sexta-feira, março 27, 2015

Isto não é maneira de abominar jornalistas

Eu abomino jornalistas. Trata-se de uma abominação digna, justa e sensata. Há vários motivos para abominar jornalistas e o mais recente talvez seja a admiração que dedicam às chamadas redes sociais. Tudo o que se diz nas redes sociais é notável, ao contrário do que se diz, por exemplo, em snack-bares. As pessoas também dizem coisas em snack-bares. Normalmente, as mesmas coisas que se dizem nas redes sociais, o que é curioso. No entanto, os jornalistas nunca tomaram o pulso aos snack-bares. Nunca noticiaram: "Tal caso está a gerar polémica nos snack-bares." Talvez porque seja impossível saber o que se diz em todos os snack-bares. No entanto, também há milhares de milhões de utilizadores de redes sociais, pelo que custa a crer que seja possível saber qual é a opinião das redes sociais. Em princípio, estão lá todas as opiniões possíveis. Provavelmente por razões de deslumbramento tecnológico, atitudes de snack-bar, quando tomadas em redes sociais, ganham, para os jornalistas, outra credibilidade. Digo que são atitudes de snack-bar porque, tal como no snack-bar, nas redes sociais também não há conversas em voz baixa - circunstância que os próprios jornalistas reconhecem. Eis um apanhado das últimas notícias sobre o que se passa nas redes sociais: "Polémica com Dolce e Gabbana incendeia redes sociais", "Está esclarecida a polémica que incendiou as redes sociais. O cachecol de Varoufakis é mais velho que a crise", "Post de assessora de congressista americano incendiou as redes sociais", "Irmã de Neymar incendeia as redes sociais", "Este é o vestido que incendiou as redes sociais", "Etiqueta de roupa da marca indonésia Salvo Sports incendiou as redes sociais", "Várias personalidades negras de Hollywood entregaram prémios nos Oscars, pormenor que incendiou as redes sociais", "'Era tudo maquilhagem', diz Uma Thurman sobre a polémica que rapidamente incendiou as redes sociais", "Gustavo Santos voltou a criticar o 'Charlie Hebdo', depois de um post no facebook que incendiou as redes sociais". Pelos vistos, um incêndio perpétuo (semelhante ao do inferno mas, provavelmente, mais intenso) lavra nas redes sociais. Uma turba agita-se para lapidar opiniões, comentários e peças de roupa. E os jornalistas vão atrás, para contabilizar o número de pedras arremessadas. Aqui está uma bonita abominação, devidamente justificada.

João Araújo, advogado de Sócrates, disse a uma jornalista que "devia tomar mais banho", uma vez que "cheira mal". Não pretendo ser o paladino da boa abominação de jornalistas, mas creio que não é assim que se abomina um jornalista. Tenho muitas dúvidas acerca da introdução de considerações olfactivas no debate público. Primeiro, porque é difícil de provar: na ausência de uma auditoria independente aos sovacos da jornalista, ficamos sem saber se João Araújo é mentiroso ou apenas inconveniente. Segundo, porque abre terreno a observações de outro tipo, baseadas em impressões captadas pelos outros quatro sentidos. "A sr.ª jornalista está muito áspera. É desagradável ao toque" ou "A sr.ª jornalista tem um sabor amargo" são declarações possíveis, a partir de agora, e não creio que enriqueçam a discussão. Terceiro, porque nada impede a jornalista de produzir apreciações do mesmo teor, a mais óbvia das quais será: "Sim, mas o sr. dr. faz lembrar um sapo." Não posso, por isso, deixar de condenar uma abominação de jornalistas baseada no seu odor, aspecto, som, macieza ou sabor. Fazê-lo é dar mau nome à abominação de jornalistas.

A propósito, escuso de dizer que este caso incendiou as redes sociais. Desconheço se incendiou os snack-bares.


