sexta-feira, julho 31, 2015

Tenho saudades de uma transição rápida

Tenho saudades de uma transição rápida

Pedro Proença é o novo presidente da Liga de Clubes.
E depois, qual é o problema?
Nenhum.
O antigo árbitro terá certamente uma agenda recheada de ideias modernas para o futebol português e, que se saiba, não se propôs no seu programa eleitoral a decretar a impossibilidade prática e teórica de o Benfica vir a conquistar o campeonato pelo terceiro ano consecutivo.
E, como se sabe, esta é a eventualidade que mais enerva o Sporting e o Porto, subscritores maiorais da candidatura de Pedro Proença.
É, no entanto, natural que Porto e Sporting tenham uma grande fezada em Proença que, nos últimos anos, foi quem lhes garantiu as maiores alegrias. Por via directa no caso do Porto e por via indiscreta no caso do #‎NotSportingLisbon‬.
Mas não passa disso. É apenas fé, não daquela fé que move montanhas mas da que se compraz em si mesma amesquinhando até o perfil de idoneidade do novo presidente da Liga de Clubes.
A verdade é que a notícia do regresso ao activo de Pedro Proença causou alarme nos nossos areópagos.
- Valha-nos Deus que o campeão voltou! – lamentaram-se muitos benfiquistas.
Enquanto isto, uma onda de euforia inundava as casas dos rivais com a certeza abusiva de que Pedro Proença nunca lhes falhará.
- O campeão voltou! O campeão voltou! – exultaram, cheios de certezas, portistas e sportinguistas.
Penso que estão todos enganados nas suas suposições.
O campeão ainda não voltou. Continua mais uns dias pelas Américas. O campeão voltará a 9 de Agosto para a decisão da Supertaça. Só a partir daí é que se pode começar a falar a sério. Até lá valem todas as cantigas, incluindo as nossas.


Foi-se embora o Lima. Tem 32 anos e chegou a sua hora de fazer um contrato das arábias. Já fez, está feito.
Tenho mais pena de não o ter visto chegar ao Benfica mais cedo do que chegou do que de o ver partir já em idade de merecer, como merece, uma reforma dourada onde quer que seja.
O brasileiro saiu do Benfica como um senhor. Vai-nos fazer falta, certamente.
Em três anos de Benfica, Lima marcou 70 golos, muitos deles extraordinariamente importantes. Foi um excelente avançado mas não só. Foi também um magnífico médio e um não menos empolgante defesa.
Lima jogava no campo todo exibindo uma generosidade para com os colegas e uma capacidade de luta face ao adversário que desde cedo cativaram o público e a crítica, sempre tão exigentes.
Com a saída de Lima fica desfeita a dupla que tão bem trabalhou para o último título nacional do Benfica. Lima e Jonas ou vice-versa, como preferirem. Ambos marcaram uma catrefada de golos.
Os adeptos são e serão sempre saudosistas de quem lhes deu alegrias até ao fim. E por isso o nome de Lima será reverenciado na Luz por muitos anos.
Nós, os adeptos, podemo-nos dar ao luxo de ter saudades de um antigo jogador porque não nos faz mossa. Já os jogadores não se podem dar ao luxo de ter saudades dos colegas de equipa que não estão mais lá e que lhes fazem falta.
Por exemplo, nos dois últimos jogos do Benfica nas Américas foram confrangedoras de ver as saudades que Jonas sentiu de Lima em campo. E isso é que já é um grande, um enorme desperdício.


O primeiro golo da época para Cristiano Ronaldo surgiu no jogo particular com o Manchester City. Foi numa bola em chapéu que o guarda-redes ainda tentou safar sobre a linha de golo mas sem êxito. Visto e revisto o lance não deixou dúvidas. A bola entrou na baliza e o árbitro esteve bem ao apontar para o centro do terreno.
No entanto, se o árbitro do jogo fosse o treinador do Real Madrid não teria, certamente, validado o golo de acordo com a opinião expressa de Cristiano Ronaldo, tão altamente expressa que se ouviu em todo o mundo.
- Estás sempre a roubar os portugueses!
Rafa Benítez e Cristiano Ronaldo, temos caso. Ainda não começou a sério a temporada e o Real Madrid já nos promete um número de egos só ao alcance das grandes multinacionais do entretenimento.


Nesta última semana o Benfica "on tour" fez três jogos e averbou três-não-vitórias.
Empatou dois jogos a zero e perdeu um jogo por 2-1. Marcou, portanto, 1 golo em 270 minutos, jogou uma vez em inferioridade numérica porque o Luisão foi expulso (embora não tenha mandado o árbitro ao chão) e uma outra vez em superioridade numérica (porque um mexicano qualquer foi-se ao Samaris com ganas de matador).
O Benfica foi ainda visitar a cidade de Nova Iorque e foi também visitado por um pugilista de fama planetária que tirou fotografias coma rapaziada toda e que teve a bondade de nem sequer perguntar pelo Maxi Pereira que era o seu jogador preferido do nosso plantel.
No capítulo das prestações individuais há a registar que Jonas falhou uma grande penalidade no jogo com o Club América, que Ederson defendeu uma grande penalidade da série de desempate com o mesmo adversário e que Samaris parece ser o único jogador do Benfica que se diverte com este novo estilo de jogo onde goza de uma liberdade com que jamais sonhou na época passada.
O próximo jogo do Benfica "on tour" será na madrugada da próxima segunda-feira e o adversário é o Monterrey, que vai jogar em casa. É bem provável que o Benfica termine esta pré-temporada averbando mais uma não-vitória. E não é drama nenhum.
Excepção feita ao jogo com os mexicanos do Club América – porventura um dos jogos mais maçadores do Benfica dos últimos e largos tempos -, a equipa construiu alguns momentos agradáveis com a Fiorentina e com os New York Red Bulls e por comparação com o que os seus rivais internos, Porto e Sporting, têm produzido nesta fase, não lhes ficou atrás no capítulo da episódica qualidade de jogo ao alcance no precoce mês de Julho.
Marcar golos é que tem sido mais difícil como se viu nos jogos com italianos e com mexicanos. Mas os golos, mais cedo ou mais tarde, vão aparecer.
O que parece ter desaparecido de vez é o Benfica das transições rápidas para dar lugar a um Benfica de um futebol apoiado, tão apoiado que não permite que ninguém fuja com a bola em velocidade não se vá desmanchar o bloco.
Tenho saudades de uma transição rápida, confesso.
Tal como aconteceu em 2014 por esta altura, também em 2015 o Benfica não vai ser o campeão da pré-temporada. E esta é, francamente, a melhor notícia deste Verão.
Se já o título de campeão de inverno às vezes dá galo, imagine-se só tudo o que pode correr mal ao longo de uma temporada inteira a um campeão da pré-temporada…


