sábado, dezembro 30, 2017

Ano novo, vida velha

Amanhã é o último dia do ano. Este facto parece ser o único indiscutível no que diz respeito aos sucessos e aos insucessos do futebol português neste tão peculiar ano de 2017. E foram, na realidade, tão peculiares e controversas as ocorrências dentro e fora das quatro linhas dos relvados em 2017 que só muito dificilmente o ano novo se poderá apresentar fresco, esperançoso e de cara lavada aos amantes do jogo. 

Ano novo, vida velha, é o que promete 2018 e não há, aparentemente, como contrariar a tendência autodestrutiva daquilo a que alguns chamam a indústria do futebol. 

Os últimos dias do ano não quiseram fugir à regra que se impôs na agenda de 2017 e trouxeram novas ameaças de escândalos e de proporções alarmantes. A suspeita de resultados combinados em jogos da Liga que estará a ser investigada pelo Ministério Público antecipa a configuração do mais terrível crime a que o futebol está sujeito. 

Podemos duvidar de quase tudo o que mexe no futebol – de árbitros, de dirigentes, de jornalistas e até da própria bola… - e continuar a gostar do jogo e a acreditar no jogo. Mas como poderemos continuar a amar o mesmo jogo se, pelas vias oficiosas e oficiais, nos sugerem que há jogadores – os artistas! – facilmente corrompidos para "facilitar" resultados que rendam maiores dividendos no mundo tenebroso das apostas? E não é isto muito mais grave do que saber-se, como se soube, que o Zivkovic ganha mais do que o Pizzi? 

A exposição pública dos valores dos ordenados dos jogadores do Benfica lança, indiscutivelmente, o capitoso tema da relação qualidade/preço no plantel da equipa campeã nacional mas de ilícito propriamente dito só terá o modo como essa informação classificada foi roubada e disponibilizada ao mundo na internet. 

Não há, portanto, grandes motivos para acreditar que 2018 será muito diferente do ano que vai agora terminar no que respeita a surpreendentes intervenções policiais – como foi a visita da PJ ao Estádio da Luz na sequência do caso dos emails – e a surpreendentes apelos à legalidade tal como os ocorridos sempre que o presidente do FC Porto vem a público defender a "verdade desportiva" que tanto ama há mais de três décadas. 

Veremos o que o ano novo nos traz. Tratando-se de futebol diga-se, já agora, que o grande triunfador de 2017 foi o Sporting. Ganhou 4 campeonatos das primeiras décadas do século passado. O outro vencedor foi o Moreirense porque ganhou a Taça da Liga sem que tivessem surgido suspeitas sobre a competição. Nas outras competições todas, o Benfica foi o vencedor. Mas não valeu. E nada valerá porque até ao último email está tramado o campeão nacional. 



Aventuras de um milionário em Espanha  
Quem não tem dinheiro não pode ser descarado à vontade  
As autoridades fiscais espanholas prosseguem a sua saga contra Cristiano Ronaldo e a nós, portugueses, só nos resta escolher um destes dois campos: ou se concorda com a posição da Unidade Central de Coordenação do Tesouro dos nossos vizinhos que entende que o nosso compatriota devia estar preso porque tem andado a fugir ao fisco ou, com outro tipo de preocupações não-sociais, se concorda alegremente que tudo isto é uma perseguição dos malditos castelhanos a um portuguesinho que, por sinal, é multimilionário. 

E, de facto, é. Como toda a gente acaba por descobrir um dia não é o dinheiro garantia de felicidade. Mas é garantia de grande despreocupação com estas minudências fiscais. "Estou preso a estes bebés lindos", respondeu o jogador português às autoridades espanholas exibindo uma fotografia com os seus três filhos mais novos. 

Quem não tem dinheiro a rodos não se pode dar ao luxo de ter este descaramento magnífico, é a conclusão. E agora, ‘nuestros hermanos’?



Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha.

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