terça-feira, agosto 05, 2014

BES um novo rumo

Havia três possibilidades: o BES falia e verificavam-se perdas monstruosas; alguém generoso comprava o banco; ou era aplicado um resgate. Sendo impossíveis as duas primeiras, o País foi conduzido para a terceira hipótese e, pela primeira vez, as novas regras europeias foram usadas no salvamento de uma instituição financeira.

Este é o aspecto que mais me espanta nos comentários que tenho lido e ouvido sobre o caso BES e o aparecimento do Novo Banco: os analistas evitam referir que a solução aplicada é europeia e o dinheiro é da troika; que foi tudo negociado com a Europa, com apoio do BCE, onde o Banco de Portugal tem assento; que o dinheiro é um empréstimo temporário e remunerado; que a forma deste resgate estava escrita numa lei europeia em vigor.

No final, é bem possível que o contribuinte perca dinheiro, mas primeiro pagam os accionistas e os credores que arriscaram. A alternativa a esta intervenção era o estoiro puro e simples de um banco enorme (para a nossa dimensão), o que seria uma catástrofe económica sem precedentes.

Também me espanta a reacção partidária, sobretudo a reacção apressada do Bloco de Esquerda. À primeira pergunta (então, o que se fazia aos depósitos?), a líder do bloco começou a patinar. Os críticos desta opção têm de explicar muito bem qual era a alternativa. Como é que se salvava o banco sem aplicar a lei comunitária, em grande parte imposta pela Alemanha?

Um mito persistente afirma que a Europa é irrelevante, mas este caso prova que a zona euro começa a ter uma união bancária e mudou por completo a lógica da integração. Antes do resgate, um pequeno banco português estoirou e foi possível ao governo salvar os seus accionistas, pagando várias vezes as loucuras que tinham sido feitas (ainda estamos a pagar a conta). A intervenção seguinte, sob ajustamento, envolveu dinheiro da troika que está a ser devolvido, mas foram preservados os interesses dos accionistas e a solução leva tempo a resolver. Agora, havendo igualmente um empréstimo temporário, as regras são bem piores para os accionistas. O interesse dos contribuintes e dos depositantes conduz toda a operação, que será muito mais rápida. 

Fonte: Delito de Opinião by Luís Naves

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