PS – Em Fevereiro de 2000, o Rui Santos, que era então o chefe-de-redacção de "A Bola", convidou-me para escrever uma página de opinião semanalmente neste jornal. Tendo eu deixado de ser jornalista em 1998, o que me libertava dos deveres de imparcialidade e de contenção decorrentes da profissão, aceitei com muito gosto o convite e durante os 15 anos que se seguiram "A Bola" deu-me carta-branca para não ser isenta nem contida e para abusar da anarquia que me é tão querida. Depois de Rui Santos, neste meu período de "vigência" enquanto colunista, "A Bola" teve outros chefes-de-redacção como João Bonzinho e António Magalhães. O diretor, Vítor Serpa, nunca mudou. O que também nunca mudou foi a liberdade de opinião que sempre me foi conferida e que muito apreciei. Quinze anos foram muitas quintas-feiras e chega hoje ao fim a minha colaboração com "A Bola". Gostei muito. A todos, obrigada. E adeus.

Fonte : Leonor Pinhão @ A Bola

quarta-feira, julho 29, 2015

Los árbitros ahora ya no quieren escutar mis consejos matrimoniales

O novo presidente de Iker Casillas - a quem em Espanha já chamam «el Florentino portugués» - concedeu uma longa entrevista ao diário espanhol El País mas houve partes da conversa que ficaram de fora do registo transcrito como, aliás, acontece em quase todas as entrevistas.
Por ser do interesse público, partilhamos com os estimados leitores a versão integral da supracitada entrevista presidencial que nos chegou pelo correio enviada sabe-se lá por quem com as melhores intenções. 
Foi assim:
- Confias en Julen para devolver al Oporto la gloria perdida, don Jorge? - começou por perguntar o jornalista.
- No primer ano nó ganhou nada pero estoy satisfecho.
- Como puedes estar satisfecho si no ganaste nada, don Jorge? Ni parece cosa tuya...
- O que quieres que yo diga? Los árbitros se unieram contra nosotros. Ahora ya no quieren escutar mis consejos matrimoniales...
- Que lástima, don Jorge!
- Puedes creer! Imagina-te que en la Liga un estudo sobre el arbitrage demonstró que el Benfica fue favorecido en 7 puntos.
- Un estudo? Y quien hizo esse estudo en la Liga?
- El doctor Fernando Madureira que, Dias queíra, será el brazo derecho del doctor Pedro Proença en la futura dirección de la Liga.
- El doctor Proença és el antíguo árbitro, don Jorge?
- Esse mismo.
- Pues no sabía que era médico.
- Es el mayor cirúrgico del mundo y alrededores.
- Puedo por lo tanto concluir que vas com Lopeteguí y com ele doctor Proença hasta al fin del mundo, don Jorge?
- Hasta al fin del mundo y alrededores!
- Mucho cuidado com los alrededores, don Jorge, para no perder outra vez puntos en casa com el Boavista...
E a conversa abruptamente acabou aqui.


O Benfica começou a temporada a perder em Toronto com uma segunda equipa do Paris Saint-Germain e eu gostei.
Não que goste de ver o Benfica perder. Mas gostei de uns bons bocados de toda a primeira parte em que os campeões nacionais se aplicaram com mais do que a vivacidade possível depois de uma longa viagem terminada a menos de 24 horas do início do jogo.
Gostei também do regresso de Talisca ao seu futebol e aos golos e da conclusão da jogada do segundo golo do Benfica com Gaitán a servir Jonas na perfeição e Jonas a marcar.
Estes encontros da pré-temporada servem para o treinador tirar conclusões, para os novos jogadores mostrarem o que valem, para os comentadores se atirarem a veredictos e para os adeptos se enervarem. Ou antes pelo contrário, para não se enervarem.
É o meu caso.
Também conheço benfiquistas - tão benfiquistas como os demais - para quem os jogos da pré-temporada servem um propósito estratégico da maior importância. Que é o de perder, o de perder todos os jogos e de preferência por largas cabazadas enquanto a competição não começar a sério e a valer pontos.
E é por amor ao clube que fazem votos para que todas as desgraças se abatam sobre a equipa nestes joguinhos de verão.
E dão exemplos, até bem recentes:
- Mas alguma vez o Benfica tinha ido buscar o Júlio César e o Jonas já com a época a correr se a última pré-temporada tivesse sido uma sucessão de resultados fulgurantes?
São capazes de ter razão. Mesmo assim preferia ver o Benfica ganhar à Fiorentina na madrugada do próximo domingo. Sempre dá outro ânimo.


Muito discreta foi a estreia do ex-Maxi Pereira de castanho. Beneficiou de quatro lançamentos de linha lateral (aos 11, 15, 21 e 40 minutos) e nenhum deles resultou em golo.


