sexta-feira, maio 24, 2013

Urge combater o porto


Coloco a seguinte questão: Se as posições se invertessem, ou seja, se o Benfica tivesse sido campeão em Paços de Ferreira com um golo de penalti aos 20 minutos em que um jogador do Benfica se tivesse mandado para o chão fora da área, provocando a expulsão de um jogador do Paços de Ferreira, o que se diria agora?

Certamente que os comentadores portistas ainda não se teriam calado nem se calariam durante a próxima época inteira. Aliás, como se sabe, ainda hoje, de vez em quando, referem o jogo no Algarve frente ao Estoril em 2005 e reclamam dos túneis em 2010... 

Acho até uma certa piada que a generalidade dos benfiquistas considere uma fraqueza, se aplicada ao Benfica, aquela que é uma das maiores forças do porto: O condicionamento dos agentes desportivos pela pressão mediática. Mais particularmente, os árbitros. Se nós falamos de arbitragens, estamos a tentar encobrir os nossos erros. Se eles falam, é fina ironia e outras palermices que nada significam.

Estou certo que 2012/13 será sempre o campeonato do Capela, mesmo não tendo sido conquistado pelo Benfica ou sequer ser justa essa designação. O SLB é horrível neste capítulo e é sobretudo por aqui que perdemos o título, não é em mais nada do que possamos elencar. 

Pelo que pergunto: Será normal que ainda não tenha aparecido alguém com responsabilidades a sério no Benfica a malhar no Hugo Miguel? É que até parece que o mundo acabará no domingo às 19 horas e que não haverá próxima temporada...

Enfim, ando possesso com isto. O Benfica perdeu este campeonato por uma mera casualidade, um golo inesperado de um herói improvável. Mas as condições para essa casualidade existir devem-se, não ao treinador, apesar de cometer erros, não ao plantel, apesar de apresentar lacunas, mas a uma incapacidade total do Benfica para enfraquecer o porto.

É aqui que reside a chave do problema. O nosso campeonato é tão fraco que o porto não precisa de ser óptimo. Basta ser bom e mais qualquer coisa que não passa pela bola. Depois é o frango do Artur, o Roderick que não mata a jogada, etc... E nós, ao invés de encararmos esta realidade, olhamos apenas para nós próprios. O Benfica está numa redoma de vidro, vive para si próprio. Somos os melhores do mundo e os piores do planeta ao mesmo tempo. Não consigo ter esta visão e estou certo que é deturpada da realidade.

Para que melhor se compreenda o que defendo, passo a apresentar um exemplo: A determinada altura da época, esta pareceu que iria correr bem ao Benfica. Os cronistas portistas começaram quase todos a posicionar-se disfarçadamente sobre a sucessão do pinto da costa. Foi mais que evidente. Esse posicionamento não chegou a ser assunto, não houve qualquer exploração do mesmo, não se tentou desestabilizar o porto. E isto acontece porquê?


Por várias razões, mas penso que estas são as principais: 
- O Benfica vive para si próprio. Tudo é mérito ou demérito nosso. Só interessa o Benfica, o resto é paisagem;
- Não há intelligentsia benfiquista. Ou melhor, nem sequer há uma coordenação dos opinion-makers benfiquistas, não há uma mensagem concertada;
- Abater o porto não é uma prioridade. A prioridade é reerguer o Benfica, como se o porto não existisse, não tenha pontos fortes e não ganhe muito há vinte e cinco anos.

Este caso, bem explorado, levantaria certas perguntas incómodas... Quem manda afinal no futebol portista, é o Pinto da Costa ou o Antero Henriques? Para onde foi o dinheiro das sucessivas vendas de jogadores? Se o Pinto da Costa mandasse como antes, o porto falharia um penalti e deixar-se-ia empatar em casa com o Olhanense após um empate do Benfica no Nacional?