Fonte; Ricardo Araujo Pereira @ Visão

As grandes fugas são a deslizar

1. Correndo, e com muito gosto, o risco de uma deficiente interpretação por parte do público em geral venho afirmar perentoriamente que este Benfica de 2014/2015 tem estrelinha de campeão.
E faço questão de o repetir. Tem estrelinha de campeão, tem.
Se tem estofo ou não, veremos mais tarde. Mas estrelinha tem.
É que, exceção feita ao Benfica propriamente dito, correu tudo maravilhosamente bem para os interesses do Benfica no último fim-de-semana.
Veja-se, por exemplo, o que se passou de extraordinariamente benfazejo para as nossas cores entre as seis da tarde e as dez e picos da noite no sábado passado.
Calhou até ao Benfica ter a sorte do jogo em Vila do Conde onde, antes ainda da meia hora, já ganhava por 1-0 e tinha visto Marcelo e Hassan, dois dos mais influentes jogadores da casa, a sair de maca do relvado depois de terem caírem redondos no chão sem que ninguém lhes tocasse.
Foi o Benfica a Vila do Conde, é verdade, desprovido do seu mais influente jogador, Nicolas Gaitán, mas não demorou muito o Rio Ave, em desvantagem no marcador, a ver-se privado dos seus esteios da defesa e do ataque como que por artes mágicas. 
E que equipa de futebol no seu perfeito juízo não se aproveitaria de uma benesse destas?
A nossa, precisamente.
E, no entanto, no jogo que se seguiu no Funchal continuaram as coisas a correr com muita felicidade para o lado do Benfica. 
O Porto, que era suposto ganhar, acabou empatado e com uma gritante carrada de nervos em cima porque, nestes transe, quem dá a última barraca fica mais exposto à crítica. Já para não mencionar a frustração suplementar que daí advém.
Isto é ou não é ter estrelinha de campeão?
Perguntar-me-ão e com toda a propriedade:
- Mas se correu tudo assim tão bem para o Benfica em Vila do Conde e na Região Autónoma da Madeira, por que bula papal é que veio o Benfica a perder o jogo com o Rio Ave?
O que correu mal afinal ao Benfica?
A explicação é simples. 
Ser-vos-á comunicada no ponto 5 deste artigo. 
Agora preciso de desanuviar com temas ligeiros.


2. A UEFA recomendou vivamente às oito equipas em prova na Liga dos Campeões que evitem pressionar os árbitros nos jogos que se avizinham. 
E tão vivamente recomendou a UEFA, pela voz de Pierluigi Collina que é a autoridade na matéria, que chegou ao ponto de ameaçar com sanções os emblemas prevaricadores. Posto isto, quase de certeza que a Europa não vai ouvir o Lopetegui a falar latim. 
O espanhol é atrevido mas só de Badajoz para a esquerda (isto se tivermos à frente o mapa). 
De Badajoz para a direita, na Europa, não se atreve.


3. A evidência da semana a intrometer-se sem pedir licença:
- Mas não há “Manel” que faça de Gaitán?
- Não. Não há.


4. De volta a assuntos fúteis:
Entre os três assumidos candidatos ao título apenas o Sporting ganhou no último fim-de-semana. Foi uma festa, naturalmente. 
Não só porque os rivais não ganharam como também porque, mais do que uma bela vitória em Alvalade, tratou-se de uma goleada por 4-1 sobre o adversário que, na primeira volta do campeonato, tinha imposto ao Sporting uma derrota por 3-0. No entanto, se no lugar de contarem para o campeonato estes dois jogos entre o Sporting e o Vitória de Guimarães contassem, por exemplo, para uma meia-final da Taça de Portugal o resultado prático seria a eliminação do Sporting e a consequente qualificação do Vitória de Guimarães graças ao golo “fora” de Kanu aos 83 minutos de jogo.
Utilizando despudoradamente a imaginação uma pessoa pode sempre pairar acima, muito acima, dos estrondosos sucessos dos rivais.


5. O que correu mal ao Benfica em Vila do Conde foi o facto de o propriamente dito Benfica não ter corrido rigorosamente nada ao longo de 90 minutos de jogo contando com os 5 minutos do tempo de compensação.
Nos primeiros 5 minutos do jogo o Benfica ainda correu uma vez e logo marcou. Salvio correu, Pizzi lançou-lhe de longe uma bola em perfeitas condições e, sem parar de correr Salvio enganou o guarda-redes adversário fazendo o golo.
Foi uma grande alegria no campo e nas bancadas. Depois disto o Benfica parou. Na época passada o Benfica até tinha equipa para “parar” o jogo sempre que lhe apetecesse, trocando a bola entre os seus elementos até ao desgaste total do adversário e para nosso enorme deleite.
Mas metade dessa equipa partiu e, actualmente, o Benfica não se pode dar ao luxo de gerir resultados tangenciais só à base de intelecto. Esta é uma temporada trabalhosa em que o Benfica se perde velocidade, perde o jogo.
Estas coisas do futebol só podem correr mal a quem não corre e a quem, aparentemente, confia de modo excessivo na tal estrelinha de campeão que tão generosamente brilharia na Pérola do Atlântico duas horas mais tarde.
Sobre o pormenor de Gaitán não ter jogado nem em Paços de Ferreira nem em Vila do Conde conhecendo-se os resultados, recomendo que voltem ao ponto 3 deste artigo. 
Se, pelo contrário, vos continua a interessar o tema já estafado das correrias e da ausência delas, recomendo o ponto 8 deste artigo.
Talvez possa contribuir modestamente para a clarificação destes assuntos tão aborrecidos de que me pretendo distrair regressando, rapidamente, a tópicos ligeiros de cariz filosófico e internacional.


