O leitor já terá reparado que há mais envelopes nesta história do que na Papelaria Fernandes. Tenho estado a elaborar um projecto para abrir uma papelaria em frente ao Estádio do Dragão, uma vez que, a confirmarem-se todas estas acusações, Pinto da Costa gasta tantos envelopes que a Portucel terá de fazer horas extraordinárias.
Seja como for, assim que falou nos envelopes, Ana Salgado perdeu toda a credibilidade que tinha. Essa é outra recorrência deste caso: sempre que alguém fala em envelopes, perde credibilidade. A referência a sobrescritos é inversamente proporcional ao prestígio dos intervenientes. Não é por acaso que Pinto da Costa, a personalidade mais credível de toda esta história, não só não fala em envelopes como parece muito pouco interessado em ouvir falar neles.
Ainda assim, o Caso do Envelope, por mais polémico que seja, consegue cristalizar aquilo que o futebol e o desporto têm de mais positivo. É bonito constatar que dois adversários como Miguel Sousa Tavares e eu conseguem dar as mãos, ainda que metaforicamente, e encontrar um ponto de concórdia precisamente a propósito deste processo judicial. No histórico dia 21 de Agosto de 2007, Miguel Sousa Tavares escreveu, nestas mesmas páginas, o seguinte: «Por que razão a D. Carolina — com o curriculum vitae e as motivações de vingança que se conhecem — é uma testemunha tão credível para a dra. Maria José Morgado, e a irmã, sem passado nem motivações correspondentes, é apenas uma difamadora, quando se atreve a vir a público desmentir a maninha?» É o que se chama ter razão antes do tempo, e só está ao alcance dos grandes analistas. Resta-me esperar que alguém oiça Miguel Sousa Tavares e dê a Ana Salgado a credibilidade que ele reclama.
Fonte : RAP @ Chama Imensa in Jornal Abola - 2009/03/15
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