O mundial de futebol de praia foi ganho pela equipa portuguesa e no fim do jogo com o adorável Taiti os nossos campeões - parabéns a todos! - cantaram felicíssimos:
- O campeão voltou, o campeão voltou!
Já na semana passada, uma reportagem de uma qualquer estação televisiva mostrou-nos a final de um campeonato distrital de futsal entre equipas de padres e na subsequente festa, os padres vencedores cantaram felicíssimos:
- O campeão voltou, o campeão voltou!
Lá está, uma vez mais, o Benfica a dar música ao país.


O ex-árbitro Marco Ferreira lançou um apelo às autoridades para que venham pôr mão nas malandrices do futebol de que se considera vítima.
- Onde está a PJ? - perguntou num desabafo público prontamente difundido em múltiplos canais.
- Onde está a polícia? Por onde anda o Ministério Público? - perguntou também o ex-árbitro.
E ninguém lhe respondeu. Está mal. Até porque é fácil, pública e notória a resposta a estes legítimos clamores.
A polícia, a PJ e o Ministério Público estão ocupados nas investigações da chamada Operação Fénix que também tem ramificações no mundo da bola e já proporcionou umas manchetes curiosas na nossa imprensa.
A Fénix é uma ave mitológica dos gregos antigos que quando morre entra em auto-combustão e renasce das próprias cinzas. O que terá levado as autoridades a chamar Fénix a esta investigação é, só por si, alarmante.
Será que anda por aí alguma coisa maligna a renascer? Ou em auto-combustão?


Falando para uma vasta plateia internacional, José Mourinho prestou mais um bom serviço ao país revelando, de forma directa aos estrangeiros o retrato fiel de um Portugal sucumbido pela austeridade.
Provavelmente, os mais do que justos considerandos de Mourinho sobre a situação desesperada de muitos milhares de famílias portuguesas foram apenas a introdução que encontrou mais à mão para poder lançar umas farpas à insuspeita prodigalidade das tesourarias do Porto e do Sporting e, muito principalmente, às contratações de Casillas e de Jorge Jesus, figuras com quem o treinador português do Chelsea embirra profundamente.
É lá com eles. Mas quase apostaria que José Mourinho vai torcer pelo Benfica por toda esta temporada que já está aí à porta.
Eu também vou. Por ser do Benfica, obviamente, mas também porque ficam historicamente bem ao Benfica os condicionamentos que o impedem de gastar milhões mas que não o impedem de se reafirmar como aquele clube genuinamente popular fundado por um grupo de órfãos e, tantos anos passados, ainda e sempre tão gloriosamente perto do povo de onde nasceu e tão longe dos favores do grande capital que assegura as notas mas não garante os títulos.
De outra forma como seria o Benfica o campeão dos campeões de Portugal?
Por tudo isto que Mourinho disse, e seja qual for o contexto pessoal em que o disse, o próximo campeonato não vai ser só futebol, vai meter também política social à séria.
Carrega Benfica dos pobrezinhos, a carregar desde 1904!


São bonitas as camisolas brancas do Benfica. Para além de serem bonitas são estatutariamente corretas. 


Termine-se como se começou. Com mais num excerto da versão integral da entrevista do Florentino português ao El País.
E que bem arranha o castelhano o presidente do Porto.
- Donde aprendió a hablar tan bien nuestra lingua, 'don' Jorge? - perguntou o entrevistador do El País roído de curiosidade.
- Por Diós, em Santiago de Compostela!
- Muy bien! Fuíste en peregrinacion, 'don' Jorge?
- Por supuesto! - Fuíste a pie, 'don' Jorge?
- No, no, fui de coche.
- De coche?
- Si fuera a pie nunca más lá llegava...
Não se compreende, com toda a franqueza, como é que o El País deixou de fora estes bocadillos.


Fonte: Leonor Pinhão @ A Bola

quinta-feira, julho 16, 2015

Então e a mãe do Maxi não diz nada?

No fim de Junho expirou o contrato que mantinha com o Benfica e uma semana depois o ex-Maxi Pereira foi à igreja de Florida, lá no seu Uruguai, depositar uma camisola vermelha do mesmo Benfica aos pés de Santo Cono, padroeiro dos jogos de azar.
Santo Cono?
Não soa nada bem. 
No entanto, se na estrutura do Porto continuar em funcionamento o departamento de magia negra e afins – a cargo do inestimável Bruxo de Fafe, se é que não foi despedido depois destas duas últimas épocas desastrosas – está tudo explicado. 
Ou seja, foi de encomenda do patrão a peregrinação de Maxi ao santuário conense.
Santo Cono, patrono dos “quinieleros”, ou seja dos amigos das rifas, das roletas, das raspadinhas, dos lotos, dos totobolas, das lotarias e dos bingos vai ter agora de ocupar-se também da Liga portuguesa nomeadamente no que diz respeito ao sorteio dos árbitros.
Maxi chegou de manhã bem cedo à igreja encarregue da primeira missão que lhe foi superiormente confiada. A missão de depositar aos pés do grande Cono uma camisola do Porto rogando pelos benefícios do além em prol da reconquista de todos os títulos perdidos e, como se não bastasse, rogando também para que todos os malefícios do além tombassem sobre os usurpadores.
Era este o plano original. 
Aconteceu que quando Maxi, já no interior do templo, desembrulhou a sua nova camisola verificou-se que era castanha.
E Santo Cono de Teggiano, que sendo de origem italiana é muito atreito às coisas da elegância e do bom gosto, logo exclamou num castelhano impecável:
- Por Dios, no!
Cabisbaixo e ligeiramente envergonhado, Maxi abandonou o templo e foi à mala do carro buscar a sua velha camisola do Benfica – que era suposto queimar numa fogueira de coentros secos – e trocou de oferta com enorme agrado para o Santo Cono que em Itália tem vindo a trabalhar em prol da Juventus, uma formação que, valha a verdade, equipa sempre bem e a preceito.
A elegância, sempre a elegância.
E pronto. É nisto que ficámos. 
E agora, Santo Cono? Para que lado te vais virar?
Para o Oporto? 
Ou para o Obenfica?
Com toda a franqueza, a única coisa que impressiona verdadeiramente nesta história do outro mundo é o inexplicável silêncio da mãe do Maxi Pereira perante o corrente passo na carreira do filho.
Falou o Bruxo de Fafe, falou o próprio Santo Cono. Falou imensa gente sobre o assunto. E continua-se a falar sobre a ida do uruguaio para o Porto.
Então e a mãe do Maxi não diz nada?
Ai Santo Cono, Santo Cono, com quem te foste meter…