6. O Arsenal de Londres foi eliminado pelo Mónaco e o treinador do Arsenal veio clamar pelo fim da regra de desempate através do número de golos marcados “fora”. Arsène Wenger apelou à UEFA para pôr cobro a “essa regra obsoleta” de que o próprio foi vítima na semana passada. 
Obsoleto estará o Wenger, com o devido respeito. A invenção desta eficientíssima regra de desempate premiando a ousadia em circunstâncias adversas veio conferir um imenso interesse às provas com eliminatórias.
Para além de o momento da sua cognição plena marcar a passagem do estado intelectual de adepto infantil para o estado intelectual do adepto adulto. Dá-se, normalmente, entre os 9 e os 11 anos de idade. 
- O Fulaninho já percebeu aquilo do golo fora valer a dobrar.
- Está um homem feito.
É sempre, sempre uma alegria para a família.
Ou seja, o adepto passa directamente da infância à idade adulta sem passar sequer pela adolescência graças a esta maravilhosa regra toda ela em prol da inteligência. 
É também por coisas destas que o futebol arrasta multidões e é disto que o Arsène Wenger quer dar cabo.


7. O Benfica deslizou em Vila do Conde, é verdade que deslizou ao comprido.
Confio, não obstante, com firmeza na ginástica e na literatura para a revalidação do título. Em primeiro lugar porque vai ser precisa muita ginástica para se lá chegar depois destes últimos deslizes e em segundo lugar porque Victor Hugo escreveu numa página de “Os Miseráveis” que “as grandes fugas são a deslizar”. 
Frase que sempre me foi enigmática e de que só atingi pleno o alcance depois dos acontecimentos recentes de Paços de Ferreira e de Vila do Conde. 
A realidade é que já deslizámos o que havia para deslizar. Agora só falta mesmo é fugir. Para a frente, evidentemente.


8. Correm os adeptos do Benfica às centenas, aos milhares de quilómetros por estradas e caminhos e eles sempre a correr atrás de um objetivo, correm o país todo, correm para as bilheteiras, almoçam a correr, pagam tudo do bolso (e não é pouco) e o mínimo que esperam, em retribuição disto tudo, é que a equipa corra não tanto quanto eles, porque isso é impossível, mas que corra o suficiente para fazer valer esta correria louca de milhares atrás de uns poucos.
Quanto a ter ou não ter estofo de campeão, os adeptos têm.


9. É pura superstição, reconheço-o envergonhadamente, mas ninguém me consegue fazer desacreditar que, por si só, a presença do avançado Jonathan Rodriguez no “banco” seria uma poderosa motivação para o onze em campo, nomeadamente para os titulares das linhas média e ofensiva da equipa eleita pelo treinador.  E não me refiro à equipa B.

