E o Benfica lá ganhou ao Sporting de Braga porque marcou dois golos e não sofreu nenhum. Enquanto os jogos de futebol se decidirem com golos é aos seus autores que ficamos a dever diretamente a satisfação das vitórias.
Obrigada Jonas e obrigada Eliseu pelos vossos maravilhosos golos tão convenientemente apontados do meio da rua até para que nenhuma autoridade venha clamar, por exemplo, que ambos se encontravam fora-de-jogo ou, pior ainda, a obstruir o guarda-redes adversário.
Diz-se de tudo agora que o campeonato caminha para a sua decisão. Mas falar é fácil. Marcar golos é que não é fácil.
O que ajuda também nestas coisas das vitórias é o apoio dos adeptos e esse apoio não tem faltado em casa nem, muito menos, fora de casa como se tem visto de maneira brutal e exemplar este ano.
Tal como, aliás, já se viu em todos os anos para trás. E como também se verá em todos os anos para a frente.
O que não admira. “E Pluribus Unum” é o nosso lema e ora aqui está o latim que nos assenta, que nos define e que nos assiste. A tradução oferece algumas liberdades mas o sentido é bem explícito. “De Muitos, Um”.
E ainda dizem que o latim é uma língua morta. Isto vive há mais de um século e viverá.
É, portanto, por mero despeito que anda o Lopetegui o gastar o seu latim, a tal língua mais do que morta, pretendendo através de aforismos condicionar os árbitros e empolgar os adversários do Benfica quando, afinal, isto do latim não é para todos. Ou se nasce ou não se nasce.
O presidente do Sporting prometeu aos jogadores que não voltaria ao Facebook para falar de futebol-jogado e uma fonte da direcção do Sporting justificou a decisão por circunstâncias que não beliscam minimamente a justeza, a operacionalidade e os bons resultados da antiga prática presidencial na arte do futebol-falado.“Foi uma estratégia super-correcta porque o Sporting ganhou todos os jogos que se seguiram às críticas do presidente”, explicou a já referida fonte do clube.
Neste campo tão desengraçado do futebol-falado as estratégias mais ou menos “super-correctas” dos emblemas nossos adversários devem ser motivo (ou não) de preocupação dos seus respetivos adeptos.
Já quanto às “estratégias super-correctas” (ou não) do nosso emblema, cabe-nos refletir sobre elas com a frieza possível que nem sempre é a necessária porque, tratando-se do nosso clube, corremos o risco de nos iludirmos por amor nestas apreciações.
Tenho, no entanto para mim, que esta última vitória do Benfica para o campeonato contra um adversário de respeito se ficou em tudo a dever aos dois golos marcados e à exibição coletiva e em nada ficou a dever às nossas vozes que se ergueram para espicaçar o adversário e amaldiçoar o árbitro que, por sinal, esteve quase sempre bem.
O facto de o Benfica ter vencido o Sporting de Braga em campo, e sem margem para discussão, não valida como “super-correcta” semelhante “estratégia” no nosso caso.
Quero eu muito acreditar na preponderância do futebol-jogado sobre o futebol-falado. É apenas isto.
Esta foi uma semana rica em acontecimentos curiosos que dizem respeito a jovens futebolistas formados ou em formação no nosso laboratório do Seixal.Vamos lá por partes.
Primeira parte:
O Valência está muito contente com João Cancelo e pretende assegurar a 100 por cento os serviços do lateral-direito. Mas o Valência não quer pagar os 15 milhões de euros constantes na cláusula do acordo assinado que transforma o empréstimo numa aquisição em definitivo.
Fará muito mal o Benfica se fizer um desconto ao Valência por João Cancelo tendo em conta que foi pelo mesmos 15 milhões que o Mónaco adquiriu os serviços totais de Bernardo Silva e ainda se ficaram a rir. É preciso equilibrar os valores. Não chega dali, sobra de acolá…
Segunda parte:
Romário Baldé quis marcar um penalty à Panenka no jogo da equipa de sub-19 com o Shakhtar e a coisa saiu-lhe francamente mal. Se a bola tivesse entrado, bastava uma rabanada de vento, teria sido francamente genial.