A cidade de Felgueiras está a dar um banho de cosmopolitismo à cidade do Porto que até arrepia.
Tudo por causa de umas mulheres, verdadeiras celebridades mundiais, para quem as cidades em causa passaram recentemente a dizer respeito por via conjugal.
Vamos por partes.
Contenção, discrição, silêncio – eis como Felgueiras reage à anunciada relação entre um dos seus filhos, o modelo Kevin Sampaio, e a celebrada estrela da pop, Madonna que poderá um dia destes aterrar tranquilamente em Felgueiras sem se sentir obrigada a provar Pão-de-Ló de Margaride e a confessar a sua admiração, desde a mais tenra idade, pelo Rancho de Santa Luzia de Airães.
Revolta, indiscrição, barulho – eis como o Porto reagiu à intenção expressa por Sara Carbonero de não morar com o marido nos próximos dois anos o que provocou, para já, uma série de reportagens na imprensa sobre as maravilhas locais que Carbonero parece desdenhar.
Em termos de cosmopolitismo, Felgueiras está a dar cartas.
Não só Felgueiras como a própria Madonna, o que não é de espantar.
A rainha da pop optou pelo silêncio e assim não tem que pedir desculpa a ninguém quando for a Felgueiras e passear toda contente por Friande, Macieira da Lixa, Sendim ou Revinhade.
Já a Sara Carbonero e a sogra, por muito arrependidas que estejam das suas palavras de desdém, terão grande dificuldade em passear pela Baixa da Invicta sem se virem forçadas a experimentar uma meia dúzia de “francesinhas” para aprenderem o que é bom.
A esta gente famosa do estrangeiro o decisivo é não lhes dar confiança nenhuma. Felgueiras é que sabe. O silêncio é de ouro.
*
Na verdade, o que é ser-se cosmopolita?
Que espécie de atributo é esse tão distintivo dos demais?
O verdadeiro cosmopolitismo é, por exemplo, comprar um jogador campeão do mundo e da Europa (em título) só pelo prazer de o sentar no banco uma época inteira tal como o Benfica fez com Joan Capdevila na temporada de 2011/2012.
Isto é que é ser chique, ser cosmopolita da cabeça aos pés, o não se deixar impressionar por títulos e honrarias estrangeiras.
E a própria mãe do Capdevila, também de tão impressionada que ficou, nem abriu a boca, naturalmente.


Na especialidade da palermice, o topo do campeonato da semana passada ficou assim arrumado:
1.º lugar:
Dona Maria Carmen Casillas por ter dito “Oporto? Por Dios, no!”, o que revela saloiice ou vistas estreitas. Para a mãe do guarda-redes, Madrid é o centro não da península ibérica mas do mundo inteiro.
2.º lugar:
Pinto da Costa por ter dito que “é bom prenúncio contratar um guarda-redes que já levantou uma Champions na Luz”, o que revela saloiice ou vistas estreitas. Para o presidente do Oporto, é o Benfica o centro do mundo.
3.º lugar:
Paulo Gonçalves por ter dito que a mãe do Casillas lhe “encheu as medidas pela sua lucidez”, o que revela saloiice ou vistas estreitas. Para o assessor jurídico do Benfica, o Porto, bem vistas as coisas, é que é o centro do mundo.
Foi muito difícil estabelecer esta classificação porque a competição entre todos foi ferocíssima.


O Sporting fez regressar João Pereira ao futebol português e aplicou-lhe uma cláusula de rescisão de 45 milhões de euros.
Ao contrário do que diziam as más-línguas, aí está Jesus a apostar decididamente num produto da formação do Benfica, ainda que de forma tardia.
Em termos da aposta na formação, sabendo-se como a juventude é desperdiçada nos jovens, o importante nestas coisas é que quanto mais tarde se for jovem, enfim, melhor é.


Antevê-se um campeonato e peras.
Se o campeonato decorrer ao mesmo nível emocional do defeso bem pode a Europa colapsar que, em Portugal, só se vai falar de bola.
O Benfica quererá o “tri”. Está no seu legítimo direito, naturalmente. Parte altamente confiante na sua própria organização ao ponto de, praticamente, ter oferecido o seu treinador ao Sporting e o seu sub-capitão ao Porto. E tudo isto sem qualquer espécie de dramatismo.
Para recuperar a desaparecida mística o Porto foi buscar um jogador ao Benfica e para meter a equipa a jogar à bola o Sporting arrecadou Jorge Jesus.
O Benfica é um bi-campeão de mãos largas.
O mais incrível destas duas facilitadas deserções não é o ápice que o ex-treinador do Benfica demorou para atravessar a Segunda Circular. É o demoradíssimo tempo que Pinto da Costa demorou até, finalmente, conseguir pescar Maxi Pereira. 
Oito anos!
Que grande incompetência.