Fonte : Leonor Pinhão @ A Bola

segunda-feira, março 23, 2015

quinta-feira, março 19, 2015

Agradeço o convite mas declino

De acordo com a Constituição, "são elegíveis para a Presidência da República os cidadãos eleitores, portugueses de origem, maiores de 35 anos". No entanto, de acordo com Cavaco Silva, o próximo Presidente deve ser uma pessoa com experiência em política externa. Esta revisão constitucional feita informalmente por Cavaco reduz bastante o leque de possíveis candidatos, e acaba por cingir a corrida a apenas três nomes: Durão Barroso, António Guterres e eu. O currículo dos candidatos impressiona: Barroso foi presidente da comissão europeia entre 2004 e 2014; Guterres é, desde 2005, alto comissário das Nações Unidas para os refugiados; e eu negociei, em Badajoz, na primavera de 2009, o preço de um saco de caramelos que, embora tivesse uma etiqueta indicando o preço de 90 cêntimos, assinalava na caixa o valor de um euro e meio. As negociações foram duras, mas eu soube defender os interesses de Portugal no quadro das regras definidas pelo direito internacional: mantendo presente que a carta das Nações Unidas proíbe a agressão armada excepto em caso de legítima defesa, usei de meios pacíficos para obter o acordo que melhor servisse o nosso país, e orgulho-me de poder hoje dizer que acabei por trazer o saco por apenas um euro e 20. Quem conhece a fundo o trabalho de Barroso e Guterres, só por má vontade deixará de reconhecer que nenhum deles trouxe para o nosso país, no âmbito da actividade internacional que desenvolveram, lucros que possam sequer aproximar-se do valor de um saco de caramelos.

Pelo que acabei de referir, concordo com a perspectiva de Cavaco Silva acerca do seu sucessor, mas creio que o Presidente podia ter ido mais longe. Além de definir o perfil do próximo Presidente, Cavaco devia ter aproveitado para definir o perfil dos cidadãos que vão elegê-lo. Não serve de nada apontar um caminho e depois deixar nas mãos de gente sem sensibilidade política uma escolha tão importante. Creio que os eleitores do próximo Presidente da República também deviam ser pessoas com alguma experiência em política externa. Pessoas sem experiência em política externa tendem a não compreender todo o alcance do trabalho realizado pelos especialistas em política externa, e por isso deviam ser impedidas de votar.

Uma vez que não quero alimentar tabus, e apesar do que ficou exposto acima, devo dizer que, apesar da indigitação discreta de Cavaco Silva, não serei candidato às próximas eleições presidenciais. Tal como Cavaco, eu também desdenho do valor do salário auferido pelo Presidente da República, e não tenho ainda reformas que me permitam ocupar o cargo com a dignidade que tanto eu como Portugal merecemos. E além disso já tenho coisas combinadas para 2016.


Fonte : Ricardo Araujo Pereira @Visão

E ainda dizem que o latim é uma língua morta

E o Benfica lá ganhou ao Sporting de Braga porque marcou dois golos e não sofreu nenhum. Enquanto os jogos de futebol se decidirem com golos é aos seus autores que ficamos a dever diretamente a satisfação das vitórias.
Obrigada Jonas e obrigada Eliseu pelos vossos maravilhosos golos tão convenientemente apontados do meio da rua até para que nenhuma autoridade venha clamar, por exemplo, que ambos se encontravam fora-de-jogo ou, pior ainda, a obstruir o guarda-redes adversário.
Diz-se de tudo agora que o campeonato caminha para a sua decisão. Mas falar é fácil. Marcar golos é que não é fácil.
O que ajuda também nestas coisas das vitórias é o apoio dos adeptos e esse apoio não tem faltado em casa nem, muito menos, fora de casa como se tem visto de maneira brutal e exemplar este ano. 
Tal como, aliás, já se viu em todos os anos para trás. E como também se verá em todos os anos para a frente.
O que não admira. “E Pluribus Unum” é o nosso lema e ora aqui está o latim que nos assenta, que nos define e que nos assiste. A tradução oferece algumas liberdades mas o sentido é bem explícito. “De Muitos, Um”. 
E ainda dizem que o latim é uma língua morta. Isto vive há mais de um século e viverá.
É, portanto, por mero despeito que anda o Lopetegui o gastar o seu latim, a tal língua mais do que morta, pretendendo através de aforismos condicionar os árbitros e empolgar os adversários do Benfica quando, afinal, isto do latim não é para todos. Ou se nasce ou não se nasce.


