Quando Santo André Simões apagou o comentário elaborado na sua página pessoal do Facebook já foi tarde, foi tardíssimo.
Depois veio o seu empresário tentar compor o ramalhete: “Foi um desabafo que lhe correu mal.”
Não lhe correu mal, amigo empresário. Correu-lhe pessimamente.
Santo André Simões, que estava a caminho de ser o novo e mais conceituado mártir da Verdade Desportiva, estragou tudo num impulso de fé.
Santo André Simões tem dois amores, o Moreirense e o Porto. Transporta ambos “no coração” com a devoção de um primitivo. Mas lá que estragou tudo, estragou.
Também é verdade que quarenta e oito horas antes da sua declaração de amor no Facebook, já tinha estragado tudo, só que exclusivamente em prejuízo do Moreirense do seu coração.
Falhou estrondosamente a marcação a Luisão naquela cobrança do canto-penalty que haveria de resultar no primeiro golo do Benfica.
Logo de seguida voltou a estragar tudo para o Moreirense ao fazer-se expulsar heroicamente, oferecendo-se ao martírio, deixando o seu “amor” com menos um em campo.
Estes prejuízos para o Moreirense redundariam em benefícios morais importantíssimos para os históricos defensores da Verdade Desportiva se Santo André Simões, como cabe a um verdadeiro mártir, tivesse resistido à tentação de correr para celebrar no Facebook a vitória do seu outro “amor” no Bessa incorrendo em confissões assolapadas de paixão por uns e de ódio por outros ao ponto de lhes continuar a chamar nomes.
Curiosamente, duas jornadas antes de o Benfica ter visitado Moreira de Cónegos coube ao Porto jogar precisamente no mesmo estádio de onde saiu vitorioso por 2-0 com toda a justiça. O segundo golo do Porto nasceu de um pontapé de canto que os moreirenses protestaram um bocadinho visto que, bem vistas as coisas, deveria ter sido antes apontado um pontapé de baliza. Enfim, minudência que não despertaram nos teólogos de serviço qualquer epifania.
Não foi, no entanto, possível obter a reação de Santo André Simões em campo a este pequeno lapso visto que Santo André Simões, na jornada anterior, ao serviço do Moreirense contra o Sporting de Braga, viu um cartão amarelo aos 90 minutos que o deixou de fora da recepção ao Porto. Foi pena.
Uma vez mais foi pena para o Moreirense.
Nos tempos antigos eram os olhos o espelho da alma. Agora é o Facebook.
Se o Benfica repetir no sábado com o Estoril a primeira parte a dormir que fez com o Moreirense são de prever grandes dificuldades.
A revalidação do título passa por este tipo de jogos, levianamente considerados mais fáceis por serem disputados em casa contra equipas do meio da tabela.
A eventualidade de o Benfica voltar a ser campeão é entendida e gritada como um crime de lesa-majestades e a pressão dos nossos rivais sobre a arbitragem está a caminho de atingir os píncaros.
Ao ponto de um golo dos nossos, 100% legal, ter sido considerado escandalosamente validado por excesso de zelo do fiscal-de-linha, lembram-se?
Ao ponto até de um canto ter passado a valer como um canto-penalty desde sábado passado.
Anteriormente, já vinham sendo os lançamentos de linha lateral acusados do mesmo. Por culpa de Maxi Pereira e dos seus escandalosíssimos lançamentos-penalty que são um regalo de ver.
Em boa hora decidiu a Comissão de Instrução de Inquérito da Liga de Clubes abrir inquérito a mais um caso do Facebook. Trata-se, desta feita, da página do presidente do Sporting na referida rede social onde foi apresentada uma gravíssima acusação ao presidente do Benfica.
A acusação de ter perseguido o presidente do Sporting e, inclusivamente, o motorista do presidente do Sporting, propondo-lhes um ciclo de vitórias “alternadas” no campeonato. Isto, a ser verdade, provocaria a queda imediata dos dois presidentes dos emblemas rivais.