Estas e tantas outras perguntas nunca foram feitas ao longo da época. Se foram, não houve eco. O porto faz o seu percurso sem ter que se preocupar em justificar fragilidades temporárias como esta que, no Benfica, é o dia-a-dia. Mas a culpa é do Benfica. Já que não é possível acabarmos com isto no nosso clube, ao menos que passe também a acontecer com o deles... E o que fazemos? Aparentemente, nada!

O Benfica precisa urgentemente de combater o porto. Não bastará, como já se viu, somente o crescimento qualitativo no campo desportivo e empresarial. O ataque terá que ser forte, sistemático e contínuo. Começando por onde menos parece importar: No hóquei e andebol. O treinador deles é fabuloso? Vamos lá buscá-lo. Quem são os três melhores jogadores? Vamos lá buscá-los. Invista-se, retire-se-lhes a possibilidade de festejarem a conquista desses títulos. O ambiente no pavilhão deles é forte, o nosso tem que ser mais. Ao mesmo tempo valorizar o que é nosso: Atletismo, basquetebol e voleibol são as modalidades mais importantes do universo. 
 
Depois as contas... Os relatórios e contas do porto são uma salganhada. Há subsidiárias que nunca ninguém ouviu falar e que consomem recursos. Levante-se a dúvida. O fcp é o clube que mais dinheiro fez desde 2000 e tem ordenados em atraso, às vezes, diz-se, até no futebol. Encha-se as figuras sinistras do porto, dos dirigentes aos parceiros e claques, de processos em tribunal. Exponha-se, em público, o que se diz em privado sobre a "socialite" portista. Explore-se toda a teia de relações entre os vários agentes desportivos e o fcp. Corra-se com o presidente da Associação de Futebol de Lisboa. Instrua-se benfiquistas para participarem em todas as assembleias municipais de Vila Nova de Gaia e fazerem perguntas sobre o Olival, etc, etc, etc. 

E depois o futebol... O Casagrande já deveria ter dado quinhentas entrevistas sobre o doping no porto. Não interessa a resposta, bastaria a repetição da pergunta. A quantidade de calvos precoces naquele clube nos anos 80 e 90 daria um case-study... Não haverá um grupo de estudantes de farmácia a precisar de financiamento para uma tese que estude a relação entre doping e queda precoce de cabelo? As comissões nas transferências não podem ser apenas uma nota de rodapé dos relatórios, têm que ser primeira página dos jornais... O abraço do Vítor Pereira e do Pedro Proença, acompanhado da palavra "parabéns", deveria ter estado em cem ou duzentos outdoors espalhados pela cidade do Porto no dia seguinte à conquista do campeonato na época passada... 
 
E, finalmente, o futebol jogado... Temos que dar continuidade ao bom trabalho que começa a dar frutos na formação. Temos que valorizar o que é nosso e passar a ideia que se está a trabalhar melhor no Benfica que no porto. Tem que haver gente do Benfica que perceba de bola a desmistificar os clichés... Grande plantel, duas opões por cada posição, grande equipa, dinâmica e pardais ao ninho. O porto ganhou 1-0 ao Málaga com um golo fora-de-jogo e a ideia que ficou é que fez um jogo do outro mundo contra uma equipa galáctica... Depois foi eliminado e o Jorge Jesus falou em vantagem para o campeonato ao invés de salientar o insucesso do adversário... Não houve a mínima capitalização do insucesso do porto nas provas europeias. É necessário que figuras benfiquistas, nomeadamente antigos jogadores, com peso no futebol e nos media, ponham em causa determinados árbitros quando apitam jogos do Benfica ou do porto. Em suma, tornar caótica a paz em que trabalham.

Estes exemplos, entre dezenas e dezenas que poderiam ser dados, em nada beneficiam directamente o Benfica. Mas, indirectamente, podem fragilizar o nosso adversário. E, por vezes, um frango do Artur ou uma ingenuidade do Roderick perderiam relevância.

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