O presidente do Sporting prometeu aos jogadores que não voltaria ao Facebook para falar de futebol-jogado e uma fonte da direcção do Sporting justificou a decisão por circunstâncias que não beliscam minimamente a justeza, a operacionalidade e os bons resultados da antiga prática presidencial na arte do futebol-falado.“Foi uma estratégia super-correcta porque o Sporting ganhou todos os jogos que se seguiram às críticas do presidente”, explicou a já referida fonte do clube.
Neste campo tão desengraçado do futebol-falado as estratégias mais ou menos “super-correctas” dos emblemas nossos adversários devem ser motivo (ou não) de preocupação dos seus respetivos adeptos.
Já quanto às “estratégias super-correctas” (ou não) do nosso emblema, cabe-nos refletir sobre elas com a frieza possível que nem sempre é a necessária porque, tratando-se do nosso clube, corremos o risco de nos iludirmos por amor nestas apreciações.
Tenho, no entanto para mim, que esta última vitória do Benfica para o campeonato contra um adversário de respeito se ficou em tudo a dever aos dois golos marcados e à exibição coletiva e em nada ficou a dever às nossas vozes que se ergueram para espicaçar o adversário e amaldiçoar o árbitro que, por sinal, esteve quase sempre bem.
O facto de o Benfica ter vencido o Sporting de Braga em campo, e sem margem para discussão, não valida como “super-correcta” semelhante “estratégia” no nosso caso. 
Quero eu muito acreditar na preponderância do futebol-jogado sobre o futebol-falado. É apenas isto.


Esta foi uma semana rica em acontecimentos curiosos que dizem respeito a jovens futebolistas formados ou em formação no nosso laboratório do Seixal.Vamos lá por partes.
Primeira parte:
O Valência está muito contente com João Cancelo e pretende assegurar a 100 por cento os serviços do lateral-direito. Mas o Valência não quer pagar os 15 milhões de euros constantes na cláusula do acordo assinado que transforma o empréstimo numa aquisição em definitivo.
Fará muito mal o Benfica se fizer um desconto ao Valência por João Cancelo tendo em conta que foi pelo mesmos 15 milhões que o Mónaco adquiriu os serviços totais de Bernardo Silva e ainda se ficaram a rir. É preciso equilibrar os valores. Não chega dali, sobra de acolá…
Segunda parte:
Romário Baldé quis marcar um penalty à Panenka no jogo da equipa de sub-19 com o Shakhtar e a coisa saiu-lhe francamente mal. Se a bola tivesse entrado, bastava uma rabanada de vento, teria sido francamente genial. 
Mas não foi. O Benfica acabou por se ver eliminado pelos ucranianos e uma facção do público castigou cruelmente o jogador de 18 anos deixando-o em lágrimas.
Das bancadas ouviram-se barbaridades irrepetíveis e outras reproduzíveis como “parece impossível”, “até pareceu que isto…” ou “até pareceu que aquilo…”
Quando, na verdade, com o que Baldé até se pareceu mesmo na sua desastrada acção foi com um júnior. Que é exactamente o que ele é.
Cada vez mais me convenço de que um problema do Benfica é ser tão enorme em número de adeptos. 
Se calhar devíamos ser um bocadinho menos mas muito melhores.
E mesmo assim encheríamos todos os campos do país, tal como vai suceder já depois de amanhã em Vila do Conde.
Terceira parte:
Dizem os jornais que Bernardo Silva está entre os pré-convocados do seleccionador Fernando Santos tendo em vista os próximos compromissos da equipa nacional. Como já não se lhe pode dar os parabéns na qualidade de nosso jogador, ficam aqui os parabéns a Bernardo Silva na qualidade de nosso consócio.
A cedência em definitivo de Bernardo Silva ao Mónaco provocou alguma sonora revolta entre os adeptos. Demagogias à parte e de um modo geral, os benfiquistas aspiram por ver os seus jovens da formação chegar à equipa principal e apoiam-nos patriótica e incondicionalmente desde que não nos falhem penalties por inexperiência em momentos cruciais de um jogo qualquer.


Os jogadores emprestados não deveriam por lei poder ser utilizados nos jogos contra os seus emprestadores. E acabava-se logo com esta coisa mesquinha de se andar permanentemente a contabilizar o número, porventura excessivo, de jogadores emprestados que levaram com cartões amarelos que os impedem de defrontar o verdadeiro patrão na jornada seguinte.


A dupla de adultos Lima-Jonas tem produzido verdadeiras delícias para os nossos olhos.Na equipa B, a dupla de jovens Gonçalo Guedes-Jonathan Rodriguez anda a fazer exactamente a mesma coisa. Delícias.
Ontem, no jogo com o Portimonense, o uruguaio marcou três golos. Foi substituído aos 80 minutos e assim, de fora, já não conseguiu marcar mais.
Foi bem substituído. Para receber os aplausos e também porque é um bocadinho falta de respeito aterrar, marcar 6 golos em 5 jogos e fazer primeiro um “poker” do que um “hat-trick”. Calma, que ele vai lá chegar.