Mas não foi. O Benfica acabou por se ver eliminado pelos ucranianos e uma facção do público castigou cruelmente o jogador de 18 anos deixando-o em lágrimas.
Das bancadas ouviram-se barbaridades irrepetíveis e outras reproduzíveis como “parece impossível”, “até pareceu que isto…” ou “até pareceu que aquilo…”
Quando, na verdade, com o que Baldé até se pareceu mesmo na sua desastrada acção foi com um júnior. Que é exactamente o que ele é.
Cada vez mais me convenço de que um problema do Benfica é ser tão enorme em número de adeptos.
Se calhar devíamos ser um bocadinho menos mas muito melhores.
E mesmo assim encheríamos todos os campos do país, tal como vai suceder já depois de amanhã em Vila do Conde.
Terceira parte:
Dizem os jornais que Bernardo Silva está entre os pré-convocados do seleccionador Fernando Santos tendo em vista os próximos compromissos da equipa nacional. Como já não se lhe pode dar os parabéns na qualidade de nosso jogador, ficam aqui os parabéns a Bernardo Silva na qualidade de nosso consócio.
A cedência em definitivo de Bernardo Silva ao Mónaco provocou alguma sonora revolta entre os adeptos. Demagogias à parte e de um modo geral, os benfiquistas aspiram por ver os seus jovens da formação chegar à equipa principal e apoiam-nos patriótica e incondicionalmente desde que não nos falhem penalties por inexperiência em momentos cruciais de um jogo qualquer.
Os jogadores emprestados não deveriam por lei poder ser utilizados nos jogos contra os seus emprestadores. E acabava-se logo com esta coisa mesquinha de se andar permanentemente a contabilizar o número, porventura excessivo, de jogadores emprestados que levaram com cartões amarelos que os impedem de defrontar o verdadeiro patrão na jornada seguinte.
A dupla de adultos Lima-Jonas tem produzido verdadeiras delícias para os nossos olhos.Na equipa B, a dupla de jovens Gonçalo Guedes-Jonathan Rodriguez anda a fazer exactamente a mesma coisa. Delícias.
Ontem, no jogo com o Portimonense, o uruguaio marcou três golos. Foi substituído aos 80 minutos e assim, de fora, já não conseguiu marcar mais.
Foi bem substituído. Para receber os aplausos e também porque é um bocadinho falta de respeito aterrar, marcar 6 golos em 5 jogos e fazer primeiro um “poker” do que um “hat-trick”. Calma, que ele vai lá chegar.
Afastando o Arsenal, Leonardo Jardim juntou-se ao clube restrito de treinadores portugueses que chegaram aos quartos-de-final da Liga dos Campeões. É obra. Feliz mas não iludido, assim que o jogo da segunda-mão terminou Jardim não perdeu tempo a situar humildemente o seu Mónaco entre as demais sete melhores equipas desta edição da prova. “Agora há sete equipas que querem jogar contra nós”, disse o treinador madeirense. E há. Mas vai ser o Porto que vai sair ao Mónaco. Antes agora do que na final.
O presidente do Rio Ave veio dizer esta semana que não há clube em Portugal para lhe encher a casa como o visitante Benfica. Ou seja, o jogo ainda não começou e os nossos adeptos já fizeram o seu trabalho esgotando a bilheteira em Vila do Conde.
Falta agora que a equipa faça o seu trabalho no jogo de sábado na luta com um adversário que lhe deu muitas dores de cabeça nas três finais disputadas no ano passado. Lembram-se?
Esta não será, no entanto, a quarta final.
Esta é a primeira final, a mais importante de todas.
Fonte: Leonor Pinhão @A Bola
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