Julgar o antigo banqueiro não é apenas injusto, é perigoso: se pusermos Ricardo Salgado no banco dos réus, o mais provável é que o banco dos réus comece a dever dinheiro a toda a gente

A detenção de Salgado também me chocou, e espero sinceramente, para bem do país, que a justiça pare de o importunar. Julgar o antigo banqueiro não é apenas injusto, é perigoso: se pusermos Ricardo Salgado no banco dos réus, o mais provável é que o banco dos réus comece a dever dinheiro a toda a gente.
Por outro lado, e como também é costume da comunicação social, só se fala das vidas que Ricardo Salgado arruinou. Não se diz uma palavra sobre as pessoas que beneficiou. A reputação de Alves dos Reis, por exemplo, merece uma reavaliação.
Além do mais, os Espírito Santo continuam a fazer falta à banca portuguesa. O tribunal de comércio do Luxemburgo aceitou o pedido de gestão controlada feito pelas empresas do Grupo Espírito Santo. É uma mudança bastante grande relativamente ao regime de gestão descontrolada que vigorava até aqui. Receio que seja necessário um período de adaptação. Talvez a transição deva ser feita por uma administração mista, com membros da família Espírito Santo e pessoas que percebam mesmo de finanças. E só depois será possível nomear um conselho de administração mais credível do que o anterior. Por exemplo, com administradores recrutados no estabelecimento prisional do Linhó.
Fonte: Ricardo Araújo Pereira @Visão - 2014/08/07
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