Na semana passada, o jovem uruguaio Jonathan Rodriguez – que tão bem jogou na equipa B do Benfica por toda a segunda volta da última Liga de Honra – era dado como dispensável, trocável ou emprestável. 
Esta semana as notícias são diferentes. Jonathan Rodriguez vai ficar no Benfica.
Ainda bem. Trata-se de um jogador mais do que promissor e seria lamentável que o facto de ser compatriota do nosso ex-sub-capitão, motivasse qualquer tipo de preconceito ou mesmo a exclusão.
Veremos como corre a próxima temporada a Jonathan Rodriguez e ao Benfica. E se o Benfica for campeão – oxalá! – já temos mais um uruguaio para, no próximo defeso, ir depositar uma camisola aos pés do nosso querido Santo Cono.

Fonte : Leonor Pinhão @ A Bola

sexta-feira, julho 10, 2015

O Benfica é o campeão da austeridade e do desinvestimento.

Não gasta o que não tem, não pede dinheiro emprestado a ninguém. 
É o melhor aluno português das medidas de contenção propaladas pelas grandes instâncias nacionais e internacionais. Sem pestanejar, vê alguns dos seus mais eficientes activos passarem-se para emblemas rivais em fase de grande euforia no que diz respeito aos mercados.
E é assim, pobrezinho, que o Benfica se vai deitar à reconquista do título.
Se der, deu. Se não der, não deu.
A pressão está toda do lado dos adversários directos, unidíssimos no pressuposto que é fulcral impedir o Benfica de voltar a ser campeão. 
Ambos se vão reforçando com gente de grande categoria porque sabem bem que é com gente valiosa que se ganham os títulos.
O maior reforço comum do Porto e do Sporting em termos de arbitragem é Pedro Proença que, segundo o “Diário de Notícias” fez a ponte diplomática entre Alvalade, onde já trabalha, e o Dragão na tentativa de impor o sorteio dos árbitros.
É uma notícia curiosa mas que não traz novidade alguma. Pedro Proença está agora em termos teóricos onde sempre esteve em termos práticos.


Maicon, o central do Porto, regressou ao trabalho pedindo a todos os santinhos que não haja “empurrões” a decidir o título. Referia-se ao seu golo ilegal na Luz que deu um título ao Porto sob o beneplácito de Pedro Proença, agora e uma vez mais o homem certo no lugar certo, embora num lugar diferente.


De acordo com a imprensa, o Benfica ofereceu 6 milhões de euros a Maxi Pereira por 3 anos e o Porto ofereceu-lhe 16 milhões de euros por 4 anos.
Perante isto, nem eu que tanto gostava do lateral uruguaio, me arrepio de o ver sair. 
Maxi Pereira, doravante Mini Pereira, é um herói do nosso tempo. O dinheiro é tudo e não há romantismos que lhe resistam.
Mini Pereira esteve 8 anos no Benfica e foi de um profissionalismo exemplar. Basta dizer que nesses 8 anos raramente gozou férias, sempre em viagens e em compromissos com a selecção uruguaia por ocasião dos defesos no futebol europeu. E regressava sempre à Luz fresco que nem uma alface para mais uma temporada de trabalho.
Mini Pereira tem agora 4 anos para ficar multimilionário e, se puder, que aproveite para finalmente poder gozar férias e poder descansar. É que ele merece. E nós também.


Se Iker Casillas assinar pelo “Oporto” o campeonato português vai, pela primeira vez na sua história, passar a existir para os nossos vizinhos espanhóis. E a existir, jornada a jornada. Com direito a nomes e a números e a notícias nos jornais.
Só por isso, Casillas já seria mais do que bem-vindo à nossa Liga a quem, na verdade, ninguém ligava nenhuma para lá de Badajoz.
O sentido da contratação do lendário guarda-redes do Real Madrid é claro. Tal como o Sporting foi buscar a lenda Schmeichel para voltar a ser campeão quase vinte anos depois do seu último título, tal como o Benfica foi buscar a lenda Júlio César para revalidar o título na temporada passada, também o “Oporto” vai buscar uma lenda para as suas redes a ver se recupera o estatuto de campeão que lhe foge há dois anos.
Tudo, de bom ou de mau, começa na baliza. Ou não é?
Fui fã de Casillas nos anos de ouro da sua carreira. E confesso: há mais de dez anos, quando a lotaria do Euromilhões chegou ao nosso país, prometi-me que ofereceria um Iker Casillas inteiro ao Benfica se me saísse um primeiro prémio daqueles bem gordos.
Está visto e comprovado o meu azar ao jogo.
Vem agora, no ocaso da sua carreira, esse excelente guarda-redes reforçar a equipa de um adversário directo.
Enquanto lá estiver, uma coisa é certa: não contem com o regresso de José Mourinho ao clube que o lançou para os seus fulgurantes voos internacionais.
Outra coisa também é certa: tal como os adversários do Benfica aspiraram em vão a um Júlio César ao nível da sua infeliz prestação no último Mundial, também os adversários do “Oporto” aspiram agora a um Iker Casillas ao nível das prestações que levaram Chamartín a vaiá-lo sem dó nem piedade.
O resto é lenda. E mistério por resolver.


