A maldição de Guttmann assume a importância que cada um lhe quiser atribuir. Primeiro, é preciso acreditar nela, na maldição. Depois, falta saber o que lhe deu «vida»: pelos vistos, uma rfrase avulsa do treinador húngaro, bicampeão europeu pelo Benfica, que muitos poucos terão testemunhado, motivo pelo qual explodiram versões para todos os gostos e feitios.
Em rigor, o que é que terá dito? Presumivelmente que sem ele nunca mais o emblema da águia conquistaria um título europeu. Como a seguir às vitórias de 1961 e 1962 se registou um acumular de derrotas (1963 e 1968, em Londres; 1965, em Milão; 1988, em Estugarda, para a Taça/Liga dos Campeões, e 1983, na Taça UEFA com o Anderlecht) consta que na final de 1990, em Viena, desesperado adepto se predispôs a escaqueirar a referida maldição à força da picareta. Não se conhece o resultado da operação, mas deve ter fracassado porque na capital austríaca, então sob orientação técnica de Eriksson, Benfica somou outro desaire (0-1, com golo de Rijkaard). E em Amesterdão, 23 anos depois, as coisas também não correram bem com o Chelsea.
Versão mais recente sugere que a colocação da estátua de bronze de Béla Guttmann junto da porta 18 do Estádio da Luz foi suficiente para fazer as pazes no céu e serenar as mentes na terra. Não se exigiria tanto... Garantida a décima presença em finais das competições da UEFA, o jornalista Nuno Luz, da SIC, apanhou Luís Filipe Vieira no relvado e questionou-o. «Quem trabalha como nós, é assim...», foi a resposta.
O Benfica avança para a décima final europeia: mais do que ele apenas Barcelona, Real Madrid, Milan, Juventus, Bayern e Liverpool. É o sétimo da Europa, temido e respeitado. Por isso, António Conte fez triste figura ao avaliar deficientemente a riqueza futebolística do adversário português. Por isso, o treinador da Juventus foi ridículo nas desculpas que deu. Vieira tem razão: não há maldição que resista a trabalho sério e competente.
PS:
São pormenores, mas continuo a achar que o Benfica devia ser mais pro-activo nestas coisas: esta é a décima Final da UEFA do Benfica, mas é a 12.º Final Europeia do Benfica. Quando o Benfica, ou os Benfiquistas não defendem a nossa história, não podemos estar à espera que os outros o façam por nós...!!! A Taça Latina, era na altura a competição máxima Europeia; foi organizada pelas Federações dos 4 países; e é sempre bom lembrar que o Celtic, no Jamor, foi o primeiro Campeão Europeu, não-Latino, em 1967... na 12.ª edição!!! Antes só Campeões Latinos: 6 vezes o Real Madrid, 2 vezes o Benfica, 2 vezes o Inter e 1 vez o AC Milan.
Ainda por cima, com a Final da Champions em Lisboa, a dualidade ainda é mais evidente: todos falam na possibilidade do Real Madrid conseguir o 10.º título Europeu, quando a tal 1.ª Taça dos Campeões Europeus, ganha pelos merengues, foi organizada pelo jornal Francês L'Equipe, numa altura onde não existia a UEFA tal como aconteceu com a Taça Latina... Ouve equipas convidadas para a Taça Latina, que desportivamente não deveriam ter estado lá?!!! Sim, ouve. Mas na primeira edição da Taça dos Campeões Europeus, a tal organizada pelo L'Equipe, o representante Português: o Sporting... Também não foi o Campeão na época anterior!!! O Benfica tinha sido o Campeão, mas...
Fonte: Fernando Guerra @ A Bola
Sem comentários:
Enviar um comentário