha’ do Barbas. 

Já o golo anulado a Coates teve, certamente, a ‘mãozinha’ da Polícia Judiciária enquanto o penálti reclamado e não assinalado aconteceu por ordem expressa do secretário-geral da ONU que é do Benfica, pois claro.


Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha

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