Antigamente dizia-se o “tesoureiro”. Hoje diz-se C.E.O. que é uma sigla importada das grandes empresas multinacionais. Na verdade, tanto faz. É do dinheirinho que se trata, amigos.
Tesoureiro ou C.E.O., Domingos Soares de Oliveira é o homem do lugar em questão no Benfica e, na semana passada, deu uma entrevista ao “Expresso” tendo descrito em pormenor aquilo que considera ser o irrevogável caminho da recuperação económica do clube.
Do muito que falou ao “Expresso” o nosso tesoureiro, uma frase apregoada saltou para título da entrevista: “O Benfica conseguiu ser independente do BES e da PT.”
Bravo! A ser um facto, que bela vitória no campeonato das finanças.
Agora a ver se conseguimos uma coisa ainda melhor: o “tri” no campeonato da bola. Isso é que era lindo a valer.
No entanto, deve ser bem mais difícil conseguir o “tri” do que conseguir a independência do BES e da PT, tendo em conta que os tesoureiros dos nossos adversários directos, ao contrário do nosso, vivem épocas de incontestado esplendor e dispõem de uma insuspeitada largueza de meios.
É este o ponto da situação quando falta um mês para o arranque da temporada e logo com um Benfica-Sporting mais especial do que nunca porque permitirá ao público em geral precipitar-se para as primeiras conclusões:
Quem é melhor treinador, Jesus ou Vitória?
Qual é o tesoureiro mais esperto, mais competente, mais atrevido, Soares de Oliveira ou José Maria Ricciardi?
Ah, mas que grande animação vai ser a temporada de 2015/2016.


O sorteio da Liga já foi. O Benfica começa em casa e a receber o Estoril que nos fez tanto mal em casa na época de 2012/2013, lembram-se?
O Porto, por sua vez, estreia-se na Liga recebendo o Vitória de Guimarães onde pontificará o jovem Tózé que o Porto vendeu agora aos de Guimarães depois de o ter emprestado um ano ao Estoril.
Tózé deu que falar no ano passado por ter apontado de forma irrepreensível (para alguns) uma grande penalidade contra a sua verdadeira entidade empregadora, o que custou pontos ao Porto na sua deslocação à Amoreira, lembram-se?
Foi a partir desse instante que os jogadores emprestados pelo Porto e pelo Benfica a outros clubes passaram a ter sobre si um foco impiedoso de atenção e uma carga de maleitas que lhes deve ter sido penosa de suportar. 
Felizmente que a lei mudou. A partir desta época os emprestados não podem defrontar os emblemas empregadores. Muito bem, tudo pela transparência.
E se Tózé marcar um golo de penálti ao Porto, na primeira jornada, esse facto já será encarado com toda a normalidade mesmo por Casillas que, como se sabe, foi contratado sem dar garantias de impedir que toda e qualquer bola entre na sua baliza.
Quanto ao Sporting, a sua estreia na Liga está marcada para Tondela. Desconfio que Vítor Paneira vai ser o treinador português mais falado na semana a seguir ao jogo. Por mérito próprio, evidentemente.
Vítor Paneira, lembram-se?


Falta ainda efetuar-se o sorteio das competições europeias de clubes.
Ao Benfica, desejo que fique livre de aventesmas e que calhem boas e simpáticas companhias na fase de grupos da Liga dos Campeões o que, só por si, já seria uma bela novidade.
Em prol das estrondosas emoções internacionais, engraçado seria – aliás, engraçadíssimo seria… - calhar ao Porto o Real Madrid e, para compor o ramalhete, ao Sporting calhar o Olympiakos.
Teríamos, assim, um regresso de Iker Casillas a Chamartín e um regresso de Marco Silva a Alvalade.
Quem é que não pagaria para ver estas coisas a acontecer?


Um vice-presidente do Porto anda a contas com uma investigação criminal e o Porto emitiu um sereníssimo comunicado conformando as buscas e diligências policiais bem como a prontificar-se a uma colaboração com a Justiça em tudo o que for necessário.
Os tempos mudaram do ponto de vista formal. 
Aparentemente, já não há teorias “da cabala” nem ataques “do centralismo lisboeta” à vida do Dragão. 
Isto e mais o Casillas, são coisas que fazem prometer um Porto ainda mais diferente em 2015/2016.

Fonte: Leonor Pinhão @A Bola

Introdução ao estudo da cavacada

Cavaco Silva disse: 'A zona do euro são 19 países. Eu espero que a Grécia não saia. Mas, se sair, ficam 18 países.' Estive a fazer contas e obtive o mesmo resultado

O pobre senhor de La Palice nunca terá proferido uma lapalissada. O que se passa é que o seu epitáfio dizia qualquer coisa como: "Aqui jaz o senhor de La Palice, que se não estivesse morto ainda faria inveja." Alguém tresleu maldosamente a palavra "envie" ("inveja") e tomou-a por "en vie", o que transformava o epitáfio no seguinte truísmo: "Aqui jaz o senhor de La Palice, que se não estivesse morto estaria ainda vivo." Cavaco não tem a desculpa do epitáfio. Há, neste momento, um razoável consenso entre especialistas no sentido de considerar que o Presidente se encontra ainda vivo. As cavacadas distinguem-se, por isso, das lapalissadas, na medida em que o seu autor é verdadeiramente responsável por elas. A cavacada é genuína, ao passo que a lapalissada não passa de um logro. A cavacada é a única que reúne condições, designadamente ao nível da certificação e da origem demarcada, para se candidatar a património imaterial da UNESCO, e no entanto é diariamente ultrapassada pela lapalissada em popularidade e prestígio.


Talvez as coisas estejam a mudar. Esta semana, Cavaco Silva disse: "A zona do euro são 19 países. Eu espero que a Grécia não saia. Mas, se sair, ficam 18 países." Estive a fazer contas e obtive o mesmo resultado. Esta cavacada não é, porém, uma cavacada qualquer. Trata-se de uma banalidade que banaliza, o que constitui uma inovação na história das platitudes. Uma coisa é dizer: "O Carlinhos tem 19 maçãs. Se perder uma, fica com 18 maçãs." É apenas uma banalidade. Mas, se a maçã que o Carlinhos perder conseguir bichar as outras 18 maçãs, ou transformar as outras 18 maçãs em maçãs mais pequeninas, ou em 17 maçãs, a mera aritmética não consegue explicar a catástrofe que se abaterá sobre a fruteira do Carlinhos.


