"A minha bancarrota é de propósito!" – responde-lhe logo outro responsável jurando que recusou vender três jogadores por 95 milhões só para meter nojo. "Isso para mim são trocos!" – rejubila quem recusou vender por 80 milhões um jogador que venderia por 30 milhões só para fazer pirraça.
O FC Porto foi, portanto, o último dos grandes a publicitar os seus sucessos financeiros. 58 milhões de euros de prejuízo. Não é pecado, é opção. O Benfica foi o primeiro, como se sabe. Apresentou contas positivas que são uma pouca-vergonha quando lhe bastava alugar o inimputável taxista Máximo à voragem das redes sociais para se desgraçar totalmente. É por causa de iniquidades como estas que as contas do Sporting "fazem bem". Assim o assegurou o seu presidente. Fazem bem ao futebol e, como se não bastasse, fazem ainda melhor ao próprio Sporting que, em 2016, de tão folgado que anda, até já anda a consumir receitas de 2018. E porquê? Porque sim.
Entretanto, e enquanto o ‘DN’ não voltar a publicar duas páginas propostas pelo presidente do Sporting a explicar aos confundidos leitores como a sua bancarrota é muito mais moderna e promissora do que a bancarrota dos outros, é dever de quem ama o futebol sugerir, a custo zero, soluções que sirvam para manter tudo exatamente na mesma ou, na melhor das hipóteses, para piorar e fazer inveja à concorrência.
Por esta ordem de ideias, o Benfica tem obrigatoriamente de lipoaspirar o Taarabt e mandá-lo para a Sampdoria por troca com o Djuricic. O FC Porto tem de convencer o V. Guimarães a trocar o Marega pelo Depoitre e a ficar-lhe eternamente agradecido. O Sporting neste capítulo da surpreendente rentabilização de contratações não rentáveis, como aliás em todos os demais capítulos, segue muito à frente dos rivais. Para desespero de muita gente – e até para desespero de muitos sportinguistas bárbaros –, o Sporting tem à mão a possibilidade de fazer muito dinheiro se quiser, e isto por amor à ficção nacional, vender à TVI para as novelas da tarde e à SIC para as novelas da noite o agora ator Eric Cantona. É certo que dói sempre vender um pedaço da História. Mas é assim a vida empresarial. Vão-se os anéis, ficam os dedos. E nisto andamos todos entretidos enquanto não chega o inverno.
OUTRAS HISTÓRIAS
Encontros do Benfica com o Santos: Do penálti falhado de Zé Augusto ao penálti falhado de Zé Gomes
Uma cortesia de Ederson permitiu ao Santos empatar com o Benfica na festa com que Léo encerrou a sua longa e profícua carreira. Quando Benfica e Santos se encontram há sempre qualquer coisa que fica para a História. Por exemplo, os 3 golos de Eusébio no encontro de 1960 em Paris. Que só não terão sido 4 golos porque o treinador Béla Guttmann não permitiu que fosse o "menino" a converter o penálti resultante de uma falta cometida sobre o "menino", pois claro. Há 56 anos, encarregar-se-ia Zé Augusto desse pontapé e falhou. Há 8 dias, na festa de Léo, houve outra grande penalidade falhada pelo Benfica. E foi outro "menino" a provocá-la – provocou, aliás, 2 castigos máximos – e a falhá-la porque Rui Vitória, ao contrário de Guttmann, decidiu entregar a Zé Gomes a responsabilidade de converter o castigo. Que não fique, portanto, triste o luso-guineense de 17 anos por ter esbanjado o que parecia fácil. Falhar penáltis contra o Santos sempre foi indubitável selo de qualidade.
Fonte: Leonor Pinhão@correio da manha
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