Antes de mais nada, vitória importantíssima.
O Benfica tem de ganhar, o Benfica tem de ganhar na Luz, o Benfica tem de ganhar ao Mónaco e o Benfica tem de ganhar jogos na Liga dos Campeões. O milhão da vitória é interessante mas quase insignificante ao lado do que uma má campanha na Liga dos Campeões traduz. O jogo era para ganhar e o Benfica ganhou.
O Mónaco tem uma boa e equilibrada equipa. Subasic é um bom guarda-redes e a defesa é coesa com o R.Carvalho a elevar a sua qualidade. O meio-campo é forte, defensivamente competente mas ofensivamente insuficiente. O Moutinho é o jogador mais avançado dos três o que resulta em falta de apoio ao ponta de lança e pouca presença na área adversária. No ataque os dois jovens extremos mostram qualidade mas ainda precisam explodir para fazerem a diferença.
O centro do ataque parece-me o ponto fraco deste Mónaco. Além de pouco apoiado, o próprio ponta de lança carece de mais qualidade e adaptação ao jogo da equipa. O Berbatov está lesionado e já tem 33 anos. O Lacina e o Martial são jovens e ainda não acrescentam muito à equipa. Ontem o gigante mostrou alguns pormenores mas no geral do jogo não fez a diferença e os seus mais de 2 metros pouca utilidade tiveram.
A esta pouca capacidade ofensiva da equipa do principado opôs-se a capacidade ofensiva dos jogadores do Benfica. Este foi o ponto-chave do jogo de ontem.
O Mónaco teve mais jogo, o Mónaco teve mais tempo por cima, o Mónaco dominou praticamente a segunda parte toda e o Mónaco parecia estar a construir aos poucos o caminho para uma vitória já com o empate garantido, mas foi o Benfica que criou maior perigo, que imprimiu maior velocidade ofensiva e que conseguiu chegar ao golo.
Entrámos melhor no jogo mas cedo ficou óbvio qual seria um dos nossos grandes problemas: desastrosa noite do Salvio a quem nada correu bem.
Ao Toto nunca falta empenho mas ontem foi só mesmo isso que ele apresentou. Muitas das situações perigosas que criámos morreram na demora a decidir do argentino, nas más decisões e nas más execuções.
Com o Nico do costume talvez tudo isto ficasse mais camuflado mas tivemos o Nico do Rio Ave. Com o passar do jogo o nosso 10 foi perdendo a capacidade de decisão e execução. Não perdeu a confiança e tentou recuperar a inspiração mas sem sucesso. Exibição mediana do Gáitan que, tal como na segunda parte com o Rio Ave, mexeu com o jogo mas sem eficácia de processos.
O Benfica chegou à vantagem num canto (!!!) ao minuto 82. Esse golo apareceu numa fraca segunda parte da nossa equipa mas numa altura em que tínhamos conseguido produzir uns quase 10 bons minutos. O golo ter sido de canto foi caricato, tendo em conta a tristeza que foram os nossos últimos 30 escanteios.
Resumidamente, tivemos um Benfica a entrar perigoso, mais forte nos primeiros 20 minutos mas com os seus atacantes em má noite. Um resto de primeira a equilibrar para os monegascos e uns restantes fracos 45 minutos. Até no nosso pior período conseguimos criar bons lances mas faltou inspiração no último passe e finalização. Além dos argentinos das alas, também o Derley ficou aquém. O avançado não tem feito a diferença, aparece pouco em zonas de finalização e não trabalha tanto nem tão bem quanto o Lima.
Ontem o Talisca fez o seu melhor jogo na Champions mas ainda não me encheu o olho. Marcou, o que só por si já é muito bom, mas pouco trouxe ao jogo, tirando dois ou três bons envolvimentos ofensivos.
O Luisão e o Maxi já não sabem jogar mal mas o Jardel voltou a deambular entre bons e maus momentos, inconstância inadmissível no titular.
O André não fez um bom jogo mas continua a ser a melhor solução para a posição.
O Enzo é um craque que joga totalmente condicionado pelas opções do treinador, sendo vítima da indefinição da posição 6.
O Samaris não fez dos seus piores jogos mas continua a léguas de ser o 6 que a posição requer, que o colectivo exige e que melhor liberta o Enzo.
Na baliza o Júlio César está a anos-luz do Artur. Será que irá resistir fisicamente?
Uma das grandes diferenças entre os dois é a velocidade de reposição da bola. Um mostra atitude de gigante europeu e o outro de um Braga desta vida.
A segunda parte do jogo de ontem tem dois aspectos que acho cruciais referir. O domínio monegasco sem capacidade de desequilíbrios ofensivos e a substituição “suicida” que o Jorge Jesus fez.
Esta decisão tanto pode ter sido uma precipitação egomaniaca do treinador como questão estratégica mais pensada e de grande risco.
Isolar o Enzo tem sido uma alternativa já trabalhada pelo Jorge Jesus e ontem perante uma luta pelo meio-campo já perdida, o treinador encarnado pode ter percebido que não tinha como reverter essa situação e decidiu desistir dessa luta. Optou por reforçar a pressão na primeira zona de construção do Mónaco, partindo o jogo e proporcionando um maior aproveitamento da velocidade dos alas e avançados no momento da recuperação da bola.
Resultou? Não acredito. Foi esta a leitura? Duvido mas é possível. O que fica é o golo que apareceu do modo mais imprevisível mas pelo suspeito do costume.
Na próxima jornada o Mónaco visita um Bayer com 95% do apuramento alcançado e o Benfica vai à Rússia defrontar um Zenit faminto de pontos.
Os Oitavos continuam muito complicados e a Liga Europa continua longe.
Perder na Rússia significa mais um afastamento da Champions e o terceiro lugar fica muito dependente dos resultados do Mónaco, sendo que um empate caseiro com o Bayer só serviria caso o Mónaco perdesse os dois jogos e mesmo a vitória nesse jogo só serviria caso o Mónaco não vencesse nenhum dos seus jogos.
Depois da importante vitória ontem temos uma tão importante na Rússia para alcançar.
Para finalizar deixo a minha esperança de que aquilo que o nosso treinador vai dizendo nas conferências de imprensa não passe de uma comunicação estratégica, uma manipulação da opinião externa e de protecção ao balneário. A alternativa é o Jorge Jesus acreditar mesmo no que diz…
Fonte: Leonor Pinhão @ A bola
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