É possível que se torne mais claro o efeito da fria utilização de uma subtracção simples para descrever perdas na zona euro se a aplicarmos, digamos, num velório. Imagino que Cavaco se aproxime de um familiar enlutado e diga: "Soube que um dos seus progenitores morreu. De acordo com as minhas contas, ainda lhe sobra um." É verdade, mas acaba por confortar pouco.


Proferida a cavacada, o Presidente acrescentou ainda: "Eu penso que o euro não vai fracassar." Uma vez que se trata do mesmo vidente que profetizou que os portugueses podiam confiar no BES, gostaria de comunicar ao sector bancário que, a partir deste momento, estou comprador de dólares.  


Fonte: Ricardo Araújo Pereira @ Visão

segunda-feira, julho 06, 2015

sexta-feira, julho 03, 2015

Kizomba - III



Artista: Daniel Santacruz

Musica: Lento

Eusébio, sempre!

Castanho e verde

Castanho e verde são as cores dos grandes campeões deste Verão. Com predominância do verde sobre o castanho, diga-se em abono da verdade, porque o Sporting está a fazer o defeso mais triunfal de toda a sua história, ao ponto de levar a reboque o Porto na questão do sorteio dos árbitros votada na última reunião magna da Liga de Clubes.
O Sporting a reboque do Porto foi coisa mais do que vista nas últimas décadas. Mas o contrário, o Porto a reboque do Sporting é uma grande inversão de papéis merecedora de todo o destaque porque que acrescenta um triunfo geoestratégico ao palmarés triunfal do presidente do Sporting neste defeso. O Porto já vinha em processo de sportinguização, é verdade que sim. Até a final do campeonato nacional de bilhar às três tabelas foi oficialmente protestada pelos Dragões!
Vista da Luz, de todas as alianças possíveis, a aliança entre o Sporting e o Porto contra o Benfica é a menos contranatura das alianças contranatura.
E só assim se explica que Pinto da Costa tenha consentido em ver Jorge Jesus aterrar em Alcochete e só assim se admite que Maxi Pereira venha a fazer a primeira metade da próxima época em Alvalade e a segunda metade da época no Dragão, ou vice-versa.
O caso Danilo é outro exemplo dos triunfos concertados castanhos e verdes deste Verão. Garantem os jornais que Julen Lopetegui já telefonou a Danilo e que Jorge Jesus já telefonou a Danilo.
Terá sido sorteada a ordem dos telefonemas?
Provavelmente os dois treinadores até ligaram a Danilo do mesmo aparelho telefónico, móvel ou fixo, o que deve ter deixado confuso o jogador que ainda pertence ao Marítimo e que já nem sabe para que lado se virar. Castanhos ou verdes? Verdes ou castanhos? - eis a dor de cabeça de Danilo. O defeso triunfal do Sporting terminou anteontem visto que ontem começaram os trabalhos em Alcochete em função da temporada oficial de 2015/2016. Foi um primeiro dia também excepcionalmente triunfal. Que clube português alguma vez arrancou para uma temporada podendo orgulhar-se de ter sob contrato o treinador vencedor do último campeonato e, ao mesmo tempo, ter sob contrato o treinador vencedor da última Taça, sendo que as duas provas tiveram vencedores diferentes?
Uma coisa destas não é para qualquer um. Nem em Portugal nem em qualquer outra parte do Mundo.


Parabéns, muitos parabéns à Telma Monteiro campeã europeia de judo em Baku, e ao Viktor Lindelof, campeão europeu de futebol em Praga.
Ambos são atletas do Benfica e não o esqueceram nos respectivos momentos de glória. Parabéns, portanto, mas não só.
Obrigadinha, também.


Se a Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol ratificar a proposta que visa repor o sorteio dos árbitros o próximo campeonato perderá, eventualmente, alguma dignidade do ponto de vista das instituições internacionais do sector mas ganhará, é mais do que certo, novos e picantes motivos de interesse de trazer por casa.
E é disso que todos gostamos. De animação.
E é em nome dessa animação que sou 100% a favor do sorteio dos árbitros. Porque promete. Não só promete como vai cumprir.
E do vício criminoso das nomeações - que, para os nossos rivais justificam os dois títulos consecutivos somados pelo Benfica - se passará num ápice às suspeitas de vício criminoso do sorteio se os resultados práticos do tirar à sorte não forem os reclamados pelos principais subscritores da proposta.
Os resultados práticos exigidos quer pelo Sporting quer pelo Porto são estes: paridade entre o número de jogos disputados e o número de vitórias obtidas.
Ou isto acontece ou então é porque há bolas quentes e bolas frias na fruteira, concluirão. Veremos, nesse caso, o presidente do Sporting a exigir um termómetro anexado em permanência a cada rifa por sortear enquanto o presidente do Porto, mais pachorrento, apenas exigirá que não lhe falem mais em fruteiras porque tudo o que mete fruta o aborrece de morte de há uns anos para cá.


Verão português. A experiência multicultural europeia numa esplanada à pinha assistindo à final do Europeu de sub-21.
Na equipa da Suécia há jogadores com nomes de sonoridade pouco sueca para os nossos ouvidos portugueses, como Guidetti ou Khalili. Ou mesmo Baffo, cujas «raízes ganesas» foram realçadas pelos comentadores de serviço da RTP.
No entanto, para os ouvidos suecos também na nossa equipa há nomes com sonoridades pouco portuguesas, como William ou Ivan ou Iuri.
- São de origem russa? - pergunta-me um turista sueco, muito sério, no momento em que Iuri entra para o lugar de Ivan após uma hora de jogo.
Digo logo que sim. A família escandinava da mesa ao lado é bastante simpática mas, francamente, não estou para grandes conversas.
Já se pressenti-a que a coisa ia ser resolvida nos penalties e que vinha aí o triste fado do costume.