Afastando o Arsenal, Leonardo Jardim juntou-se ao clube restrito de treinadores portugueses que chegaram aos quartos-de-final da Liga dos Campeões. É obra. Feliz mas não iludido, assim que o jogo da segunda-mão terminou Jardim não perdeu tempo a situar humildemente o seu Mónaco entre as demais sete melhores equipas desta edição da prova. “Agora há sete equipas que querem jogar contra nós”, disse o treinador madeirense. E há. Mas vai ser o Porto que vai sair ao Mónaco. Antes agora do que na final.


O presidente do Rio Ave veio dizer esta semana que não há clube em Portugal para lhe encher a casa como o visitante Benfica. Ou seja, o jogo ainda não começou e os nossos adeptos já fizeram o seu trabalho esgotando a bilheteira em Vila do Conde.
Falta agora que a equipa faça o seu trabalho no jogo de sábado na luta com um adversário que lhe deu muitas dores de cabeça nas três finais disputadas no ano passado. Lembram-se?
Esta não será, no entanto, a quarta final.
Esta é a primeira final, a mais importante de todas.


Fonte: Leonor Pinhão @A Bola

terça-feira, março 17, 2015

quinta-feira, março 12, 2015

O Supermercado (onde se compram títulos) já não é o que era

A expulsão do jovem Tobias Figueiredo nos minutos iniciais do último Sporting-Penafiel não aconteceu por culpa do árbitro nem por culpa do jogador adversário directamente envolvido no lance nem, muito menos, por culpa do próprio Tobias Figueiredo.
Tobias Figueiredo foi expulso por culpa da famosa petição. E dos seus peticionários, naturalmente.
Refiro-me à petição que corre actualmente recolhendo assinaturas on-line exigindo ao presidente da República que force a Assembleia da República a proibir o Benfica de vencer os seus jogos quando está em superioridade numérica por expulsão de um ou mais jogadores da equipa oponente.
Para os peticionários não existem, portanto, leis do jogo que lhes valham.
Por ser muito jovem, Tobias Figueiredo acreditando na bondade cívica da petição, depreendeu que a expulsão do arouquense Hugo Basto no jogo com o Benfica foi uma ilegalidade, mais uma.
E, crente no valor da petição que se sobrepõe às leis do jogo, vendo um perigoso penafidelense escapar-se isolado para a baliza de Rui Patrício resolveu fazer-lhe aquilo que Hugo Basto fez a Lima em situação quase gémea tendo por garantida a tão ansiada impunidade parlamentar.
Vai de derrubá-lo, Tobias Figueiredo!
Mas como ainda não pertence à Assembleia de República a arbitragem de jogos de futebol, o árbitro fez o que lhe competia e aplicou a lei do jogo. Ou seja, tal como aconteceu ao arouquense, acabou da mesma maneira e pela mesma razão expulso o sportinguista.
Estes choros, estes protestos, este arrepelar de cabelos, estas petições, enfim, dão nisto. 
Confundem-se mais os próprios jogadores do que a opinião pública.


“Temos de fazer tudo para vencer o Benfica” – disse o presidente do Sporting de Braga mal terminou o jogo com o Porto.
Houve muitos benfiquistas que logo se indignaram com esta declaração de Salvador. Viram neste seu propósito, mais do que legítimo, a confissão inexistente de que o Braga não só não tinha feito tudo para vencer o Porto como também o próprio presidente tem mais arreganho para ser o salvador do Porto do que para ser o que na verdade é, o Salvador do Braga.
Interpretações abusivas, feridas de clubite.
Quanto a mim, falou muito bem António Salvador e não só não disse mentira nenhuma como também sintetizou numa frase o que têm sido os desvelos dos rivais do actual campeão na busca pelo já entronizado Santo Graal desta turbulenta temporada de 2014/2015.
Trata-se de “fazer tudo” que impeça o Benfica de revalidar o seu título nacional, essa pequena glória que não tomba para os lados da Luz há mais de três décadas e que, não tombando para ali há tanto tempo, ganhou foros de impossibilidade por via regimental e divina.


