sábado, maio 06, 2017

Comentadores legalizados

O presidente do Sporting, que está suspenso pela via disciplinar de todas as atividades públicas decorrentes do cargo, propôs a meio desta semana aos presidentes da FPF e Liga e também ao Governo da Nação e aos patrões da imprensa uma "cimeira" com o objetivo de "elevar ao extremo os mecanismos de sanção disciplinar de todos aqueles que, com responsabilidades, não cumpram os regulamentos em vigor". 

Os mencionados "regulamentos em vigor" vigoram de tal modo no futebol cá da terra que o presidente da Liga correu a oferecer a "total disponibilidade" da casa a que preside para acolher no seu seio justiceiro a propalada cimeira. 

De todas as entidades desafiadas pelo presidente do Sporting a comparecer com urgência nesse evento de cariz legislador respondeu, a correr, a Liga de Pedro Proença enquanto a Federação de Fernando Gomes optou por fazer anunciar que o campeonato terá, já a partir da próxima época, vídeo-árbitro em todos os jogos. 

Fica apenas por saber se os insultos do futuro reverterão em desfavor do árbitro ou do vídeo e da tecnologia, que, sendo de ponta, nem sempre será considerada fiável como todos teremos oportunidade de confirmar. 

É bom, é mais do que bom, é ótimo que o futebol se organize, se defenda e se imponha como uma atividade que se sabe dar ao respeito através de fundamentos inquestionáveis e que se constitua como uma área de entretenimento em que todos sejam tratados por igual. 

Sendo a falência total das suas leis e regulamentos a causa maior da bagunça – para não lhe chamar outra coisa – atual do nosso futebol, convirá sempre vincar perante o esforço e a bondade dos seus ansiosos neolegisladores que o futebol, por muito que se goste, não passa de uma área de entretenimento público e que não é, nem para tal nasceu, um Estado dentro do Estado. 

Causa, assim, consternação cívica o facto de a Liga ter aprovado no verão passado uma inaplicável disposição penal para os comentadores/jornalistas que se excedam nas suas elucubrações e que, esta semana, tenha vindo o presidente do Sporting, em modo Trump do Lumiar, sugerir que sejam os clubes penalizados pelas mesmas elucubrações dos mesmos ‘agentes’. Sabendo-se que os presidentes da Liga e do Sporting foram colegas na mesma Universidade, apetece perguntar: mas qual Universidade? 

Que Universidade terá sido a que lhes ensinou que o futebol é um Estado à parte onde os ‘agentes’ tomam o lugar dos cidadãos e a liberdade de expressão se sujeita às conveniências do momento? Um dia destes ainda vão ‘legalizar’ os comentadores. Que circo. 



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Anda nisto o Benfica há semanas  
Não lhe toquem, não lhe toquem que ele parte-se! 
A três jornadas do fim, o Benfica continua na liderança com um pequeno avanço que lhe permite empatar um dos três jogos que lhe faltam. Em condições normais esta vantagem seria suficiente para se ver gerida com tranquilidade até ao derradeiro apito. 

O que a torna inconsistente é, precisamente, a inconsistência do futebol posto em campo pelos tricampeões que, a uma cadência excessivamente regular, deixa os cabelos em pé à sua legião de adeptos. 

Os 15 minutos pavorosos frente ao Estoril não foram nem mais nem menos pavorosos do que a primeira meia hora frente ao Boavista na primeira volta, nem os 45 minutos frente ao Moreirense na Taça da Liga nem a não- -exibição-completa em Setúbal e na Feira. Anda nisto o Benfica há semanas. 

Valeu-lhe Jonas na semana passada. Mas a angústia persiste. E até quando o brasileiro correu a celebrar com os adeptos o seu golo salvador frente ao Estoril ouvia-se gritar nas bancadas da Luz: "Não lhe toquem! Não lhe toquem que ele parte-se!"



Fonte: Leonor Pinhão @ correio da manha


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