segunda-feira, setembro 29, 2025

Hidrogénio uma solução de futuro ou uma promessa difícil?

Nos últimos anos muito se tem falado do hidrogénio como alternativa energética. Recentemente foi inaugurada em Portugal uma estação de abastecimento dedicada aos transportes públicos, um passo importante para testar esta tecnologia no terreno. Mas afinal, onde faz sentido apostar no hidrogénio? E até que ponto pode ser viável para os carros particulares?

Os autocarros urbanos, comboios regionais e frotas centralizadas são atualmente os casos mais promissores para o hidrogénio. Estes veículos circulam em rotas fixas, consomem muito combustível e regressam sempre à mesma base, em condições ideais para justificar uma estação de abastecimento própria.
Exemplos não faltam:
  • em Hamburgo, na Alemanha, já circulam autocarros a hidrogénio há vários anos 
  • em Pau, França, existe uma linha completa a funcionar
  • no Japão começaram a operar comboios regionais movidos a células de combustível.

O entusiasmo inicial com carros a hidrogénio, como o Toyota Mirai ou o Hyundai Nexo, não se traduziu em vendas expressivas. A infraestrutura é reduzida, os custos de produção são elevados e a mobilidade elétrica a bateria ganhou clara vantagem em preço, rede de carregamento e eficiência. Apesar da vantagem do reabastecimento rápido, é pouco provável que o hidrogénio seja uma solução de massa para o automóvel particular.

Um dos campos mais interessantes está na mistura do hidrogénio com o gás natural, um processo chamado blending.
Com até 20% de hidrogénio é possível reduzir emissões sem alterar equipamentos domésticos ou industriais. No Reino Unido e na Holanda, este modelo já está em testes em redes de distribuição. É uma solução intermédia que permite avançar enquanto não se atinge a descarbonização total.


Pontos positivos e negativos

A favor:

  • Redução de emissões em transportes públicos e indústria pesada.

  • Abastecimento rápido, semelhante ao dos combustíveis fósseis.

  • Possibilidade de armazenar energia renovável em larga escala.

Contra:

  • Produção de hidrogénio verde ainda cara e pouco eficiente.

  • Rede de abastecimento muito limitada para veículos ligeiros.

  • Mistura no gás natural só resolve parcialmente a descarbonização.


Conclusão

O hidrogénio não é uma solução milagrosa, mas pode desempenhar um papel fundamental onde outras tecnologias têm mais dificuldade: transportes públicos, indústria pesada e redes de gás. Para os carros de uso particular, a mobilidade elétrica a bateria continuará a liderar.

O importante é percebermos que a transição energética não terá uma única resposta. Haverá sempre um mix de soluções, e o hidrogénio pode ser uma das peças certas do puzzle, se for aplicado nos cenários adequados.

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