Seguindo actualmente o Benfica na dianteira do campeonato com uns curtos pontos de avanço sobre o seu directo perseguidor que, neste dilatado espaço de tempo, somou “tetras” e “pentas” com “a facilidade de quem vai ao supermercado”, no imortal dizer de Sir Alex Ferguson, é natural que haja uma reacção forte e concertada da Oposição.
O próximo Benfica-Sporting de Braga é já no sábado mas há muito, muito tempo que está afixado no calendário de todos os interessados como o eventual acontecimento do ano.
Outra coisa não seria de esperar tendo em conta que já por duas vezes o Braga venceu o Benfica esta temporada, uma vez para o campeonato e outra vez para a Taça de Portugal. As expectativas estão, portanto, altíssimas em todos os campos.
Em Arouca, por exemplo, até parece que o Benfica jogou mais já a pensar no jogo seguinte com o Braga do que no jogo com o Arouca propriamente dito. 
Vimos por toda a primeira parte um líder a poupar-se ao choque, a poupar-se a cartões amarelos e a não poupar a paciência dos seus indefectíveis adeptos que gostam de ver as coisas resolvidas cedo, de preferência antes de o intervalo, como aconteceu no jogo com o Estoril.
Depois lá acordaram, desataram a correr e resolveram a bem a contenda.
Também em Braga, dois dias antes, até pareceu ter-se visto um Sporting de Braga a fazer precisamente a mesma coisa que o Benfica haveria de fazer em Arouca. Um Braga a pensar menos no jogo dessa noite, que era com o Porto, e já a pensar mais no jogo futuro que é o jogo de depois de amanhã na Luz.
Estão assim reunidas todas as condições para um grande espectáculo.
O Benfica tem de fazer tudo para ganhar.
E o Braga tem de fazer tudo para ganhar ao Benfica.
Com franqueza, há nisto alguma novidade?


Ricardo apresentou no início desta semana a sua candidatura à presidência da Associação de Futebol do Algarve. O antigo guarda-redes chegou agora ao fim da sua carreira e com um currículo que, certamente, o envaidece. 
Ao serviço do Boavista ganhou tudo o que havia para ganhar em Portugal – 1 Campeonato, 1 Taça de Portugal e 1 Supertaça -, ao serviço do Sporting ganhou uma Taça de Portugal e ao serviço da selecção ganhou o estatuto de herói nacional naquela tarde em que defendeu três grandes penalidades no desempate com os ingleses a contar para o Euro 2004.
Isto é o passado de Ricardo. Agora vem aí o futuro e o retirado guarda-redes optou por concorrer a um cargo de dirigente numa Associação importante como são todas as Associações, presume-se.
Por superstição, por simpatia ou por fé em mudanças, dá-me gosto de ver antigos jogadores a ocupar cargos directivos e a saírem-se com elegância dessas missões.
No nosso futebol, já há uns poucos antigos jogadores em funções de comando que lhes ficam muito bem.
Há também, curiosamente, antigos jogadores que jamais ocuparão cargos directivos nos seus clubes não porque não tenham demonstrado categoria para isso mas porque, em algum momento, proferiram declarações de uma racionalidade tão ampla e tão dissidente à norma que os transformou imediatamente em alienígenas perante as nomenclaturas vigentes.
Tipo Vítor Baía, por exemplo.
Voltemos a Ricardo para lhe desejar as maiores felicidades.
É bom que o futebol saiba ir buscar aos seus antigos praticantes os seus futuros dirigentes. É o progresso.
Tal como seria péssimo se alguma vez o futebol fosse buscar aos reputados delinquentes inevitáveis entre as suas claques os seus futuros dirigentes, mentores ou filósofos. 
Isto é que seria um lamentável retrocesso.


Afinal parece que o Sporting já não vai cobrar os 40 milhões de euros exigidos à Câmara Municipal de Lisboa a título de compensação pelas benesses concedidas ao Benfica porque se veio a descobrir que, feitas as contas, as isenções camarárias concedidas ao Sporting foram bem mais generosas do que as concedidas ao rival.
A notícia saiu no “Expresso”, um jornal tão de referência pelo que me atrevo a citá-lo.
Perante isto, o que fazer, benfiquistas?
Um comunicado? Ou uma petição? Ou as duas coisas?


Artur Soares Dias, o árbitro a quem no ano passado Pinto da Costa vaticinou o fim da carreira e a quem este ano o mesmo Pinto da Costa vaticinou um futuro brilhante, vai ser o árbitro do Benfica-Braga de depois de amanhã.
Isto não é um problema de Artur Soares Dias que é constantemente um bom árbitro. 
A inconstância não é do árbitro, é do dirigente.
Isto é um problema de Pinto da Costa que umas vezes diz uma coisa e outras vezes diz uma outra coisa completamente diferente. O que se compreende porque a ameaça é grande e o supermercado de que Sir Ferguson falava já não é o que era, queremos crer.