Enquanto os nossos rivais viveram defesos de sonho, absolutamente triunfais, oferecendo heroicamente o peito às balas a quem lhes quiser fazer mal, no Benfica o ambiente geral parece ser de enorme apatia.
Nem um benfiquista foi expulso de sócio nas últimas semanas.
Nem um contrato foi rasgado.
Ninguém se ofereceu para morrer se fosse preciso.
Quem diria que é este o emblema bicampeão de Portugal?
As notícias só nos falam de abandonos ou de deserções cruéis.
Enquanto não começar o futebol a sério, enquanto o futebol jogado não voltar a ter primazia sobre o futebol falado, a experiência diz-nos que vamos continuar neste regime anímico de bola baixa vendo os nossos rivais felicíssimos em regimes de bola alta, tão alta que sabe-se lá onde tudo isto vai parar. Depois, com bola a sério, logo se verá.


Nuno Gomes disse que gostaria de voltar a ver Bernardo Silva no Benfica. Não está sozinho o antigo capitão neste desejo de difícil concretização pelos anos mais próximos.
A saída para o estrangeiro do mais do que promissor jogador formado no Benfica explica-se, sem grandes dramatismos, por dois erros de avaliação.
O primeiro erro de avaliação terá sido o do treinador que não lhe reconheceu valor para integrar a equipa principal do Benfica. O segundo erro foi de quem avaliou em 15 milhões de euros a quantia a pagar pelo Mónaco dando-se o caso de querer garantir em definitivo os serviços do jogador.
E não é que o caso se deu? Os monegascos acharam que Bernardo Silva valia os ditos 15 milhões e não hesitaram.
É normal.
Não há Principado que não goste de ter e de manter os seus príncipes...


Já não sei em que romance de Agustina Bessa-Luís a escritora se referia ao «horror à glória» como uma das características matriciais dos portugueses. Ou seria «pavor à glória» ? Não importa. O que importa é que a imagem tem uma base sólida de verdades que vão muito para além da beleza da literatura.
Esta campanha da selecção de sub-21 redundou em mais um momento do «horror à glória» nacional. Fez-se o impossível: uma qualificação só com vitórias, uma fase final sem uma única derrota, uma goleada maravilhosa aplicada à Alemanha e, no fim de tudo, cinco minutos de desacerto fatal quando chegou o desempate através de grandes penalidades com a Taça já tão à vista.
Tão portugueses os nossos sub-21. Mais uma razão para gostarmos desta equipa que muitíssimo bem nos representou no que temos de melhor, o descaramento, e no que temos de pior, a fiel tremedeira da hora H."

Fonte: Leonor Pinhão, in A Bola

Sócrates sempre, Passos mais quatro anos

Gostaria de convidar o leitor a considerar os seguintes factos: ao mesmo tempo que é cada vez mais frequente o aparecimento de cartazes com a frase "José Sócrates Sempre", uma sondagem indica que a coligação governamental está à frente nas intenções de voto. O povo português tem muito apreço por maus governantes, circunstância que levanta algumas questões de psicologia colectiva. Estudos que se debruçam sobre as razões pelas quais algumas mulheres não abandonam os maridos que as maltratam podem ajudar-nos a compreender a psique nacional, uma vez que a relação que mantemos com o governo é, pelos vistos, muito parecida. Um conjunto de razões tem a ver com o receio do que o marido possa fazer se a mulher o abandonar. Por exemplo, as mulheres temem que o marido lhes leve os filhos. Na nossa relação com o poder político, este medo não se aplica. O governo não só não tem interesse em levar-nos as crianças como tem criado condições para que os nossos filhos residam em nossas casas até terem 40 anos.

Outro factor é o medo de que o marido enfurecido comece a espalhar calúnias sobre a mulher. Também não me parece que se aplique, uma vez que o governo já faz isso mesmo sem que nós o abandonemos. Desde piegas até calões que vivem acima das suas possibilidades, já nos chamaram tudo.

Outra razão para permanecer junto de um marido que inflige maus-tratos é o facto de ele manietar os movimentos da mulher, por exemplo não a deixando sair de casa. Também aqui, o caso é diferente. O governo até nos encoraja a emigrar.
Mais um motivo: a dependência económica. E, mais uma vez, não se aplica. O governo é que depende economicamente de uma mesada que lhe damos chamada IRS.

Há outros tipos de razões que podem impedir uma mulher de se libertar de uma relação violenta. Por exemplo, uma auto-estima baixa, que a faz pensar que não merece melhor. É possível que o povo português acredite que não merece melhor do que os governos que tem tido. Só um povo com uma auto-estima muito baixa se entusiasma com notícias do género "Cão de Barack Obama é um cão de água português". Se Cavaco Silva arranjar um pastor alemão, tenho quase a certeza de que notícia não aparecerá na imprensa germânica.

Por vezes, as mulheres vítimas de violência doméstica consideram que a sua situação é normal, uma vez que as suas mães sofriam do mesmo mal. Creio que este fenómeno ocorre também na relação do povo português com o seu governo.?É normal que eu seja maltratado, porque o governo dos meus pais também era violento. Aliás, o governo deles até lhes batia.

Fonte: Ricardo Araújo Pereira @ Visão

Desporto de fim de semana - 2024/03/16

Sábado, 2024/03/16  - 14:00 - Futebol - Fc Penafiel -v- SL Benfica B - Liga Portugal 2 | 23/24 - Jornada 26  - 15:00 - Basquetebol - SL Ben...