Vieira seria castigado pelos sócios do Benfica por oferecer ao presidente do Sporting 5 campeonatos nos próximos 10 anos tendo em conta que o Sporting nos últimos 31 anos ganhou 2 campeonatos.
Carvalho, por sua vez, seria impiedosamente castigado pelos sócios do Sporting por ter recusado a adorável benesse.
Quem inventou o Facebook não sabia no que se estava a meter.
Nascido e criado para o futebol no Benfica, o jovem Sancidino Silva partiu para outro país no último Verão por sua conta e risco contra a vontade do pai. A aventura no estrangeiro esteve longe de ser o que Sancidino ansiava. Não houve praticamente pormenor que não tivesse falhado. Regressou agora Sancidino ao Benfica onde foi recebido de braços abertos. O jovem Sancidino perdeu-se e voltou a casa.
Lucas, 15, versículos 11-32
Prossegue, e muito justamente, o ciclo de homenagens a Pedroto trinta anos passados sobre o desaparecimento do mítico treinador nascido em Lamego.
A reparação de abusos ao seu nome é uma das muitas formas de o celebrar condignamente. E foi isso mesmo que o presidente do FC Porto fez na semana passada em jeito de autocrítica: “Já vi muitos campeões antecipados que depois tiveram de assistir à festa dos outros”, disse Pinto da Costa.
Como quem se desculpa perante o Mestre pelo título que lhe prometeu e dedicou nos primeiros dias de Janeiro de 2010 – “Queremos dedicar a vitória no campeonato a si que vai ser campeão!” – quando, no fim das contas, foi o Benfica quem conquistou, e bem, esse título da não muito longínqua temporada de 2009/2010.
A equipa B do Benfica atuou no domingo no Seixal. Foi uma bela tarde de futebol proporcionada por um conjunto de jogadores díspares nas idades, nas nacionalidades e nos currículos e todos eles, sem excepção, ambicionando chegar à equipa principal, sendo que, inevitavelmente, uns vão lá chegar mais depressa do que outros.
Rúben Amorim, por exemplo, vai chegar onde quer e onde o queremos rapidamente. Não lhe caíram os parentes na lama, antes pelo contrário, por cumprir setenta minutos muito bem pensados com a equipa B e assim vai recuperando o à-vontade depois de longos meses de ausência.
Quanto ao uruguaio Jonathan Rodriguez estreou-se oficialmente marcando dois golos. É o que se quer. Teve ainda oportunidade para fazer um terceiro golo mas a bola recusou-se a entrar. Talvez tenha sido melhor assim.
Uma estreia com um hat-trick dá a volta à cabeça de qualquer um. Incluindo à cabeça dos adeptos. Fica para a próxima.
Em boa hora a Câmara Municipal de Lisboa fez publicar um anúncio de página inteira em diversos jornais esclarecendo não ter havido favores ao Benfica nem, muito menos, isenções de taxas devidas à municipalidade.
Que boa notícia para os benfiquistas e para os cidadãos de Lisboa.
As soberbas facilidades concedidas pelas Câmaras aos emblemas poderosos são uma das abjecções do regime corrente.
Falta agora o anúncio de página inteira da Câmara de Gaia desmentindo, por sua vez, aquela notícia infame que estabelecia em 2666 anos o tempo necessário para o FC Porto pagar na íntegra os 16 milhões de euros que custou à edilidade a construção do centro de treinos no Olival tendo em conta que, na condição de inquilino, paga uma renda social de 500 euros mensais.
O Borussia de Dortmund, que ocupa o fim da tabela do campeonato alemão, foi a Turim jogar para a Liga dos Campeões e saiu de lá vivo. Com um resultado desfavorável de 2-1 mas que lhe permite razoavelmente sonhar com a qualificação. Seria curioso que o Borussia passasse esta eliminatória afastando a Juventus.
Teríamos, assim, um clube que luta para não descer de divisão na Alemanha consagrado entre as 8 melhores equipas europeias da actualidade.
É este o nosso tempo.
Pedro Proença vai receber uma homenagem do Sporting. Justa e sentida.
Fonte: Leonor Pinhão @ A Bola
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