Fonte: Leonor Pinhão @ A Bola

Ideias para comédias

Após ter votado a lei de bases da segurança social, um deputado diz desconhecer as suas obrigações legais para com a segurança social.
Após ter passado anos a dar aulas de catequese, um catequista diz ter ficado com a ideia de que a obediência aos mandamentos era opcional.

Um cidadão passa cinco anos sem descontar para a segurança social. Depois chega a primeiro-ministro e manifesta grande preocupação com a sustentabilidade financeira da segurança social.

Um cidadão passa cinco anos sem tomar banho. Depois fica incomodado quando partilha o elevador com um vizinho que acabou de chegar do ginásio.

Um primeiro-ministro admite que cometeu irregularidades mas justifica-se dizendo que são irregularidades menores do que aquelas que o primeiro-ministro anterior é acusado de ter cometido.

Um aluno falha a entrega dos trabalhos de casa mas justifica-se dizendo que não procedeu tão mal como um aluno que, no ano anterior, tinha roubado a lancheira a outro menino. A professora lembra-lhe que o facto de outros terem cometido infracções maiores não o isenta de uma nota negativa. O aluno, mesmo sendo pequenino, compreende o argumento da professora.

Um primeiro-ministro apercebe-se, em 2012, que deve dinheiro ao Estado, mas acha que é mais oportuno fazer o pagamento apenas no fim do seu mandato, para não criar confusões. Ao mesmo tempo, o seu governo recorre a penhoras automáticas para executar mais rapidamente as dívidas fiscais.

Um verdugo apercebe-se, em 2012, que cometeu um delito parecido com os que são cometidos pelas pessoas que castiga com chibatadas. Passa a dar chibatadas com mais força, para transmitir a ideia de que a sua adesão à prática delituosa não significa que a aprove.

Um primeiro-ministro decide regularizar imediatamente a sua situação fiscal depois de perceber que o jornal Público descobriu aquilo que ele já sabe desde 2012. ?O ministro da segurança social considera a postura do primeiro-ministro muito digna.

Um criminoso decide confessar um crime cometido dez anos antes, e só depois de terem surgido provas absolutamente claras e indesmentíveis de que o cometeu. O seu advogado considera a postura do cliente muito digna.

Milhares de cidadãos falham o pagamento dos impostos na data estipulada e justificam-se dizendo que o jornal Público não teve a gentileza de os incentivar a saldar a dívida.

Um cidadão acumula dívidas e não recebe a respectiva notificação. O sistema que não o notifica durante cinco anos é o mesmo que não deixa passar cinco dias sem notificar os outros cidadãos devedores. O ministro da segurança social diz que o primeiro-ministro foi vítima de um erro do sistema.

Um cidadão ganha a lotaria. Os seus amigos dizem que foi vítima de um acaso da sorte


Fonte: Ricardo Araújo Pereira @ Visão

segunda-feira, março 09, 2015

quarta-feira, março 04, 2015

Compay Segundo - Guantanamera



Guantanamera, guajira guantanamera
Guantanamera, guajira guantanamera

Yo soy un hombre sincero
De donde crece la palma
Y antes de morir yo quiero
Echar mis versos del alma
Guantanamera...

No me pongan en lo oscuro
A morir como un traidor
Yo soy bueno y como bueno
Moriré de cara al sol
Guantanamera...

Con los pobres de la tierra
Quiero yo mi suerte echar
El arroyo de la sierra
Me complace más que el mar
Guantanamera...

Tiene el leopardo un amigo
En su monte seco y pardo
Yo tengo más que el leopardo
Porque tengo un buen amigo


Guantanamera, guajira guantanamera
Guantanamera, guajira guantanamera
¡Dilo Compay!
¡Ahí na' ma'!
Guantanamera, guajira guantanamera


Guantanamera, guajira guantanamera...


é uma das memorias que ficou, ele a cantar esta musica.

Desporto de fim de semana - 2024/03/23

Sábado, 2024/03/23  - 14:00 - Futebol Feminino - SL Benfica -v- Sc Braga - Liga Bpi | 23/24 - Jornada 18  - 15:00 - Rugby - SL Benfica -v-...